Capítulo 6 Mudança de Planos

Adônis estava mais do que sem graça. Ele se levantou, passando então a mão pelos cabelos e, depois, pelo rosto. Pelo amor de Deus, ele tinha feito o retorno, ido até a casa daquela mulher, "agradado" o porteiro dela, beijado-a e, no fim, ela o rejeitou!

Ele não era do tipo que corria atrás de mulher nenhuma, mas desde que tinha conhecido Vasti Phillips, ele se sentia perdendo uma vez atrás da outra!

"E eu praticamente a ataquei!", ele se lembrou. Adônis estava agindo completamente fora dele mesmo!

- Certo - ele falou, caminhou até a saída e, sem olhar para Vasti, fechou a porta com um estrondo ao sair.

- Que cara maluco! - Vasti pensou e balançou a cabeça, mas sentiu-se melhor por não ter cedido, dessa vez. Ela levou a ponta dos dedos até os lábios. O beijo dele era intoxicante, porém, ela tinha que ser forte e fazer o que era certo!

Aquele era o chefe dela e, na melhor das hipóteses, ele a faria o brinquedo sexual dele e depois, a descartaria. Não, Vasti não ia se deixar levar por aquilo!

"Depois, eu duvido que isso não vai chegar nos ouvidos dos outros. Eu vou ser taxada de vagabunda, enquanto ele é o garanhão. Eu não arranjarei mais emprego em canto algum!" Não naquele ramo, pelo menos.

Vasti se levantou e foi para o quarto dela. Ela estava exausta! O dia tinha sido terrível, cheio de altos e baixos. E agora, ela estava completamente mexida depois de ter se atracado, mais uma vez, com o gostoso do chefe dela.

"E depois de ele ter me tratado tão mal! Você é uma idiota, Vasti!"

Ela se jogou na cama e fechou os olhos. Será que pedir por um pouco de paz era pedir demais? O celular dela começou a vibrar. Ela tateou em busca do aparelho, mas não encontrou.

- Ah, cadê você? - ela perguntou e abriu os olhos para procurar. Ele estava bem do lado da mão dela. - Me erra...

Havia uma mensagem de número desconhecido. Ela imaginou que fosse mais uma vez aquelas propagandas chatas, mas a mensagem não estava oferecendo nenhum tipo de serviço.

DESCONHECIDO: Vermelho.

Vasti franziu o cenho. Então, ela se lembrou de "lilás". Mas... não. Não podia ser.

VASTI: Senhor MacGyver?

Ela ficou observando. A pessoa ficou online. A pessoa leu a mensagem. A pessoa saiu.

- Ei! - ela exclamou para o telefone, como se o aparelho pudesse fazer alguma coisa. - Volta aqui!

Mas a pessoa não voltou.

VASTI: ??????

Ela enviou e esperou, mas dessa vez, a pessoa nem mesmo recebeu a mensagem.

- Argh! Deve ter sido engano, foi isso - ela falou para si mesma, como se tentasse se convencer. - Por que diabos ele te mandaria mensagem e, depois, te bloquearia?

"Se bem que, vindo dele... eu mal o conheço, mas acho que ele seria bem capaz!", ela torceu a boca e colocou o celular em cima da mesinha de cabeceira, cobrindo-se então com o edredom.

Quando o despertador tocou, Vasti se espreguiçou e o cheiro de café invadiu as narinas dela.

- Hmmm! - ela se sentou, sorrindo, porém, os cantos da boca dela começaram a murchar quando ela se deu conta de que o cheiro parecia estar próximo demais. - Como se fosse na minha cozinha...

De um salto, ela se colocou de pé e se aproximou com calma da porta. Seria o vizinho? Poderia ser, não é mesmo? Ele podia ter deixado a porta aberta e... Ela arregalou os olhos e lembrou que, depois que Adônis tinha ido embora, ela não tinha trancado a porta!

- Oh, droga! - Vasti sentiu o coração disparar. Será que ela tinha sido invadida? - Calma, mas o invasor ia fazer café?

Pelo sim, pelo não, Vasti decidiu sair e ir preparada. Ela olhou em volta, procurando algo para se defender, porém, ela foi empurrada para trás quando a porta se abriu.

- Ah!

- Você acordou mais cedo do que eu esperava - Adônis falou como se nada estivesse errado e foi até a cômoda de Vasti. Ele abriu a primeira gaveta e a fechou. Abriu, então, a segunda. A gaveta das calcinhas. Ela o observava, chocada demais para fazer algo. Mas o barulho da última gaveta se fechando a despertou.

- Pera aí! O que pensa que tá fazendo? - ela deu um pulo e colocou a mão na frente do homem. - Não pode mexer nas minhas coisas!

Vasti tentou afastar Adônis, mas ele era maior e mais forte, por isso, nem mesmo se moveu como ela esperava.

- Eu já esperava que você tivesse mais calcinhas beges do que tudo, mas... É sério? Bege, preto e branco?

Ele pegou uma calcinha, totalmente lisa e começou a levantá-la, mas Vasti foi mais rápida e o impediu, arrancando a lingerie da mão dele.

- Nenhuma rendinha? Nada? - ele olhou para Vasti, que estava claramente furiosa, bufando. - Você precisa de calcinhas, meu bem.

Vasti fechou os olhos e inspirou fundo, apontando então para a porta.

- Olha... fora daqui! - ela tinha os lábios crispados. - Você não pode aparecer assim. Você não deveria estar aqui dentro! Isso é invasão!

- Claro que não - ele falou. - Você me deixou entrar.

Vasti quase riu do atrevimento e descaramento do homem.

- Há! Não, não deixei.

- Deixou, sim. Eu perguntei e você disse que sim. Eu te liguei e tudo - a expressão de inocência de Adônis não combinava em nada com a personalidade dele. Vasti estreitou os olhos. - Pode verificar no seu telefone. Eu te liguei. Perguntei se podia entrar e você disse que sim. Não arrombei porta nenhuma.

Vasti olhou para o celular dela, em cima da cama, e correu para ele. Ela olhou de relance para Adônis, que permanecia parado no mesmo lugar, com as mãos nos bolsos e olhando para ela, sério.

Sim, lá estava. Ela tinha recebido a ligação dele, há uma meia hora.

- Eu estava dormindo! - ela reclamou. - Eu nem lembro de ter falado nada!

- Mas aí não é culpa minha, é? - ele perguntou e voltou a remexer na gaveta dela. Adônis fechou aquela gaveta e partiu para a próxima. Os sutiãs. Vasti se pôs na frente dele.

- Chega. Saia.

- Você é bem afrontosa.

Ela soltou uma bufada de incredulidade.

- Eu? EU sou afrontosa? Você invadiu o meu apartamento! - quando ele tomou ar para rebater, ela levantou a mão para interrompê-lo. - Certo. Você se aproveitou do meu estado de sonolência para me fazer te deixar entrar. Você veio mexer nas minhas coisas. Nas minhas coisas íntimas! Sem a minha permissão! Você...!

Ela não pode mais falar.