O aluno e a professora
img img O aluno e a professora img Capítulo 5 O aluno e a professora
5
Capítulo 6 O aluno e a professora img
Capítulo 7 O aluno e a professora img
Capítulo 8 O aluno e a professora img
Capítulo 9 O aluno e a professora img
Capítulo 10 O aluno e a professora img
Capítulo 11 O aluno e a professora img
Capítulo 12 O aluno e a professora img
Capítulo 13 O aluno e a professora img
Capítulo 14 O aluno e a professora img
Capítulo 15 O aluno e a professora img
Capítulo 16 O aluno e a professora img
Capítulo 17 O aluno e a professora img
Capítulo 18 O aluno e a professora img
Capítulo 19 O aluno e a professora img
Capítulo 20 O aluno e a professora img
Capítulo 21 O aluno e a professora img
Capítulo 22 O aluno e a professora img
Capítulo 23 O aluno e a professora img
Capítulo 24 O aluno e a professora img
Capítulo 25 O aluno e a professora img
img
  /  1
img

Capítulo 5 O aluno e a professora

- Por quê?

- Disseram que tenho que me casar se quiser manter os bens.

- O que? - falei indignado.

- Me deram dois meses.

- Dois meses? Que loucura é essa, pai?

- Não posso perder nossos bens, Daniel. Lutei para manter e crescer a

herança que meus pais deixaram.

- Eu sei disso e não estou entendendo porque tem que se casar.

- Parece que meu pai fez algum tipo de acordo imbecil que diz que se eu

não estiver casado, os bens vão ser transferidos para o sócio dele. Ou seus

descendentes.

- Mas que porcaria de acordo, pai! E agora?

- Tenho que arrumar uma pessoa e me casar.

- Não é assim, não é pai?

- Não tenho tempo, filho. Vou ter que procurar alguém disposto a se

casar e claro, dar algo em troca.

- Isso é horrível, pai!

- Mas é a única maneira que posso pensar para resolver esse problema.

Passei a mão no cabelo com nervosismo. Era só o que faltava! Alguém

morando aqui e ficando no lugar da minha mãe! Essa vai ser interesseira. Não

tem nem como discutir isso.

Meu pai viajou e não quis me dizer onde foi e o que foi fazer, mas eu sei

que está fazendo algo quanto ao tal casamento. Isso é tão nojento que não

gosto nem de pensar...

- Tem certeza disso?

- Sim. Quero um pouco de paz e ir pra lá me acalma.

Rosa sorriu.

- Tudo bem.

- Vamos comigo?

- Mas e o seu pai?

- Ele fica sabendo quando voltar. Assim ele se frustra de alguma forma

também... - resmunguei.

Rosa riu gostosamente e eu sorri.

- Por favor... - implorei.

- Ah menino...

- Vamos Rosa! Sabe que quer ir...

- Tá bom.

- Isso! - Beijei o rosto dela. - Vou arrumar minhas coisas. Arrume as

suas.

Fui para o quarto e comecei a fazer a mala. Vou para a Itália ficar umas

semanas. Lá é meu lugar de paz. Vou levar o Cometa, é claro. Não tem graça ir

sem ele.

No dia seguinte estava com a Rosa no avião. Ela sempre morria de medo

disso, então segurei sua mão com força e ela sorriu agradecida.

O voo é cansativo e demorado, mas vale a pena. Principalmente quando

chegarmos lá. Essa é a única propriedade que eu sentiria falta se meu pai

perdesse os bens...

Mentira! O sítio e o Haras também fariam muita falta.

Dormi bastante durante a viagem e quando pousamos, a Rosa agradecia a

Deus em voz alta. O que me fez rir. Não do agradecimento e sim do desespero

na voz dela.

Quanto drama!

Já em casa ela parecia melhor e cansada.

- Vai descansar, Rosa.

- Mas você não comeu nada.

- Estou sem fome. Não se preocupe comigo.

- Mas você tem que comer.

- Cama! - falei apontando para as escadas.

- Está bem - disse com as mãos para o alto. O sorriso dela era

contagiante.

Ela subiu e foi para o quarto. Fiz isso também, pois estava cansado. Foi a

melhor noite que tive em semanas.

Por isso gosto de vir pra cá...

- Como assim? Já? - falei alto.

- Sim. Já consegui resolver tudo.

- Já se casou? - falei histérico.

Meu pai riu longamente.

- Não, filho, mas já arrumei uma noiva.

- Você tá de brincadeira, não é?

- Claro que não. Já te expliquei a situação, meu filho.

- Eu sei, pai, mas isso é tão mesquinho.

- Sei que não gosta, Dani, mas eu não tenho outra opção. Em uma semana chego

aí. Vou levá-la.

- O que?

- Chego em uma semana aí na Itália.

- Pai!

- Preciso desligar. Nos vemos em uma semana.

- Mas... - E ele desligou na minha cara.

Encarei o telefone por longos minutos. Vai vir pra cá com a noiva? Pode

ficar melhor isso?

A semana passou rápido demais para o meu gosto e meu pai ligou

avisando que estavam vindo. Ele e a noiva.

Fiquei o dia inteiro tenso por causa disso. Deve ser uma mulher

horrorosa, velha e interesseira! Além de toda essa maluquice, ainda vou ter que

aturar esse tipo de gente? Ninguém merece passar por isso!

Só uma pessoa interesseira aceitaria um absurdo desses!

Quando deu a hora, comecei a andar de um lado para o outro na sala de

estar. Estava nervoso e não só pelo fato dele trazer ela aqui, mas sim porque ele

nem conhece! Se for uma assassina em série? Ou uma psicopata louca?

Meu pai inventa cada uma!

Escutei o barulho do carro e respirei fundo. Em poucos minutos vou ver

o ser mais horrendo do universo!

Escutei os passos e fiquei encarando onde iam aparecer. Cruzei os braços

para tentar aliviar a tensão. O que claro, não deu certo.

Os dois entraram e eu fiquei paralisado olhando a pessoa que entrou com

ele.

Uma menina!

Meu pai arrumou uma menina!

A primeira impressão não foi das melhores. Pelo contrário, essa garota

não tem um pingo de educação. Já vi que ela vai virar minha vida de cabeça

para baixo!

5º Capít lo

Meu pai a levou para conhecer a casa e eu segui para a cozinha. Rosa

lavava a louça e quando apareci, me olhou com a testa franzida.

- Aconteceu alguma coisa?

- Meu pai arrumou uma menina para casar.

- Uma menina?

- É.

- Como assim? Quantos anos ela tem? - perguntou de olhos

arregalados.

- Não sei a idade, mas não deve ser mais do que dezenove.

- Nossa!

- Meu pai só pode estar ficando louco, Rosa! Acho que a idade não está

fazendo bem a ele...

Rosa deu uma gargalhada com o que falei.

- Não acho isso. Ele pode estar desesperado para resolver o problema e

só isso.

- Desesperado mesmo! Uma menina! - Passei a mão no cabelo com

nervosismo.

- Ela é simpática?

- Simpática? - Cai na gargalhada e Rosa me olhou sorrindo. - Não

tem um pingo de educação! Precisava ver ela desafiando meu pai agora a

pouco.

- Então é uma garota de personalidade.

- Ou só uma sem educação.

- Não julgue sem conhecer, garoto - repreendeu e eu fiquei em

silêncio.

Estou julgando? Aquela pergunta de pedófilo ainda está cravada na minha

mente. Será então que é menor de idade?

Preciso falar com meu pai!

Saí da cozinha e procurei por ele. Estava no seu quarto. Respirei aliviado

por ver que a menina não estava com ele.

- Entra, filho.

Entrei no quarto esticando o pescoço para ver se ela não estava no

banheiro. Vai que, né?

- Já sei o que vai dizer. É um absurdo.

- Ah! Com certeza! Ela é menor de idade?

- Sim.

- Pai!

- Não quero discutir esse assunto com você, Dani. Não estou fazendo

nada de errado.

- Como não? Uma menor! Quer se casar com uma menor! - falei alto.

- Filho, estou muito cansado da viagem. Realmente não quero discutir

esse assunto. Ainda mais que você fica zangado assim.

Respirei fundo tentando controlar a raiva.

- Tudo bem. Não vou me meter nos seus assuntos, mas espero que não

tenha mais problemas por causa disso.

- Pode ficar tranquilo que está tudo planejado, acertado e dentro da lei.

- Ótimo. Melhor você descansar.

- Sim.

- Boa noite.

- Boa noite, filho.

Virei as costas e fui para o meu quarto. Custei a dormir pensando que

meu pai estava se metendo numa grande furada...

No dia seguinte levantei cedo e desci para o café da manhã. Meu pai já

estava sentado quando cheguei e a Rosa colocava as coisas na mesa.

- Bom dia, filho.

- Bom dia.

- Bom dia - Rosa disse sorrindo.

- Bom dia, Rosa.

- Seu café com leite está pronto.

- Obrigado, Rosa, mas você sabe que eu posso fazer ele.

- Não me importo de fazer.

- Pode chamar a Lara pra mim, Rosa? - pediu meu pai.

- Claro. Com licença.

Rosa desapareceu e eu fiquei encarando meu pai, que comia seu pão e

fingia que não me via.

- Seja educado.

Revirei os olhos. Em pouco tempo ela apareceu.

- Bom dia, menina! Sente-se.

- Bom dia. - Ela sentou na cadeira em frente à minha.

- Dani... - meu pai me olhou sugestivo. Revirei os olhos de novo.

- Bom dia - falei de mau humor.

- E eu que sou a sem educação... - resmungou.

Fiquei encarando-a engolindo minha raiva pelo deboche. E assim reparei

melhor. Ela tem o cabelo comprido e de cor castanho e liso. Se é natural eu

não sei dizer, sempre convivi com uma que era pura falsidade... Isso até no

corpo.

- Dormiu bem? - meu pai perguntou.

- Sim. Obrigada. Eu queria saber uma coisa...

- O que?

- Como vai buscar a Teci?

- O que é Teci? - perguntei.

Ela me olhou com os olhos apertados. Está tentando me intimidar?

Porque não está funcionando, pelo contrário, estou com vontade de sorrir, mas

não vou fazer isso.

- A égua dela - disse meu pai.

- Tem uma égua? - perguntei surpreso.

- Algum problema com isso?

- Daniel é apaixonado por cavalos - meu pai falou antes que eu

pudesse responder.

Ela ficou em silêncio me olhando. Tinha os olhos um pouco arregalados.

Então ela também gosta de cavalos? É um ponto positivo.

- Aqui também tem muitos. Se você quiser montar, fique à vontade -

disse meu pai.

Lara sorriu largamente e eu sorri junto. Ela tem um rostinho lindo, mas

em compensação a língua é afiadíssima. Pelo jeito tem resposta para tudo.

Nunca reparei tanto um sorriso como fiz agora. Foi tão espontâneo que eu

nem consegui me segurar para não sorrir também. Duas covinhas se formaram

nas bochechas dela e isso é um charme único.

Por que estou pensando isso?

- E quanto a Teci?

- Não se preocupe. Assim que voltarmos para casa ela estará lá.

- Quando voltamos?

- Em cinco dias.

- Tudo isso? - ela pareceu ficar chateada com a notícia.

- Qual o problema?

- É que ela não fica bem longe de mim...

- Tem uma ligação forte com ela? - perguntei.

- Bem, eu salvei a vida dela quando era um potro e desde então ela só

me deixa chegar perto.

Sorri e perguntei:

- Como foi isso?

- O que?

- Como salvou ela?

Ela olhou para o meu pai e ele sorriu e acenou com a cabeça. Logo voltou

a me olhar e contou como conheceu a Teci.

- É uma história muito bonita - falei encantado.

Lara desviou o olhar para a sua comida.

- Ela deve estar sentindo minha falta...

- Seus pais têm internet? - perguntei.

- Ter tem, mas saber usar já são outros quinhentos...

Eu e meu pai rimos com a resposta.

- Por que está perguntando isso?

- Poderíamos fazer vídeo chamada e você ver ela pela tela - sugeri.

Ela ficou em silêncio me olhando como se eu fosse um Alien ou coisa

pior.

- É, mas eles não sabem mexer em nada. - Fez um biquinho.

Rimos com o gesto e meu pai pegou o celular dele.

- Pode se servir - falei enquanto meu pai fazia a ligação.

- Tomou chá de bondade ou o que? - perguntou com os olhos

cerrados.

- Só estou tentando fazer com que isso dê certo.

- Sei... Se for do jeito que ele conversou comigo, também faço, mas se

ele mudar de ideia, pode ter certeza que faço da vida de vocês um inferno.

Fiquei em silêncio encarando-a com os olhos cerrados. Como assim? O

que ele combinou? E de que diabos ela está falando de fazer da nossa vida um

inferno?

- Combinou o que?

- Oi João! Como está? - A voz alta do meu pai fez com que

olhássemos para ele. - Chegamos bem sim. Eu queria te pedir um favor se

puder...

Enquanto ele falava no celular, voltei a olhar a Lara. Ela tomou um pouco

de seu suco e não tirava os olhos do meu pai. O que é bom. Não quero que me

flagre olhando-a...

- Tem como você atender o celular em vídeo e mostrar a égua da Lara?

Ela arregalou os olhos ainda olhando na direção do meu pai. Comprimi os

lábios para não sorrir. As reações que ela tem são as melhores.

- Ótimo! Vou ligar de novo.

- Ele vai? - falou alto.

Meu pai franziu a testa olhando-a.

- Por que não iria?

- Ele odeia a Teci - disse franzindo a testa. - E não liga para o que eu

acho. Ah claro! Mas liga para o que você acha. - Revirou os olhos e meu pai

riu.

Bebi meu café com leite para disfarçar o sorriso. Ela é extremamente

debochada e não sei porque, mas estou gostando disso...

Meu pai esperou uns minutos e então fez a vídeo chamada. Lara parecia

ansiosa olhando a tela do celular dele.

- Mostre ela, por favor.

Me aproximei dos dois para ver a égua dela. O homem mexeu com o

celular e então ela apareceu na pequena tela. É uma égua branca e parece muito

bem tratada.

- Teci... - Lara falou com o celular e na mesma hora a égua levantou as

orelhas e começou a bufar. - Você está bem, garota? -Ela balançou a cabeça

e relinchou alto. Nossa! Mesmo pelo celular ela reconhece a voz e isso é

incrível. - Não se preocupe que eu não abandonei você, tá bom?

A égua balançava a cabeça e bufava. Logo o homem virou o celular para

ele de novo.

- Obrigado, João. Vou enviar alguém para buscá-la amanhã mesmo.

- Tudo bem.

Meu pai desligou e a Lara ficou em silêncio olhando fixo para a mesa.

- Ela gosta mesmo de você - falei sorrindo.

Ela olhou na minha direção e franziu a testa.

- É.

- Não fica desanimada. Vou te mostrar os cavalos que temos aqui -

falei para tentar animá-la e ela sorriu. Sorri também.

É bom ver essas covinhas aparecerem em suas bochechas...

Fomos para o estábulo depois de comer. Temos alguns cavalos aqui e um

amigo do meu pai cuida deles. O lugar é muito bom. Amo vir para cá nas

férias. Nem penso em outro lugar, é sempre esse.

Segui até onde o Cometa estava. Lara veio atrás de mim olhando cada

canto do lugar. Ela tinha um brilho de excitação nos olhos e isso me fez tirar

um pouco da má impressão do dia anterior. Não que não ache ela sem

educação, mas saber que gosta de cavalos tanto quanto eu, mudou alguma

coisa...

Lara olhou o Cometa admirada. Eu sei! Ele é lindo! E todo meu!

- Esse é o Cometa. Ele é como a Teci - falei orgulhoso.

- Como assim?

- Tem uma ligação comigo.

- E alguém tem ligação com você? - perguntou debochada.

Revirei os olhos. Ela se aproximou do Cometa e levantou a mão para

acariciá-lo.

- Espera! - falei nervoso.

- O que? - perguntou ainda com a mão no ar.

- Ele não gosta de... - parei de falar ao ver o Cometa cheirar a mão dela

e chegar o focinho para frente para que ela acariciasse. - Ninguém... - falei

abobalhado com a cena.

Lara fez carinho no focinho dele lentamente. Eu estava de boca aberta

olhando a cena. É a primeira vez que vejo isso desde que meu pai me deu ele.

E ele só aceitou a mim e mais ninguém.

As palavras da minha mãe vieram em minha mente:

Os cavalos podem ver a alma das pessoas.

- Parece que viu um fantasma - falou olhando meu rosto.

- A sensação é parecida.

- Eu não estou morta!

- Mas ele poderia fazer alguma coisa com você... - parei de falar e

franzi a testa. O que ela tem para o Cometa aceitá-la?

- O que? - Tirou a mão do Cometa e ele relinchou.

- Nada.

- Tem mais algum para eu poder ver?

- Temos muitos.

- Você mora aqui?

- Não.

- Se você disse que ele é seu... Trouxe ele pra cá para ficar com você?

- Sim.

- Nossa.

                         

COPYRIGHT(©) 2022