Capítulo 7 Invasão

Ele tomou os lábios dela. Mas não com força. Ele simplesmente se inclinou, enquanto ela olhava para a cômoda, e depositou um beijo nos lábios dela, desarmando Vasti completamente, que piscou ao olhá-lo.

- O café vai esfriar - ele piscou e se virou para sair do quarto. Antes de ir, com a mão na maçaneta, ele olhou por sobre o ombro. - Troque-se e venha comer algo.

A porta fechou e Vasti ficou olhando para a madeira, incapaz de se mover. O que tinha acabado de acontecer? Vasti lembrou do motivo de ter acordado mais cedo e olhou no celular. Se ela quisesse visitar a avó e não se atrasar para o trabalho, ela precisaria estar pronta em quinze minutos!

Ela correu para o banho - certificando-se de trancar muito bem a porta. O homem do outro lado do quarto não era confiável! - colocou um vestido, salto alto, escovou os dentes e os cabelos e saiu do quarto.

Adônis segurava uma xícara de café. Ele nunca tinha preparado café para uma mulher, já que normalmente acordava após uma noitada e ia embora. Agora, ele estava ali, sem nem mesmo ter dormido com a dona do apartamento.

"Ela me rejeitou..." ele lembrou, amargo. Ainda assim, depois de passar a noite se revirando na cama, Adônis levantou, correu, tomou banho e foi até a casa de Vasti. Por sorte, a porta estava aberta e, quando ele ligou perguntando se podia entrar, ela disse que sim. Claro ele não era imbecil e sabia que ela estava dormindo. Só que ele não se importou. Ela tinha dito "sim", afinal.

A ideia dele era fazer o café para ela, beijá-la, conversar melhor e, quem sabe, brincarem um pouco antes de irem para o escritório. Era cedo!

"Eu devo tá perdendo a cabeça!" ele tinha pensado, enquanto preparava o café. Por que ele iria querer brincar com ela? O cérebro dele o estava alertando que aquela mulher era diferente e que ele acabaria casado. "Não vou casar!"

Ao ver Vasti toda vestida, ele passou os olhos pelo corpo dela.

"E é por isso que estamos aqui!", ele falou, sorrindo e estendendo uma xícara de café para a bela mulher. Ele não achou que ela fosse colocar a roupa para trabalhar, mas sim que ela iria apenas colocar uma camisola, ou algo do tipo. Quem sabe para seduzí-lo?

- Não, não. Vamos. Eu estou atrasada! - Vasti parecia impaciente e Adonis franziu o cenho, olhando no relógio de pulso.

- Ainda temos muito tempo. Não vamos nos atrasar. Coma...

- Você não vai, eu vou. Preciso ir a um lugar antes do trabalho. Vamos! - ela pediu, agoniada, já perto da porta. Adônis largou a xícara em cima da pia após perceber que não adiantaria tentar convencê-la.

- Eu te levo - ele falou, mas Vasti negou com a cabeça.

- Não. Não precisa. Só preciso que você venha comigo para que eu possa trancar a porta - ela estava ficando sem paciência. Adônis decidiu não discutir. Ele iria descer com ela e uma vez lá embaixo, ele a levaria para o carro.

"Uma pena, realmente. Seria tão bom um treino matinal no banco de trás..."

Ele passou por ela e foi chamar o elevador, enquanto ela fechava a porta.

- É bom você trancar direito. Esse prédio não é muito seguro - Adônis falou e ela lhe lançou um olhar feio. Ele riu. - E eu tô mentindo? Qualquer um entra aqui.

Vasti queria dizer algumas coisas, mas optou por ficar calada. Ela não tinha tempo para discussões! O elevador chegou rápido, pois ainda não era horário de pico. Eles entraram e ficaram em silêncio. Adônis olhou de soslaio na direção de Vasti. Ela estava muito nervosa para prestar atenção nele.

Uma vez na recepção, Vasti olhou para o porteiro, pois ele ainda não havia trocado o turno.

- Vamos conversar depois, Sr. Parsley.

O homem olhou para Adônis, que apenas balançou a cabeça, em reprimenda. O porteiro ficou sem acreditar.

"Que homem descarado! Vai jogar a culpa em mim?"

- Venha, o carro está ali.

- Eu já disse que não quero carona - ela falou e tomou a direção contrária. - Obrigada mesmo assim!

- Para onde os raios você está indo que não eu não posso te levar? - ele perguntou, segurando o braço dela.

- Para o ponto de ônibus! Já, já, ele vai passar. Eu tenho que ir ou vou perdê-lo! - ela reclamou e tentou se soltar. O ponto de ônibus era bem perto. Mais alguns passos e ela chegaria nele. Adônis a puxou para os braços dele e a beijou calorosamente. Vasti foi pega de surpresa e não resistiu. Quando ele a soltou, ela ouviu o ônibus passando. Ela olhou para ele, de boca aberta.

- Hmm, eu acho que você perdeu o seu ônibus... - ele fingiu fazer um beicinho de pesar, olhando para o ônibus, que já ia longe.

- Eu... eu não acredito que você fez isso de propósito! - ela exclamou e segurou a vontade que estava de dar uns bons tapas naquele homem.

- Quer a carona, agora? - ele perguntou e, se não fosse por realmente precisar, Vasti teria mandado ele enfiar a carona dele onde o Sol não brilha!

"Não, não teria. Ele ainda é meu chefe. Até eu conseguir outro emprego, não posso fazer isso! Só mentalmente."

Vasti revirou os olhos e passou por Adônis, indo para o carro dele.

- Para onde? - ele perguntou enquanto dava a partida no carro.

- The Royal Marsden - Vasti respondeu, sem olhar direito para o homem. Ele achou engraçado o mau-humor dela, porque ele estava muito contente de ter vencido pelo menos uma vez!

- É um bom hospital. Principalmente no combate ao câncer - Adônis falou e franziu a testa. Será que Vasti estava doente? - Vai visitar alguém?

- U-hum - ela respondeu novamente, sem olhar para ele.

- Quem?

Vasti o olhou, entortando a boca.

- Não acho que isso seja da sua conta, não é? - ela falou e Adônis segurou a língua para não lembrar a Vasti de que ela estava dentro do carro dele, pegando carona. Mas ele não o fez, afinal, ela estava ali no carro dele porque ele a atrapalhou de pegar o ônibus. De propósito. Então, ele não estava fazendo favores, ali.

Lembrar que, na noite anterior, ele precisou se aliviar duas vezes e nem um banho gelado o tinha ajudado, fez Adônis se sentir frustrado. Ele até mesmo foi para a casa dela, preparar café da manhã e ela estava ali, agindo como se ele fosse o inimigo dela!

"Nem a porra de um obrigado. Nem um pingo de apreciação!", ele reclamou internamente. "Mas você vai pagar, senhorita Phillips. Quando eu te colocar de quatro, você vai pagar caro! Começando com essa boquinha esperta!"

Ele se sentia fdesapontado porque não conseguia entender seus próprios motivos. O que ele via naquela mulher? Sim, ela era linda, tinha o corpo do jeito que ele gostava, não havia um só defeito nela! Mas mulheres bonitas ele já tinha visto muitas. E experimentado, também!

"Vai ver que o problema foi ela ter me rejeitado!", ele disse a si mesmo. Mas... ele não estava tão certo que, depois de tê-la uma vez, ele não iria querer de novo.

Quando ele mandou a mensagem para ela, sobre a cor da calcinha, ele não achou que ela não soubesse quem era ele. Heidi com certeza tinha passado os documentos para Vasti e, ali, tinha o número de celular dele. Ele ficou chocado quando ela, aparentemente, não tinha se aproveitado daquilo para adicioná-lo à lista telefônica do celular dela. Ele estava impressionado, na verdade.

Por esse motivo, ele sentiu que poderia se aproximar dela. Ela não parecia querer nada dele, a não ser o emprego - e uns beijos gostosos, mesmo que dissesse que não - Ela não tinha se insinuado para ele, apenas respondeu aos estímulos que ele provocou. Vasti Phillips não estava tentando se aproveitar dele.

Fazia tempo que Adônis não sentia essa confiança numa mulher. Principalmente depois do que tinha acontecido com Greta. Ele balançou a cabeça, para mandar aqueles pensamentos para longe. Pensar em Greta era péssimo.

Ele olhou para Vasti. Será que ela tinha um namorado e estava indo visitá-lo? Seria um enfermeiro? Um médico? Vasti era bonita demais para ser solteira. Seria esse o motivo de ela estar tão irritada com ele?

"Não, ela ia transar comigo... e ela é virgem? Quem é o idiota que namora uma deusa dessas e não faz nada com ela?"

- Você é solteira?