ÓDIO E DESEJO
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Capítulo 4 -4

NARRAÇÃO MANUELA

Olho para Alexandre e sei que a coisa esta piorando. Não escuto mais o barulho dos motores e sinto o jatinho caindo. Ele tenta nos manter firmes no céu, mas sei que estamos caindo e é o nosso fim.

- Me desculpe!

Sussurro encarando o homem preocupado e absurdamente lindo ao meu lado.

- Pelo que? Tenho uma lista longa pra você se desculpar.

Nem nessas horas perde o humor sombrio dele. Tento não sorrir, mas é impossível.

- Só vou me desculpar por dizer que as pessoas te odeiam, o resto mantenho. Principalmente a parte que te culpa por essa merda toda.

Os barulhos aumentam e tudo começa a apitar, me dando desespero. É o fim... Acabou... Meus sonhos e desejos todos acabam aqui. Fecho meus olhos esperando que pelo menos seja rápido e sem dor.

- Uma ilha...

Alexandre grita e quando abro meus olhos, vejo no radar um pequeno ponto.

- Consegue descer nela?

- Vai ser difícil, mas posso tentar.

- Então nos salve, Alexandre.

Esta nervoso, posso ver pela sua expressão. Os olhos piscando nervosos e as mãos inquietas.

- Vieira..

Toco seu braço e ele me olha.

- Pela primeira vez desde que te conheci, estou confiante em você.

Seus olhos estão vidrados nos meus.

- Eu sei que pode. Então se acalme e faça o seu melhor.

Respira fundo e volta os olhos para suas mãos.

- Aperta seu cinto, o impacto vai ser grande.

Faço o que ele pede e me encolho na poltrona. Abraço minhas pernas e faço uma oração interna, pedindo que não seja o nosso fim. Vejo pelo vidro a ilha surgir.

- Ela é muito fechada. Muitas árvores.

Alexandre diz olhando a ilha também.

- Vamos nos chocar com algumas delas.

- O importante é estar no chão e bem.

- Sim...

Quanto mais próximo do chão, mais nossos corpos tremem e o jatinho balança.

- É agora... Se segura Manuela.

Fecho meus olhos e seguro firme o cinto. Tudo acontece em segundos. O impacto com o chão, lançando meu corpo para todos os lados. Vidros e objetos batendo em meu corpo e tudo dói. Então tudo para. Escuto o som da minha respiração ofegante se misturando com o som da mata. Estou viva! Abro meus olhos e vejo galhos que entraram na cabine pelo vidro da frente. Encaro meus braços com leves cortes.

- Alexandre, estamos vivos!

Grito e olho para ele.

- Oh merda!

Solto meu sinto desesperada ao ver Alexandre desacordado e com um galho dentro de seu ombro.

- Alexandre!

Salto da poltrona e sigo até ele. Seu rosto esta todo machucado e suas mãos cortadas.

- Abra os olhos!

Peço e ele não se move ou resmunga. Verifico sua pulsação e esta vivo. O galho em seu ombro é pequeno e não atingiu nada, graças a Deus. Passo a mão em seu rosto, sem saber ao certo o que fazer. Deve existir alguma maleta de primeiros socorros. Vasculho a cabine e depois o resto do jatinho. Encontro a maleta perto do banheiro. Volto para a cabine e abro a maleta. Não tem muita coisa pra ajudar, mas vai ser suficiente. Primeiro separo algumas gases e a toalha que peguei no banheiro. Abro o álcool e deixo do lado. Seguro seu ombro com uma mão e com a outra o galho. A merda do galho é pequeno, mas sei que vai doer pra caralho.

- Me desculpe por isso.

Puxo o galho com tudo e ele grita. Jogo o galho longe e tento acalma-lo. Colo minha testa na dele e cubro seu ferimento com minha mão.

- Calma!

Abraço ele forte.

- Calma!

Seus gritos vão diminuindo. Não acordou ainda, mesmo com a dor. Me afasto e vejo minha mão cheia de sangue. Tiro minha mão de seu ferimento e começo a rasgar a camisa dele abrindo para ver como esta. Verifico se tem alguma coisa dentro e limpo com álcool. Ele reclama muito e geme. Limpo com a toalha a ferida e tento cobri-la com as gases. Prendo com um esparadrapo, mas acho que não será o bastante. Começo a limpar seu rosto e suas mãos. Os cortes são pequenos e simples. Preciso tira-lo dessa poltrona.

- Alexandre!

Aliso seu rosto, tentando acorda-lo.

- Preciso que abra os olhos.

Solto seu cinto e seus olhos se abrem um pouco.

- Vamos para outro lugar.

Pisca algumas vezes e volta a fecha-los.

- Merda!

Ando até o meio do jatinho e inclino uma poltrona. Ela quase vira uma cama. Volto e o vejo ainda desacordado. Isso vai ser difícil. Jogo seu braço bom sobre meu ombro e encaixo seu corpo no meu.

- Alexandre!

Grito e ele abre os olhos.

- Preciso que se levante.

Ele tenta, mas ainda sim não consegue.

- Eu te ajudo. Anda!

O puxo para cima e seu corpo cai no meu.

- Você é muito pesado.

Resmungo nos arrastando até a poltrona que arrumei. O deito com dificuldade e ele grita de dor. Acho uma coberta e o cubro. Tiro seus sapatos e o encaro na poltrona.

- Estamos vivos, mas onde?

Respiro fundo e busco o resto da maleta para limpar meus ferimentos. No banheiro posso ver melhor os cortes.

- Um banho agora seria o paraíso.

Volto para o lado de Alexandre que ainda está desacordado.

- Meu celular.

Corro até a cabine e procuro por ele no chão, em meio aos vidros e folhas.

- Aqui!

Destravo e para meu desespero esta sem sinal. Estamos no meio do nada, sem comunicação. Olho para o painel e não vejo nada piscando ou funcionando.

*************

Me sento na poltrona ao lado de Alexandre. Olho seu ferimento e verifico se esta bem. Preciso da minha mala. Vou até ela e abro. Olho tudo que Lilian separou e encontro uma foto minha e do meu pai. Ela sempre faz isso. Sempre que viajo, ela coloca uma foto nossa para que eu me lembre dele e volte logo. Não consigo evitar o choro. Não sei se dessa vez irei voltar. Levo a foto ao meu peito e a saudade já aperta. Nessas horas que o arrependimento das coisas não ditas são as piores. Devia ter dito mais vezes que o amava. Guardo a foto e separo uma nova roupa para mim. Uma bermuda e uma blusinha. Olho para Alexandre que ainda esta desacordado. Tiro meus sapatos e minhas calça jeans. Algumas manchas estão aparecendo em minhas pernas por causa das coisas que bateram em meu corpo na queda. Tiro minha camisa e limpo algumas sujeiras. Coloco minha bermuda e quando pego a blusinha, sua voz surge.

- Você me deve sua vida, uma conta milionária e muitas outras coisas.

Me viro e ele esta me olhando. Um sorriso safado encarando meu corpo. Fico feliz que esteja acordado, mesmo que com o seu lado idiota de volta. Coloco a blusinha correndo e ando até ele.

- Má ideia dever alguma coisa ao diabo.

Ele começa a rir e para com dor.

- Me chamou de diabo?

- Isso não foi bom, né?!?!?! O diabo não merece ser comparado a você.

- Você continua a mesma.

Me inclino e beijo seu rosto.

- Obrigada por nos salvar.

            
            

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