Usando o pouco de sanidade que me resta perto da Natália, saio de cima de seu corpo.
- Amo... e isso não devia acontecer.
Olho em volta um pouco constrangido.
- Eu não devia saber como é seu corpo e muito menos você saber como é o meu.
- Corpos nus não é um crime.
Olho pra ela que se senta na cama.
- Crime seria usá-los juntos.
Sorri e vem se arrastando para sair da cama.
- Na verdade...
Sai da cama e fica na minha frente.
- Crime é você comer o satanás cuspidor de fogo e achar bom.
Joga a cabeça para trás e solta uma gargalhada alta.
- Pretinho deve passar fome.
Bate em meu peito e vai andando em direção ao banheiro do quarto.
- Vou tomar um banho.
Para de andar e vira apenas a cabeça sobre seu ombro, para me olhar. Ela é linda de costas. Na verdade ela é linda de todos os lados.
- Quer vir junto?
Não respondo. Na verdade isso nem merece uma resposta. Essa tentação tá me matando. Vejo seus olhos percorrerem meu corpo.
- Ele quer tomar banho comigo.
Olho para baixo e vejo meu membro mais do que duro. Parece que está tentando fugir do meu corpo para ir tomar banho com ela.
- Vou deixar a porta aberta, caso queira se unir a mim no banho. Olhar não é pecado pretinho, lembre-se disso.
Entra no banheiro me deixando excitado e agoniado para ir junto tomar banho. Ando de um lado para o outro no quarto, escuto o som do chuveiro ligando. Minha mente já imagina a água batendo em seu corpo e minha respiração acelera. Passo as mãos em meus cabelos, tentando controlar a vontade de tocá-la. Isso é tortura! Preciso ficar longe da minha cunhada, muito longe. Ando em direção a porta do banheiro e paro. Posso ouvir a voz suave e doce dela cantando. Natália tem uma linda voz. Encosto no batente da porta.
- Abre a porta que fica melhor pra me espiar.
Diz ao parar de cantar.
- Não estou vendo nada. Só queria conversar e saber realmente o que houve ontem.
- Você bebeu, fez um show no meio da rua pra pretinha aqui e depois me trouxe pra sua casa.
- Tem mais coisa nessa história?
- Sim... Você não sabe dançar. Tem dois pés esquerdos.
Cubro meu rosto com uma mão, envergonhado. Não acredito que tentei dançar. Sou péssimo e Eliana nunca tenta me ensinar. Diz que quem nasceu torto, nunca vai se endireitar e sou bem torto dançando.
- Você quer detalhes de tudo?
- Sim...
Respondo Natália e escuto o chuveiro desligar. Espero na porta e em pouco tempo ela se abre. Natália sai com o cabelo preso em um coque e minha toalha enrolada no corpo.
- Certo!
Passa por mim e vai para perto de uma cadeira no quarto, onde estão nossas roupas. Solta a toalha e começa a se secar. Vou para a cama e me sento nela, cobrindo minha, ainda ereção, com o travesseiro.
- Você começou a beber a tequila para me fazer perguntas.
- Isso eu me lembro.
- Se lembra das perguntas?
- Me lembro das três ou quatro que fiz.
- Você me fez vinte perguntas.
Meus olhos se arregalam.
- Você respondeu todas?
- Sim...
Que merda! Não me lembro de nenhuma resposta.
- Até a safada.
- Fiz uma pergunta safada?
- Sim...
- Qual?
Natália sorri colocando a calcinha. Uma minúscula calcinha, diria.
- Vou guarda-la pra mim.
Pisca e pega o vestido.
- Você bebeu a garrafa toda praticamente sozinho. Depois ficou resmungando que minha irmã ia te matar. Tive pena e decidi te tirar da bebedeira.
- Foi quando saímos do bar e você filmou aquilo?
- Aquilo e muito mais.
Ajeita o vestido no corpo e solta seu cabelo, que cai perfeitamente por seus ombros.
- Vai tomar banho que vou fazer o café. Depois conto o resto.
A vejo sair do quarto e relaxo o corpo. Não sei o que ela tem que mexe tanto comigo. Me levanto e vou para o banheiro.
********************
Já tomado banho e com roupas, saio do quarto. O cheiro bom de panquecas me faz sorrir. Faz tempo que não como panquecas. Entro na cozinha e vejo Natália arrumando nossos lugares na mesa. Ela tirou meus processos da mesa e os colocou com cuidado no balcão.
- Vocês vão morar aqui na sua casa, depois do casamento?
Natália pergunta se sentando em uma das cadeiras. Imagino que sua pergunta tenha vindo, por causa dos presentes que chegaram e ocupam minha sala.
- Sim...
- Eliana não quis tornar a casa a cara dela?
- Nossa casa está em construção. Eliana vai decorá-la quando estiver pronta. Vamos morar aqui até ficar pronta.
- Entendi!
- Ela odeia essa casa.
Digo dando de ombros e me sento ao seu lado. Vejo panquecas, ovos e bacon, para mim e para ela.
- Sua irmã nunca comeria bacon. Ela diz que vai tudo pra bunda e que não quer ficar com uma bunda enorme.
Natália pega um bacon e o morde gemendo. Revira os olhos de prazer.
- Por que acha que ela é o satanás cuspidor de fogo? Falta de bacon na bunda.
Nós dois estamos rindo.
- Ela se priva das melhores coisas da vida.
Começo a comer as panquecas.
- Continua...
Peço enfiando o bacon na boca.
- Te enfiei no carro e você veio capotado.
- Como sabia onde morava?
- Teobaldo me disse o endereço e me contou que você deixa a porta da cozinha aberta, porque sempre esquece a chave no escritório.
- Teobaldo bocudo.
Digo sorrindo e bebo um gole de café.
- Graças a ele estamos aqui dentro e não no carro. Você esqueceu sua chave de casa no escritório.
Natália limpa a boca e bebe o café.
- Como fiquei nu?
Natália vira o corpo na cadeira para mim.
- Você saiu do carro passando muito mal. Não passou da cozinha e já vomitou.
- Merda!
Olho o chão da cozinha e não vejo nada. Limpei ontem a noite.
- Você limpou meu vomito?
- Sim... Foi logo depois de te colocar na cama.
- Você tirou minha roupa?
- Sim... Te limpei também. Queria te dar um banho, mas você não estava se aguentando em pé.
- Tirou minha roupa e me deixou nu?
- Você não me deixou colocar a calça do pijama.
Agora ela ri na minha cara.
- Ficou segurando seu membro, dizendo que sua chibata precisava me punir. Disse que fui uma pretinha má te levando pra liberdade.
- Oh meu Deus! Eu queria te dar uma surra com o meu pau?
- Sim... Depois capotou segurando-o retinho. Tem uma foto caso queira ver.
- Meu Deus! Você tem um arquivo no seu celular só comigo fazendo merda.
- Sim... Uma pasta com senha só com suas loucuras. A pasta se chama "pretinho da chibata".
Juro que não quero rir, mas é impossível.
- Como você foi parar nua na minha cama?
- Você dormiu e tirei minha roupa para não suja-la ao limpar o vomito. Limpei tudo e fui no quarto ver se estava vivo.
Me viro de frente pra ela.
- Quando te toquei para ver se respirava, agarrou minha mão. De olhos fechados me pediu para ficar com você. Para não te deixar sozinho. Me deitei ao seu lado e você me agarrou, enfiando o rosto em meu peito.
Fico calado sem saber o que dizer. Estive no meio dos seios dela e nem me lembro.
- Dormiu e eu também. Fimmmm
Meu celular começa a tocar e o tiro do bolso. O nome da Eliana pisca na tela. É melhor atender longe da minha cunhada.
- Vou atender na sala.
Digo me levantando da cadeira e indo para a sala.
- Oi!
- Está atrasado. Temos que estar na degustação do bolo em vinte minutos.
- Já estou saindo!
- Seja rápido!
- Eliana...
A chamo antes dela desligar.
- Fala!
Não sei porque vou fazer essa merda de pergunta.
- Se estivéssemos em uma festa e eu tivesse bebido demais...
- Você não bebe a esse ponto.
- Mas e se tivesse bebido. O que você faria?
- Você sabe que odeio pessoas bêbadas. Te arrastaria pra sua casa, muito puta.
- Se eu vomitasse?
- Se fosse do tipo que bebesse e vomitasse, não estaria com você Matheus. Sabe muito bem que odeio isso. Te abandonaria no seu vomito.
Era o que eu imaginava.
- Agora vem logo e para de perguntas idiotas.
Desliga na minha cara e guardo o celular no bolso.
- Pode me deixar perto de casa?
Me viro e vejo Natália na porta da cozinha.
- Tenho que buscar sua irmã. Te deixo na sua casa.
- Não acho que seja bom chegarmos juntos. Lembre-se do satanás cuspidor.
- Te deixo na esquina.
- Tudo bem!
********************
Paro o carro perto da casa de Eliana.
- Valeu!
Natália vai abrir a porta do carro e seguro sua mão.
- Obrigado por cuidar de mim.
- Não te deixaria sozinho.
Aperta minha mão.
- Senzala sempre unida.
Sorri e pisca para mim.
- Boa sorte com a sinhazinha.
Abre a porta do carro e sai.
- Tchau, pretinho!
- Tchau pretinha!
Solto com um sorriso e a vejo fechar a porta e ir andando. Espero dar um tempo para ela chegar em casa e ligo o carro. Assim que paro em frente a casa de Eliana, vejo ela e a irmã. A cara da Natália não é boa. Eliana abre a porta do carro e entra na frente, enquanto Natália entra atrás.
- Sua irmã vai com a gente?
- Meu pai pediu para ela me acompanhar.
Eliana diz se curvando e beijando meus lábios.
- Vocês dois estão cheirando bacon.