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- Millie! - Eu gritei sem me levantar da minha mesa.
Minha assistente correu para o escritório. - Sim, Sr. BlackWood?
- Eu preciso iniciar um novo comitê.
As sobrancelhas dela se uniram. Eu evitava comitês como praga, e aqui estava eu, lhe dizendo que queria criar um. - Ok... que tipo de comitê e quem estará envolvido?
Eu balancei minha cabeça e resmunguei a resposta. - O foco do grupo é melhorar o local de trabalho para as mulheres.
As sobrancelhas de Millie arquearam.
Sim. Eu sei. Eu também estou chocado.
- Tudo bem... - ela disse hesitante, como se estivesse esperando o final da piada. - Você já escolheu os membros do comitê?
Eu acenei minha mão. - Consiga um monte de mulheres. Eu não ligo para quem elas sejam. E talvez minha irmã Kate. Ela adora ter reuniões.
- Você não se importa quem sejam as mulheres no comitê?
- Não. - Eu peguei uma pilha de papéis e os embaralhei, tentando ser casual. - Talvez convide Sophia Miller para fazer parte disso.
- Sophia? A mulher que lhe enviou as flores decapitadas?
Bem, quando ela colocava dessa forma, parecia um pouco maluco criar um comitê do nada e convidar alguém que cortou as cabeças das flores caras que lhe enviei, e saiu do nosso almoço antes mesmo de pedirmos.
Suspirei. - Sim, ela.
- Quando você gostaria que eu...
- Em breve.
- Você tem uma data em mente para a primeira reunião deste comitê?
- Merda mulher. Eu não sei. Você deve saber melhor do que eu. Organize algo.
Millie parecia estar a segundos de se aproximar e sentir minha testa para ver se eu estava com febre.
Talvez fosse isso. Talvez eu estivesse doente em vez de louco? É melhor que seja um ou outro. Passei a mão pelo meu cabelo. Um comitê de iniciativas femininas? Eu queria fazer parte disso quase tanto quanto queria que alguém agarrasse minhas bolas e torcesse. No entanto, aqui estava eu, aparentemente liderando o grupo.
Que porra é essa?
Sophia Miller. Essa é a porra. Em toda a minha vida, nunca tive que sair do meu caminho para conversar com uma mulher, mas essa mulher me fez ligar para verificar como estava indo o seu dia e depois inventar uma porra de um comitê quando ela perguntou o motivo da minha ligação. Estresse, muito trabalho, não estava inteiramente descartado a possibilidade de eu estar passando por um colapso.
Enquanto eu debatia uma rápida consulta com um terapeuta, minha assistente ainda estava no meu escritório, olhando para mim como se eu tivesse duas cabeças. Peguei um arquivo e olhei fixamente para ela.
- Você precisa de mais alguma coisa minha para começar?
- Umm... Não, acho que não.
- Bom. Então isso é tudo.
Millie parou na minha porta e se virou. - A correspondência chegou. Gostaria das cartas de hoje...
- Jogue fora, - eu rosnei.
- Eu farei isso. E não se esqueça da sessão de fotos hoje à noite.
O olhar confuso no meu rosto lhe disse que eu não tinha ideia do que ela estava falando, então ela preencheu os espaços em branco.
- Você tem uma entrevista e uma sessão de fotos para a revista Today's Entrepreneur. Foi agendado há alguns meses e está na sua agenda.
Merda. Sessões de fotos e entrevistas, estavam lá no topo da minha lista de porcaria que eu não tinha interesse em fazer parte, junto com comitês de mulheres no local de trabalho. - Que horas?
- Quatro e meia. No Leilani.
Eu olhei para o meu relógio. Ótimo. Eu tinha uma hora para terminar seis horas de trabalho.
***
Meia dúzia de pessoas já estava sentada no cais em frente ao Leilani quando estacionei na marina. Eram quatro e meia, em ponto. Eles devem ter chegado cedo.
Uma ruiva de aparência familiar sorriu quando me aproximei.
- Sr. BlackWood. Amanda Cadet. - Ela estendeu a mão para mim. - É tão bom vê-lo novamente.
Novamente. Bem, isso explica por que ela parece familiar. Embora eu não tivesse ideia de onde nos conhecemos. Provavelmente alguma função da indústria. - Você também. Por favor, me chame de Grant.
- Tudo bem. E, por favor, me chame de Amanda.
Olhei em volta para uma carga de equipamentos. - Você está se mudando?
Ela riu. - Trouxemos muitos equipamentos de câmera e vídeo, porque não tínhamos certeza da configuração. Por garantia, também trouxemos alguns adereços e fundos de tela. Embora possamos obviamente colocar tudo isso de volta no caminhão. - Ela se virou para olhar meu barco. - Este veleiro é impressionante e o cenário é melhor do que qualquer cenário de filme.
- Obrigado. Era do meu avô. O primeiro veleiro que ele construiu em 1965.
- Bem, você poderia ter me dito que era novo em folha.
Eu balancei a cabeça em direção ao Leilani May. - Por que eu não lhe mostro, e você pode decidir onde sua equipe quer se instalar.
Eu dei a Amanda um tour rápido. O veleiro de dezoito metros era um colírio para os olhos, mesmo para não velejadores. Casco azul marinho, madeira de teca polida, estofados creme, cozinha em aço inoxidável, uma cabine titular mais luxuosa que a maioria dos apartamentos, e três cabines de hóspedes faziam com que parecesse mais um anúncio da Vineyard Vines do que um veleiro de sessenta anos.
- Então, o que você acha? Onde devemos fazer isso?
- Honestamente, em qualquer lugar seria uma ótima foto. O barco é lindo. - Ela levou uma unha pintada ao lábio inferior, chamando minha atenção. - E o assunto é impecável. Esta capa vai atrair grandes números.
Amanda Cadet era atraente, e ela sabia disso. Ela também sabia como usar isso para conseguir o que queria. Embora o que ela achava que receberia de mim, uma história com alguma revelação importante ou minha boca entre suas pernas, não aconteceria. Porque negócios e prazer não se misturam. Eu quase ri desse pensamento depois do jeito que vinha agindo em torno da Srta. Aruba Peitos.
Estendi minha mão para indicar que ela deveria sair da cabine na frente. - Por que não ficamos no convés traseiro e nos instalamos no lado esquerdo com a marina ao fundo?
- Isso parece perfeito.
Eu posei para fotos por quase uma hora, odiando cada momento, mas mantendo meu desprezo para mim mesmo. Quando tinham fotos suficientes para revestir as paredes do meu escritório, Amanda disse a todos para recolher.
- Você quer que eu grave a entrevista? - Perguntou o cinegrafista.
O artigo que ela estava montando era para impressão, mas não era incomum gravar a sessão para que o repórter pudesse rever e ouvir as coisas que haviam perdido em suas anotações.
Os olhos de Amanda passaram por mim. - Não, tudo bem. Eu acho que cuidarei disto sozinha.
Depois que a equipe partiu, sentamos sozinhos no convés traseiro.
- Então, com que frequência você vem aqui velejar? Meu irmão é um cirurgião ortopédico com um Carver de quinze metros na Baía de San Diego. Acho que ele usou duas vezes no ano passado.
A resposta verdadeira a essa pergunta era todo maldito dia. Mas eu preferia manter minha vida privada em particular. O fato de eu morar no Leilani May não era da sua conta e, definitivamente, não era algo que eu pretendia compartilhar com seus leitores.
Eu balancei a cabeça como se pudesse compreender o irmão dela. - Não o suficiente.
- Eu amo que você ainda tenha o primeiro barco do seu avô. Eu acho que as coisas que um homem mantém diz muito sobre ele.
Se ela soubesse a metade disso. - Este barco construiu a empresa da minha família.
- Como assim?
- Esse foi seu primeiro modelo e ele o usou para receber os pedidos iniciais da BlackWood Craft Yachts. Trinta anos mais tarde, BlackWood Craft tornou-se pública, e minha família usou os recursos para expandir em diferentes empresas relacionadas ao entretenimento. Meu pai começou uma revista de esportes e meu avô comprou mais algumas publicações. Eventualmente, isso levou à compra de uma estação de notícias e uma cadeia de cinemas. Portanto, sem este barco, você não estaria interessada em me entrevistar hoje.
Ela deu um sorriso irônico. - Algo me diz que eu estaria interessada em entrevistá-lo sendo o CEO de uma das 100 maiores empresas em crescimento na América, ou se seu trabalho fosse limpar esse barco.
- Eu não sou tão interessante.
- Humilde também, hein? Eu gosto disso. - Ela piscou. - Conteme sobre a fundação de sua família. Sua mãe começou, correto?
- Correto. Chama-se Pia's Place. Minha mãe foi colocada no sistema de assistência social por causa de abuso quando tinha cinco anos. Ela se mudava muito, então era difícil manter o mesmo terapeuta por muito tempo. Ela tinha um conselheiro diferente todos os anos no Serviço de Proteção a Criança, porque essas pessoas são mal pagas e sobrecarregadas, por isso tende a ser uma porta giratória. Ela sempre se sentiu diferente das outras crianças na escola, a maioria das quais não sabia o que era assistência social. Portanto, era difícil se conectar com alguém que entendia o que ela estava passando. O Pia's Place é como um programa de irmão mais velho para filhos adotivos, exceto que todos os irmãos e irmãs mais velhos são filhos adotivos, então podem realmente se conectar com as crianças as quais foram designados. A fundação treina os voluntários e cobre o custo de todos os seus passeios, refeições e entretenimento quando eles passam algum tempo com sua irmã ou irmão mais novo. Também paga uma parte dos empréstimos estudantis que os voluntários têm ou os ajuda a pagar por uma educação universitária.
- Isso é incrível.
Era incrível, e isso porque minha mãe era uma pessoa muito especial. Mas toda essa merda estava prontamente disponível online. Então, se isso era novidade para Amanda, ela não tinha feito sua lição de casa.
Eu sorri. - Minha mãe nunca se esqueceu de onde ela veio.
- E você e suas duas irmãs foram adotados de um orfanato, certo?
Eu assenti. Mais coisas que qualquer pessoa com acesso ao Google poderia encontrar em dois minutos. - Está certo. Meus pais se tornaram pais adotivos quando eu tinha cinco anos. Fui o primeiro e depois minha irmã Kate e depois Jillian. Estávamos todos originalmente em lares adotivos. Minha mãe continuou a acolhendo crianças até ficar doente.
- Sinto muito por sua perda.
- Obrigado.
- E você tem um irmãozinho? Quero dizer, no programa. Eu sei que você não tem um de verdade.
- Eu tenho. Ele tem onze anos, fará no dia vinte. Minhas irmãs também estão envolvidas.
Ela sorriu. - Qual o nome dele?
Finalmente, uma pergunta de sondagem. Embora eu não estivesse prestes a lhe dar o nome de Leo. Os relacionamentos entre irmãos mais velhos e as crianças eram privados, especialmente o meu e o confuso de Leo. - Prefiro não divulgar nada sobre crianças que fazem parte do programa.
- Oh. Certo. Sim. Compreendo. Eles são menores. Eu não pensei nisso.
Durante há próxima meia hora, falamos sobre mais coisas que a ajudariam a encontrar a direção para o artigo que ela ia escrever – quem dirige o que na BlackWood Industries, quão bem a empresa está indo, e a direção que eu gostaria de levar as coisas nos próximos anos. Então ela tentou fazer algumas perguntas pessoais.
- Você é solteiro?
Eu balancei a cabeça. - Eu sou.
- Não existe alguém especial para velejar no fim de semana neste lindo barco?
- Não no momento.
Ela inclinou a cabeça. - Isso é uma pena.
Meu telefone começou a tocar. Eu olhei para baixo. - É do escritório. Por favor, desculpe-me por um momento.
- Claro.
Eu atendi, sabendo muito bem quem estaria na linha e dei alguns passos para longe de Amanda.
- Olá, Sr. BlackWood. É Millie, e estou prestes a encerrar o expediente. É praticamente seis horas. Você queria que eu ligasse e avisasse quando fosse seis.
- Sim, isso é ótimo. Obrigado.
Eu segurei o telefone no ouvido por um minuto depois que minha assistente desligou e depois voltei para a minha entrevistadora. - Desculpe. Eu tenho uma ligação do exterior que preciso atender em alguns minutos. Você acha que podemos terminar?
- Oh. Claro. Não tem problema. - Ela se levantou. - Acho que tenho tudo o que preciso agora, de qualquer maneira.
Vai ser um artigo muito chato. - Ótimo. Obrigado.
Amanda pegou o bloco de notas e pegou um cartão de visita na bolsa. Escrevendo algo no verso, ela estendeu para mim com uma inclinação de cabeça. - Eu escrevi o número da minha casa no cartão.
- Ela sorriu. - Adoro velejar.
Eu sorri de volta como se estivesse lisonjeado. - Vou ter isso em mente na próxima vez que sair. - O que provavelmente não acontecerá tão cedo... considerando que o barco não se moveu da doca em quase uma década.
Oferecendo a mão, ajudei a Amanda a saltar para o cais.
Ela ajeitou a alça da bolsa no ombro e olhou para o nome pintado em dourado na parte de trás do casco azul marinho. - Leilani May, - disse ela. - Em homenagem a quem o barco foi nomeado?
Eu pisquei. - Desculpe. A entrevista acabou.