Capítulo 5 Não!

Vasti não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Primeiro, ela sentiu raiva, muita raiva. O que Adônis havia dito era como se ela estivesse atrás de dar algum tipo de golpe nele! Seduzir o pobre homem e, depois, dar o jeito de obrigá-lo a se casar com ela.

- Desgraçado! Como ele se atreveu? - ela jogou a bolsa no sofá, tirando os sapatos e indo para o quarto. - Eu não fiz nada disso! Eu estava quietinha na minha e foi ele quem se aproximou de mim!

Enquanto tirava a roupa, a raiva deu lugar a outro sentimento: a vergonha. Vasti engoliu em seco. Era certo que Adônis MacGyver a tinha abordado naquela copa, porém, ele não a obrigou a nada! Ela tinha se deixado levar pelo desejo e, ela se deu conta, tinha até mesmo entrado no carro dele, indo para sabe-se lá onde, ter sua primeira vez com um completo desconhecido! Saber o nome e onde ele trabalhava não significava nada!

Vasti sentou-se na cama e cobriu o rosto com as mãos. O que ela estava pensando?

- Você não tava pensando! - ela se acusou e deitou, soltando um rosnado de frutração. - É óbvio que o homem iria pensar que você tava armando pra ele! Quem em sã consciência age desse jeito?

Vasti tirou a roupa de vez, foi para o banheiro e esperou que a água levasse para o ralo a vergonha que ela estava sentindo. Depois, ela preparou algo rápido para comer e abriu o computador. Ela tinha que encontrar outro emprego, rápido!

- Se ele não te demitir pela manhã, não é mesmo? - ela fez beicinho, xingando a si mesma. Ela poderia ter comprometido tudo por conta de desejo, de irresponsabilidade! A avó dela doente, precisando, e Vasti ali, fazendo o que não deveria!

Por mais que aquele serviço parecesse muito bom, ela poderia achar outro. Heidi ainda demoraria duas semanas para sair de licença. Se Vasti conseguisse arranjar outro serviço em menos de uma semana, ela não prejudicaria Heidi e, também, estaria longe de Adônis MacGyver rapidamente.

Enquanto Vasti procurava por um novo emprego, Adônis dirigia de volta para o apartamento dele. Ele deu alguns tapas no volante, de raiva. Tudo estava tão bom, mas agora, estava tudo estragado, arruinado!

Ele já tinha tido a experiência dele com mulheres virgens. Duas, só para não dizer que foi apenas uma vez e ele deu azar. Ambas quiseram a mesma coisa: ficar com ele, como um casal, e planejar um casamento. A primeira, ele era mais idiota e acabou levando em frente. Mas conseguiu se livrar a tempo de cometer uma burrada. Já a segunda, ele achou que estava tudo certo, até que ela... bom, ele não deixaria que nenhuma desgraça daquele tipo acontecesse de novo. Não, senhor! Sim, Vasti Phillips era deliciosa, na verdade, ele não se lembrava de ter encontrado uma mulher que o agradasse em tudo como ela, já de cara. Exceto por, obviamente, ela ser uma virgem.

- Aí ela tinha que ser virgem! Porra!

Adônis havia passado por cima até mesmo do fato de que ela era funcionária dele. Ele não dormia com funcionárias da empresa. Isso também era sinônimo de problema. Em trinta e um anos de vida, ele tinha que ter aprendido alguma coisa, principalmente no quesito mulheres, algo que ele adorava.

Agora, ele estava ali, frustrado, tendo que ir para casa com as bolas doendo!

- Mas que merda! - ele gritou, irritado. Ele só queria estar com Vasti, se deliciando no corpo dela, e, claro, educando-a.

Ele sorriu, malicioso. Sim, ela era bem rebelde. Ele queria saber se ela era assim na cama. Ele queria dominá-la, ali. Mas é claro que nem ela mesma sabia como ela era na cama, porque ela NUNCA tinha feito sexo.

Mas pera aí... ela disse que era virgem, não que nunca tinha feito absolutamente nada com um homem. Adônis soltou um suspiro. Como ele era burro! A mulher tinha um beijo surreal, a forma como ela tocou no corpo dele... seria tudo aquilo puro instinto? Ele não conseguia acreditar.

- Agi no impulso! - ele falou com raiva. Eles podiam ao menos ter feito alguma coisa! Mas não, ele tinha surtado e colocou a mulher para fora do carro dele. - Nem tudo está perdido!

Vasti ainda estava de roupão, agora deitada na cama, olhando as vagas de emprego pelo celular. Ainda que houvesse muitas, não era no ramo dela.

- Isso é o de menos. O importante é trabalhar! - ela falou a si mesma. Se ela tivesse que trabalhar de vendedora, ainda assim valeria a pena, desde que ela tivesse dinheiro para pagar as despesas da avó e sustentar a si mesma. Ela poderia inclusive se mudar para um lugar ainda menor... - Se meu pai não fosse um babaca, eu podia contar com ele.

O pai de Vasti tinha abandonado a mãe dela, grávida, e se casado com uma mulher rica. Ele nunca ajudou com a criação de Vasti, nem no sentido emocional e nem no financeiro. Eram raras as ocasiões em que ele fazia algo por ela, e, ainda assim, era como se estivesse fazendo um grande favor. A última vez que Vasti o viu, foi para pedir ajuda para a avó. Ele disse que ajudaria, mas até aquele momento, Vasti não tinha visto um só centavo.

O interfone tocou. Ela ignorou. Já era tarde. Ela não tinha pedido comida... mas e se o prédio estivesse pegando fogo? Ela amaldiçoou e foi atender, mas o interfone parou de tocar quando ela colocou os pés na cozinha. Ela esperou mais um minuto e nada. Portanto, ela deu de ombros e voltou pro quarto, irritada.

Então, a campainha tocou.

- Ah, mas não é possível! - ela jogou as mãos para o alto e caminhou até a porta. Claro que ela olhou pelo olho mágico antes. Nesse momento, ela achou que o olho dela cairia tamanha foi a surpresa.

- Eu sei que você está em casa - ele falou.

- Ah... mas...

- Senhorita Phillips, a porta - ele a estava comandando e Vasti não gostou nada.

Vasti abriu a porta de sopetão, pronta para dar uns gritos naquele homem tão convencido. Mas ela nem teve a chance. Mal ela abriu a porta e a boca dela foi tomada, a cintura envolvida e ela apenas ouviu a porta sendo fechada.

Adônis não havia ido até o apartamento dela para agir daquele jeito. Ele ia apenas perguntar a ela e olhar nos olhos dela para saber se ela dizia a verdade quanto a ser virgem e se, claro, ela nunca tinha feito nada de nada de nada. Ele poderia ter esperado pelo outro dia, mas ele estava curioso e... ansioso. Quando ela abriu a porta, ele não esperava que ela estivesse de roupão. O cheiro dela dominou os sentidos dele e quando ele deu por si, já estava em cima dela, no sofá.

- Se-senhor... - ela falou, entre os beijos e colocou a mão no peito dele. - Calma... ah...!

Ele a olhou e o rosto dela estava todo vermelho. O roupão tinha ficado desmantelado, mas não chegou a abrir todo. Ele ainda conseguia ver, porém, um pedaço de um dos seios dela. Dos seios fartos, dela.

- Você aceita apenas isso? Apenas sexo? - ele perguntou. Não era isso o que ele ia perguntar, quando foi para o apartamento dela. Mas os planos foram mudados.

Vasti olhou para ele e queria mandar ele se ferrar. Como ele podia ter a cara de pau de entrar no apartamento dela daquele jeito e perguntar aquilo, depois da forma como a tinha tratado?

- Não - ela respondeu e levantou o queixo, sentindo que aquele era o momento certo para traçar um limite. - Você é o meu chefe. Eu preciso do trabalho. Isso não vai acontecer.

Aquele foi o último fio de sanidade e consciência que ela ainda tinha. A expressão de Adônis mudou totalmente. Ele não conseguia acreditar naquilo. Ela estava mesmo rejeitando ele?