Domada pelo pecado
img img Domada pelo pecado img Capítulo 4 Uma simples proposta
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Capítulo 6 Ela estremeceu img
Capítulo 7 Não conseguia respirar img
Capítulo 8 Fracasso público em NY img
Capítulo 9 Satisfação img
Capítulo 10 Formato de seus seios img
Capítulo 11 Ela tremeu de medo img
Capítulo 12 Nós dois img
Capítulo 13 Próximo lançamento img
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Capítulo 4 Uma simples proposta

– NÃO HÁ dúvida alguma, sr. Borgia. O bebê é seu.

A médica suíça olhava radiante para eles. Estava obviamente satisfeita por estar lhes dando boas

notícias.

Scarlett viu um lampejo de emoções atravessar os traços duros e bonitos de Vin, orgulho, alívio,

alegria e, então, enquanto olhava para ela, raiva. Ele não a havia perdoado por ter fugido.

Apenas espere, pensou Scarlett, abrindo um sorriso brando.

Mas ela pensou que escaparia antes disso. Certamente antes que tirassem o sangue que já haviam

testado em seu laboratório supermoderno. Ela nunca havia pretendido que Vin tivesse a prova

verdadeira que era o pai de seu bebê, prova que poderia usar contra ela em tribunais.

Mas ele nunca lhe deu a oportunidade. Do momento em que haviam chegado à clínica ao almoço

em um elegante restaurante próximo ao lago enquanto esperavam os resultados e até aquele momento,

Vin nunca tinha deixado Scarlett fora de sua vista. Mesmo quando ela pediu licença para usar o

banheiro, ele a havia esperado no corredor, em um gesto de aparente cortesia. Quando ela disse

precisar da bolsa que havia ficado no carro, ele insistiu em enviar um guarda-costas para pegá-la.

Durante o almoço no restaurante que tinha estrelas no Michelin, enquanto desfrutava de cordeiro e

aspargos ao molho delicado de trufas, e uma taça de vinho, ele havia exposto o que esperava dela como

esposa, cada detalhe mais ultrajante que o anterior. Vin esperava comandar cada aspecto da vida dela,

dos amigos que ela mantinha até as roupas que usava!

Scarlett havia tentado ao máximo acalmar suas suspeitas, ouvindo docilmente enquanto comia e

tomava água com gás. Mas, internamente, estava fumegando.

Vin tinha tanta certeza que de havia ganhado. Ele pensava que poderia forçá-la a abrir mão de todos

os seus direitos, sendo nada mais que sua escrava, a esposa que ele poderia dominar, mantendo o poder

sobre seu futuro e o futuro do filho deles! Ele era tão mau quanto Blaise!

Em que século você acha que estamos vivendo?

O século em que um homem rico pode fazer o que quiser, a quem ele quiser.

Na verdade, Vin era mais perigoso. Porque, desde o momento em que o conheceu, quando a tomou

nos braços e a fez vivenciar sensações até então inéditas na sua vida, prazer e alegria além da

imaginação, ele a seduziu para que se rendesse às suas exigências. E ele poderia fazer de novo, se o

deixasse.

Eu a terei, Scarlett. A qualquer custo.

Ela estremeceu quando se lembrou da fome nos olhos negros dele. A mesma fome que ela sentiu por

ele.

Mas o preço era alto demais. Scarlett não podia se permitir a rendição, não quando lhe custaria tudo!

– Vocês querem saber o sexo do bebê? – perguntou a dra. Schauss, em um inglês com um leve

sotaque.

Os olhos de Vin estavam enormes quando ele olhou para Scarlett. Ele pigarreou e disse, em uma voz

instável:

– Claro.

A médica sorriu.

– Vocês vão ter um menino!

Um menino? Os olhos de Scarlett se encheram de lágrimas. Em poucas semanas, um doce menino

estaria em seus braços!

– Um menino? – O rosto de Vin se iluminou, e ele olhou para Scarlett. – E a gravidez? Scarlett está

bem?

Se ela o amasse, ou até mesmo confiasse nele, teria ficado tocada pela ansiedade naquela voz grave.

A médica assentiu.

– Mademoiselle Ravenwood está indo bem. Sua pressão sanguínea está boa e, a despeito de estar tão

perto da data prevista, ela não mostra sinal algum de um parto iminente. Embora isso possa mudar

rapidamente, é claro...

– Então teremos tempo de nos casar. Meu advogado em Nova York enviou o acordo pré-nupcial.

Tão logo saiamos daqui, você vai assiná-lo e vamos nos casar.

O coração de Scarlett afundou até suas botas forradas de pele.

– Eu...

Erguendo a mão, ele colocou o telefone na orelha:

– Ernest, descubra onde podemos nos casar rapidamente. Sim, sei que é mais complicado na Europa.

Essa noite, se possível, amanhã no máximo.

Encarando-o, Scarlett instantaneamente viu seu erro.

Meu Deus, ela era estúpida. Ela nunca deveria tê-lo deixado obter a prova legal de que era o pai de

seu filho.

Ela ficou em pé.

– Obrigada pelas notícias, doutora. – Seus dentes estavam batendo quando ela olhou para Vin, que

havia se virado para dar ordens a seu assistente, sobre lugares como Gibraltar e Dinamarca e até

mesmo, que Deus a ajudasse, Las Vegas.

A adrenalina invadiu seu coração. Era agora ou nunca.

– Mademoiselle Ravenwood. – A gentil médica suíça a olhou, preocupada, através dos óculos. – A

senhorita está realmente bem?

– Bem, estou ótima. – Ela forçou um sorriso. – Só preciso ir ao banheiro. Se vocês me derem licença.

– É claro...

Scarlett rapidamente saiu da sala de exames fortemente iluminada. Viu os olhos de Vin seguindo-a

penetrantemente, enquanto ela fechava a porta.

Correu pelo corredor procurando desesperadamente a saída dos fundos, pois sabia que os guarda-

costas de Vin estavam esperando na entrada da frente da clínica.

Encontrou a escada dos fundos e a desceu correndo, uma das mãos na barriga pesada, enquanto

lutava para pensar em um plano de fuga coerente. Voltaria a Gstaad e imploraria a Wilhelmina para

usar sua influência com seu chefe, Kassius Black, para escondê-la. Se aquilo falhasse, pegaria dinheiro

emprestado e embarcaria em um trem para algum lugar no qual Vin não tivesse contato algum.

Scarlett irrompeu pela porta de aço para a luz do sol e para o ar fresco do grande gramado atrás da

clínica. Viu o brilho forte do lago, um ônibus local se aproximando em uma via distante. Ela começou a

correr pela grama...

Então parou, escorregando.

Vin estava de braços cruzados na elevação gramada ao lado da clínica.

– Indo a algum lugar?

Fora do alcance dos ouvidos, mas observando a conversa com interesse, ela viu os guarda-costas dele.

Seus lábios abriram, mas Scarlett não pôde encontrar sua voz. Não pôde achar nem uma única palavra

de explicação ou de desculpa enquanto ele se adiantava, seu rosto bonito e implacável talhado em

pedra.

Ela gaguejou.

– Como você...

– Eu esperava que você fugisse.

– Mas eu nem briguei com você! – disse Scarlett. – Nem mesmo critiquei as coisas detestáveis que

você disse no almoço!

– Foi como eu soube. – A voz dele estava quase divertida. – A mulher ardente que conheço nunca

deixaria passar uma coisa assim.

– Era um teste?

Ele deu de ombros.

– Você fez parecer como se quisesse vir silenciosamente para o teste de paternidade. Fiquei contente

de deixar isso correr. Mas é claro que sabia. Na verdade, estou um pouco desapontado com você,

tentando o mesmo truque duas vezes. Você parece pensar que sou um vilão assassino só porque eu

procuro assumir a responsabilidade por meu filho e me casar com você.

– Você não quer se casar comigo. Você está insistindo nisso! Você não é melhor que Blaise Falkner!

– E agora você me insulta?

– Ele queria que eu assinasse papéis, forçando-me também a doar o bebê!

– Isso não é o que eu...

– Pelo menos eu sabia desde o começo que Blaise era um monstro. Mas eu gostei de você. Dormi

com você. E sob seu charme, você é igual a Blaise. Egoísta até o fundo do coração. Você está

determinado a me forçar esse acordo pré-nupcial. Bem, adivinhe, não vou assiná-lo! Você não pode me

forçar a casar com você. Estamos na Europa moderna e não na Idade Média!

– Ah, pelo amor de Deus. Não tenho tempo para isso, Scarlett. Preciso estar em Roma em cinco dias.

O acordo pré-nupcial está esperando no carro. Você pode lê-lo cuidadosamente enquanto nos

dirigimos para o aeroporto.

– Aeroporto?

– A caminho de nosso casamento em Las Vegas.

– Não vou entrar em um avião!

– Por quê? – zombou ele. – Porque você tem medo que eu vá sequestrá-la e levá-la a um lugar

sombrio, não tão civilizado quanto a Suíça? Se você verdadeiramente acredita que eu sou um vilão, por

que me deu seu corpo? Por que agarrou meus ombros e gritou de alegria enquanto fiz amor com você

vez aquela vez?

Scarlett ergueu os olhos para ele, mal capaz de respirar. Ele estava tão próximo.

– Eu não...

– Levou uma semana para que as marcas de unhas desaparecessem das minhas costas.

Scarlett se encolheu, depois o olhou intensamente, cruzando os braços.

– Então você é bom na cama. Grande coisa. Não tinha experiência para lutar contra meu desejo por

você naquela época, mas tenho agora. Não vou me vender a você e definitivamente não vou vender

meu bebê.

– Então prefere que nosso filho não tenha pai? Que ele seja criado sem meu nome, minha proteção

ou meu amor, tudo o que eu livremente lhe ofereço?

– Seu... amor?

– É claro, acha que eu não amaria meu próprio filho?

Ah. É claro que ele quis dizer isso. Engolindo a decepção, brava consigo mesma por senti-la, Scarlett

disse:

– Você não me oferece nada de graça. Se oferecesse, não me faria assinar aqueles documentos

horríveis.

– Espera que eu me case com você sem um acordo? Deixe você livre para levar metade da minha

fortuna?

– É claro que não. Você não ia querer arriscar. Nem eu. Então, a resposta é simples. Não nos

casaremos.

– Porque você espera se casar por amor. – Ele a olhou intensamente. – Você é igual à minha mãe.

Ignorando suas responsabilidades para correr atrás de uma fantasia romântica.

– Não estou! Estou fugindo de um pesadelo. Você!

– Talvez quando nosso filho tiver nascido, você vá fugir dele também.

– Nunca! Amo meu bebê mais que qualquer coisa!

– Então tudo o que você quer de mim é uma pensão... é isso?

– Não quero seu dinheiro.

– Você seria a primeira.

– O dinheiro vem com amarras, como você sabe perfeitamente bem. Ou não o ofereceria.

– Então como você pretende sustentar nosso filho?

– Bem... Se eu não precisasse me esconder de você, poderia voltar a Gstaad e aprender a fazer frango

frito.

– Quer dizer que em vez de viver como minha esposa, você quer ser cozinheira?

– Você é tão esnobe! O frango frito faz do mundo um lugar melhor. Você pode dizer isso sobre o que

você faz?

– Ser dono de uma companhia aérea de um bilhão de dólares?

– Sim, enfiar passageiros como gado na classe econômica, em assentos do tamanho de um selo!

– Tenho grande apreço por pratos sofisticados e pelos chefs talentosos que os preparam. Mas, de

acordo com Wilhelmina Stone, nada disso tem a ver com você.

– Então vou aprender. Consegui trabalhar durante um ano de faculdade comunitária para me tornar

assistente de enfermagem, estudando à noite depois de trabalhar o dia todo. Posso dar conta disso. Só é

preciso determinação e desejo de chegar lá, sem dormir, e por sorte tenho experiência com ambos.

– Então, você não quer meu nome, não quer meu dinheiro e não quer se casar comigo. Você prefere

que nosso filho não tenha pai enquanto tenta sobreviver em empregos que pagam pouco.

Scarlett se sentiu desconfortável. Quando ele colocava as coisas assim, fazia com que ela parecesse

uma idiota.

VIN OLHOU em seus lindos olhos e uma percepção congelou-o até os ossos.

Ele não tinha poder algum.

Nenhum modo de forçar a colaboração de Scarlett, ao menos nenhum com o qual se sentisse

confortável. Não estava no mundo dos negócios, onde podia oferecer um preço mais alto ou chantagear

acionistas com segredos para forçá-los a colaborar com suas solicitações. As regras padrão de fusões e

aquisições não se aplicavam.

Ou se aplicavam?

Vin havia recebido informações suficientes de seu investigador para conhecer o pouco que Scarlett

tinha a seu favor. Sem família. Sem economias. Sua conta de poupança tinha o mesmo valor que ele

gastaria em um jantar de negócios com algumas garrafas de vinho. Ela não tinha diploma universitário

e, graças a Blaise Falkner, nenhuma recomendação profissional.

Falkner sofreria por aquilo. Ele se arrependeria de ter tratado Scarlett tão mal. Ele se arrependeria

por ter ameaçado a futura esposa de Vin e seu filho.

Se Scarlett um dia viesse a se tornar sua esposa.

Mudando de estratégia, ergueu uma sobrancelha.

– E se eu adoçasse o acordo pré-nupcial com um pagamento de um milhão de dólares para cada ano

de nosso casamento?

– Não.

Ele franziu a testa.

– Dois milhões?

– Vin, você não pode me comprar.

– Todos dizem isso. Mas todos têm um preço. Dez – disse ele. – Minha oferta final. Dez milhões de

dólares para cada ano que ficarmos casados. Pense nisso.

– Eu lhe disse. Não, por nenhum preço. Não vou lhe dar o direito de me dar ordens por aí, como se

eu fosse uma escrava, e nem a custódia permanente de nosso bebê. Minha liberdade vale mais que

qualquer dinheiro estúpido.

Bem, aquilo a tornava diferente da mãe dele, o que seria bom para a felicidade de seu filho.

Mas tornava Scarlett uma adversária mais desafiadora. Como poderia chegar a seu objetivo, se não

havia dinheiro bastante para movê-la?

Ele queria Scarlett como sua esposa, como sua amante. Em sua cama, à sua disposição.

Também queria que o filho ficasse seguro e fosse amado, que tivesse irmãos. Vin queria saber

exatamente onde sua família estava e que todos estavam protegidos e bem cuidados.

– Como posso fazer você mudar de ideia?

– Não pode – disse ela, firmemente. – A única razão para se casar com alguém é por amor. E eu não

amo você.

– Você queria um lar. Posso lhe dar seis.

– Um lar sem amor sequer é só uma casa qualquer.

– Esta é a coisa mais ridícula que eu já ouvi na vida.

Mas, naquele momento, Vin soube a resposta. Usaria o coração romântico de Scarlett contra ela.

Ela se importava com dois aspectos numa relação: amor e liberdade. Tudo o que precisava fazer era

lhe oferecer ambos.

Ou ao menos fazê-la pensar que os estava oferecendo.

Ele inclinou a cabeça como se pensasse, depois inspirou fundo e levantou os olhos, quase suplicante.

– Talvez você possa me mostrar que estou errado. Prove-me que o amor não é uma ilusão para

idiotas.

Os olhos dela se arregalaram de surpresa, depois se apagaram.

– Por favor. Você nunca vai entregar seu coração para ninguém. Já deixou claro que, para você, o

casamento é um acordo de negócios.

– Talvez esteja errado. Porque você é diferente de qualquer mulher que já conheci. – Aquilo

certamente era verdade. – Quero você como nunca desejei ninguém. – Também verdade. – Você está

carregando meu filho. Respeito sua inteligência, seu coração caloroso. Preciso de você. Quero você. –

Passando os dedos pelo cabelo escuro, ele lhe deu um sorriso torto. – Talvez seja assim que tudo

começa.

Ele segurou o fôlego, esperando pela resposta dela.

– Espera que eu acredite que você poderia algum dia amar alguém? – Scarlett deu uma risada dura. –

Boa tentativa. Que tipo de idiota você pensa que eu sou?

– Só me dê uma chance de ver onde isso poderia nos levar.

– Como?

Ele pensou furiosamente. Então soube.

Seus olhos penetraram os dela.

– Eu me caso com você sem acordo.

– O quê?

– Talvez você valha o risco, Scarlett.

Vin nunca havia tentado fazer uma mulher se apaixonar por ele. Normalmente era o oposto, levar as

mulheres para a cama e deixá-las antes que qualquer laço emocional estivesse formado. Isso podia ser

interessante. Ele se sentiu estranhamente excitado pelo desafio.

– E então? – perguntou Vin, aproximando-se. – Você se arriscaria comigo se eu me arriscasse com

você?

Scarlett estremeceu brevemente ao olhá-lo nos olhos. Parecia perplexa, vulnerável, como se estivesse

lutando com a esperança em pessoa.

– Mas por quê? – sussurrou ela. – Por que o casamento importa tanto para você?

Vin não quis responder, mas, no novo papel que interpretava, o do homem secretamente vulnerável

que poderia possivelmente se abrir para o amor, forçava-se a ser ao menos parcialmente honesto.

– Sei como é crescer sem um pai. Meu filho precisa saber quem são os pais dele.

– Como ele não saberia isso?

Vin mudou de assunto.

– A família começa com um nome. Com um lar. Nosso filho precisa se sentir seguro e amado, e saber

a qual lugar pertence. Case-se comigo, Scarlett. Agora.

Ela mordeu o lábio, visivelmente hesitante.

– Meu avião particular está abastecido e nos espera. Podemos chegar a Las Vegas em...

– Não! – Ele ficou surpreso com a súbita veemência do tom dela. Scarlett lambeu os lábios. – Hmm, a

dra. Schauss disse que eu poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento.

– Ela também disse que não viu nenhum sinal iminente. – Ele observou o rosto pálido dela e

acrescentou, acalmando-a: – Podemos levar um médico a bordo conosco, só para prevenir.

– Esqueça. – Ela engoliu em seco. – Não vou embarcar em nenhum avião.

– Por quê?

Ela inspirou fundo, estremecendo.

– Se eu fizer isso, vou morrer! Ambos morreremos!

– Do que você está falando?

As lágrimas caíam de seus cílios.

– Meu pai morreu em um acidente de avião...

– Sim – disse ele, a voz gentil. – Mas isso não significa...

– Há duas semanas, meu avião quase caiu. – Ele se lembrou vagamente de ler algo sobre um pouso

de emergência na Irlanda do voo vindo de Londres. Scarlett continuou. – Depois do que houve com

papai, eu deveria saber que não era seguro entrar em um avião por qualquer motivo! Disse a mim

mesma que estava sendo boba. Ignorei minha intuição, e isso quase nos matou! – Segurando a barriga,

Scarlett balançou a cabeça ferozmente. – Nunca mais vou entrar em outro avião... Jamais!

– Mas, Scarlett – disse ele, baixinho. – Há, em média, cem mil voos todo santo dia. Quase todos

decolam e pousam em segurança, sem incidentes. Estatisticamente...

Ela estava quase histérica. Vin teve o pressentimento que, se a forçasse, perderia a pequena confiança

que ela havia passado a depositar nele. Então, mudou de estratégia.

– Tenho uma companhia aérea e também dois jatos particulares. Até mesmo uma licença de piloto,

se um dia precisar assumir o controle de um avião. Então, posso supervisionar a conferência dos

equipamentos, Scarlett. Posso garantir pessoalmente que você estará segura.

Scarlett sufocou uma risada chorosa.

– E posso lhe garantir pessoalmente que nunca mais vou subir em outro avião!

Ele tentou pensar em um modo de argumentar com ela. Mas, enquanto olhava para seus lindos olhos

angustiados, quando viu as lágrimas riscarem seu rosto, de repente não quis brigar. Só queria tornar as

coisas melhores.

Sem uma palavra, ele a puxou para seus braços. Scarlett desmoronou, e ele a envolveu com seu

casaco, acariciando seu cabelo e suas costas, murmurando palavras gentis até que os soluços aquietaram

e ela parou de tremer.

– Certo – disse Vin, delicadamente. – Não precisamos voar. Nunca vou obrigá-la a fazer nada que

você não queira. Sempre vou cuidar de você, Scarlett. Sempre.

Aninhada contra a camisa dele, envolvida sob as lapelas do longo casaco preto, Scarlett ergueu a

cabeça com a respiração entrecortada. Ela estava tão bonita à luz do sol, pensou Vin. Seus olhos úmidos

brilhavam como esmeraldas.

Ela estava vulnerável. Era o momento em que Vin deveria aproveitar a vantagem, conseguir que ela

aceitasse a proposta, cercá-la.

Em vez disso, ele sentiu algo se contorcer em seu coração. E em vez de se agarrar à fraqueza dela,

forçando-a a concordar com suas exigências, fez o que desejava fazer desde que a tinha visto pela

primeira vez parada no meio da catedral em Nova York, o cabelo vermelho cascateando sobre os

ombros, os olhos verdes luminosos implorando.

Envolvendo o rosto dela com as mãos, Vin abaixou a cabeça e a beijou.

            
            

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