Capítulo 3 Vivendo não, apenas existindo

A tristeza me persegue a cada dia, o calor do sol já não me aquece o frio me acompanha e congela meu coração pouco a pouco me fazendo pensar que tudo é cinza, por onde caminho as luzes se apagam, nada de bom acontece quando estou presente mas se eu me afastar percebo que tudo anda bem e todos se alegram, percebo que não faço falta a ninguém, o escuro me afeta, dentro de mim já não existe alegria para continuar mas mesmo assim todas as manhãs quando acordo, visto um personagem que trás no rosto um lindo sorriso.

A vida me fez admirara morte de tal maneira que não sei mais o que é viver plenamente quando se pensa na morte, todos acham que estou bem mas no fundo eu estou quebrada, morta, estou em pedaços, me mataram e ninguém foi capaz de perceber a maldade que fizeram comigo.

As vezes me caem lembranças terríveis na memoria, como no dia em que um homem tentou me beijar na praia, tento esquecer isso mas é impossível o vento que bate em meu rosto me mostra o quão inútil e suja posso ser ao ponto de alguém triscar em mim sem que eu permita, me sinto um lixo ao lembrar desse fato, não contei a ninguém pois sei que não iriam acreditar e diriam que tudo isso não passa de frescura, dizem que lembrar do passado é sofrer duas vezes e agora compreendo o quão pesada essa frase é.

Um menina doce com um passado talvez cruel, sabe que as vezes paro e penso: Como alguém que deveria me amar e me proteger me olha com olhar de maldade, como se... como se tivesse forte interesse em mim?! Bem, isso é uma longa história e não vem ao caso conta-la aqui, pois é triste...

No fundo, sei que de fato me vêm como uma garota 'sonsa', na minha frente dizem que sou uma santa em Terra enquanto nas costas fazem fofocas e contam mentiras dizendo que sou mulher da vida. Pensam que não sei disso. E como dói saber que pensam isso de mim, mas sei que as filhas de quem fala isso são totalmente piores... Se escondem atrás de uma sainha rodada dizendo serem garotinhas indefesas, quando na verdade...

Sabe, as vezes me pego pensando e falando com meus botões: Será que um dia encontrarei um cara bacana para ficar comigo a vida inteira? Mas no mesmo sentido me respondo dizendo que sou fraca demais para ter essa vitória na vida. Enfim, meus parentes sempre perguntam para mim quando é que vou apresentar alguém como namorado, dou uma enrolada e fujo do assunto até porque acho que isso está fora o meu alcance, e na verdade talvez eu nem queira um menino mas sim uma menina, seria um alaste na família até porque ninguém na família incluindo parentes distantes, nunca assumiu alguém do mesmo sexo...

Pensando bem, acho que todos desconfiam de mim, gosto de usar roupas largas e me parecer um rapazinho, deve estar na cara quem sou. Mas pensando bem talvez eu queira um menino, estou divida entre duas opções que a vida me deu, as vezes quero ser menino e as vezes quero ser menina... Nem eu sei me entender...

Talvez eu seja a ovelha negra da família, não engravidei aos 15, não tenho vícios, não entrei para o crime, não larguei os estudos mas, sou a famosa ovelha negra simplesmente por ter fugido dos padrões que a família forneceu para mim, extrapolei as regras. Quando falo de família não me refiro exatamente a mãe e pai mas sim aos tios, tias, primos, etc. esses sim são quem adoram julgar.

Já foram tantos julgamentos nessa vida que não sei nem como não enlouqueci, minha vontade é sumir e nunca mais sentir nada, isso mesmo eu queria morrer, assim não atrapalharia mais ninguém e nem seria um destare em pessoa, do que adianta ter um rosto meigo e um sorriso amigável se ninguém quer minha presença por perto?

Talvez seja melhor eu ir para outro lugar... Um lugar de paz... Sem julgamentos...