- Não – ele fala rápido – espera – ele se aproxima – isso precisa limpar melhor.
- Mais limpo que isso é impossível – eu falo para ele.
- Limpe novamente – ele joga a panela de volta no piá e sai andando.
Eu estou vendo que eu iria odiar ele com todas as minhas forças, que homem arrogante e ignorante. Eu pego a panela e vejo que não tem nada sujo, seco ela e coloco novamente no lugar. Depois de algumas horas vejo que tinha gente chegando pela porta da frente e as conversas rolavam no salão.
- Meu Deus, o que aconteceu com essa cozinha? – Uma garota ruiva pergunta entrando na cozinha – você é a funcionária nova que Sebastian contratou? – ela pergunta – Meu nome é Suzana.
- Oi, Melissa – eu sorrio.
- Seja bem-vinda – ela fala – você fez mágica aqui.
- Realmente esse lugar estava horrível – eu falo. – não consigo acreditar que alguém cozinha dessa forma.
- Ele deixa esse lugar assim todas as noites – ela fala – ele não é nada organizado, só trabalha aqui porque a irmã dele é a dona, se não – ela diz sorrindo – você é nova em Paris?
- Cheguei hoje – eu falo.
- Hoje? – ela questiona
- Sim – eu falo
- Meu Deus – ela diz – e como chegou aqui?
- Uma amiga me indicou o restaurante – eu falo – e aí encontrei o senhor simpático e ele me deu o emprego depois de muita insistência
- Não de bola para ele, ele é mal com a vida, não tem nada a ver com você – ela fala
- Você sabe de algum lugar barato que eu possa ficar? – eu pergunto – estou com medo de cair a noite e não ter onde dormir.
- Eu conheço uma pensão, vou ligar para lá ver se tem quarto e ai depois do expediente eu te levo – ela fala sorrindo.
- Obrigada – eu falo para ela.
Logo começa uma correria no salão e Sebastian volta com a roupa limpa e um avental limpo e uma touca na cabeça, ele começa organizar as suas coisas e os alimentos que ele ia usar e começo a perceber o que Suzana disse, ele não era nada organizado.
Ele ia fazendo os pratos conforme os pedidos vão chegando e eu vou organizando e limpando tudo e era difícil acompanhar ele, ele fazia tudo muito rápido e liberava os pratos.
- Me passa o tempero – ele fala mexendo na panela.
- Esse? – eu pergunto,
- Sim – ele fala
- Aqui – eu falo entregando para ele e deixo cair na sua roupa – me perdoe – ele me encara com um olhar reprovador.
- Naquele armário tem mais, busque – eu me viro para ir até o armário e pegar mais temperos e ele fala – cuidado, para não derrubar, não desperdiçamos comida aqui.
Deu vontade de responder que não desperdiça comida, mas deixa tudo uma porquice. Eu coloco o tempero novamente no pote e entrego para ele com todo cuidado sem deixar derrubar nada.
Eu e ele a gente se falou pouco durante o expediente, era uma hora da manhã e eu estava muito cansada, estava a tarde toda e a noite toda dentro da cozinha, sem comer nada, sem ir ao banheiro, sem beber água e muito menos se sentar. Eu estou terminando de limpar a louça da noite quando os outros funcionários se aproxima de Sebastian.
- Valeu que comida gostosa – vejo João o primo de Suzana falando.
- Uma delícia – Suzana fala.
Eu fico em silêncio lavando a louça.
- Melissa – Sebastian me chama e eu o encaro – pare um pouco e venha comer algo.
- Venha Melissa – Suzana fala
Eu seco as minhas mãos e me sento na mesa com eles e começo a comer o prato que Sebastian tinha me entregue, eu estava morrendo de fome.
- Eu consegui um quarto para você na pensão – Suzana fala – eu te levo até lá.
- Obrigada – eu falo para ela.
Sebastian sai para fora e eu o procuro, mas não encontro, precisava saber se eu poderia voltar amanhã e sobre o meu pagamento do dia de hoje, eu tinha pouco dinheiro. Mas não o encontro, encontro apenas um lugar com muito cigarros no chão, fumando dessa forma ele morreria em pouco tempo.
Suzana me leva até a pensão e Samuel e Catarina que era os donos me apresenta o quarto que ficaria, era um lugar pequeno, com uma cama, uma cômoda, uma mesinha e uma banheira no canto do quarto, uma porta com um vaso pequeno. A vista era bonita e se via a torre de longe, o prédio era bem antigo, mas a cama era confortável.