Seduzida
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Seduzida

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Capítulo 1 Capitulo 1

Os segundos se transformam em minutos que se transformam em horas, intermináveis. Enfermeiras entram e saem, me tocam, medicam, trazem comida, levam-na intocada, protestam e reclamam. Eu não me importo.

A única coisa que consigo fazer é pensar em como minha vida está um caos. Um sentimento frio passa por todo meu corpo enquanto imagino minha vida sem ele e um vazio ainda maior se é possível domina-me.

Olho para janela e vejo com olhos um pouco embaçados o dia nublado lá fora. Um pequeno céu azul surge apesar das nuvens escuras tentando encobri-lo. Talvez eu fosse como esse céu e precise apenas encontrar um caminho entre as nuvens. Quem sabe exista azul depois do cinza.

- Jenny!

Viro-me para olhar para porta, Paige está parada entre o vão e a entrada. Sua mão apoiada no peito enquanto em seu rosto há uma expressão angustiada.

- Neil sofreu um acidente.

Quatro palavras e uma frase. O suficiente para mudar minha vida completamente. O mundo parou de existir e nada mais importa. O cinza parece ficar negro.

- Acho que ele morreu!

Eu olho para mulher à minha frente, mulher que por muito tempo eu só conheci a voz. Sua expressão angustiada diz que as coisas não estão nada bem. Meu coração salta no peito ao ouvir suas palavras. Seguro firme a borda da cama e sinto meu corpo tremer. Estou caindo, meu mundo está se partindo novamente e não consigo ver o chão diante de mim.

- O que você disse? - sussurro, quase inaudível - O que está dizendo Paige?

Pela reação dela creio que percebeu que essa não foi a maneira correta em me dar uma notícia como essa.

- O carro dele bateu em outro carro em um cruzamento perto daqui - Seu choro é contido - Oh... Jenny ele está horrível.

Vejo suas mãos irem até seu rosto enquanto grossas lágrimas dessem por ele. Sinto um gosto salgado nos lábios e percebo que são minhas próprias lágrimas silenciosas.

- Não! - meus joelhos cedem e caio - A dor em meu peito agora é mais intensa e aguda que antes - Não!

Todas as outras coisas perderam a importância como mágica. Os traumas, as feridas, até mesmo o ódio que alimentei por Nathan durante tanto tempo, agora nada significam. Cada batida de meu coração grita por Neil. E a cada batida meu coração doí mais.

As nuvens já não vão a lugar algum, o sol não voltará a aparecer. Deixei que ele partisse com a esperança de que ele fosse voltar um dia, mas não irá. Eu o perdi e nem ao menos pude dizer o quanto o amo. Minha vida jamais foi tão obscura como agora.

Desprezo-me por deixá-lo partir daquela maneira. Agora como todas as pessoas tolas, tive que perder para aprender saber o verdadeiro significado de amar. E tudo que me restará é um coração partido. A dor me faz sentir como se minha alma estivesse sendo arrancada de meu corpo. A ideia de que nunca vou sentir seu toque, cheiro, lábios, e ouvir o som da sua voz e que nunca mais serei o motivo de seus sorrisos, apunhalam meu peito e isso é devastador.

- Você o viu? - Meu choro é compulsivo agora - Você o viu morto?

Quantas vezes eu tenho que andar por essa estrada? Haverá algum dia em tudo não seja apenas

magoa e dor? Chegará o dia em que eu não terei mais lágrimas a derramar?

- Eu o vi chegar agora a pouco - diz ela secando os olhos - Não tenho certeza se está morto.

Acho que me expressei mal. Mas ele parecia morto, está horrível e...

Enquanto Paige se atropela em suas palavras uma chama de esperança começa nascer dentro de mim. Uma pequena chama, mas que tento me agarrar a ela com todas as forças que ainda me restam. Neil não está morto, não pode estar. Escuto essa voz ecoando em minha cabeça. Que me ordena a ter fé. Eu preciso acreditar nisso e eu quero acreditar.

- Oh Jenny desculpe. - Paige se une a mim no chão, enquanto choro e rio ao mesmo tempo - Eu e minha boca grande.

- Neil não está morto. Sei que não está.

Essa certeza dentro de mim é cada vez mais forte. Sinto uma vontade louca de sair gritando pelos corredores do hospital. Como se a vida tivesse me dado uma nova chance de recomeçar e vou lutar com todas as forças para merecê-la.

Levanto-me o mais rápido que minhas pernas trêmulas permitem e trago Paige comigo.

- Vamos!

- Espere - puxou-me de volta - Já pode sair do quarto?

Umedeço os lábios enquanto pondero. Ninguém havia me prevenido para que não saísse e mesmo que houvesse essa restrição eu não seguiria. Estou cansada de ficar parada e deixar que as coisas simplesmente aconteçam a minha volta. Preciso de alguma informação, se não, eu enlouquecerei.

- Creio que sim - respondo. - Vamos procurar o Liam.

- E vai sair assim? - diz ela me encarando atônita - De camisola?

- Que importância isso tem agora Paige? - nunca me importei com roupas não é agora que vou começar - Estamos em um hospital e não em uma festa. Eu poderia estar nua que isso não faria a menor diferença para mim.

Lembro-me quando Neil saiu apressado e descalço pelos corredores do hospital em seu aniversário. Foram tantas as vezes que me demonstrou seu amor e eu apenas joguei tudo isso fora, sem olhar para trás.

- Mas...

Deixo-a falando sozinha e saio apressada. A claridade é muito forte e sinto-me tonta por alguns segundos. As paredes parecem girar a minha volta. Sinto-me perdida e deslocada em meio essa imensidão branca, entre as pessoas que vem e vão pelo imenso corredor, tudo é muito novo e confuso para mim.

Apoio-me contra a parede fria, enquanto espero minha vista se normalizar. Estou congelada, minha única vontade é encontrá-lo.

- Jenny você está bem?

- Ajude-me Paige - digo, angustiada.

- Venha - segura minhas mãos geladas - Acho que sei onde podemos encontrá-lo.

Enquanto andamos percebo os olhares curiosos em nossa direção. Devem considerar-me louca. Passamos por uma porta de vidro e vejo minha imagem refletida nela. Gemo ao olhar meus cabelos emaranhados e a camisola hospitalar. O conjunto dá-me um aspecto de uma garota saída de um filme de horror. Então, deve ser completamente natural os olhares especulativos.

- A emergência fica do outro lado. Acho que podem dar alguma informação - Paige me conduz como fazia quando eu ainda era cega. Alguns hábitos são difíceis de mudar e ainda não nos adaptamos a isso.

Paramos no balcão de recepção enquanto eu aguardo-a solicitar informações de forma insistente.

Nesse momento vejo Liam saindo de uma sala e corro até ele.

- O que faz aqui Jenny? - está surpreso e irritado com minha aparição.

- Eu sei que tudo isso é culpa é minha - sussurro, com imensa vontade de chorar - Mas eu preciso saber como o Neil está.

- Não me refiro a isso - parece frustrado - Estamos em um hospital Jenny. Há vários riscos de infecção e contaminação, você tirou os curativos essa manhã.

Eu não havia pensado sobre isso. Na verdade, não pensei em nada a não ser encontrar Neil e ter a certeza de que ficará bem.

- Isso não importa. Você o viu? Como está?

Seus olhos fixam-se em mim. Parece indeciso no que vai me dizer, como se procurasse as palavras certas para não me magoar, mas não as encontrasse. Isso não é bom. Apesar de ter o peito cheio de esperança as coisas não parecem muito otimistas. Isso faz meu coração apertar no peito.

- Pode me dizer a verdade Liam - murmuro.

- Ainda não sei Jenny. Neil foi enviado para o centro cirúrgico. O acidente foi grave. Ele estava sem o sinto de segurança e foi lançado contra a porta. Há um grande corte na cabeça e quebrou uma perna.

Minha mão salta a garganta ao imaginar a cena. Lembranças terríveis vêm em minha cabeça de forma esmagadora. Um acidente de carro havia mudado a minha vida e outro acidente poderia marcá- la para sempre. A vida não pode ser tão cruel duas vezes da mesma maneira, poderia? Não posso e não vou aceitar isso.

- Mas ele está vivo não é? - pergunto, angustiada - Vai ficar tudo bem?

- Não saberei até que o médico saia - diz ele frustrado - Vou ser sincero. A situação não era boa quando chegou. Parece que houve traumatismo craniano, não se sabe ainda qual a gravidade.

- A culpa é minha - choro desolada - Se não o tivesse mandado embora...

- Não tem que se sentir culpada Jenny - suspira Liam - Vocês realmente precisam fazer algo com relação a isso, talvez procurar a ajuda de um médico e verificar esses traumas. Ficar se culpando por tudo não leva a nada, apenas para mais mágoas e desentendimentos.

            
            

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