Depois De Você
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Capítulo 5 5

Zander estava de cara fechada ao recolocar a máquina no estojo.

- Alguma coisa errada? - perguntou Lisa, intrigada.

- Nada que possa perturbar você. - Percebeu sua agressividade e mudou de tom. - Os amigos às vezes exageram.

- Especialmente quando desagradam ao patrão - arriscou Lisa, Suspirando agradecida quando ele sorriu.

Foram andando de mãos dadas.

- A próxima parada é o Jameo del Agua. Jameos são lugares onde o solo cedeu. Aqui são chamados de malpais, isto é, zona de lava nova.

Os turistas estavam por toda a parte do lugar. Zander explicou que aquele jameo era o mais famoso.

- Tem uma lagoa subterrânea onde existe uma espécie única de caranguejo albino. Esse lugar é tão visitado, que construíram até um clube noturno aqui, dentro de uma das cavernas.

- No qual já esteve, sem dúvida?

Ele olhou-a de esguelha.

- Se você já decidiu que estive, não há necessidade de responder, há? Vamos entrar - acrescentou, conduzindo-a através de um arco ao topo de uma escada em caracol.

Lisa prendeu o fôlego. Estavam diante de um magnífico jardim, com cactos altos, maiores do que eles, quase como árvores.

- Dois metros e meio, mais ou menos, é o que calculo - disse Zander.

Plantas, arbustos, árvores e flores exóticas de toda espécie e cor retorciam-se pela escada em espiral que levava à lagoa.

Refletida nela, estava a imagem de um outro jardim semelhante, no fundo da caverna. No centro do teto de pedra, um buraco deixava entrar a luz do dia.

Luzes embutidas e uma música romântica aumentavam o clima e o impacto do lugar. O bar ficava num platô, construído dentro de uma gruta natural.

Zander pegou a mão de Lisa ao andarem em volta da lagoa. Era um caminho estreito e escuro. No fundo da piscina natural, havia centenas de moedas, brilhando como estrelas nas profundezas de veludo da água.

Lisa sabia que nunca mais se esqueceria da beleza amedrontadora da caverna.

- Vamos embora - disse Zander, depois que tomaram um drinque no bar. - Vamos para casa.

Ainda sob a magia da gruta, ela franziu a testa:

- Casa? - Minha casa é muito longe.

- Todo lugar é minha casa, quando você está por perto - respondeu ele, de um jeito que ela não entendeu.

Depois do jantar, Zander sugeriu um passeio pela praia particular do hotel. Na saída, passaram pelo companheiro dele, o loiro que tinha tirado a foto dos dois na frente do restaurante. Zander cumprimentou-o friamente e o homem respondeu com um sorriso que Lisa só podia chamar de insolente.

- Quem é esse homem? - perguntou.

- Reg Beckley. Divorciado duas vezes e procurando uma substituta.

- Você mandou ele me testar - acusou.

- Pelo contrário. Foi porque quis.

- Eu disse a ele para onde devia ir, mas com toda a educação, é claro!

Zander riu e Lisa também.

Ele estava vestido formalmente, de terno e gravata. Vê-lo assim a irritava, fazia com que se lembrasse de sua vida de trabalho, as ruas apinhadas de Londres, os homens engravatados envolvidos em seus próprios mundos de chamadas telefônicas internacionais, seminários e conferências.

Ela o fez parar e, sorrindo. desfez o nó da gravata. Enrolou-a, guardou no bolso dele e começou a desabotoar os dois botões de cima da camisa.

Deu um passo para trás e perguntou:

- Achou ruim?

- Se achasse, teria feito você parar logo no começo, menina atrevida!

- Foi o que pensei. - Abriu mais uma casa. - Pronto, assim está melhor. Parece mais à vontade.

Zander pôs a mão no seu decote redondo.

- Estou com vontade de retribuir a gentileza. - Começou a desabotoar o vestidinho estampado.

- O que vai fazer? - Bateu nas mãos dele.

- Vou lhe arranjar um decote em "V" bem ousado. - Sorriu, malicioso. - Pensando bem, por que parar no decote? Se eu abrir tudo, você também vai ficar à vontade.

- Ah, não! - Afastou a mão dele. - Estou usando muito pouca coisa por baixo.

- Mais razão ainda para... - Parou de repente e riu de sua carinha assustada. - Você é adorável - disse, e beijou-a de leve.

Abraçados pela cintura, andaram perto da arrebentação deixando pegadas na areia molhada. Lisa gostava da sensação de ter aquele homem bem pertinho. Gostava da altura dele, da cor escura dos cabelos, do quadril roçando nela. Aqueles olhos castanhos tinham segredos que nunca descobriria, e atrás daquela barba e bigode havia um rosto que ele jurava que ela não ia gostar.

Gostar? Ela o amava! Era um amor sem esperança, mas não fazia mal a ninguém amar outra pessoa. Só podia enriquecê-la, não é? Bloqueou a dor que sentiria no dia em que precisasse lhe dizer adeus.

- Está sonhando - disse ele, puxando-a para mais perto. - Perdi você nas suas fantasias. O que foi?

Lisa deu de ombros.

- Nada de mais. - Teve uma idéia. - O que acha que é preciso, para que um casamento dê certo?

- Diga você. - Ele a virou para que o olhasse de frente. Estavam na parte sombreada de um recife que saía do mar e se estendia pela praia. O sol sumia depressa e o vento soprava com força.

- Bem, acho que o riso e a amizade, como já disse antes.

- E o amor? Não está na sua lista de prioridades, Lisa?

- Ah, o amor... Isso é outra coisa completamente diferente. Don e eu fazíamos amor.

Ele piscou, depois cerrou os olhos.

- Me conte o que chama de fazer amor.

- Ora, a gente se beijava e.., - Desafiou-o com o olhar. - Não vejo por que entrar em detalhes. Nós... nós não íamos até o fim. Só até eu dizer "basta".

Zander fingiu ficar horrorizado.

- Meu Deus! Tenho até dor de barriga de pensar no sofrimento dele.

Lisa deu uma risada, com a cabeça para trás. Os cabelos voando ao vento. Uma rajada forte de vento jogou areia sobre eles e nos olhos dela.

- Ai!

Zander tirou um lenço do bolso e limpou seu rosto e pálpebras.

- Pisque com força. Assim! Melhorou?

Lisa fez que sim, olhando-o com um sorriso molhado de lágrimas. Estava escuro e só podiam se ver por causa das luzes do hotel. O sorriso dela sumiu quando viu como ele havia ficado sério.

Segurou-a por debaixo do braço, puxando-a contra si. Estavam encostados agora, os seios macios contra o peito dele, os quadris e coxas bem juntos. Na semi-obscuridade, ela tentou descobrir a expressão de Zander, que a segurava de um jeito quase raivoso.

- Eu quero você. Meu Deus, como eu quero você! - Ela ficou em silêncio, com o coração batendo tão forte que não conseguia dizer uma palavra. - Responda, por favor. Por que não me manda para o inferno?

- Porque eu... - conseguiu dizer, e escondeu a cabeça em seu peito. -... eu quero você também. - Afastou-se um pouco, ainda nos braços dele. - Eu nunca fui de ninguém Zander, mas você me quer?

- Hoje à noite, tem que ser hoje à noite. Amanhã, já terei ido embora.

Tonta, ela recuou e ficou olhando o mar. O último dia juntos... O coração parecia um tambor, com uma mensagem de desespero. Como poderia agüentar o resto das férias, o resto da vida, sem ele?

Só então percebeu como se apaixonara profundamente por esse homem. Abraçou-o pela cintura, o rosto escondido em seu peito, e sentiu que o coração dele também batia loucamente.

- Fiz uma coisa imperdoável. - A voz dela tremia. - Me apaixonei por alguém em férias. Por você, Zander, por você! - Por alguns segundos, ele prendeu a respiração. - Mas não importa. Sei que é o fim de tudo, agora que vai embora. Pode se esquecer do que eu disse Farei toda a força para me esquecer, como fiz para esquecer Don. - Olhou para ele, mas seu rosto estava na sombra. - Darei um jeito.

Sem aviso, as lágrimas começaram a rolar. Zander abraçou-a como a uma criança, ninando-a. O vento soprava em grandes rajadas, como se quisesse arrancá-la dos braços dele. As ondas faziam mais barulho.

Alguém riu e ouviram passos que desciam do hotel para a praia. Zander e Lisa se separaram com a aproximação dos jovens barulhentos. Amparando-a, voltaram para o hotel.

Ele a levou até a porta do quarto, abriu, deu lugar para que ela ' entrasse e devolveu a chave. Lisa esperou por sua despedida, calma e triste. Em vez disso, ele entrou também e acendeu a luz.

- Zander? - sussurrou, querendo correr até ele e sacudi-lo, até que relaxasse um pouco e começasse a rir. Mas ele nem sorriu ao vir na sua direção.

- Quero passar a noite com você em meus braços.

O azul dos olhos dela escureceu.

- Você está me fazendo sofrer Zander. Principalmente, depois do que eu lhe disse.

- Quero sentir você junto de mim, só uma vez nas nossas vidas. - Havia uma urgência estranha em sua voz, que atingiu-a profundamente.

Sabia, desde o começo, que ia concordar. Mas queria mostrar, que, mesmo agora, não era uma mulher fácil.

- Você me dá um pouco de tempo? Enquanto eu me preparo " para dormir vou pensar e pensar. Quando voltar, eu lhe digo.

Ele deixou cair as mãos ao longo do corpo, pegou a chave que ela lhe deu e saiu sem dizer nada.

Lisa ficou na janela do terraço por muito tempo. Depois, preparou-se para ir para a cama, consciente de uma sensação de destino inevitável, um destino prestes a se cumprir e que depois passaria ao largo, deixando-a sozinha.

Quando Zander voltou, ela usava uma camisola e um penhoar fininhos. Ele estava com um roupão atoalhado, cabelo e barba úmidos do banho.

Seus olhos não podiam esperar: correram por ela, apreciando cada curva, cada pedaço de seu corpo. Passou os dedos leves como plumas por seu rosto e pescoço e começou a tirar seu penhoar, que caiu no chão.

Com todo o cuidado, baixou a alça da camisola, primeiro acariciando a pele sedosa com as pontas dos dedos. Uma das mãos envolveu seu seio e baixou a cabeça para beijá-lo.

A camisola também escorregou para o chão, mas ela não se importava mais com coisa alguma. Zander já a tinha visto nua antes, mas não a tocara. Agora, inflamava seu desejo com a força do desejo dele. Quando a pegou no colo e levou para a cama, Lisa fechou os olhos. Deitou-se sobre ela apertando-a bem, deixando que sentisse como estava excitado. As mãos ávidas procuravam lugares inviolados, fazendo-a virar e corresponder.

Não conseguia parar de acariciá-lo. O corpo inteiro queimando de desejo por ele.

- Ah, Zander, eu te quero tanto! - sussurrou. - Por favor! Em vez de possuí-la, ele se afastou um pouco.

- Não, querida - respondeu, sorrindo quase irônico. Beijou sua testa. - Eu disse que queria passar a noite com você nos braços. Uma coisa que não vou fazer é tirar sua inocência. Eu - escorregou as mãos até seus quadris - vou parar por aqui. Antes que você me dê aquela horrível ordem de "basta" que dava ao seu namorado. Vou parar também para preservar a saúde do meu próprio corpo e minha sanidade mental.

- Zander, eu nunca pediria para você parar. Não, você. - Mordeu o lábio trêmulo. - Amanhã você vai embora. Nunca mais o verei.

Ele voltou a acariciar seu rosto, descendo até o seio, que tocou com o polegar até que enrijecesse.

- Vamos pensar nas conseqüências. Imagine como você e eu nos sentiríamos.

- Eu nunca pediria nada a você, nunca lhe daria o menor problema. Se algo acontecesse, seria meu...

- E meu filho.

- De qualquer maneira, eu nem saberia onde encontrar você. Não poderia lhe contar.

A mão dele a excitava de propósito e ela virou na cama para o lado dele. Ele abaixou a cabeça para beijar o lugar que acariciava e apertou-a contra si. Trouxe o rosto dela para o peito.

- Não. Você vai se lembrar de mim. querida, como o homem que resistiu, apesar de você ceder. Agora, puxe os lençóis e apague as luzes.

Lisa obedeceu e suspirou fundo. Aos poucos, a excitação foi se acalmando. Sentiu-se segura e satisfeita.

- Você devia raspar esta barba - disse quase dormindo. - Com todo esse cabelo, não posso ver como é de verdade.

- Vou raspar Lisa, prometo. Mas garanto que vai se arrepender.

De manhã, ele saiu cedo. Vestiu o roupão, debruçou-se sobre a cama onde ela estava ainda com os olhos inchados de sono e disse:

- Um beijo gostoso e adeus.

"Não quero me separar de você! Quero ficar com você para sempre!"

Mas os lábios de Lisa jamais chegaram a pronunciar essas palavras.

Zander beijou-a com uma paixão que a deixou pegando fogo. Deslumbrada com a facilidade com que ele a acendia, retribuiu com mais ardor ainda!

"Eu te amo!", era o que queria gritar, e os olhos atormentados o seguiram até a porta.

- Vai sorrir para mim? - perguntou ele. Obedeceu, mas não pôde impedir o tremor nos lábios. Ele a olhou... e foi embora.

Lisa dormiu de novo e só acordou tarde, perdendo o café da manhã. Não importava, estava sem fome. Achava que nunca mais na vida teria fome.

O telefone interno tocou enquanto ela arrumava o quarto. Sobressaltada, correu para atender, mas logo disse a si mesma para parar de sonhar e pôr os pés no chão.

- Myra? É, perdi o café! Dormi demais, mas também não estava com fome.

- O que está acontecendo com você e Zander? O passarinho voou. Phil e eu estávamos sentados na recepção, quando ele desceu, todo vestido como um executivo, seríssimo.

- Viu vocês?

- Encarou a gente, mas parecia procurar alguém. Quem seria? - Bom, de todo jeito, estava levando umas duas malas e apressadíssimo. Parecia um administrador de empresa.

- Falou alguma coisa? - perguntou Lisa, triste.

- Estava com pressa demais para falar com meros mortais como Phil e eu. Mas fez um sinal com a cabeça e nos desejou felicidade.

"E para mim," pensou Lisa, com um nó na garganta, "toda a infelicidade do mundo."

- O que há de errado? - perguntou a amiga, preocupada. - Você não sabia que ele ia embora?

- Sabia, sim. - Engasgou, e Myra notou.

- Chore à vontade, querida. Siga o conselho da titia Myra e desabafe. Foi só um romance de férias, você logo esquece.

Lisa ficou contente por Myra não poder ver seu rosto. Concordou com um gesto de cabeça, num esforço para convencer a si própria. Combinou encontrá-los mais tarde e desligou. Zander havia dito que se lembraria dele como o homem que resistiu quando ela cedeu. E honrara sua palavra. Esse controle ainda a intrigava. Se era realmente um homem que corria o mundo, e não tinha razão para não acreditar nele, por que não a possuíra, mandando as conseqüências para o inferno?

Descendo no elevador, Lisa olhou em volta procurando os amigos Não estavam lá. O jeito era esperar.

Só quando alguém sentou no sofá de dois lugares, foi que acordou de seus pensamentos melancólicos e encarou o recém-chegado. Os cabelos eram loiros, e a expressão, desagradável.

- Chorando o amante perdido?

- O que quer dizer com isso? - respondeu, seca.

- Sabe o que quero dizer. O sr. Zander Cameron. Eu a aconselho a esquecê-lo, querida.

- Por quê?

- Por quê? Porque ele está noivo e vai casar, só por isso.

- Quer dizer que tem uma garota esperando por ele em casa?

- Exatamente. Usa a aliança dele e um anel de brilhantes e esmeraldas. É um sujeito rico, o seu amante. Como eu já disse, esqueça-o. Está muito além de seu alcance.

                         

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