Atraída pelo CEO - Paixões Avassaladoras
img img Atraída pelo CEO - Paixões Avassaladoras img Capítulo 4 4
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Capítulo 4 4

Quatro

Gabi

- Mana! Mana! Eu tô com fome.

Forcei minhas pálpebras até finalmente conseguir abrir os olhos, quando me inclinei para o lado e vi o sol forte refletindo contra a janela por trás de Malu, me sentei num impulso sobre a cama. Caramba, por quanto tempo eu dormi? Lembro-me que assim que saí do chuveiro caí no colchão e rapidamente fui vencida pela exaustão. Não tinha a mínima noção de horário, por isso assim que tirei meu celular debaixo de travesseiro levei um susto quando vi 2PM no canto esquerdo superior da tela.

- Malu, por que você não me acordou?

- Eu tentei, mas voxê nem mexia... E eu tô com fome, hum! - resmungou franzindo o cenho com a carinha emburrada.

Ontem eu dormi praticamente o dia todo, acordei umas 5h da tarde e voltei a dormir 4h30 da manhã, horário em que costumava chegar em casa quando ainda trabalhava no bar, falando em bar havia várias chamadas perdidas da dona Lourdes no meu telefone. Eu queria muito ligar para dar satisfações, mas eu temia que ela me enchesse de questionamentos como sempre fez, por isso optei por lhe enviar um educado pedido de demissão por mensagem no WhatsApp, essa era a vantagem de trabalhar sem possuir um contrato. Mal abri os olhos e senti meu estômago doer, assim como Malu eu também estava faminta, fizemos uma única refeição quando fomos conhecer o apartamento de Michelle que insistiu bastante pela nossa presença, depois disso voltamos para nosso quarto e não comemos mais nada. Pior que a fome, era acordar preocupada com a falta de dinheiro, o que eu tinha não daria para pagar a diária mais alguma quentinha ou lanche por aí, por mais de uma semana.

Preciso arrumar um trabalho com urgência!

- Calma meu bem, só vou tomar uma ducha e trocar de roupa pra gente descer e comprar alguma coisa pra comer, tá bom?

-Tá.

Mais uma vez eu e Malu nos enfiamos debaixo do chuveiro, em seguida escovamos os dentes. Eu tinha trazido poucas mudas de roupa, por sorte encontrei um jeans na minha bolsa, vesti-o e coloquei uma camiseta simples para acompanhá-lo, na Malu botei um macaquinho jeans e depois de pentear e ajeitar meu cabelo e o dela saímos.

Não precisei caminhar muito para encontrar o restaurante que minha amiga indicou. Como era de se esperar o restaurante estava superlotado mesmo já tendo passado das duas da tarde, obviamente isso era consequência do preço e, também por estar localizado no centro de uma cidade. Havia self-service à vontade com exceção da carne que tinha o limite de dois pedaços por prato pago. Mas isso era mais que o suficiente para mim e para Malu. Com o restaurante lotado foi difícil encontrar uma mesa vaga para nos sentarmos e quando encontramos fui surpreendida no momento em que senti uma mão pousar sobre meu ombro.

- Gabi? Tu de novo? - Olhei para trás de soslaio e sorri ao ver que se tratava do meu amigo Erick de novo. - Desculpa por ontem, é que a gente não pode dar mole, quando os rapa aparece geral vaza, ou então nós perdemos toda nossa mercadoria.

- Ah, imagina, eu saquei na hora o que estava acontecendo.

- Mais e aí, pelo jeito você achou um lugar pra ficar com a Malu né, que bom.

- Achei sim, mas pra eu continuar morando lá ou encontrar outro canto vou ter que trabalhar Erick.

- Pra você vai ser fácil, tu trabalha há um tempão de garçonete, tenta colocar currículo em algum restaurante, lanchonete...

- Eu pensei nisso, mas... - A verdade era que agora eu estava com muito medo de trabalhar num lugar exposto, ainda mais com horários marcados todos os dias. Tudo bem que até o momento não ouvi nenhum boato sobre o que tinha acontecido, mas eu tinha medo, medo daquele desgraçado ter comparsas e quererem se vingar de mim, sem contar que eu não estava tão longe, assim como reencontrei Erick aqui em Niterói eu poderia ser encontrada em qualquer lugar, por qualquer pessoa também. Engoli em seco ao me dar conta de que ali mesmo eu estaria correndo riscos. - Bom... É que... Minhas economias já estão no final, não posso gastar dinheiro imprimindo currículos para ficar mais de um mês esperando alguma ligação como eles sempre fazem. Preciso de algo para agora. Como faço para ser uma camelô como você?

- Mana, voxê também vai vender bala? Eu vou pegar tudo pra mim!

Erick sorriu enquanto observava eu levar o garfo até a boca de Malu.

- Você gosta de bala, Malu? Toma, tenho umas aqui. - Ele enfiou a mão no bolso e colocou uma punhado de balas sobre a mesa.

- Só depois do almoço! - alertei Malu antes que ela avançasse para cima dos doces. - Obrigada, Erick.

Depois de engolir o alimento, Malu sorriu e o agradeceu também.

- Bigada tio Elik.

- Por nada princesa, você é linda sabia. Mas também teve a quem puxar. - Erick desviou o olhar da minha irmã e começou a me fitar cheio de interesse, como se seus olhos naquele momento estivesse me escaneando e tentando encontrar uma brecha. - Você tá solteira, Gabi?

- Tô sim, mas no momento não tô com cabeça para pensar nessas coisas Erick.

- Você sempre diz isso. - Era verdade, eu sempre dizia isso, mas talvez porque eu ainda não havia encontrado ninguém interessante, com exceção de um cliente do bar que vivia me cantando, me enchendo de elogios e até me levando presentes. Lembro-me que quando comecei a me apaixonar por ele, descobri que se tratava de um homem casado, não foi a primeira, mas foi a maior decepção amorosa que tive na vida. Canalha.

O caso de Erick era outro, ele e outros meninos da escola viviam me cantando, mas eu nunca dei ideia. Não me sentia atraída por ele, apesar de ser um garoto gentil e simpático ele nunca fez o meu tipo. E olha que meu colega nem era de se jogar fora. Era da minha altura, pele clara, olhos castanhos claros que pareciam duas gotas de mel. Seu cabelo estava sempre bem cortado, ele se vestia bem e exalava um perfume cítrico que eu particularmente adorava, mas havia um porém: Erick era da minha idade e eu nunca me senti atraída por caras da minha idade, talvez porque comparados a mim a maioria sempre foi muito imaturo, ou podia ser pelo físico mesmo, sempre senti atração por homens com mandíbula quadrada, queixo firme, aquele olhar marcante que caras mais experientes costumam ter.

- Realmente, eu sempre digo e sempre estou com razão. Olha pra minha situação Erick, eu estou quase sem dinheiro numa cidade com uma criança pequena, vê se alguém assim tem tempo pra macho? - Ele estava prestes a abrir a boca para retrucar, mas eu fui mais rápida. - Voltando ao assunto, queria saber de você, o que eu preciso para trabalhar de camelô, parece ser algo que eu posso fazer.

- Você até pode, mas com quem você vai deixar a menina?

- Ela vai comigo.

- E quando os rapa chegar? Nós passamos o dia inteiro trocando de rua, calçada... Você não vai dar conta de montar e desmontar uma banca várias vezes por dia com uma criança de colo. Posso te dar uma sugestão?

- Claro. - Arregalei os olhos, atenta pela resposta.

- Por que você não tenta vender bala no sinal? Até onde eu sei com isso os guardas não implicam.

- Meu Deus Erick, você é um gênio! Que ideia maravilhosa! - exclamei empolgada reconhecendo que essa era a melhor alternativa que eu tinha de ganhar dinheiro rápido até agora.

A empolgação veio como um prêmio. Não esperei muito para me despedir de Erick, pagar a conta e sair do restaurante com Malu direto para um supermercado atacadista. Lá deixei 50 reais, comprei balas, pirulitos, paçocas e até embalagens transparentes para fazer vários combos com as guloseimas. Malu estava me ajudando e ao mesmo tempo se segurando para não comer nenhum doce, ambas estávamos muito empolgadas, doidas para que a manhã chegasse logo para começarmos nosso trabalho como vendedoras de guloseimas. Eu estava acostumada a trabalhar diretamente com o público, timidez não seria um problema, mas novamente um pequeno detalhe desnorteou meus pensamentos levando consigo metade do meu ânimo.

Ali, andando de um lado para o outro no meio do trânsito as chances de ser vista, pior, ser reconhecida por alguém era muito grande e isso me afligia. Mas agora que já tinha investido mais da metade do meu dinheiro eu não poderia voltar atrás, tudo que eu podia fazer para amenizar a situação nesse momento era colocar meu casaco com capuz e torcer para que ninguém me confundisse com alguma assaltante.

Durante a noite não consegui dormir bem, minha ansiedade não colaborava para isso, mas o pior de tudo era receber as imagens do momento em que cravei a faca nas costas daquele homem na minha cabeça. Eu não queria, mas eu era uma assassina e nada iria mudar isso. Uma hora eu seria cobrada pelo meu crime, e já temia antecipadamente todos os cobradores, seja ele a polícia, Deus ou os aliados daquele crápula. Eu sentia que isso não iria ficar impune, por isso eram poucos os momentos do dia que estava realmente tranquila sem desconfiar de tudo e de todos ao meu lado. Também pensei em papai, com certeza a essa altura ele estava apavorado se perguntando em que furada ele colocou as duas filhas. Quando Zé Pedro estava são seu comportamento era diferente, um pouco mais maduro, apesar de como homem ele nunca ter sido um bom exemplo.

Estava organizando os combos quando os primeiros raios de sol bateram contra o meu rosto. Respirei fundo me espreguiçando enquanto recarregava as energias para mais um dia que seria longo. Fiz minha higiene matinal, me aprontei e pensei duas vezes antes de acordar Malu que parecia uma bonequinha dormindo em um sono profundo. Não tive alternativa, não podia sair e deixá-la o dia inteiro trancada num quarto de um prédio da qual eu só estava há alguns dias, sem contar que ela poderia sentir fome e outras necessidades de criança, no final das contas acordei Malu e arrumei-a para me acompanhar pelas ruas.

Dessa vez fiz questão que ela caminhasse, apesar dos passos lentos eu sabia que não suportaria carregá-la por um dia inteiro. No início sofri um pouco de rejeição, não sei se era por causa do capuz ou pelo fato de a maioria das pessoas rejeitar doces pela manhã, mas inesperadamente alguns dos poucos tubos de balas de menta que havia trazido começaram a vender bem, agora eu já sabia que pela manhã quais balas vendia bem mais. Os poucos doces que vendi foram devidos a fofura da Malu, muitos carros abriam os vidros antes mesmo que eu me aproximasse, tudo isso porque eu estava com uma criança pequena do meu lado, o que provavelmente despertava compaixão nas pessoas de bom coração. Alguns me davam notas de 5, 10 e até 20 sem fazer nenhuma questão de receberem troco.

- Mana, eu tô cansada...

- Isso é ótimo, sinal que estamos trabalhando muito. Sem contar que daqui a pouco teremos que parar para buscar o restante das mercadorias. - Malu me ajudava carregando um saquinho de balas, havíamos começado há pouco tempo, mas eu mesma estava tão empolgada que não tinha noção de quanto tempo estava ali caminhando entre os carros, indo e voltando de uma calçada para outra esperando o sinal fechar para iniciar uma corrida de 60 segundos para vender minha mercadoria, o tempo que eu tinha até o sinal abrir novamente. - E nós só vamos fazer isso quando vendermos tudo.

Malu apenas me fitou com a carinha emburrada, isso tocava meu coração, porém precisávamos fazer isso se quiséssemos ter um teto para dormir e alimento todos os dias. Se continuasse nesse ritmo em breve estaríamos em condições mais favoráveis, mas por enquanto precisávamos dar tudo de nós.

Estava tão distraída e animada com as vendas que nem percebi o clima mudando. O céu azulado aos poucos se dissipou dando espaço para as nuvens cinzentas, a manhã que havia começado clara agora estava cinza e logo comecei a sentir as primeiras gotículas da chuva caírem sobre minha pele.

- Mana, tá chovendo, eu quelo ir embora - Malu voltou a reclamar.

- Calma Malu, é só um sereninho de nada, você tá vendo algum carro parar só porque está pingando? Vamos trabalhar! - Ignorei o que eu tinha quase certeza de que era só mais um sereninho qualquer e continuei caminhando entre os carros e ônibus, oferecendo e, gritando alto o valor dos combos de bala que carregava.

Não demorou muito para que as pequenas gotículas d'água se transformasse numa chuva grossa, intensa, acompanhada de muita ventania. Malu ficou revoltada e como já era de se esperar começou a chorar e ficar birrenta, cheia de marra me negando ajuda até para carregar as mercadorias que já não estava cabendo junto com ela em meus braços. Com as mãos escorregadias deixei cair um saco cheio de paçocas, foi como levar um soco na cara ver o pneu de um carro passando sobre elas.

- Droga! - O prejuízo, a Malu chorando, carros buzinando de todos os lado, e os motoristas estressados me xingando por causa dela se tornou uma tortura naquele momento; como a avenida além de extensa também era ampla ficava muito difícil chegar no outro lado da calçada, ainda mais com aquela amontoado de automóveis aglomerados. Arregalei os olhos com o nó já formado no peito quando o semáforo ficou verde e a perturbação que já era grande se tornou insuportável. - Que ódio! - bufei estressada, cheia de raiva, frustração, revolta e, foi justamente nesse segundo que olhei para o lado e me deparei com um carro luxuoso em destaque aos outros, o veículo não me era estranho e não foi preciso me esforçar para lembrar, principalmente quando o vidro fumê dianteiro começou arriar lentamente revelando aquele homem...

Meu coração falhou uma batida quando meu olhar se encontrou com o par de olhos escuros, indecifráveis, dominantes. Fiquei inerte e completamente desestabilizada, com a respiração descompassada, enquanto o tempo parecia ter congelado apenas para que ele pudesse me medir de cima a baixo, enquanto a chuva gelada caía demasiadamente sobre meu corpo. Meus dentes batiam freneticamente, mas eu não tinha certeza se era por causa do frio ou o efeito da presença dele sobre mim.

Voltei a mim ao me dar conta que Malu estava muito quieta para quem estava no meio de um temporal, seus bracinhos tremiam o que despertou minha preocupação naquela hora.

- Entre. - A voz do homem saiu rasgante, possessiva, enquanto ele abria a porta do carro de uma maneira rude e fria. Estava tão desnorteada com aquele barulho insuportável do trânsito e preocupada com o comportamento estranho da minha irmã exposta naquela chuva que acabei não pensando muito. Entrei. Completamente encharcada por fora e cheia de receios por dentro, já que a primeira e única vez que estive diante dele fui assediada e ainda obrigada a ouvir uma proposta para lá de indecente.

O silêncio vagou entre nós por vários segundos. Seu olhar não estava diretamente em mim, mas eu sabia que ele estava me devorando com os olhos através do retrovisor do seu luxuoso carro.

- Primeiramente me diga o que é que você estava tentando fazer com essa criança no meio da chuva.

Aquilo foi mais uma ofensa do que uma pergunta.

- Trabalhando! Não estava nos meus planos pegar uma chuva dessa logo pela manhã, até porque o dia amanheceu ensolarado.

- Não assistiu a previsão do tempo antes de sair de casa?

- Não. - Fui grossa, não lhe dando mais aberturas para insistir naquele assunto.

- Eu quelia ir embora, mas ela não deixou! Agola eu tô com muito frio! - Malu resmungou cabisbaixa. Apesar de estar tão molhada quanto eu, sua temperatura estava bem mais alta que a minha.

- Malu, você está com febre...

- Quanta irresponsabilidade com a menina. Quer que eu deixe você no hospital?

- Não, imagina. Se não for te incomodar gostaria que você me deixasse em casa, eu moro aqui pertinho, num prédio no início do centro.

O homem não disse nada, apenas assentiu e perguntou meu endereço. Éramos dois desconhecidos, mas ali dentro o clima era de ansiedade, curiosidade, de um desejo mútuo de querer saber mais sobre o outro.

- Desculpe a pergunta, mas é impossível não notar esse saco de balas do seu lado. É com isso que você trabalha?

- Sim, apesar de eu ter começado hoje, há poucas horas.

- É mesmo? - Ele arqueou as sobrancelhas grossas em curiosidade.

- É, eu até comecei bem, mas essa chuva atrapalhou tudo. Acredito que tive um prejuízo de metade de tudo que ganhei quando perdi algumas mercadorias, mas tudo bem...

- Não desista. Meu avô começou vendendo balas no sinal antes de abrir seu primeiro mercadinho na esquina. Isso é empreendedorismo.

- Pra mim é desespero mesmo, eu jamais sairia por aí com uma criança pequena se não fosse uma necessidade.

- Sua situação está tão ruim assim?

- Pior do que você pode imaginar. Mas vem cá, eu ouvir aquele dia você dizendo que é dono daquele supermercado famoso... Se não for pedir muito você poderia me arrumar um emprego por lá? Sou menor de idade, mas faço de tudo um pouco, já trabalhei com faxina, babá, garçonete. É sério, eu sou que nem o cinto do Batman tenho mil e uma utilidades.

Ele abriu um sorriso de canto, enquanto me consumia com o olhar através do retrovisor.

- Interessante.

- Isso quer dizer que você vai me dar um emprego?

- Tenho uma proposta melhor para você.

- Proposta...

- Serei direto. Eu quero você na minha cama. Disponível a hora que eu quiser. Vou pagar bem, quanto a isso não se preocupe, você e sua irmã terão uma vida de luxo. - Não me contive e logo minha risada tomou conta de todo o carro. - Me diga qual é a graça.

- É sério isso? Todo homem rico agora fica se sentindo o Christian Gray? Não é possível... - Continuei rindo enquanto ele me fitava com frieza.

- Eu não me sinto o Christian Gray, para ser sincero a única coisa que estou sentindo nesse momento é tesão por você. Faz muito tempo que não me sentia atraído dessa forma por uma mulher.

Franzi o cenho desacreditada e o encarei curiosa.

- Um homem como você atraído por uma mulher como eu? Olha, não é que eu tenha autoestima baixa, mas você é do tipo que pode ter a mulher que quiser sabe, tipo aquelas blogueirinhas com corpão, ou essas atrizes famosas.

Ele bufou entediado.

- Eu já experimentei desse cardápio inteirinho, hoje estou cansado. Quero uma coisa diferente, quero algo mais real se é que você me entende.

- Então você está disposto a me dar uma vida de luxo para eu ser uma coisa diferente e mais real nesse seu "cardápio"? - questionei num tom de deboche, ainda sem acreditar que ele realmente tinha esse pensamento.

- Exatamente.

- No seu lugar eu sentiria vergonha! Eu posso ser pobre, miserável, uma fodida da vida, mas nunca, jamais vou me sujeitar a prostituição por dinheiro! Minha mãe me criou para ser uma mulher honesta, não uma dessas vagabundas que você paga para se satisfazer! - Estreitei os olhos nervosa, inconformada com aquela proposta ridícula, fiquei ainda mais fora de mim quando me dei conta de que a cada minuto a temperatura da minha irmã aumentava, Malu estava ardendo em febre e isso me transformava num poço de aflição. - Pare aqui, é esse o prédio.

- Jura que você mora nesse prédio?

- Sim! E daí? Qual é problema?

Ele abriu um sorriso atrevido e vagarosamente passou a língua pelos caninos.

- Se ninguém ainda te falou, não cabe a mim dizer. - Revirei os olhos me culpando por ser idiota a ponto de aceitar carona daquele homem contando que nada desagradável iria acontecer. Antes de abrir a porta do carro ele tirou a carteira do bolso, pegou todas notas as que havia nela e me entregou. - Esse dinheiro não é para você, é para a sua irmã que está mal e provavelmente vai precisa de uma consulta médica, remédios...

O cortei imediatamente.

- Não posso aceitar!

- Não estou te dando essa opção. Para mim esse dinheiro não fará a menor diferença, mas para você pode ser útil. Não sou nenhum bom samaritano, mas me corta o coração ver crianças sendo exploradas e expostas a essas condições...

Mais uma vez tive que interrompê-lo.

- Como assim explorada? Eu não estava explorando ela, acontece que eu preciso trabalhar e ainda não tenho ninguém de confiança para deixá-la.

- Ok, sendo assim, espero que com esse valor você possa tirar um dia de folga para cuidar melhor dela, a propósito caso precise aqui está meu cartão.

Engoli em seco e iniciei uma contagem rápida na minha cabeça para não ser agressiva com ele, o que pegaria mal para mim já que ele era irritantemente educado.

- Eu vou aceitar o dinheiro, mas só porque você está dando para minha irmã. Inclusive eu te agradeço muito por isso, mas prefiro não manter contato.

- Está com medo de cair em tentação? - ele perguntou abrindo um meio sorriso atrevido.

- É bastante provável, até porque não é todo dia que um homem lindo e bilionário cruza o meu caminho e ainda me oferece dinheiro para dormir com ele.

- Eu no seu lugar aceitaria.

- Obrigada, mas não.

- Tudo bem - ele destravou a porta do carro -, não se esqueça de cuidar da garota, a propósito qual é o seu nome?

- Gabriela.

- O meu é Kleber, até muito em breve Gabriela.

Saí com Malu, eu o vi fechar a porta e dar partida, o carro desapareceu entre os outros. Por algum motivo eu ainda sentia seus resquícios. Ele se foi, mas sua presença marcante e imponente continuou aqui comigo.

            
            

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