Nos braços do Traficante
img img Nos braços do Traficante img Capítulo 4 3
4
Capítulo 6 5 img
Capítulo 7 6 img
Capítulo 8 7 img
Capítulo 9 8 img
Capítulo 10 9 img
Capítulo 11 10 img
Capítulo 12 11 img
Capítulo 13 12 img
Capítulo 14 13 img
Capítulo 15 14 img
Capítulo 16 15 img
Capítulo 17 16 img
Capítulo 18 17 img
Capítulo 19 18 img
Capítulo 20 19 img
Capítulo 21 20 img
Capítulo 22 21 img
Capítulo 23 22 img
Capítulo 24 23 img
Capítulo 25 24 img
Capítulo 26 25 img
Capítulo 27 26 img
Capítulo 28 27 img
Capítulo 29 28 img
Capítulo 30 29 img
Capítulo 31 30 img
Capítulo 32 31 img
Capítulo 33 32 img
Capítulo 34 33 img
Capítulo 35 34 img
Capítulo 36 35 img
Capítulo 37 36 img
Capítulo 38 37 img
Capítulo 39 38 img
Capítulo 40 39 img
Capítulo 41 40 img
img
  /  1
img

Capítulo 4 3

Semicerro meus olhos, notando uma pequena multidão em volta de mim, sem entender o motivo pelo qual estavam ao meu redor e o por quê que estava deitada no chão quente.

- Karina! - Minha mãe chama ao meu lado, dando leves batidinhas no meu rosto.

-... oi, mãe - digo franzindo o cenho, tentando me levantar.

- Você está bem?! Você desmaiou!

- Não tomei café da manhã - minto, me parecendo ser a melhor desculpa para ser usada. Ela me ajuda a levantar - Acho que foi minha pressão.

- Tem certeza que está bem? Se não estiver, chamo uma ambulância - diz um homem do meu lado. Olho para ele abismada, sem acreditar que ele estava cogitando a ideia de ir para um hospital público, correr o risco de pegar uma doença.

- Sei que não foi nada, por que sou médica! - digo ríspida.

As pessoas ao redor começam a dissipar murmurando seja lá o quê fosse.

- Você está bem mesmo? - Minha mãe insisti. Passo a mão pelo meu rosto suado, soltando o ar dos pulmões.

- Estou, mãe. Só foi a pressão.

- Está trabalhando demais, Karina. Isto ainda vai deixar você doente, se já não está! - diz aparentemente irritada - Vamos tomar uma água de coco.

No quiosque mais próximo, ela pede dois cocos, que são abertos na mesma hora. Sentamos um pouco afastadas do balcão, tendo como companhia o mar a poucos metros de nós.

- Mesmo depois de grande, você ainda é a causa dos meus cabelos brancos - Dona Laura comenta, bebendo um pouco do líquido dentro do coco.

- Vou deixar de ser, daqui há nove meses - digo me forçando a acreditar que não era um mal entendido, muito menos uma alucinação da minha cabeça.

Ela sorri, mordendo o lábio inferior, estreitando os olhos.

- Até agora ainda não estou acreditando. 27 anos depois, vou ser mão pela segunda vez - Acho que não era necessário dizer, que eu, primogênita desde sempre, também estava sem acreditar? E que logo, teria que passar minha coroa adiante.

- Alex já sabe?

- Foi a primeira coisa que fiz, depois que tive certeza absoluta quando peguei o exame de sangue.

- E como foi a reação dele?

- Ficou mais feliz que eu! - Ela ri - Finalmente vou poder dar um filho para ele e espero eu, que seja um menino dessa vez. Meu mundo já foi rosa por 27 anos, quero variar dessa vez - Dou um leve sorriso, forçando o líquido esbranquiçado na minha frente para dentro - Vamos fazer um jantar de comemoração hoje. Inclusive os pais dele e os irmãos dele vai - Minha mãe e seus jantares de comemoração, penso, com os olhos fixos num ponto invisível. Qualquer motivo para ela, era motivo de comemoração - E você vai, não é?Você tem que ir, Karina - Não podia dizer não para ela, mesmo querendo, não podia. Tinha ela como minha melhor amiga e sabia que ela também me tinha como sua melhor amiga.

- Claro que eu vou.

- Ótimo - Ela volta a tomar a água de coco, olhando para o mar em nossa frente.

Algum tempo depois, nos despedimos, com ela ainda querendo me levar no médico para ter certeza que estava tudo bem.

Apesar das circunstâncias em que me encontrava, me sentia feliz por ela. Era um sonho que estava conseguindo realizar depois de tanto tempo casada.

A maioria das mulheres sonhava em ser mãe, eu pelo menos sonhei um dia em ser mãe, construir uma família; Só não imaginava que a família que tanto sonhei, seria pela metade.

Dirigindo para casa, com uma mão pego meu celular dentro da pochete sobre o banco do carona e com uma rápida olhada no aparelho, faço uma ligação.

O telefone chama uma, duas, três, quatro vezes, até ser atendido na quinta vez.

- Oi.

- Oi! - digo fingindo a animação de todas as vezes.

- Por quê ligou?

Engulo em seco, segurando o volante com força.

Por quê eu liguei mesmo?

Vai, Karina...

- Precisamos conversar - digo rapidamente.

Ele solta o ar dos pulmões.

- Ah, Karina - diz sem paciência - Se for o mesmo assunto de sempre, já cansei de repetir que isto leva tempo.

- Não é o mesmo assunto de sempre.

- É sobre o quê? - Para outras pessoas, seria mais fácil dizer pelo telefone, mas no meu caso, não conseguia, precisava estar olhando dentro dos olhos dele.

- A gente pode se ver?

- Por quê não fala por telefone? - Ele repete, ficando em silêncio por poucos segundos - É urgente mesmo?

- É!

Ele respira fundo.

- Tá bom então.

Desligo, jogando meu celular ao lado da pochete, começando a escolher as palavras certas para serem ditas, mesmo achando que não havia um jeito certo de se comunicar uma gravidez indesejada.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022