Casa de bonecas: 1 - A Boneca
img img Casa de bonecas: 1 - A Boneca img Capítulo 2 Prioridades
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Capítulo 6 Casa de Carne img
Capítulo 7 Proposta img
Capítulo 8 A mãe desprezada img
Capítulo 9 A escolha de Anaís img
Capítulo 10 Bem-vinda ao Lar img
Capítulo 11 A moça loira caipira img
Capítulo 12 A Filha img
Capítulo 13 O término img
Capítulo 14 Fique tranquilo... Você está errado img
Capítulo 15 Parabéns! Você ferrou com tudo img
Capítulo 16 Minha boneca img
Capítulo 17 Glossário: img
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Capítulo 2 Prioridades

Estava anoitecendo na cidade e Laura observou o entardecer pela janela de seu caro escritório, em um dos metros quadrados mais nobres daquela cidade litorânea. De onde estava, ela podia ver a praia e as pessoas passeando e se exercitando no calçadão. Olhou atentamente para o mar calmo, sem ondas e sentiu uma vontade enorme de sair aquela noite para dar uma volta pela orla, sorriu enquanto pensava nisso.

Pegou as chaves do carro e a bolsa, saiu da sala, trancando a porta atrás de si, passou pela sua secretária, que estava sentada atrás da mesa e ao ver sua chefe sair, lhe chamou:

- Senhora Laura, a administração do residencial onde sua mãe está, ligou...

- Resolva com eles.

- Disseram que era importante falar com a senhora...

- Não me importo, Eva. Resolva você.

Nem por um segundo parou de andar enquanto a secretária lhe seguia, quase correndo, para tentar dar-lhe o recado sobre sua mãe. Laura nem sequer olhou no rosto dela, apenas andou até o elevador, torcendo para que Eva a deixasse em paz. Parou na porta do elevador, olhou rapidamente para o rosto da secretaria e questionou com tom rude:

- Quer mais alguma coisa?

- Não, perdoe-me, senhora Laura, mas não seria melhor entrar em contato com eles, pode ter acontecido algo com sua mãe...

- Faça isso. Você trabalha para mim, para que eu não tenha que pensar nisso. Então, resolva.

O som do elevador chegando no andar e abrindo a porta fez Laura se mover e entrar rapidamente, deixando a secretária perplexa observando-a descer. Dentro do elevador, Laura olhou para o lado de fora do panorâmico e sorriu pensando em Anaís e no que ela estaria fazendo agora. Esse era o único assunto que lhe interessava desde que a conheceu.

Sua nova paixão, ou como todos diziam, sua nova namorada troféu, tinha o cabelo cacheado e avermelhado, os olhos esverdeados e a beleza clássica e delicada. Anaís era uma ninfa, faltava-lhe refinamento, com certeza, mas com o auxílio do experiente e qualificado tutor Seth, logo sua aparência seria condizente com seus modos. Afinal, a garota era muito esforçada e Laura adorava isso.

Pegou o celular e viu várias mensagens do residencial para idosos que havia colocado sua mãe quando os médicos lhe falaram que, os frequentes esquecimentos dela e as histórias mirabolantes sobre estar sendo visitada por uma criatura demoníaca que aparecia no espelho, eram parte dos sintomas de um tumor em seu cérebro, grande demais para ser extirpado com uma cirurgia. Quando o médico informou que a idosa podia ficar vegetativa antes de falecer, Laura decidiu interná-la no que o irmão considerou ser "um depósito de velhos". Tudo que ela queria saber sobre a mãe era o quanto essa lhe deixaria de herança, já que o irmão havia sido deserdado ainda quando o pai era vivo e a mãe possuía um patrimônio considerável.

A única prioridade que tinha em relação à mãe era o dinheiro que ela lhe deixaria, passou a mão no telefone e ligou para Anaís. Laura queria ouvir aquela voz delicada e aguardou enquanto o telefone tocava algumas vezes, até que ouviu do outro lado:

- Oi, gostosa!

Laura riu igual uma criança que havia ganhado o presente que desejava no natal. Desceu do elevador indo na direção do carro e questionou:

- O que está fazendo? Vamos dar uma volta agora à noite?

- Estou terminando de ler alguns trabalhos bem interessantes, mas agora à noite? Eu tenho planos...

- Esses planos me incluem?

- Na verdade, não... Eu tenho duas reuniões com clientes em potencial...

- Ah, seus autores! Que horas ficará livre?

Diz Laura revirando os olhos.

Desde que Anaís descobriu o mercado editorial e o mundo de agenciamento e gerenciamento de autores, ela tinha cada vez menos tempo. Pensou: "Maldito Seth, o que está ensinando para o meu trofeuzinho..."

Ouviu a dizer com tom pensativo na voz, obviamente ela estava sorrindo:

- Lá pelas vinte e uma se tudo der certo, aí sim, serei toda sua.

- Ótimo! Passo na sua casa, até mais tarde!

Laura desligou o telefone, estava entrando no seu carro quando ouviu:

- Ei, você...

Foi tudo o que ela ouviu antes de sentir o golpe forte em seu rosto seguido do impacto de seu corpo contra o chão.

            
            

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