O Chef 2
img img O Chef 2 img Capítulo 2 1
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Capítulo 2 1

Kelly Ferraço

Sabe quando você abre os olhos e se encontra dentro do seu quarto e tudo parece estar diferente? Por exemplo, o sol parece mais radiante hoje e também parece ter mais nuvens no céu claro. O meu quarto já não é mais aquele quarto de menina, todo cor de rosa e cheio com bonecas. Ele agora expõe pôsteres dos meus cantores preferidos nas paredes e claro do meu ator preferido também. O que eu mais gosto fica bem de frente para a minha cama. É um pôster do Tom Ellis sentando com classe e elegância em um trono negro e alto, grande e tenebroso. O cara representa o próprio diabo, o pai das trevas, mas exala um poder de sexualidade que estremece as calcinhas das meninas - que o meu pai ou o meu tio Oliver não escutem os meus pensamentos - isso me faz lembrar da última vez que tive um namorico. O coitado do Léo não teve sossego na vida desde então. Os dois marmanjos fizeram um tipo de tortura psicológica com o garoto e em menos de uma semana, esse se afastou de mim como o diabo fugia da cruz. Bom, hoje especialmente estou fazendo quinze anos e estou no ensino médio. Por mim, pulava essa parte e já ia direto para o curso de gastronomia, o meu maior sonho, mas os adultos da minha casa faz questão pela conclusão dos meus estudos. Fazer o que, né? Espreguiço-me em cima da cama, esticando o meu corpo sobre o do colchão e me viro para encarar a porta branca do meu quarto e inicio uma contagem regressiva cheia de ansiedade. Cinco, quatro, três, dois... Sorrio amplamente. Um... A porta se abre e Carolina Kappas Ferraço, minha irmã caçula passa por ela carregando o seu coelhinho de pelúcia cor de rosa pelas orelhas gigantes.

- Feliz aniversário, Kell! - diz com uma empolgação gigantesca e pula animada em cima da cama e automaticamente o meu corpo quica em cima do colchão macio me fazendo rir. Seus pulos são altos como se tivesse dentro de um pula-pula, mas eu a puxo para o meu colo, dando-lhe muitos beijos por todo o seu rosto. Carol, como a chamamos, se parece com o meu pai, na verdade, ela é a cópia registrada dele. Ela é morena e tem feições bem expressivas, do tipo que não consegue esconder a sua felicidade ou a sua tristeza. Não demora muito e os meus pais invadam o meu quarto, cantando parabéns para mim. Adonis como sempre segura uma deliciosa bandeja de café da manhã em suas mãos. Pena que hoje ainda é segunda e terei que ir para o colégio em algumas horas. Mas confesso, só tem um lado bom nisso tudo. Felipe Cortez - Lipe para os íntimos. Ain, jesus! Que o meu pai e o meu tio não descubram, mas o carinha do segundo ano é uma perdição total. Nada de corpo malhado, ele é alto e forte por natureza mesmo. Os cabelos são de um castanho-claro e são cheios de cachos sedosos que caem sobre sua testa, dando-lhe um charme ao seu rosto quadrado e ele usa um perfume que, minha nossa! Confesso, que no último baile da escola nós quase chegamos a nos beijar. Que o meu... há, vocês sabem quem não devem descobrir isso nunca... nunquinha. Medo? Não, não é medo. Meu pai e o meu tio são as melhores pessoas desse mundo! E eu os amo do jeito que eles são. Digamos que seja só receio mesmo, afinal a primeira impressão do primeiro namorico é a que fica, não é?

- Apaga as velinhas princesa, mas não antes de fazer o seu pedido de aniversário. - Meu pai pede, se inclinando um pouco e eu encontro um cupcake com uma mini vela em formato de um pequeno número quinze acesa no topo. Fecho os meus olhos e encho os pulmões de ar e antes de soprar a velinha, penso em algo que me faz sorrir. Ah qual é, não vou contar o que pedi para vocês! Se não, não vai se realizar, certo? Só digo uma coisa, só realizarei esse sonho daqui a dois anos.

- Parabéns, filhota! - Minha mãe diz se acomodando ao meu lado no colchão e me abraça logo em seguida. O meu pai faz o mesmo do outro lado e a Carolina faz a festa caindo em cima do abraço coletivo. Rio alto quando caímos todos no colchão.

Amo essa família e acredite, desde que Adonis e Agnes se casaram a minha vida tem sido esse encanto de abraços e beijos matinais, de aniversários na cama com direito a cupcakes e tudo, e claro, ganhar uma irmãzinha como essa Penélope Charmosa não tem preço. A Carolina é simplesmente encantadora. Ela é amorosa, carinhosa e diferente de mim, é mais tranquila também. Mas não se enganem, a garota é tão esperta quanto eu era quando criança. - Hora de cuidar meninas. - Dona Agnes avisa depois da rápida bagunça em cima da minha cama. Ela sai em seguida levando a minha irmã para o seu banho e o meu pai se ocupa em tirar a bandeja intocada de cima da cama, mas antes de sair do quarto ele me olha sério. Sabe aquele olhar de pai que quer te dizer alguma coisa? É exatamente esse olhar que ele está fazendo agora. Ele ajeita uma mecha solta do meu cabelo atrás da minha orelha e com um suspiro começa a falar.

- Você cresceu, filha - diz o óbvio. Sorrio.

- É o que acontece quando se faz aniversários todos os anos - comento com um leve tom de brincadeira e ele sorri.

- Verdade. - Papai puxa uma respiração e se ajeita de novo no colchão.

- Olha, eu sei que já tivemos essa conversa algumas vezes - E lá vamos nós. Penso revirando os olhos internamente. - Mas querida você sabe que o papai só quer o seu bem, não é? - pergunta cuidadoso. Claro que eu sei, mas nem sempre o meu bem está em me afastar dos meninos, certo?

- Sim, eu sei - digo com um suspense no ar.

- Kell, papai não vê a hora de estarmos trabalhando juntos no bistrô, como uma bela dupla, sabe?

- Sim, eu sei. - Dessa vez respondo com aquele receio. - Eu pensei que já éramos uma dupla - comento.

- E nós somos. Mas para você ser uma profissional e assumir aquilo tudo junto comigo, preciso do seu empenho. Namorar agora só iria atrapalhar. - Ai chegamos no pico da nossa conversa. Todo ano Adonis encontra uma maneira de me convencer a não namorar. O que nesse exato momento não vai ser possível, porque o Lipe já está na minha, assim como eu estou na dele, se é que vocês me entendem. Porém, tem aquela história, "o que os olhos não veem, o coração não sente" e quem não ouve a verdade também.

- Não se preocupe com isso papai, eu sempre serei a sua número um. Afinal, eu quero ser igualzinha a você quando crescer. - Minto parcialmente e de uma forma descarada e ele me lança aquele olhar de pai orgulhoso. Porque ele tem que ser tão ciumento? Adonis abre um sorriso largo e afaga os meus cabelos, os assanhando ainda mais o emaranhado de fios dourados.

- Boa menina! - Ele diz com satisfação e mais uma vez sorrio. Tolinho! Penso me sentindo uma criança malévola. Ele sai do quarto e eu pulo para fora da cama, correndo direto para o banheiro.

_____

Enquanto caminho pelo imenso pátio do colégio, levando uma mochila pesada nas costas e cheia de materiais escolares e de botons que enfeitam o objeto, observo os alunos que costumam se reunir no pátio antes do início das aulas. Logo sou cercada pelas meninas mais travessas do colégio e diga-se de passagem, da minha turma também. Elas e somente elas, sabem do meu casinho de olhares com o Lipe. Não sabem o que é casinho de olhares, não é? É tipo, quando você não tem a coragem de chegar perto, entendeu? Tipo, nada de beijos e isso inclui selinhos também e nada de pegar na mão, contando aquela história de juramento do dedinho. Eu e o Lipe apenas nos olhamos. O que é ridículo, pois eu já tenho quinze anos e ainda sou praticamente uma bv. O quê? Tive um único namorico de beijos rápidos no cantinho da boca e isso não conta como beijo de verdade. Embora a tia Flávia sempre nos desse cobertura, o Léo não passava disso. Não sei dizer se era medo dos dois homenzarrões ou se por inexperiência mesmo. O fato é que eu já assisti cada beijo de língua em algumas cenas de filmes que confesso, preciso de um daqueles, sem tirar e nem pôr.

- É nesse final de semana, meninas. - Maah avisa com uma animação contida. Maah, é a abreviação do nome Marina. Um sistema que usamos para encobrir uma, a outra. Assim os adultos não descobrem com quem exatamente estamos tramando. Portanto, não irão atrás da dita cuja para descobrir os nossos passos. E quando eu digo adultos, eu me refiro ao ciumento do meu pai, mancomunado com o ciumento do meu tio. E mais uma vez eu me pergunto... Porque eles são assim?

- Sua mãe deixou? - Cris pergunta em uma mistura de empolgação e surpresa. Sorrio para a empolgação da garota, mas a Maah dá de ombros.

- Meus pais vão viajar esse final de semana, então tecnicamente sim, eles deixaram.

- Não deixaram não! Puta merda, menina! Você não falou com eles? - A garota rebate quase revoltado. - Ok, já deu para perceber que a Cris é o cérebro da turma, né? Ela está sempre preocupada com os horários, com os trabalhos, com as nossas reuniões malucas e claro, com a aprovação dos nossos pais seja lá qual for a situação - não que eu seja uma garota irresponsável. Minha mãe me ensinou desde cedo tudo sobre ter responsabilidades e acreditem, eu aprendi direitinho. Mas confesso que estou ansiosa demais por essa noite e quero muito que ela aconteça e eu juro que terei juízo!

- Cris, deixa de ser mala! Que mal pode acontecer em uma simples noite do pijama? Meu Deus, garota! - Maah rebate mal-humorada.

- Só acho que devia ter um adulto por perto. - A garota retruca de volta.

- Bom, a Estrela sempre deixa uma vizinha de olho em mim. Então, tecnicamente teremos um adulto de olho. - Marina rebate, inflando seu peito e abrindo um sorriso sabichão.

- Ela vai estar na casa? - Cris insiste e a nossa amiga revira os olhos com impaciência.

- Lógico que não, Cristiane! - Ela rosna.

- Então, como ela ficará de olho em nós, Marina? - Cris ralha com toda a sua sabedoria.

- Bom, isso já não é problema meu. Agora, vocês vão ou não vão? - Marina insiste e aguarda a nossa resposta levando as mãos à cintura. Eis a pergunta de cem milhões de dólares.

- Eu só vou se a Kelly for. - Cris cruza os braços passando a bola para mim.

- Amarelona! E aí, Kell?

- Estou dentro - digo sem titubear e dessa vez é a Cris quem revira os olhos. Escuto os resmungos derrotados da nossa amiga e a risada vitoriosa da Maah logo em seguida. O quê? Acham mesmo que eu estou errada? Sério? É uma noite do pijama, um lance só de meninas, o que poderia dar errado além de deixarmos a cozinha da dona Frida Belini uma bagunça e de fazermos uma guerrinha de travesseiros? Acreditem, vai ser bem divertido!

Meio-dia em ponto eu entro em minha casa e largo a mochila pesada em cima do sofá da sala e os botons fazem um barulho engraçado quando a mesma quica sobre o estofado macio. Vou direto para a cozinha e como de costume, de segunda a sexta a imensa torre de vidro, como o meu pai costuma dizer é todinha minha. A essa hora meu pai está no comando do bistrô e a minha mãe ainda está na Model e a Carolina já está na escola. Como eu disse, o espaço é todinho meu. Abro a geladeira e encontro alguns ingredientes para fazer um delicioso frango xadrez, uma salada verde e um arroz temperado. Eu já falei que amo cozinhar? Mas, não é qualquer prato, não sou do tipo caseira. Eu gosto da magia da degustação, da mistura dos sabores, da fantasia das cores nos pratos e acho que é por isso que eu já tenho dois cadernos de receitas próprias. Criatividade minha e algumas dessas minhas receitas já são até premiadas, o que deixa o meu pai ainda mais orgulhoso de mim. Sabe a parte mais interessante? A Carolina é louca por modas e de vez enquanto a pego vestindo as roupas da mamãe e calçando os saltos dela também. Ela pega uma escova de cabelos e finge que é um microfone e começa a apresentar um desfile de modas imaginário entre as suas bonecas e isso torna tudo mais equilibrado em nossa família. Largo os ingredientes estrategicamente em cima do balcão e só então percebo um pequeno papel de bloquinho amarelo preso debaixo de uma fruteira. A letra feminina, escrita com uma caneta azul, deixa um pedido para mim.

"Pode ficar com a Carolina e com a Nathalia essa noite?

Mamãe agradece."

Sorrio. O serviço de babá sempre me rende um dinheiro legal. É claro que eu fico com a Flávia e a Agnes Mirins. Nunca vi serem tão parecidas.

____

Seis e quarenta da noite...

Aqui estou eu em frente a uma tv de trinta e seis polegadas, assistindo o segundo filme da Malévola com as duas meninas que mais amo nesse mundo. Na nossa frente há três caixas de pizzas vazias e uma garrafa de refrigerante de dois litros pela metade, que nós praticamente devoramos durante o filme. Em algum momento o meu celular faz um bip baixinho e eu o pego sorrindo ao ver que é uma mensagem de Maah.

#Mensagem de Mariana para Kell:

Não conta para Cris,

mas teremos alguns convidados

especiais na nossa farrinha.

Eu simplesmente encarei a mensagem embasbacada. Quem essa maluca inventou de chamar? Passo um rabo de olho nas meninas e vejo que elas estão atentas ao filme e começo a digitar rapidamente.

#Mensagem da Kell para Maah:

Quem você convidou, maluca?

#Mensagem da Mariana para Kell:

Ok, vê se não surta, tá?

Chamei o Fabinho, o Call e o Lipe.

Ajeito-me abruptamente em cima do sofá sentindo o meu corpo estremecer de ansiedade. Meu coração simplesmente disparou dentro com violência dentro do meu peito e a minha boca ficou seca imediatamente. Meus dedos tremulavam e digitavam rápido demais.

Mensagem da Kell para Maah:

Ficou maluca?

#Mensagem da Mariana para Kell:

Kell, nós vamos para o terceiro ano.

Quer chegar virgem até lá, sério?

Porque eu não quero!

Jesus! Rogo imediatamente. Ela está pensando em...

#Mensagem da Kell para Maah:

Eu não vou transar, com você sabe quem!

#Mensagem da Mariana para Kell:

Você, eu não sei.

Mas, cansei do meu status.

Então eu não vou perder tempo.

#Mensagem da Kell para Maah:

Não podemos esconder isso de Cris, Marina.

Ela vai pirar.

#Mensagem da Mariana para Kell:

Não seja tola, Kelly Ferraço!

Se você contar, ela não participará.

#Mensagem da Kell para Maah:

Isso é muito sério, Mariana Belini!

E não, eu não esconderei isso dela.

#Mensagem da Mariana para Kell:

Rolando os olhos para você, Kelly Ferraço!

Você que sabe.

- Kell, podemos pegar alguns doces? - Carolina pergunta me fazendo tirar os meus olhos da tela do celular. Ela parece sonolenta. Encaro a telinha e decido que está na hora de encerrar o assunto.

#Mensagem da Kell para Maah:

Depois conversamos.

Estou de babá das meninas essa noite.

Guardo o celular de volta na minha bolsa e desligo a tv ouvindo os protestos das meninas.

- Hora de ir para cama, meninas, já está tarde. - Nathalia me levanta o dedo indicador e me encara como se fosse uma profissional da negociação.

- Sabe que a mamãe não está aqui, não é? - Sorrio.

- Sim, eu sei.

- Então, que tal deixar a gente ver o final do filme? Prometo que nenhum deles ficará sabendo. - Que sapeca! Penso. A pirralha mal saiu das fraldas e já sabe usar o seu poder de persuasão. Agacho-me um pouco, levando as mãos aos joelhos e ficando cara a cara com a guria.

- Bela tentativa, Naty, mas não vai rolar. Cama agora! - ralho com um tom sério.

- Aí Kell, deixa de ser chata! - Carolina reclama. E u ergo o meu corpo e apenas encaro as meninas de sobrancelhas erguidas.

- Você é um adulto difícil de se enrolar! Se fosse o meu pai, já estava no bolso. - Naty diz girando nos próprios calcanhares e ambas vão em direção das escadas.

- Não se esqueçam de escovar os dentes. - grito quando ambas alcançam o topo da escadaria. Mais um bip e eu corro até a bolsa para finalizar essa conversa absurda com a Marina e para a minha surpresa, a mensagem não é dela e sim de um número desconhecido.

#Número desconhecido:

Espero que não se importe.

Peguei o seu número com a Marina.

Será que podemos nos ver amanhã depois da aula?

Coração quase saindo pela boca agora! Respira fundo Kelly, não é nada demais. É só o boyzinho que anda preenchendo a sua mente e o seu coração nessas últimas semanas. Digo para mim mesma e sorrio. Logo me vejo digitando ansiosa e o mais rápido possível outra vez.

#Mensagem da Kell para número desconhecido de vocês sabem quem.

Claro!

Pronto, essa noite eu não durmo!

NOTAS DO AUTOR:

Começando mais um livro amores, espero que vocês acompanhem junto comigo mais um romance gostoso com muito bom humor! Vamos lá?

            
            

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