O preço do Amor
img img O preço do Amor img Capítulo 3 Um homem perigoso
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Capítulo 6 A boa senhora img
Capítulo 7 Estágio ameaçado img
Capítulo 8 Preparação para o coquetel img
Capítulo 9 Caixinha de surpresas img
Capítulo 10 Nem todas são Cinderelas img
Capítulo 11 A venenosa companheira de apartamento img
Capítulo 12 Uma nova inimiga img
Capítulo 13 Entre a cruz e a espada img
Capítulo 14 O aviso de Giulietta Pallot img
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Capítulo 3 Um homem perigoso

Eliza acordou na manhã seguinte com o barulho insistente do despertador gritando em seu ouvido como se dissesse: "Levante-se, preguiçosa! Hora de acordar!"

A fim de se livrar do som insuportável do aparelho, ela tateou a mesinha de cabeceira buscando encontrá-lo. Eliza conseguiu, mas a sorte era fugaz como uma raposa e em um único descuido o despertador se vingou dela fazendo-a derrubar o celular e os livros de cabeceira no chão.

Como nem tudo é perfeito, há um velho ditado que diz que a pressa é inimiga da perfeição; em outras palavras, Newton tinha razão em sua análise: toda ação gera uma reação. Eliza recebeu a dela.

Conformada de que não começaria o dia com o pé direito, ela rolou desanimada para fora da cama. Finalmente desperta, ela rapidamente recolheu seu celular do chão – ou o que restou dele – e correu para o banheiro.

Em menos de meia hora, ela já estava na cozinha preparando seu desjejum. Depois de preparar pães, ovos e frutas, ela sentou-se e comeu, e como todos os dias, ela era a única ocupante da mesa, pois Lúcia sempre acordava muito tarde e Mirella, a essa hora, ainda estava no hospital para mais um exaustivo plantão.

Como tudo naquela manhã parecia conspirar contra si – para seu desgosto – Lúcia deixou algumas tigelas sujas da noite anterior espalhadas pela pia. Definitivamente sua colega de quarto não tinha a menor vocação para as tarefas domésticas. Eliza não a culpava, no entanto, pois os pais de Lúcia a criaram como uma verdadeira boneca de porcelana. Inevitavelmente, Lúcia era uma garota mimada cujo caráter egocêntrico foi moldado desde a infância. Culpa dos pais? Talvez. Não dava para apontar o transgressor, porque ao contrário dela, Eliza vinha de uma família pobre onde as tarefas domésticas eram divididas entre ela e sua mãe.

Ao analisar novamente aquela bagunça, ela olhou para o relógio e constatou que não teria muito tempo à sua disposição, o que significava que, se Mirella não lavasse a louça ao chegar em casa ela permaneceria no mesmo lugar esperando por ela, já que Lúcia dificilmente limparia a sua própria bagunça. Chateada, Eliza decidiu aliviar as responsabilidades de Lúcia - mesmo que sua amiga não merecesse.

Assim que a sujeira na pia foi resolvida, ela saiu correndo em direção ao quarto no intuito de arrumar-se o mais rápido possível - estava fora de cogitação chegar atrasada no seu segundo dia de trabalho.

De volta a seu "esconderijo" como Lúcia bem lembrava, ela maquiou-se casualmente e ficou surpresa com o resultado que obteve. Diante do espelho, ela visualizou a imagem de uma jovem confiante e segura de si: uma mulher linda e sensual, muito diferente da jovem retraída e tímida do dia anterior.

Naquela manhã, Eliza optou por uma camisa gola alta de seda estampada, pantalonas pretas e blazer bege de corte reto e retrô; tudo suave e harmonioso. Perfeito! Ela prendeu o cabelo em um coque alto e deixou algumas mechas soltas para emoldurar o seu rosto gracioso. O resultado final foi melhor do que o esperado e ela contemplou o nascimento de uma nova mulher. De fato, a maquiagem a deixou mais adulta, mais sofisticada. Ela normalmente não usava maquiagem, contudo, o seu estágio atual exigia dela uma postura profissional e boa aparência.

Satisfeita com sua imagem, calçou sandálias de salto alto, pegou a bolsa a tira colo e saiu.

Quando Eliza chegou à galeria, percebeu que seu dia desafortunado estava apenas começando, e isso se confirmou quando a secretária de Giulietta Pallot a cumprimentou com um humor taciturno mais perigoso que um tsunami.

- Bom dia, signora Vittoria, alguma instrução para hoje?

- Como estagiária é seu deve conhecer sua função dentro desta empresa, não o meu.

- Eu só pensei que - Eliza tentou justificar-se, porém, antes que tivesse tempo de terminar seu raciocínio, Vittoria a interrompeu bruscamente.

- Você não é paga para pensar e sim para agir. - Com cara de poucos amigos, bradou. - Agora, vá encontrar algo para fazer e saia da minha frente!

- Desculpe-me.

- Pare de se desculpar. - Impaciente, a secretária alertou-a. - Eu já disse: desapareça da minha frente.

Diante dessa tremenda grosseria e falta de educação, Eliza agradeceu-a gentilmente e dirigiu-se para o salão de exposições como se nada tivesse acontecido. Ela já havia percebido que a sua presença na empresa incomodava Vittoria.

A princípio, ela até considerou a possibilidade de estar errada em seu julgamento, mas com todas as respostas agressivas que recebeu até agora, isso só vinha confirmar o óbvio: Vittoria não a suportava. Aliás, suportar era uma boa palavra em comparação a alguém que praticamente te odeia. Por isso, em meio aos avisos sólidos da secretária, Eliza achou mais conveniente manter-se longe, pois aquele tipo de pessoa costumava ser traiçoeira.

De qualquer forma, mesmo com a desagradável recepção, ela decidiu esquecer o ocorrido e procurou concentrar-se no trabalho. Eliza estava tão absorta em sua tarefa que não viu a figura de Giulio aparecer no corredor; ela só ficou ciente da presença dele, quando uma voz rouca soou um tanto cínica ao pé do seu ouvido.

- Ora, ora, signorina Villar, tudo isso é para impressionar-me?

Quando as palavras dele chegaram aos ouvidos dela, ela sentiu o estômago revirar. De alguma forma, o tom audacioso de Giulio mexeu com os instintos de proteção dela e lembrou-lhe velhas memórias.

Relutante, ela virou-se e o encarou. Controlando o tremor que começou a percorrer o seu corpo, ela respondeu-lhe o mais natural possível.

- Desculpe, acredito que não entendi a sua pergunta. Estás insinuando que eu...

Nesse momento, Giulio encurtou a distância entre os dois e disse com arrogância.

- Não fui claro o suficiente, querida? Pensei que fosse uma garota esperta para entender minha intenção.

- Lamento desapontá-lo senhor Vallone, mas não costumo me vestir para os outros. Muito menos para você. - Retrucou indignada.

- Assim fico mais aliviado, signorina. Tenho certeza de que você pelada é muito mais bonita. - Disse-lhe sem meias-palavras.

- Seu insolente! Como você ousa?! - Ela bradou consternada e acrescentou. - Com quem pensas que está falando?

O olhar visivelmente surpreso de Giulio chocou Eliza e ela percebeu que tinha ido longe demais ao afrontá-lo; ele provavelmente era uma pessoa influente e muito querida pela signora Pallot, o que não seria de bom-tom ofendê-lo. Diante desse fato, ela sentiu-se obrigada a consertar a situação e, mesmo sentindo-se ofendida, foi forçada a engolir a humilhação e desculpar-se.

Envergonhada, disse.

- Sinto muito, signore. Eu não tive a intenção de ofendê-lo.

- Assim é bem melhor, signorina Villar. Seria uma pena se Giulietta soubesse que você maltratou um cliente precioso. - Ele falou sensualmente arqueando as sobrancelhas e puxando levemente os lábios. - Felizmente para você, sou um homem generoso e perdoarei a sua insolência.

"Estúpido" Ela pensou mordendo o lábio em nojo. Odiava aquele tipo de homem, ainda mais ele, por estar importunando-a no seu local de trabalho. Se Giulio não fosse um amigo íntimo de Giulietta ela já o teria mandado a ver navios.

Contudo, como queria manter um bom relacionamento com sua chefe e clientes, ela pediu-lhe.

- Mais uma vez, sinto muito. Garanto-lhe que isso nunca mais voltará a acontecer.

- Espero que sim, garota. - Ele a advertiu sério e acrescentou. - Lembre-se de manter-se no seu lugar.

Uma coisa ficou clara para ela: Giulio Vallone era perigoso. Um homem lindo e perigoso.

            
            

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