inconsciente com o nocaute. No entanto, quando Trenton me deu aquela
resposta eu fiquei com pena.
Sim, pena.
Ele se vê daquela forma, como se não houvesse nada de bom dentro de
si, nada que valesse a pena lutar. E isso me deixou triste por ele, saber que
Trenton se enxerga daquela maneira fez meu coração doer um pouco.
Acredito existir sim bondade por trás daquela marra toda, apesar dele me
irritar ao extremo eu pude perceber que por trás da fama de galinha e badboy
ele esconde seu verdadeiro eu. Há muito mais nele do que esses rótulos, eu
creio. Só não tive paciência nem força de vontade para descobrir. No entanto,
agora eu não paro de imaginar o que o faz agir dessa maneira, como se
tivesse raiva do mundo, raiva de si próprio.
Vou até a cozinha e procuro por algo que possa enganar meu
estômago. Estou com fome, mas não o suficiente para uma refeição
apropriada, então belisco um pouco do queijo branco com alguns crackers e
bebo o restante do suco de laranja que sobrara na geladeira antes de me
abrigar em meu quarto. Tranco a porta desanimada, não estou com vontade
de fazer show hoje, mas preciso da grana. Arrasto minha bunda até o armário
a procura de alguma lingerie para usar na transmissão, meus olhos encontram
a agenda que eu havia guardado na gaveta junto com minhas roupas de baixo.
Eu tenho anotado todos os meus ganhos nela e marquei um x vermelho na
data limite do pagamento, abro na página marcada e leio novamente. Nesse
exato momento tenho o total de $4.408,00 e 76 dias para conseguir os
$15.592,00 restantes.
- Droga, eu ainda preciso pagar a minha parte da acomodação e essa
é a minha vez de fazer as compras do mês!
Fecho os olhos e inspiro profundamente.
- Meu pagamento do estágio! O salário vai ser para os meus gastos
pessoais e o que sobrar, se sobrar, junto aos ganhos das gorjetas.
Paro de falar sozinha e balanço a cabeça deprimida. Além de não estar
com vontade para transmitir eu ainda tenho aquela sensação de estar fazendo
algo errado, como se estivesse prestes a trair o meu namorado. Engulo o nó
que brotara na garganta e termino de me arrumar, preparo a câmera e me
posiciono na frente dela.
Iniciar transmissão.
Planto um sorriso no rosto e vasculho o meu chat em busca do
SeuChefe, mas ele não está online. Droga. Hoje sei que vou ganhar poucas
gorjetas, mas talvez eu dê sorte e outro cliente com dinheiro goste de mim...
QueroVocê: Você faz show privado?
Estou prestes a responder que sim, mas algo me impulsiona a
averiguar o perfil dele antes. Finjo ainda não ter lido sua mensagem e clico
no username dele, quando o perfil abre eu tenho de conter uma careta de
espanto. Nossa! Existe gosto para tudo nessa vida, o dele é algo bem peculiar.
Ele gosta de legumes. Ele gosta de legumes sendo introduzidos no... Ah eu
nem consigo falar! Giro a cabeça tentando entender como aquela berinjela
coube lá, mas lembro-me que estou transmitindo e volto pra o chat
rapidamente, tentando apagar aquela imagem da minha cabeça.
Paulduro: Candy, você é gostosa! Mostra a bunda?
QueroVocê: Não vai me responder?
Safadinha: Já ficou com outras mulheres?
Olho para as mensagens e minha vontade é de mandar todos para
aquele lugar. Estou sem paciência e sem nenhuma vontade! E até agora
ninguém ao menos me enviou uma gorjeta sequer.
- QueroVocê, eu não vou fazer show privado hoje. Na verdade
preciso sair. Tchau a todos e obrigada por virem me ver!
Encerro a transmissão rapidamente e fecho notebook num baque, meu
peito arfante e meus olhos umedecidos.
Que droga!
Retiro as lentes e a maquiagem, troco de roupa por uma mais
confortável e me deito exausta, porém a minha cabeça está á mil por hora.
Meus pensamentos voam até James, em como o nosso final de semana juntos
fora perfeito, até o momento em que chegamos aqui.
Em algum momento eu devo ter apagado, pois o barulho do alarme do
relógio me assusta e praticamente pulo da cama para desligar esse bip bip
incessantemente irritante. Quero o meu celular de volta! Tomo um banho e
me arrumo para o trabalho antes de tomar o café da manhã. Nathy ainda está
dormindo então decido enviar uma mensagem para ela mais tarde. Acho que
precisamos conversar.
***
- Bom dia! Bom dia! - digo para todos que aparecem no caminho
até minha saleta.
Ao adentrar nela percebo a porta do James fechada. Guardo a bolsa
atrás da minha mesa e por algum motivo eu pego o telefone, ligando para o
escritório ao invés de ir até lá diretamente.
- Alô. - Sua voz séria e irritada me recebe do outro lado da linha,
pegando-me de surpresa.
- Bom dia, James. Só queria avisar que cheguei, se precisar de mim é
só chamar.
- Obrigado, Candice. - Percebo a mudança em seu tom, soa mais
suave. - Pode vir aqui, por favor?
- Ok.
Caminho até a sala abrindo a porta lentamente e a primeira visão que
tenho é do James em sua cadeira, com cabeça apoiada no encosto e os olhos
fechados. Parece exausto.
- Está tudo bem? - Chego perto e minhas mãos voam
inconscientemente até o rosto dele. Acaricio sua bela face antes de percorrer
os dedos em seus cabelos numa massagem relaxante.
- Hmmmm - murmura contente com o meu toque. Suas pálpebras
se abrem e seus olhos azuis me fitam intensamente. - Estou melhor agora.
- Parece cansado. - Inclino o corpo e beijo docemente seus lábios,
ele corresponde, porém começo a rir que nem uma idiota no meio do beijo.
- O que foi? - Seus lábios repuxam num pequeno sorriso confuso.
- Nosso beijo, a posição em que estávamos. Lembrei-me do homem
aranha. Sabe? A cena em que ele e a Mary Jane se beijam.
James balança a cabeça ainda sorrindo e gira em sua cadeira, puxando-
me para o seu colo. Com uma mão ele enlaça minha cintura e com a outra ele
abre uma gaveta, retirando de lá o meu celular.
- Você achou!
Arranco o aparelho de suas mãos com euforia e logo começo a lhe
tascar vários beijos por toda a extensão de rosto. Quando finalmente me
afasto eu olho para o celular, e percebendo estar desligado tento ligá-lo
novamente, mas provavelmente está sem bateria. Levanto o olhar para meu
namorado e me assusto com sua carranca ao mesmo tempo em que o aparelho
começa a vibrar com milhares de mensagens e ligações perdidas. Todas do
Trenton.
- Por que esse cara não te deixa em paz, Candice?
A princípio eu engulo em seco, mas logo tenho de prender um sorriso
que teima em querer brotar. James está com ciúmes!
- Talvez ele queira pedir desculpas? Não sei! Eu achava que ele e
eu...
- Que ele e você o que?
Espalmo uma mão sobre o seu coração para acalmá-lo.
- Que fossemos amigos, ou que estávamos seguindo nessa direção.
Ele ri seco e balança a cabeça.
- Candice, como você pode ser tão inocente?
Franzo a testa e me afasto em seu colo para encará-lo melhor.
- Do que você está falando?
Seus grandes olhos azuis me fitam e neles encontro confusão, ela
realmente não percebe que Trenton a quer.
- Trenton não te quer como amiga, Candice. Ele te quer.
- O que?
Suspiro contra seus lábios e me forço a não socar a mesa com raiva
daquele filho da puta. Aquele babaca está sempre por perto!
- Ele te quer. Trenton agiu daquela maneira por ciúmes. Não
percebeu isso? - Seguro seu rosto entre as mãos possessivamente, esperando
pela sua reação.
- Mas...ele e a Nathy estão juntos! Por que ele ficaria com ela se isso
for verdade?
- Porque ele é um babaca.
Por um momento eu penso que ela irá defende-lo, mas então seu olhar
se volta para baixo e suspira.
- De qualquer forma eu tenho que tirar isso a limpo. Não posso
deixar que pense que tenha alguma chance comigo... - Balança a cabeça
inconformada. - Eu só não... Não entendo.
- Candice. - Sôo tenso, tentando controlar meus ciúmes e não gritar
com ela. Ela volta a me olhar esperando que eu continue.
- Não gosto que ele esteja sempre por perto, indo na sua casa. Não
gosto de saber que você ainda queira falar com ele depois de tudo o que ele
disse.
- Você acha que eu devo simplesmente fingir que ele não existe e
ignorá-lo?
Assinto veemente, mas Candice se distancia e sua expressão me diz
que não concorda comigo.
Que teimosa!
- Eu não posso fazer isso, James! Preciso falar com ele, nem que seja
para pedir que se afaste. Nada será resolvido seu eu fizer como pede, não
entende?
- Então envie uma mensagem, mas não se encontre mais com ele! -
Percebo que elevei demais a minha voz e isso a assustou.
Puta que pariu! Esse babaca está me tirando do sério e agora a minha
garota está com medo de mim.
- Por favor, meu amor. - digo ternamente, tentando remediar a
minha estupidez. Deslizo minha mão até sua nuca e a puxo para perto,
encostando a testa na dela. Sinto o seu corpo tenso relaxar aos poucos e
respiro aliviado.
- Tudo bem, eu posso fazer isso.
- Obrigado. - Deslizo o polegar em sua maçã do rosto, a pele dela é
tão lisa e macia...
Beijo cada lado do seu rosto antes de devorar sua boca, ela se abre
para mim permitindo que minha língua explore a sua. Enrolo seus cabelos em
punho e forço sua cabeça pra trás melhorando o ângulo, aprofundo o nosso
beijo e chupo o seu lábio inferior antes de descer de encontro ao seu pescoço
e a marcando como minha. Toda vez que mordisco e chupo a sua pele macia,
ela arqueia o corpo como se quisesse mais, rosno de tesão antes de abocanhar
seu mamilo intumescido que já despontava contra sua camisa social.
- Você é minha! - digo antes de abocanhar o outro seio, as mãos
dela agarram meus cabelos, pressionando-me ainda mais contra o seu corpo
quente.
- Sou sua, James.
A voz rouca é minha perdição. Ajoelho-me em sua frente e agarro seus
quadris, ela abre as pernas em expectativa. Eu já posso sentir o cheiro de sua
excitação, meu pau lateja dentro das calças pedindo para ser liberado.
- Diga de novo. - Cravo meus dedos nas coxas dela e aproximo o o
rosto entre suas pernas, inspirando fundo o seu aroma que me deixa louco
antes de morder o inferior de uma das suas coxas.
- Eu sou sua, James! - Grita com o choque de dor e prazer.
- Somos um do outro e de mais ninguém. - Minha voz sai um
pouco abafada, mas quando levanto o rosto eu a vejo afirmando com a
cabeça, os olhos fechados, os lábios entreabertos e a face corada. Ela é linda.
Começo a deslizar o zíper de sua saia lápis quando o telefone começa
a tocar.
- Porra! - Pressiono o rosto em seu colo e posso senti-la trêmula, ao
levantar o rosto a vejo rindo. - Você acha isso engraçado?
Candice joga a cabeça para trás e solta um gemido de frustração, mas
seus lábios rosados estão levantados num leve sorriso.
- Se fosse você quem tivesse que esconder uma ereção não acharia
graça nenhuma! - resmungo ao me levantar e beijo a ponta do seu nariz
antes de atender o telefone.
- James Knight.
- Senhor Knight, a senhorita Pearson está aqui para vê-lo.
- O que ela está fazendo aqui? - Meus olhos se voltam para a
Candice rapidamente, ela está caminhando em direção ao banheiro para se
ajeitar.
- Senhor, ela disse que estava por perto e a aproveitou a
oportunidade.
- Tudo bem, avise que terá de ser rápido. A encaminhe para a sala de
reuniões, por favor.
- Claro, senhor.
Olho para a porta entreaberta e noto que Candice ainda está se
arrumando. Suspiro aliviado.
- Amor, estou indo para uma reunião de última hora.
Ela caminha em minha direção, passando os dedos por entre seus
longos fios loiros.
- Tudo bem. Eu vou trabalhar antes que meu chefe descubra o que
tenho feito. - Sorri maliciosamente e me beija antes de ir até sua sala.
- Acho que ele não se importaria. - Dou um tapa forte em sua
bunda assim que se vira em direção à porta. Candice solta um gritinho e me
olha por sobre o ombro, mordendo seu lábio inferior. - Mas se continuar se
comportando como uma garota má, ele terá que lhe dar uma lição.
Espero alguns segundos a mais até que o meu volume dentro da calça
diminua e sigo para a sala de reuniões. Ainda bem que Candice estava
comigo quando o telefone tocou, ela não pode saber sobre o que eu fiz