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DODÔ NARRANDO
Dessa vez, o Cadu tinha vacilado, mesmo não tendo nenhum lance com a mina, fiquei boladão.
Bernardo: Ai, a Sam acabou de ligar! - o irmão dela falou.
Dodô: E ai, caralho? - passei a mão na cabeça, preocupado.
Bernardo: O traficante a deixou em casa, tá bem! - sorriu aliviado.
Juliana: Graças a Deus! - limpou as lágrimas do rosto.
Dodô: Porra, que aflição! Pro bem dele, foi bom ele não ter feito nada! Comédia! - cerrei os punhos.
Tiago: Vamos embora, gente? - chamou.
Dodô: Deixa meu salve pra ela, quero trocar uma ideia, de novo! - pedi pra Bia.
Bia: Pode deixar viado! - me abraçou.
SAMANTHA NARRANDO
Acordei mais tarde, com o Bernardo mexendo no meu cabelo, abri os olhos rapidamente, e me afastei.
Bernardo: Boa tarde, maninha! - sorriu.
Samantha: Que horas são? - perguntei entre um bocejo.
Bernardo: Quase 15h30minhr - deu de ombros.
Samantha: Nossa! - esfreguei os olhos - Dormi demais!
Bernardo: Você tá bem? - me olhou de canto.
Samantha: Como se você se importasse, né! - sorri irônica, em seguida me levantei.
Bernardo: Lógico que me importo, fiquei preocupado pra caral... - o interrompi.
Samantha: Escuta, Bernardo Tu não tá nem ai pra mim, viu que eu estava bêbada e me deixou ir pro camarote com um traficante, insistiu tanto pra mim ir pro baile, e nem me deu atenção! - cuspi as palavras, impaciente.
Bernardo: Ah, agora tu quer dá a buceta pro traficante, e a culpa é minha?! - soltou uma gargalhada - Dá licença! Tu já é grandinha demais, pra eu ter que ficar te cuidando!
Samantha: Vai se foder, você deixa o Tiago falar e fazer horrores comigo! Mesmo assim continua lambendo aquele idiota! - o encarei, indignada.
Tiago: Tu só tá assim, porque uma mina de favela conseguiu ser mais gostosa que tu, e colocou uma coleira nele! Ou por que não conseguiu perder o cabaço com ele? - fez uma careta.
Samantha: Vai pro inferno! - dei um tapa em seu rosto.
Ele me encarou assustado, recuei para trás, não acreditando no que havia feito.
Samantha: Vai embora, Bernardo! Sai do meu quarto! - murmurei.
Bernardo: Piranha! - me deu um empurrão.
Fechei a porta com força, logo que ele saiu.
Eu e meu irmão nunca havíamos brigado daquela forma, mas ele não podia ter falado comigo daquele jeito. Fui pro banho, onde fiquei um longo tempo, aproveitei e lavei os cabelos, saí enrolada na toalha, e fui atender meu celular. Número desconhecido.
IDL:
Samantha: Oi?
XxXx: Quem tá falando?
Samantha: Quem tá falando?! Tu que ligou pra mim!
XxXx: É o Dodô, gata!
Samantha: Ah... Oi.
Dodô: Pô me desculpa por ontem! Como tu tá?
Samantha: Relaxa to bem. Não aconteceu nada!
Dodô: Queria te ver. Tá suave?
Samantha: Olha Dodô... Ontem não rolou, e quero deixar assim. Tu é um cara maneiro, mas não vai rolar, desculpa!
Ele desligou.
FDL
Minha mãe estava na sala, dei de cara com ela logo que desci.
Lavínia: Oi, meu amor. Já vai sair? - sorriu.
Samantha: Oi, mãe - depositei um beijo em sua testa - Vou tomar um sorvete, logo eu volto!
Lavínia: Tá. Se cuidar - beijou meu rosto.
Caminhei até o shopping mais próximo, ficava a dez minutos da minha casa Fiquei andando, observando as vitrines, não estava a fim de comprar nada Parei na praça de alimentação, para comer um açaí, fiz o pedido, escolhi uma mesa e fiquei esperando Logo chamou minha senha no visor, me levantei e fui pegar, voltei para a mesa, e comecei a comer.
XxXx: Coé, posso te fazer companhia? - sua mão tocou meu braço.
Olhei surpresa pra cima, era o Cadu.
Samantha: Esta me perseguindo? - fiz cara de tédio.
Cadu: Não, gata. Só vim tirar um lazer, e te vi aqui! - sorriu sem mostrar os dentes.
Samantha: Hum, já estou indo embora! - me levantei.
Cadu: Qual foi Samantha? - segurou meu braço.
Samantha: Não toca em mim! - me afastei - Qual foi à parte até nunca mais, que tu não entendeu? - arqueei as sobrancelhas.
Cadu: Pô, eu vim namoral Se for pra tu me tratar assim, to vazando! - me encarou.
Samantha: Ótimo! - peguei meu celular, e fui andando.
Preferi ir para casa, não queria ter o desgosto de vê-lo novamente. Estava na esquina de casa, quando o Corola parou do meu lado, fingi não notar.
Cadu: Samantha entra aqui! - abaixou os vidros.
Samantha: Tá maluco? - revirei os olhos - Vai embora!
Cadu: To mandando, entra! - alterou a voz.
Samantha: Só sabe conseguir as coisas na violência, né! - dei uma risada forçada - Não vou entrar! - continuei andando.
Ele fez o contorno com o carro e foi embora, melhor assim. Voltei pra casa, subindo direto para o meu quarto, conectei no Wifi, havia várias mensagens da Ju, ignorei todas.
Fiquei no meu quarto o resto da tarde, teve um momento em que me peguei pensando no Cadu, algo nele me chamava atenção, mas ele nunca vai fazer meu tipo, não existe mínimas possibilidades disso acontecer.
No começo da noite, minha mãe veio me chamar para jantar, mas eu recusei, ainda estava me curando da ressaca. Terminei um trabalho do colégio, e fiquei assistindo um filme.
Acordei atrasada na manhã seguinte, não tomei banho, para ganhar tempo Vesti uma calça jeans preta, a camiseta do colégio, escovei os dentes, calcei meu Vans vermelho, prendi o cabelo em um rabo de cavalo frouxo, peguei minha mochila e desci.
Marcos: EU JÁ FALEI: NÃO VOU SUSTENTAR VAGABUNDO, LAVÍNIA! - meus pais estavam brigando, obviamente por causa do Bernardo.
Lavínia: Calma, meu querido... Ele é só um mocinho ainda, não tem cabeça de gente grande! - como sempre, minha mãe defendendo.
Marcos: MOCINHO?! FAÇA MEU FAVOR! PRA GASTAR MEU DINHEIRO, E ANDAR COM O MEU CARRO, ELE É MUITO GRANDE NÉ! - gargalhou irônico.
Lavínia: Não admito você falar assim! - seu tom de voz alterou.
Meu pai foi pra cima da minha mãe, que colocou as mãos no rosto pra se proteger.
Marcos: EU FALO - acertou seu rosto, com um tapa - COMO EU QUISER! - deu outro tapa.
Eles provavelmente não me viram, era inevitável não chorar, peguei minha mochila e sai de casa correndo, minha garganta ardia com o choro engasgado Eu não queria ir pro colégio, fiz um percurso sem destino Era sempre assim, tudo por culpa do Bernardo, que se acha melhor que todo mundo.
Eu não conseguia raciocinar direito, meu soluço já estava ficando alto, de tanto que eu chorava Me doía demais, ver minha mãe, ou melhor, minha família naquela situação Continuei caminhando em passos rápidos, ouvi um barulho de carro familiar, o maldito Corola parou do meu lado.
Cadu: Só pode ser destino! - ele abaixou um pouco o vidro.
Não respondi, não queria que ele me visse chorando, continuei andando.
Cadu: Samantha, to falando contigo, pô! - jogou o carro na minha frente.
Samantha: Deixa-me em paz! - o encarei, entre soluços.
Cadu: Porra, tu tá chorando?! Qual foi o lance? - abriu a porta do carro.