Eu compro uns pães e uns queijo e me sento na frente da torre para comer, eu ainda não sei o que realmente eu iria fazer aqui em Paris, de ontem para hoje eu fiquei tão cansada e feliz por ter conseguido o emprego, que eu ainda estou anestesiada com toda a situação, eu tentava não parar a minha mente para não surtar.
Eu fiquei um ano dentro de uma clínica sendo tratada como uma doente, sem notícias da minha amiga e escutando o tempo todo que eu era culpada por ela ter tentado se matar, eu jamais pedi para que ela se matasse, eu jamais pedi algo desse tipo, eu jamais queria que isso acontecesse.
Joana era minha melhor amiga, eu apenas queria o seu bem. Eu volto para a pensão e começo a mexer na minha mochila, eu tenho a caixinha que ela me deu junto comigo, eu abro e vejo a nossa foto, tinha uns cacos de vidros dentro. Eu suspiro e fecho a caixinha, guardando dentro da cômoda e deixando algumas lagrimas caírem.
Eu me arrumo com a minha roupa que ainda está meio úmida, mas já dava para usar e vou em direção ao bistrô.
Eu entro pela porta de trás encontrando Sebastian bebendo e fumando no lado de fora, ele está sentado paralisado olhando para o nada, eu me pergunto se era apenas isso que ele faz da vida dele?
- Boa tarde – eu falo e ele me encara.
- O que faz aqui? – ele pergunta.
- Eu achei que como você não me disse nada, eu poderia voltar para trabalhar hoje – eu falo para ele – mas, se você não gostou do meu trabalho, eu só preciso receber o meu dia de ontem.
- Ainda é cedo, o expediente começa em algumas horas – ele fala.
- Eu achei que deveria chegar no mesmo horário de ontem – eu falo.
- A cozinha está limpa hoje – ele resmunga.
- Que horas eu preciso vir? – eu pergunto para ele.
- As 18h – ele responde.
- Eu vou ficar cuidando o relógio da torre – eu falo.
- Você não tem celular? – ele questiona.
- Não – eu respondo. – eu volto daqui algumas horas – eu me viro.
- Você já almoçou? – ele pergunta e eu o encaro.
- Já comi algo, obrigada – eu falo.
- Eu fiz bastante comida – ele fala – você pode almoçar comigo.
- Eu e você? – eu pergunto para ele – obrigada, eu vou esperar lá fora.
- Por que não? Você me odeia tanto assim em 24 horas? -ele questiona.
- Não acho que a gente é uma boa companhia um para o outro – eu falo – até daqui a pouco – ele me encara.
Eu vou andar por Paris e começo a entrar em ruas e ruas e começo a ver que a cidade era muito bonita.
- Vem amiga – vejo duas meninas andando – vem, olha isso que lindo – ela chama amiga e a amiga vai até ela.
Eu continuo andando e respirando fundo.
- Melissa – Suzana me chama e eu olho para ela. – Ei, o que faz por aqui?
- Perdendo tempo até a hora de trabalhar – eu falo.
- Somos duas – ela fala. – Meu primo foi passar o dia com a namorada e fiquei sozinha.
- Vocês moram vocês dois aqui? – eu pergunto.
- Sim – ela fala – meu avô mora em um vilarejo na França – ela sorri – mas a gente estuda na parte da manhã, então procuramos um emprego para nos manter por aqui.
- É bom de trabalhar lá? – eu questiono.
- Heloisa quase não para no bistrô, deixa tudo nas mãos do irresponsável do Sebastian – ela fala. – Sebastian cuida do bistrô daquela forma, não está nem ai para nada. Não sei como a irmã dele confia tanto nele.
- Por que não deveria? – eu pergunto.
- Você não sabe quem ele é? – ela pergunta.
- Não – eu respondo.
- Sebastian foi o criador e era o vocalista da banda Snow – eu a encaro – fez sucesso alguns anos atrás no mundo todo.
- Já escutei falar – eu falo – quando eu era criança.
- Sim – ela fala – A vida dos três integrantes, era bebida, droga e mulheres, até que na saída de um show o carro que ele dirigia capotou e matou os seus dois colegas de banda, nunca mais ninguém viu Sebastian cantando. Ele se culpa pela morte dos amigos.
- Que horror – eu falo.
- Você não tem noção de como ele chegou no bistrô, eu também não tenho, só que Heloisa a irmã dele já falou como foi – ela fala – ela ficou com medo do irmão tirar a própria a vida, ele não era assim, ele era um menino alegre, de bem com a vida e agora virou esse homem frio, arrogante, de mal com a vida, só bebe e fuma. A comida dele é maravilhosa e é o que atraí o publico para o bistrô, só que ninguém sabe quem ele é.
- Talvez nem ele saiba – eu respondo a ela.
- Pode ser que seja isso mesmo – ela fala – ele não sabe mais quem ele é.
- E ele nunca mais cantou? – eu pergunto.
- Nunca mais pegou um violão na mão – ela fala – ele nunca mais se comportou como cantor e nunca fala do passado.
- Entendo – eu falo para ela – cada um tem seus traumas e ás vezes eles não são fáceis de conviver.
- Realmente é isso mesmo – ela fala. – Traumas – eu a encaro.
Vamos para o bistrô porque já era o horário e começo a organizar as coisas que Sebastian tinha organizado ontem para começar, quando ele chega e ver tudo arrumado, ele olha para as coisas e depois me encara, ele joga o cigarro fora e coloca a cartela de cigarro com o isqueiro em cima do armário no teto ao lado do fogão, tira do bolso um canil que tinha deveria ter bebida dentro.
- Seu salário será pago a cada quinze dias – ele fala – acho que não conversamos sobre isso – eu o encaro – 400 a cada 15 dias, está bom?
- Sim – eu respondo – é o suficiente.
- Perfeito – ele fala arrumando os ingredientes, cortando os ingredientes e colocando em recipientes limpos que eu tinha deixado sobre a bancada.
Era um corte de legumes e um gole de bebida e assim ele passava a noite toda, mal-humorado e xingando os pedidos que ele não entendia a letra, os clientes que vinha para o restaurante comer comida que poderia comer dentro de casa.
Ele passava a noite toda mal humorado, não falava muito e eu nunca vi ele abrindo um sorriso, ele era uma pessoa bem difícil de conviver , deveria ser difícil para todos aos eu redor conviver com ele, entender ele , já que ele não dá abertura para nada.