Já estamos na Espanha há quase dois dias.
A única informação que tenho do lugar é que
estamos na província de Guadalajara, e a cidade
mais próxima se chama Valverde de los Arroyos,
e nem é tão próxima assim. A cada segundo que se
passa sinto um medo assustador do meu futuro incerto, pois as poucas
pessoas que me conhecem não sabem onde estou, e mesmo se eu quisesse
fugir, seria humanamente impossível. O lugar é cercado por montanhas e a
residência de Lennox fica em uma região mais alta, um pouco distante do
vilarejo, e mesmo que eu tivesse a oportunidade de ir até lá, ninguém ousaria
ir contra o todo poderoso Feral. Acho que ele tem uma pequena cidade que
lhe pertence, onde ele é a lei.
Chegamos de jato, ele tem seu próprio campo de voo, acho que pode
ter tudo o que quiser. Lennox não brincou quando disse que tem muito
dinheiro. O lugar é perfeito, apesar de ser isolado, eu moraria aqui
tranquilamente, se não fosse prisioneira do diabo... No entanto, olhando do
lado real da coisa, tudo parece um pesadelo do qual eu sei que não
acordarei, nem que seja jogada do alto de algum penhasco.
- Senhora, está na hora. - Rosa, uma espécie de governanta da
grande casa, onde sequer posso sair se não for acompanhada por um
capanga, arrasta-me mais uma vez para minha cruel realidade.
- Na hora de quê? - Eu me viro, afasto meus olhos da linda
paisagem dos jardins e do de cara com a jovem senhora de sorriso amigável
e olhar terno.
- De se vestir para seu grande dia. - Mas que dia? Do que ela está
falando! - Senhora, hoje é o dia do seu casamento.
Por que me sinto surpresa? Eu já sabia que cedo ou tarde este dia
chegaria, só não pensei que fosse tão rápido. Como Lennox conseguiu uma
licença para se casar tão rapidamente? Outra pergunta idiota, ele tem
dinheiro, pode comprar quantas licenças quiser.
A coitada da Rosa me encara cheia de entusiasmo, acho que não sabe
que estou aqui contra minha vontade, que estou me casando à força.
Duas outras moças entram no quarto e logo atrás delas, uma outra
mulher bem estilosa fecha a porta atrás de si.
- Boa tarde, meu nome é Francisca e serei sua maquiadora e
cabeleireira. - Mal tenho tempo de dizer alguma palavra, pois as duas
moças começam a me despir e Rosa abre um dos armários que estava
trancado na chave.
- Quando este vestido chegou, eu quase chorei de emoção de tão
lindo que ele é, não via a hora de conhecer a moça que iria vesti-lo. -
Rosa, tira de dentro do armário um cabide envolvido em uma grande capa.
- Vejam que lindo!
E é mesmo. Nem em meus sonhos mais românticos poderia imaginar
um vestido assim, tão delicado e bonito. Branco como a neve, o tecido em si
já brilha imitando um céu estrelado. A saia ampla toda adornada com
pequenas flores de laranjeira e com uma calda longa. No decote estilo
imperial uma fita de seda que termina em um lindo laço. As mangas do
vestido são de tule transparente e justas com pequenos cristais, fico
pensando se aqueles cristais têm algum valor, já que o Lennox é dono de
minas de pedras preciosas.
- Como ele sabia o tamanho certo...?
- Seu pai me contou. - Lennox nesse momento entra no quarto. -
Saiam, quero um momento a sós com minha noiva. - Imediatamente todas
saem.
Desde que chegamos eu não o havia visto, pensei até que ele tinha me
esquecido, o que era um alívio, ficar próxima a ele me causa arrepios, eu
mal consigo respirar, quanto mais raciocinar.
- Meu pai jamais faria isso comigo, não tente me convencer que ele
me vendeu a você. - Tento disfarçar o tremor de minha voz e a raiva que
me domina, nesse momento eu quero muito socá-lo com toda a força do meu
punho.
- Não subestime um homem viciado, querida noiva, seu pai era um
desgraçado que venderia a própria mãe em troca de uns míseros centavos.
- O sinto se aproximar, seu cheiro másculo, sua presença sexy bem atrás de
mim, ativa todos os meus sensores. - Não estou aqui para enganá-la, minha
preciosa Safira, seu pai não tinha saída, ou ele aceitava meu pedido, ou
morreria com uma bala bem no meio da testa.
- Você é repugnante, Lennox Prysthon, meu pai nunca trocaria a
própria filha por uma dívida de jogo. O que você fez com ele, por acaso o
ameaçou? E o que estava fazendo no quarto dele, no dia em que ele morreu?
Pensei nisso desde aquele fatídico dia, o que Lennox estava fazendo
tão cedo em nossa casa, e justamente no dia em que papai faleceu?
- Se você quer saber se tive algo a ver com a morte de seu pai,
infelizmente não. Eu não gostava dele, isso é fato, não gosto de homens
fracos, homens que não valorizam a família, que se escondem por detrás da
beleza inocente, como a sua, Safira.
- Não fale mal do meu pai, seu calhorda! - Viro-me bruscamente e o
enfrento, e quando ele menos espera, o ataco. Minha mão aberta espalma em
sua face esquerda, o estalo do tapa é tão alto que ecoa no quarto.
- Menina idiota, acha mesmo que pode me enfrentar. - Sua forte e
áspera mão cerca meu pulso, e sinto meus ossos arderem com o aperto. -
Você tem sorte, pois não costumo bater em mulher.
Não, você as escraviza!
- Mas não se empolgue, posso mudar de ideia a qualquer hora. -
Ele segura um punhado dos meus cabelos logo atrás de minha nuca.
Sua mão forte faz minha cabeça ir para trás, e minha boca fica muito
próxima da sua. Começo a tremer, pois ele junta nossos corpos e sinto sua
ereção pulsando na altura do meu umbigo. Aqueles olhos de cores diferentes
brilham com o desejo expresso em seu riso debochado.
- Solte-me, eu tenho nojo de você, nojo, entendeu?
- Querida noiva, eu não estou nem aí para seu nojo, não me importo
se me odeia ou não, você é minha de qualquer jeito, e logo o sangue de sua
virgindade cobrirá meu pau, e farei um filho em você e depois outro, e
outro... vá se acostumando com meu toque, será o único que conhecerá.
Sua outra mão espalma em torno do meu queixo e sua boca bate furiosa
contra a minha. Não quero ceder, não quero abrir meus lábios, mais o aperto
em meu maxilar é tão forte que não tenho como resistir, então abro a boca e
deixo sua língua escorregar para dentro e se fundir com a minha. O beijo
grosseiro, ousado, pecaminoso, devora minha alma. Quando eu iria imaginar
que meu primeiro beijo fosse ser assim, tão cruel?
Mal consigo respirar, mal consigo pensar. Sua boca sobre a minha,
escorregando para todos os lados, seus lábios grossos e vorazes, sedentos
pelos meus. Seus dentes impacientes mordiscam a pele sensível de minha
boca, e sua língua afoita seduz a minha.
Não imaginava que um beijo pudesse fazer crescer tantas emoções
desenfreadas em uma pessoa. Eu odeio Lennox Prysthon e ao mesmo tempo o
desejo, e isso é perturbador. Ele só pode ter algum pacto com o diabo, ou ser
o próprio.
- É assim que a quero na cama, feroz e mansa ao mesmo tempo. -
Sua boca se afasta da minha por algumas polegadas, mas seus olhos me fitam
expressivamente, eu não sei se fecho os olhos ou se o empurro, de uma forma
ou de outra, eu mal consigo piscar meus olhos. - Eu sei que não era o que
esperava do seu primeiro beijo, acho que queria algo macio e lento, eu sinto
muito, querida, eu não sou nem macio, nem lento, e você vai aprender isso
em algumas horas.
Estou tremendo, não só meu corpo, mas minhas pernas também, e
assim que ele me solta eu caio de joelhos. Lennox sequer se mexe. Sua mão
segura um punhado dos meus cabelos e faz com que eu erga a cabeça.
- Acostume-se a esta posição, você a usará muito quando for chupar
o meu pau. - Ele empurra minha cabeça para frente de sua calça,
esfregando meu rosto na rigidez de sua ereção. Meu rosto sente o calor, a
umidade e o cheiro de sua excitação. Eu devia ficar enojada, mas meu corpo
me surpreende, estou molhada lá embaixo, e quero abrir a boca e abocanhar
sua dureza.
Deus! O que está acontecendo comigo?
- Tenho dentes, sabia? - Eu digo, quando sua mão afasta minha
cabeça e me faz encará-lo. Eu quero provocá-lo, quero que ele saiba que não
me intimida. Posso ser uma virgem sem nenhuma experiência, mas não sou
burra.
- E eu tenho uma mão, correntes, mordaças, plugs, vendas, chibatas,
chicotes e outros brinquedos que terei o prazer de usá-los em você, caso
queira me agradar com seus dentes em meu pau... - Ele solta meus cabelos,
o que é um alívio, pois já não sinto a minha nuca. - A propósito, a mão é
para socar a sua boca, caso pense em me morder, eu a deixarei sem dentes se
me machucar.
Continuo de joelhos, não consigo me levantar, a mão forte e decidida
dele permanece segurando o alto de minha cabeça.
- Levante-se. - Ele se inclina e me puxa para cima com uma mão em
meu braço. - Minha linda, não precisamos ser inimigos, acho que já
percebeu que a desejo, pois quando vi sua foto no gabinete do seu pai, eu a
quis para mim.
Eu não me livrei dele, ele continua perto, me avaliando com aquele
olhar sinistro, as lágrimas por mais que eu tente contê-las, não consigo, elas
saltam dos meus olhos, ferozes, igual às batidas do meu coração.
- Seu pai maravilha nem piscou quando fiz a proposta de me casar
com você em troca da dívida. E o cretino, ainda me pediu um dote, dizendo
que você valia bem mais do que alguns milhões de dólares. - Uma de suas
mãos segura meu queixo, enquanto a outra limpa minhas lágrimas. - Não
chore por aquele infeliz, ele não merece uma gota de suas lágrimas. E tem
mais, eu daria muito mais do que ele pediu por você. Agora sorria, eu a
quero rindo na hora de dizer sim.
Ele me solta e se afasta.
- Você é o satanás em pessoa, eu quero que queime no inferno, e eu
nunca serei sua, não de livre e espontânea vontade.
- Eu não ligo, Safira, você tem duas escolhas, ou faremos sexo
gostoso, ou eu a foderei como um animal no cio. Eu sei que você é uma
mulher inteligente e escolherá a melhor opção.
Ele se vai, e chego à conclusão que não tenho para onde correr. Serei
obrigada a me casar com um homem que mal conheço, alguém que me
comprou como se eu fosse uma mercadoria. E o pior, fui vendida pelo meu
próprio pai, que destino o meu. Nunca, nunca imaginaria que algum dia
estaria em um país estranho, ao lado de um homem demoníaco e sendo
obrigada a me casar com ele.
Onde está o romance dos livros que li? Onde está o homem que faria
qualquer coisa por mim, que desistiria até da própria vida para me fazer
feliz?
O que eu fiz a Deus para merecer esse destino?
O que eu fiz?
CAPÍTULO 5
As duas moças e a maquiadora já haviam
feito o trabalho delas e foram embora. E aqui
estou, vestida para o meu casamento. Analiso meu
reflexo através do espelho, sou a personificação
da pura beleza. Pareço um anjo, só me faltam as
asas. O vestido branco, o véu longo e fino, a grinalda de flores de laranjeira
me fazem parecer algo muito angelical. Segundo Rosa, só se casam com
flores de laranjeiras as moças que são realmente puras, e antigamente só era
permitido esse tipo de traje no casamento cristão se fosse comprovado em
documento a virgindade da noiva.
Acho que Lennox pensou em tudo.
- Você está tão linda, senhorita! Sabe, eu não via a hora de ver o
senhor Feral com aquele sorriso espontâneo nos lábios novamente. Desde
aquele maldito dia que ele não sorria. Aquela maldita roubou sua alegria,
sua vida...
- Como assim? - Me afasto do espelho e me viro para Rosa. O que
ela quer dizer com isso? Será que Lennox já foi casado? E o que aconteceu
com a outra mulher? Se ela estiver viva, ele não poderá se casar na igreja...
então...?
Ela só pode estar morta!
- Esqueça o que eu disse senhorita, pelo amor de Deus esqueça, e
não pergunte para o senhor Feral, para seu próprio bem. Não faça a pergunta
que está martelando em sua cabeça.
- O que aconteceu com ela? A mulher, o que aconteceu com ela?
- Esta muerta... muerta - ela responde rapidamente em espanhol.
- Foi ele! Ele a matou, não foi? Responda Rosa, ou perguntarei ao
Lennox.
- Sí...
Rosa já ia abrir a boca para me contar mais coisas, quando a porta se
abre e um dos seguranças surge me chamando. Este, que deveria ser o
momento mais feliz de minha vida, se transformou em um pesadelo. Acabo
de descobrir que meu futuro marido é viúvo e tudo indica que ele está
envolvido na merda toda.
Sigo entorpecida pelo caminho de pedras que leva até a pequena
capela que faz parte da propriedade. O vento bate em meu véu, fazendo-o
voar, como se quisesse se libertar de minha cabeça. Talvez ele estivesse
escutando meu grito silencioso e totalmente desesperado, pedindo em
pensamento para que um milagre acontecesse e alguém surgisse de repente
para me libertar desta prisão.
Não há uma alma viva em toda propriedade, acho que todos estão
dentro da capela, ou na parte de trás da casa, onde fica o jardim e a piscina,
onde certamente será realizada a recepção, estou supondo, pois logo cedo vi
uma grande movimentação fora da casa, só não sabia que era a preparação
do meu casamento.
A porta se abre, minhas pernas fraquejam, sinto meus joelhos
tombarem um pouco para frente quando sinto uma mão em minhas costas me
empurrando para dentro. Olho rapidamente para trás e vejo o segurança que
me acompanhou. Ele certamente tem ordens de me arrastar até o altar se for
necessário.
Eu não darei esse gosto para o satanás.
Então eu entro, e de onde estou, o vejo.
Lindo! Um deus grego em pessoa. Impecavelmente vestido em um terno
branco, o que contrasta com sua pele morena, seus cabelos pretos e seus
olhos de cores diferentes. Seus lábios esticados em um sorriso de orelha a
orelha, seu olhar não se desvia de mim. Se fosse outra ocasião, se ele não
tivesse me comprado de meu pai, e se eu não soubesse o que ele é capaz de
fazer, eu poderia sim, entregar meu coração, meu corpo e até minha alma
para ele.
Em determinado momento não consigo dar mais nenhum passo, penso
até que vou desmaiar.
Fecho meus olhos, respiro fundo, então sinto uma mão em meu braço.
Ao abrir os olhos e inclinar a cabeça, dou de cara com um rosto
perfeitamente esculpido.
Este homem é lindo demais, não existe sequer um único defeito, o que
poderia ser chamado de defeito para mim, é perfeito, o contraste entre o azul
e o dourado dos seus olhos é mágico, sedutor, hipnotizador.
Posso dizer que chega ser sombrio, mas é como transcender a minha
alma.
- Não pense que se desmaiar vai cancelar nosso casamento - Ele
articula, sorrindo, mas seu riso é frio como uma lâmina de aço. - Esperarei
você acordar, nos casaremos em nosso quarto com você deitada em nossa
cama se for preciso, portanto, respire fundo e aceite seu destino, você é
minha e está acabado.
Sua mão forte e quente como o inferno me guia até o altar. E daí por
diante, não consigo escutar e ver qualquer coisa. O sim foi dito de forma
mecânica, sem nenhum grau de emoção. O sim que saiu de sua boca soou
como posse, e meu coração quase explodiu dentro do meu peito.
Depois disso, só sinto o frio do aro dourado sendo empurrado em meu
dedo anelar esquerdo, e logo depois um anel com uma pedra azul, ladeada
de pequenos brilhantes. Sinto o toque dos seus lábios em meu dedo. Outra
argola dourada, pesada e larga é me dada, a aliança do Lennox, eu a coloco
em seu dedo e sou obrigada a fazer o mesmo, deixar um beijo sobre a
aliança.
"Em nome do nosso Deus glorioso, eu vos declaro, marido e mulher.
"
Esta é a frase que sela meu destino. Eu agora sou a esposa de Lúcifer.
O sol ainda brilha quase se escondendo atrás das montanhas quando
chegamos do outro lado da propriedade. Cortamos o bolo e fazemos todo o
ritual de um casamento normal. Sim, normal, porque este casamento não tem
nada de normal. O homem ao meu lado, não me ama, eu não o amo, ele me
tem como um troféu, como algo adquirido em um jogo. Então não temos nada
de normal.
- Senhora, vamos dançar! - Rosa, muito sorridente vem até mim,
estende a mão e espera minha reação. Fico quieta, será que eles não
perceberam que não estou aqui por vontade própria?
- Vá com ela, é tradição do nosso povo a noiva dançar com as
mulheres mais velhas.
Vou, não quero estragar o entusiasmo da jovem senhora que sempre
esteve sorrindo, alegrando meus dias neste inferno.
A lua já brilha no céu parecendo um enorme diamante refletindo suas
facetas, ela lá de cima e eu aqui embaixo, servindo de objeto de desejo e
admiração.
As mulheres me dão as mãos e começamos a dançar. Elas cantam uma
canção que não entendo o dialeto. Os tambores e instrumentos de sopro,
acompanham a cantoria, em dado momento sou jogada no centro da roda e
não sei muito bem o que fazer, então, começo a dançar. Rosa se aproxima e
leva para meus lábios uma taça de inox, um líquido doce desce por minha
garganta, bebo tudo. O sabor é gostoso, desce quente me aquecendo por
dentro, quando penso que acabou, outra taça toca minha boca e mais uma vez
bebo o líquido. Este é um pouco cítrico, mas tão gostoso quanto o outro.
- Seja bem-vinda, senhora, que a vida seja doce, quente, amorosa e
fértil.
Fico quente, e não entendo mais nada do que Rosa fala, eu só quero
dançar aquela música tão linda e mágica.
- Opa! Será que minha esposa não vai me deixar participar de tanta
alegria.
O rei do inferno chega, e me cerca com seus braços fortes. Seu corpo
másculo gruda ao meu, seu cheiro inebriante aguça meus sentidos, os mais
devassos e perturbadores que já pude sentir. Ele é tão lindo, tão gostoso, e o
desejo tanto. É como se ele fosse um ímã que me puxa para perto, se
impregnando em minha alma. Eu não posso desejá-lo, ele não é confiável,
ele me sequestrou, me obrigou a casar com ele...
- Eu a desejo tanto, Safira, desde o primeiro dia em que a vi.
Este homem é o próprio satanás, eu não posso estar atraída por ele,
não posso!
Empurro seu corpo forte e corro. Não sei bem para que direção eu
vou, me sinto tonta, acho que as mulheres do vilarejo me drogaram a mando
de Lennox. Tropeçando em meus próprios pés consigo me afastar o mais
distante do jardim, já não escuto o som da música.
O vento forte leva meu véu.
Onde estou?
- Safira! - Escuto um grito assustador e logo meu corpo é
arrebatado por uma muralha dura de músculos. - Por Deus, querida! Você
está bem? Nunca me perdoaria se algo te acontecesse.
- Lennox... - Olho para trás, e vejo o final do penhasco. Estamos na
beira, e se não fosse Lennox, meu corpo estaria completamente estilhaçado
no fundo do abismo.