Capítulo 5 4

Três horas depois, ainda não havia escolhido as palavras certas para o anúncio da minha gravidez.

Me sentia mais incrédula em relação a minha gravidez, do que a gravidez da minha mãe.

A campainha toca de repente. Levanto do sofá, aonde estava deitada, indo para a porta.

- Oiê! - diz Mariana, se jogando sobre mim, passando os braços ao redor da minha cintura. Mesmo sendo bem mais magra do que eu, continuava pesando.

- Oi!

Mariana, assim como eu, tinha cabelos castanhos- claros, ondulados, e olhos no mesmo tom. Além de ser cinco anos mais nova do que eu e estar terminando a faculdade de publicidade.

- Gustavo decidiu do nada passar aqui e dar um oi - diz passando por mim. Gustavo para no lugar que ela estava, sorrindo lentamente com seus lábios vermelhos, as pontas do cabelo molhadas de suor.

A camiseta regata que vestia, ainda estava molhada de suor mas, mesmo assim continuava cheirar a mistura de loção pós-barba e hidratante de amêndoas.

Diferente da irmã, ele gostava de adrenalina e por causa disso, havia escolhido entrar para a polícia militar, para o desgosto da minha tia, que queria os filhos longe do perigo.

Gostava de dizer que o segundo nome de Gustavo, literalmente era perigo.

Mariana e Gustavo eram meus primos, por parte de pai e acabamos que crescemos juntos por parte. Entretanto, tive mais contato com ele na infância, por termos apenas um ano de diferença, do que com Mariana.

- Tudo bem? - Ele pergunta, inclinando um pouco a cabeça para baixo de um jeito sexy.

- Sim. Está - Dou um passo para trás, colando minhas costas na porta - Entra - Ele passa por mim, esbarrando "sem querer" em mim.

- Tem alguma coisa que não seja vegana nessa casa? - Mariana grita da cozinha.

- Sabe que não! - grito de volta, puxando minhas pernas para junto do meu abdomên ao sentar.

Gustavo senta no sofá em frente, estreitando os olhos fixos em mim.

- Você está bem?

Inspiro o ar lentamente, inclinando minha cabeça para o lado.

- Queria dizer que sim, mas...

- Já está sabendo? - diz Mariana, entrando na sala de repente, comendo uma banana - Claro que já. É sua mãe - Revira os olhos - Você foi promovida a irmã mais velha! - Ela bate algumas palminhas.

Ergo as sobrancelhas, forçando um sorriso.

- Minha mãe contou.

Gustavo nos olha separadamente.

- Sou o único que não estava sabendo? - pergunta surpreso.

- Tia Laura colocou no grupo da família - Ele abre as mãos em frente ao corpo, mostrando claramente que não fazia ideia de que grupo era este - Esquece. Esqueci que é muito ocupado para olhar seu celular.

- Não tenho tempo para isso.

- E como eu tenho? - Ela rebate séria.

- Quer comparar minha rotina com a sua?

- Ah, corta essa, Gustavo. Todo mundo sabe que quando você não está no batalhão, está comendo qualquer uma.

Me mexo desconfortável no sofá.

- Vocês vão no jantar? - pergunto atraindo ambos os olhares.

- Claro que sim - diz Mariana - Tia Laura não falaria comigo até o bebê nascer, se eu não for.

Olho para Gustavo, que olhava para o chão.

- E você, Gú?

Ele dá de ombros.

- Pretendo dar uma passada rápida. Vou estar trabalhando hoje à noite.

- Como sempre - Mariana retruca.

- É melhor a gente ir - diz ele levantando.

- Por quê toda vez que começo a dizer a verdade, você não aguenta? - Ela questiona, o seguindo para fora do apartamento, sigo os dois.

- E quem disse que o quê fala ao meu respeito é verdade? - Ele rebate sem parar de andar.

- Se não fosse, já teria apresentado a mulher que está deixando você desse jeito.

- Desse jeito como? - Ele se vira, precisando baixar o olhar.

- Displicente - Ele ergue o olhar, me encontrando logo atrás, balançando a cabeça de um lado para o outro, antes de sair do apartamento.

Mariana se vira para mim incrédula.

- Viu aí? Ele não é mais o mesmo. Está cada dia mais insuportável.

- O trabalho dele, mexe bastante com o psicológico - Tento argumentar.

- Ah, não. Nem começa a defender ele - Ela sai do apartamento - A gente se vê mais tarde! - grita andando em direção do elevador, cujas as portas estavam sendo seguradas por Gustavo.

Por causa deles, sempre quis ter um irmão, quando era mais nova, mais sempre minha mãe vinha com a história que não precisava de um irmão e tentava compensar a ausência de um realizando todos meus gostos e, deixando eu passar o máximo de tempo com eles.

Mariana e Gustavo brigavam mas, sabia que se amavam. Gustavo sempre cuidou da irmã de todas as formas e era algo que sempre invejei, por que além dos meus pais, que viviam sempre trabalhando, não tinha ninguém para cuidar de mim da mesma forma. E precisei buscar amor e carinho de outras formas.