O Chef 2
img img O Chef 2 img Capítulo 4 3
4
Capítulo 6 5 img
Capítulo 7 6 img
Capítulo 8 7 img
Capítulo 9 8 img
Capítulo 10 9 img
Capítulo 11 10 img
Capítulo 12 11 img
Capítulo 13 12 img
Capítulo 14 13 img
Capítulo 15 Bônus img
Capítulo 16 14 img
Capítulo 17 15 img
Capítulo 18 16 img
Capítulo 19 Bônus - 2 img
Capítulo 20 17 img
Capítulo 21 18 img
Capítulo 22 19 img
Capítulo 23 20 img
Capítulo 24 21 img
Capítulo 25 Bônus -3 img
Capítulo 26 22 img
Capítulo 27 23 img
Capítulo 28 24 img
Capítulo 29 25 img
Capítulo 30 Bônus - 4 img
Capítulo 31 26 img
Capítulo 32 27 img
Capítulo 33 28 img
Capítulo 34 29 img
Capítulo 35 30 img
Capítulo 36 Bônus - 5 img
Capítulo 37 31 img
Capítulo 38 32 img
Capítulo 39 33 img
Capítulo 40 34 img
img
  /  1
img

Capítulo 4 3

Adonis kappas

Sabe quando o seu sonho levanta um voo muito, muito alto ao ponto de fazer todos ao seu redor vibrar com gritos eufóricos? Assim está o meu bistrô. Com certeza Andréa Escobar apostou muito alto e acertou em sua aposta. A decoração do lugar é chamativa e ao mesmo tempo atrativa. Algumas pessoas entram aqui por pura curiosidade, tiram algumas fotos e em seguida degustam o melhor que a cozinha russa, grega e francesa pode oferecer e assim ele passa os dias e as noites sempre movimentado. Chegamos ao ponto de ter que agendar as mesas, para evitarmos tumultos na frente da loja.

- Presta atenção, Tina! - Escuto Kell reclamar alto dentro do salão. Eu olho na direção das duas garotas e tento entender o que está acontecendo ali. Tina veio do interior para a cidade a algumas semanas. Ela decidiu voltar a estudar e por incrível que pareça decidiu fazer faculdade de gastronomia. Eu super apoiei e para isso, lhe ofereci um emprego aqui no bistrô. Assim ela pegaria experiência no assunto e teria como pagar os seus estudos também.

- O que está acontecendo aqui? - pergunto interrompendo a confusão das duas e Kell me lança um olhar impaciente.

- Ela tinha que levar a sopa de espinafre para a mesa 34 e olha o que ela fez comigo! - Minha filha disse irritada, apontando a sua roupa suja com um creme verde.

- Não foi porque eu quis! - A garota rebate nervosa. Eu olho para as duas e decido apaziguar a pequena guerra sem sentido.

- Calma filha, foi um acidente - falo em seguida.

- Acidente nada! Ela estava desatenta e olhando para o senhor, ao invés de prestar atenção no seu trabalho! - Kell rebate claramente irritada. Eu puxo uma respiração audível. Ok, eu sei que a Tina ainda nutre algum tipo de paixonite por mim. Mas eu fui bem claro quanto a sua situação aqui e de verdade, eu espero não ter motivos para arrependimentos.

- Ok, filha. Vai se limpar e trocar essa roupa e você, pegue outra sopa e leve à mesa 34 e dessa vez tenha mais atenção, Tina - digo com um tom profissional. Ela assente e sai levando a bandeja consigo. Kelly me encara furiosa.

- Estou de olho nela pai. Se ela se aproximar um centímetro de você, eu não vou alisar - rebate me fazendo arquear as sobrancelhas para ela e como a Flávia costuma fazer, Kelly leva dois dedos aos seus olhos e depois os aponta para mim e sai me dando as costas. Um claro aviso. Penso. Kell é uma adolescente que se revelou muito ciumenta desde que a Tina chegou aqui. Sem falar que às vezes ela sente ciúmes até da própria irmã quando estou lhe dando atenção demais. É uma atitude bastante aceitável, já que ficamos cada dia mais grudados, ao ponto dela conversar bastante comigo, se abrir sobre o seu dia a dia na escola e sobre os seus sonhos.

Volto para o meu serviço de arrumar a adega colocando alguns vinhos de uma forma estratégica em seus devidos lugares e os separando de acordo com a data de envelhecimento. São garrafas bastante caras e importadas também e quando termino decido voltar à cozinha e ver como estão as coisas por lá. Essa é a parte que me fascina. A enorme cozinha tem um movimento contagiante e agitado de cozinheiros e de ajudantes. Eles andam driblando um ao outro, fazendo os pratos com um requinte de um rei e com maestria. Isso mesmo. Devido ao grande movimento do bistrô, tive que contratar novos funcionários e entreguei a administração do lugar nas mãos do meu amigo Oliver. Porém hoje Naty tem uma apresentação muito importante e ele e a Flávia tiveram que ir. Minutos depois, adentro o meu pequeno e aconchegante escritório e me sento na cadeira acolchoada atrás de uma mesa lotada de papéis. A parte burocrática do negócio é o que tira o meu brilho. Definitivamente eu não nasci para isso. Olho por um tempo para a pilha de papéis e não sei exatamente por onde começar. A porta do escritório se abre e sorrio ao ver Agnes passar por ela. Contorno a minha mesa e esqueço completamente a pilha de papéis quando vou ao seu encontro, a puxando imediatamente para os meus braços e a beijo cheio de saudades. Agnes estava em mais uma das suas viagens da moda. Dessa vez em Londres e eu tive que ficar uma semana inteira longe dela.

- O que a Tina faz aqui? - pergunta assim que se afasta. Seu tom de voz não esconde a sua indignação. Eu coço o couro cabeludo imediatamente e penso em uma resposta plausível para lhe dar.

- Então... é... a Tina veio para estudar aqui na cidade - falo de uma só vez. Seus olhos escuros me encaram perplexos.

- Esperou eu chegar para me contar? - Ela ralha se afastando um pouco dos meus braços.

- Amor, eu só não queria chatear você. - Tento ser complacente.

- Sabe o que ela sente por você, não é? - indaga demonstrando o seu desgosto.

- Hum, eu sei o que eu sinto por você - respondo com uma voz sedutoramente arrastada e beijo a pele macia do seu pescoço. Ela geme em resposta e eu já posso até ver que fechou seus olhos, para apreciar o meu toque.

- Só não quero que ela me cause problemas, Adonis. Porque eu baixo o espírito da Flávia Simões e não me respondo por mim. - Agnes diz tentando impor raiva na sua voz, mas o fracasso é nítido.

- Nossa, que mulher brava! - ralho erguendo uma perna sua e aperto o seu corpo contra o meu. Deus do céu, estou louco de saudades dela!

- Eu não estou brincando, hein? Mantenha a Tina longe dos seus calcanhares - rebate, quer dizer geme. Seguro o riso e volto a beijá-la.

- Sim senhora. Não se preocupe, a Kelly Ferraço tem ciúmes suficiente para mantê-la bem longe de mim - digo com um tom de brincalhão, mas a Agnes me encara interrogativa.

- Não vou nem tentar entender o que aconteceu, ou eu já ponho essa atrevida no olho da rua. - Dessa vez diz com rispidez e tenta se afastar.

- Agnes amor, eu só tenho olhos para você - falo puxando a minha mulher de volta para os meus braços.

- É bom mesmo. - Ela aponta o meu nariz com o seu indicador e eu a tomo em um beijo mais, só que esse é mais intenso.

- Pode parar com a sessão de beijinhos. Se eu não posso, vocês também não podem! - Flávia diz invadindo o meu escritório birrenta e com um Oliver desanimado logo atrás dela.

- Ué, porque não pode beijar? - Minha esposa pergunta se virando de costas para mim, mas ainda escorada ao meu corpo. O seu olhar libidinoso me encara quando sente o meu volume em sua bunda. Dou de ombros, fazer o que? Estou morrendo de saudades, será que você não percebeu querida? A Flávia encara o Oliver possessa, então deduzo que há um problema no paraíso.

- Estou de greve. - Ela simplesmente diz se jogando no sofá de três lugares do meu escritório.

- Como? - Agnes e eu perguntamos em uníssono.

- Greve. Sabe, quando a gente para as atividades e deixa o patrão na mão? O Oliver vai ficar na mão literalmente. - Agnes se afasta de mim e vai até sua amiga e rapidamente eu puxo alguns papéis e os levo ao meu meio, tentando esconder vocês sabem o que.

- Posso saber o motivo dessa greve? - Minha esposa pergunta.

- Claro, que pode. - Ela diz quase fulminando o marido com os olhos. - Acredita que o meu maravilhoso Deus do Olimpo estava torcendo o pescoço para olhar a bunda de uma mulher no supermercado?

- Amor, eu não estava... - Oliver tenta se explicar.

- Estava sim, eu vi! Você ficou de olhos bem duros, estava concentrado naquela bunda redonda, dentro daquele jeans tamanho quarenta e quatro. E a safada ainda passou rebolando e olhando para ele. Oliver Borbolini eu arranco esses olhos lindos e charmosos. Olha o que eu estou te dizendo. - A mulher fala com um tom ameaçador, porém posso dizer que engraçado também, mas nem me atrevo a rir.

- Alguém pode dizer para essa maluca que eu não estava olhando a bunda de ninguém? - Oliver protesta quase que em desespero.

- Então porque virou a cabeça quando ela passou? Oliver, eu não sou idiota! - rebate levando as mãos a cintura.

- Não minha flor, você é a minha - Começa a falar todo sedoso, se aproximando dela, mas a Flávia lhe aponta o dedo e ele para imediatamente.

- Estou de greve. Se não olhou para aquele bundão, pelo menos fica de sobreaviso que não deve olhar. - Ela diz completamente séria e Oliver arregala os olhos em espanto.

- O que? Vou ficar de castigo mesmo não tendo olhado? - inquire exasperado.

- Vai. - Agnes e eu nos olhamos. Ela dá de ombros e eu também. Uma coisa que aprendemos desde cedo sobre esses dois, é que não dá para se envolver na briga deles. Em um minuto eles estão se debatendo e no outro... Ai é só contar nos dedos. Um, dois, três e lá vai o Oliver com a sua investida.

- Mozinho?

- Hum?

- Papai jura que não olhou. Eu só tenho olhos para sua bunda. - Ele diz todo manhoso e a danada sorri.

- Verdade?

- Verdadeira.

- Jura?

- Juradinho!

- Aaah, meu Deus do Olimpo! - Ela se derrama toda manhosa. Viu, já estão se pegando outra vez. Vai entender esses dois.

____

O ritmo dançante da danceteria contagia a nós quatro assim que entramos. Depois do entendimento entre Flávia e Oliver, eles sugeriram vir curtir a noite, já que as meninas passaram uma semana longe de nós dois. A minha ideia de curtição com a Agnes não era bem essa, mas confesso que estava precisando respirar outros ares e já faz muito tempo que não faço isso. Bistrô + Kell no colegial + cuidar da Carolina tem tomado muito do meu tempo. Tive a preocupação de ligar para uma babá para ficar com as duas meninas, mas a Agnes resolveu dá mais uma ocupação para Kell, ficar elas - digo Carolina e Natália, para podermos sair um pouco. Ela tem feito isso muito ultimamente.

- Vocês querem beber algo? - Oliver pergunta para as meninas. Elas fazem sim com a cabeça e depois de deixa-las bem acomodadas em uma mesa, seguimos direto para o balcão do bar para comprarmos as bebidas e algo para comer também. - Soube do Petrus? - Ele toca em um assunto que eu tenho mantido longe de mim durante esses anos.

- Não - respondo com desdém.

- Simone me disse que ele saiu hoje. - Aceno um sim com a cabeça.

- Que bom! - falo sem olhá-lo.

- Ah, qual é Adonis? O cara já pagou pelo que fez. Não custa você dá uma chance a ele.

- Olha Oliver, se não quiser estragar essa noite para mim, é melhor não falar mais nada. - O corto irritado e ele para de falar. O garçom se aproxima do balcão e eu peço um número 10 e um número 32 do cardápio de bebidas. Oliver faz o mesmo.

- Petrus está arrependido, Adonis. - Ele Insiste na conversa e eu bufo. - Gostaria que você ouvisse o que ele tem para falar - pede. Eu encaro o meu amigo com irritação.

-Talvez eu o escute, mas não essa noite. Não quero nem ouvir falar no seu nome, pode ser? - peço ainda mais irritado com a sua insistência. Ele assente e a música alta cobre o nosso silêncio. Pego os copos e saio pela multidão tentando alcançar a nossa mesa, sem causar qualquer tipo de acidente. Ao me aproximar noto as meninas em um papo animado com um casal e quando chego ainda mais perto, reconheço a Simone mas o cara cabeludo ainda não faço ideia de quem seja e é quando ponho os copos em cima da mesa e beijo a minha esposa que encaro o casal a nossa frente e fico parado ali mesmo, apenas o olhando.

- Oi, Adonis! - Petrus diz meio sem jeito. Eu não me dei ao trabalho de lhe responder, apenas olhei para o homem à minha frente, aparentemente muito bem, se não fosse os cabelos cheios e desajeitados. Fora isso, o cara veste um jeans desbotado e uma camisa de botão e a barba está feita.

- Então, que tal se fossemos dançar um pouco? - Flávia diz animada, tentando desfazer o clima tenso em nosso meio. Agnes segura a minha mão e me puxa para a pista de dança. Só assim para me fazer mexer do meu lugar, porque eu já estava com a mão fechada em punho, louco para acertar a cara daquele maldito traidor.

- Respira, amor. - Ela pede assim que ficamos de frente um para o outro.

- O que ele veio fazer aqui? - ralho sem esconder a minha irritação.

- Ele e a Simone só vieram se divertir um pouco. Foi coincidência nos encontrarmos aqui, só isso. - Porque eu sinto que não foi bem assim? No meio da dança, eu tento me esquecer de uma certa presença, mas é praticamente impossível, porque o mais novo casal está dançando bem na minha frente. A Agnes até tentou distrair-me dando alguns beijos leves em meu rosto e na boca. Então fechei os meus olhos e me concentrei em seus carinhos, mas quando a música terminou, decidi voltar para a mesa. Oliver e Flávia chegam à mesa assim que nos acomodamos em nossos lugares. Eu olhei para o casal do outro lado da mesa.

- Isso está com cara de armação do Oliver - comento. Agnes se mexe em sua cadeira ao meu lado e toma um gole da sua bebida e depois me olha nos olhos.

- Se quiser ir para casa, eu vou entender. - É claro que eu quero ir para casa e não é por causa da presença do Petrus realmente. Eu tenho segundas intenções com isso. Quero ficar a sós com a minha mulher, quero amá-la, tirar de dentro de mim toda a saudade que está me sufocando nesses últimos dias. Nossos amigos voltam para a pista de dança depois de beber um pouco da sua bebida e de trocarem algumas carícias.

- Vamos esperar a Flávia e o Oliver voltar, então nos despedimos e saímos daqui - falo a puxando para um beijo cálido, tomo um pouco do uísque intocado, um gole grande para me acalmar por dentro. Minutos depois os casais voltam da pista e uma garçonete trás o pedido de alguns petiscos que eu havia pedido.

- A bebida já está acabando. - Simone diz bebericando o seu copo que já está pela metade.

- Ok, vocês ficam ai e nós vamos pegar as bebidas, meninas. - Oliver se oferece por todos, se levantando da sua cadeira e Petrus faz o mesmo em seguida. Meu amigo me olha aguardando que eu me levante da cadeira.

- Eu dispenso. Eu e a Agnes já estamos de saída - aviso. Ele arqueia as sobrancelhas e assente saindo com o irmão.

- Porque não dá uma chance para ele, Adonis? - Simone pergunta me fazendo abrir um sorriso sarcástico.

- Não estou pronto para falar com ele ainda, Simone. E confesso que se ele dirigisse a palavra a mim outra vez essa noite, não responderia por meus atos - falo entre dentes.

- Merda Adonis, isso já faz doze anos! - Ela rebate com insistência. - Petrus já pagou pelo seu erro e quer saber, quer bater nele? Então bate. Se isso o levar ao perdão, bate nele. Meu Deus, vocês são como irmãos!

- Irmãos não roubam os sonhos dos irmãos - rebato impaciente e puto da vida e para piorar essa situação, Flávia resolve se meter na conversa também.

- Quer saber, vocês têm razão. - Ela diz apontando de mim para Simone e ambos olhamos para a mulher com confusão.

- Adonis tem razão em estar chateado com o Petrus e a Simone em querer a redenção do namoradinho.

- Ei, nós não somos... - Ela tenta rebater.

- Ainda. - Flávia a corta. - Vocês exalam sexo no ar. Sabe aquele sexo reprimido? - Simone lhe lança um olhar embasbacado.

- Eu não estou! - Ela retruca feito uma menina birrenta ficando com o rosto vermelho. Flávia como sempre aponta o seu dedo acusador na direção da garota.

- A negação é a pior fase de um vício. Confessa, Simone, você sempre teve olhos para o tesudo do Petrus. Ou o cara é que é um cego ou e finge que não ver. - Flávia joga as palavras de uma vez. Simone fecha os olhos e respira fundo e quando ela os abre, me olha profundamente.

- Uma conversa Adonis, só vocês dois. - Ela pede ignorando o comentário da amiga. - Não precisa ser aqui e nem precisa ser agora. Será que você pode fazer isso pelos nossos tempos de amizade? - pede me olhando com firmeza. Eu puxo a respiração e sem tirar os meus olhos de cima da loira e faço um sim derrotado com a cabeça. Vamos acabar de vez com essa palhaçada. Ele quer conversar? Ok, eu vou ouvi-lo, mas ele vai ter que me convencer, por que do contrário, essa será a nossa última conversa. Penso determinado e esvazio o meu copo.

- Amanhã no bistrô. Estarei lá a noite toda, mas eu não prometo nada, Simone. Vamos Agnes - digo me levantando, jogo uma nota de cem em cima da mesa e saio dali o mais rápido possível.

NOTAS DO AUTOR:

Como vocês estão vendo, a vida seguiu, Adonis finalmente realizou seu sonho, a Kell cresceu e agora ela tem um papai bem enciumado hahahahaha, esse detalhe promete muito.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022