Te amo. Mas me odeio por isso
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Capítulo 2 02

Bruno era um jovem subestimado e ambicioso, dono de seus vinte e um anos, já tinha sua vida completamente ganha sem fazer o mínimo esforço para tal, já que seus pais, os senhores Calandes com seus sobrenomes estampados nos jornais de sucesso, tinha uma empresa bem sucedida no centro de São Paulo. O que o fez herdeiro de quase tudo, já que tinha seu irmão mais velho que dividia consigo o dinheiro de seus pais (ainda vivos).

O garoto ainda recebia mesada, bem alta por sinal, já que o mesmo não se sentia no direito de estar no meio dos negócios dos seus pais, deixava isso com seu irmão, não se importava com essa vida de reuniões e quebra-cabeça. Não era sua praia. Era mais fácil ter sem fazer nada, já que seus pais o acostumaram dessa forma. Com a vida ganha. Não se sentia nem um pouco ofendido, se sentia melhor do que todos, e tinha a plena certeza de que realmente era.

Estava a dormir calmamente em sua cama de casal em seu apartamento luxuoso na zona sul de São Paulo, nada o preocupava então não tinha necessidade alguma de acordar cedo, entretudo seus sonhos foram interrompidos por seu toque de celular, o mesmo suspirou fundo e o pegou, vendo o nome "Fernanda" estampado na tela clara de seu aparelho. O mesmo revirou os olhos em indignação.

Bruno Calandes.

Fernanda era (ou ainda é, não sei) uma ficante, na verdade foram duas ou três vezes que fiquei com ela num pub ou em algum evento qualquer em que eu ia, e nunca quis nada sério com ninguém, sempre deixei isso completamente claro Tanto para ela, quanto para qualquer mulher com quem me relaciono casualmente. Tanto que já fiquei com diversas outras meninas além dela, e mesmo assim ela vive me ligando como se eu tivesse que dar satisfação para ela de minha vida, perguntando onde estou ou com quem, como se estivessemos num relacionamento (e, cá entre nós, eu não sirvo para isso. De forma alguma). Isso é algo que nunca acontecerá, definitivamente. Eu nem ao menos gosto dela, porra, como ela pode achar que temos algo? Céus. Dei de ombros e desliguei sua ligação, revirei meu corpo em cima de minha cama, ficando debruço, relaxando meus músculos na tentativa de voltar a dormir.

Porém ele começa a tocar novamente.

O toque do celular começa a ecoar novamente em meu quarto num volume irritante, desacreditei em tamanha afronta, minha cabeça martelava com aquele barulho infernal. Rangi meus dentes irritado, peguei novamente o celular e o atendi.

- O que é, inferno? - Perguntei, grosso.

- Oi, amor... Desculpe. Te acordei?

- O que você acha, Fernanda? - Fui irônico, a raiva me consumia.

- Ah, Me desculpe, amorzinho. É que eu pensei que poderíamos, não sei, sair hoje? Jantar? - Revirei os olhos.

- Fernanda, quantas vezes vou ter que dizer que não sou de ficar marcando datezinho? - Respirei fundo, coçando meus olhos. - Pelo amor de Deus. Me deixe em paz.

- E quando você me liga, querendo me ver, eu tenho que ir, não é? Isso é que acaba conosco, Bruno!

- Não te obrigo a nada, garota. É só não vir. E... Calma. Acaba conosco? - Repeti, confuso.

- Bruno, se você não vir, eu nunca mais vou te ligar! - Disse, autoritária. Segurei uma risada genuína, é sério isso?!

- Isso foi uma ameaça ou um milagre? Eu agradeceria se acontecesse.

- Ridículo! - Xingou, num gritinho estérico extremamente fino. - Eu ia te apresentar meus pais hoje! Você é tão ridículo! - Gargalhei, alto.

- Eu não quero conhecer seus pais, está maluca? - Continuei rindo. - Nós nem ao menos temos nada, além de sexo. Acorda, Fe.

- Ninguém fica por um mês inteiro só com uma pessoa, Bruno! Se enxerga. - Aquilo parecia um stand-up para mim, não conseguia ao menos parar de rir.

- Duas ou três vezes num mês, você quer dizer, não é? - Neguei com a cabeça, nessa altura, eu já havia acordado. - E quem que eu só fiquei com você?

- Você? Você disse! Você falou que não tinha ninguém além de mim! - Ri alto, negando minha cabeça. Desacreditado.

- Só me esquece, Fe. Eu nunca quis namorar, muito menos você. Prometo nunca mais te ligar, tudo bem? - Ela desligou. Sorri. - Menos uma, FINALMENTE! - Voltei finalmente a dormir como um anjo depois dessa ligação amistosa.

Por volta das três e meia da tarde eu despertei tranquilamente, sorri aliviado. Eu finalmente havia descansado da noite anterior que foi uma maluquice. Bem, pelo menos sem ressaca. E melhor, sem vômitos indesejados. Olhei o dia em meu celular e o que eu pensava, era dia de jogatina com meus amigos, sempre marcavamos de fazer algo numa tarde de quarta-feira. Peguei meu celular e liguei para Mauro, que atendeu rapidamente.

- Fala, Bru.

- E aí, Mauro? Dia de jogos hoje? - Me espreguicei, permanecendo deitado.

- Com certeza, parceiro. Chamou os outros?

- Ainda não. Chama ai, acabei de acordar, estou um porre. Preciso de um banho e de um café. - Ele riu.

- Ontem você meteu muito o louco, riquinho. - Me chamou por aquele apelido ridículo, revirei os olhos.

- De novo com esse apelido de boiola. - Bufei.

- Ah, qual é, riquinho. Combina contigo. - Brincou, gargalhando. - É até mais bonitinho.

- Vá a merda, Mauro.

- Estou zoando, mano. Aliás, você soube do Gusta? Ele terminou o namoro.

- Finalmente. - Ele riu.

- Ele está muito mal, vai ser até bom para ele espairecer. Está foda aguentar ele. Ontem ele bebeu igual um arrombado, e eu tive que voltar com ele ouvindo o quanto ela iria fazer falta.

- Nunca gostei dela. - Fui sincero.

- Nenhum de nós gostava dela. Ela simplesmente proibida ele de nós ver, maior vagabunda. Ele era o único a gostar dela aparentemente.

- Sinto muito por ele. Quero que ela se foda. - Cocei meus olhos, ele concordou. - Bom, resolve aí, que eu vou dar um jeito aqui. Falou?

- Falou, irmão. Logo menos estamos aí. - Desligou.

Tomei coragem e me levantei finalmente, fui só banheiro, retirei minha roupa e tomei um banho longo em minha banheira de hidromassagem, ainda tinha resquícios de cansaço em meu corpo, tentei o máximo o extinguir de mim. Odeio essa sensação de cansado, pesado. Quando terminei, tirei o sabão de meu corpo na ducha e sequei-me, pus uma roupa leve, de ficar em casa. Famoso bermudão e camiseta.

Já na sala, deixei ligado meu videogame e meu VR em outro televisor, nunca fui muito bom em jogos, o que não quer dizer que eu não gostava de jogar com meus amigos e ser ruim assim mesmo. Era divertido. Vergonhoso, mas divertido.

Já estávamos todos juntos na sala de estar jogando um jogo qualquer, enquanto conversavamos coisas aleatórias, Gusta estava cabisbaixo, deixei o controle de lado, peguei uma cerveja que Mauro havia trazido e me sentei ao seu lado.

- E aí, mano?! Como você se sente? - Dei duas Batutinhas em suas costas, chamando sua atenção.

- Dessa vez foi sério, irmão. - Suspirou fundo, ele realmente parecia abalado. - Ela me deixou de verdade. Não teve jeito.

- Mauro me disse. - Ele deu de ombros. - Mas você não pode morrer por uma desilusão amorosa, Gusta. Você é novão, já já está com outra, ainda melhor.

- Mas é dela quem eu gosto, Bru. -Ele me fitou. - Você não tem noção disso. Eu amo ela. Eu quero estar com ela.

- Mas se ela não quer, o que você tem que fazer? - Ele voltou seu olhar para o chão. - Se você acha que ainda tem chance, corre atrás. O não você já tem, de qualquer forma.

- É, talvez. - Bati meu ombro no dele, passando força. - Quem diria que você me daria conselho um dia. - Ri.

- Estou fingindo que sei o que estou te dizendo, mas não faço a mínima ideia. - Brinquei, ele riu. Não tinha experiência nenhum com relacionamentos e muito menos em gostar de alguém.

- Sortr a sua de nunca ter ocorrido consigo, é foda.

- Falando nisso, lembra da Fernanda?

- A peituda? - Rimos, concordei.

- Hoje ela me ligou falando que queria me apresentar aos pais dela. - Gargalhei, tomando um gole da cerveja.

- Para que? - Ele riu, dei de ombros.

- Na cabeça dela, a gente estava tendo algo. Estou tentando até agora descobrir o que tínhamos.

- E ela não é de se jogar fora, cara. - Ouvi Rafael dizer, enquanto jogava.

- Não mesmo, mas não nasci pra essa palhaçada. Eu nem ao menos gostava de ficar com ela, muito grudenta. Quero distância.

- Sonho do Gusta ser desapegado dessa forma. - Brincou Mauro, rimos.

- Desculpa se é crime amar demais, me prenda e me joga na cadeia por ser um grande apaixonado. - Gargalhamos.

- Foda que o Gusta se apega demais, e o Bruno nem pensa em começar. - Concordei.

- Para evitar ficar essa caco de merda. - Apontei para Gustavo com a cabeça, que se fingiu de ofendido.

- Obrigado.

- Eu viso meu bem estar mental e físico, porque estar com uma só, se eu amo ficar com todas elas? É até egoísmo. Dou chance para todas. - Ouvi um coro de "ânsia de vômito" ao meu redor.

- O problema nem é esse irmão, é que você é extremamente rápido. Mal chega num lugar e já arruma umas cinco, você parece um ímã de mulher. Nunca entendi. - Reclamou Rafael, sorri malicioso.

- Vocês com essas caras de lesados, é óbvio que nenhuma mulher vai olhar.

- Desculpe, coach de relacionamentos.

- É sério, porra. Vocês têm que ser mais confiantes, seguros. Vocês chegam numa pub com cara de mongo, ninguém vai chegar. Nenhuma mina que um cara com cara de bocó, quer um responsa.

- Pior que pode ser verdade essa porra. - O fitei, convencido.

- Óbvio que é, amigo. Tente na próxima. Não é sorte, é estratégia. - Sorri de canto. - Enquanto vocês estão aí, minha lista só aumenta.

Continuamos a jogar e conversar sobre algumas coisas aleatórias como o lançamento de um próximo jogo de terror ou até numa próxima festa que poderíamos ir juntos. Quando me cansei de jogar, passei o controle para Gusta e me deitei no sofá maior, vendo algumas de minhas redes sociais para somente passar o tempo que tínhamos livre. Quando notei não ter nada importante, comecei a assistir alguns vídeos completamente desnecessários apenas para suprir minha falta do que fazer.

- BRUNO! - Ouvi Rafael gritar, chamando minha atenção para si. - Puta que pariu.

- O que?

- Faz um minuto que estou te chamando, sem parar. Você viajou para longe.

- Foi mal. Mas o que houve? Fala aí?!

- Saquei. Não tem nada para comer aí, não? Maior fome. - Arregalei levemente meus olhos, esqueci de comprar as coisas para comer.

- Nao tem porra nenhuma. - Cocei minha nuca. - Mas eu vou comprar rapidão, ou posso pedir no delivery.

- É até melhor, chega mais rápido. Pede naquela lanchonete que fomos na terça-feira, os bolinhos de lá são mil grau. - Concordei, logo lembrei do atendente intrometido, e conti o riso. Incrível como pessoas como ele são mal educadas. Entrei no aplicativo de delivery e pedi algumas porções para entrega, e alguns lanches prontos também, e fiquei no aguardo.

- Agora que lembrei naquela comida de rabo que aquele garçom deu no Bruno. - Brincou Rafael, rindo. - Cara brabo.

- Normal, é como esses malucos de favela agem.

- Atravessou o cara sem medo.

- É até eu processar aquela nojeira. - Revirei meus olhos.

- Nem invente de fazer isso, a comida de lá é uma delícia e aquele café é o único que me faz querer acordar todas as manhãs. - Disse Mauro, sendo dramático

Depois de alguns longos minutos a espera do motoboy, finalmente recebi a notificação que o mesmo estava a chegar, resolvi descer o apartamento e aguardar na parte da portaria. Logo o vi se aproximar de moto, coloquei minhas mãos no bolso, aguardando o mesmo retirar o capacete e me entregar os pedidos.

- Droga. - O ouvir exclamar baixinho, estranhei. O mesmo retirou o capacete, e ali entendi. Me fazendo rir levemente.

- Boa tarde para você também, garçom. - Ele me fitou, sério.

- Boa tarde. - Abriu sua bag, retirando meus pedidos da mesma. - Aqui estão.

- Pode me ajudar a subir? - Indaguei, sorrindo vitorioso. - É muita coisa, você sabe.

- De forma alguma.

- Certeza? Eu tenho o contato do seu gerente aqui no aplicativo, posso recorrer. Quer mesmo perder seu... - O olhei de cima a baixo. - Emprego? - Ele respirou fundo, pegando todas as sacolas e me seguindo. - Boa. Por aqui. - Voltei a direção que tinha feito, mas, só invés do elevador, peguei as escadas, eu morava no quinto andar, aquilo era uma boa recompensa pelo que ele tinha me feito.

- O elevador está quebrado? - Ele perguntou, soltei um riso frouxo.

- Não. Mas você é empregado, não pegam elevador comercial.

- Como é?

- Desculpe. - Sorri de canto, falso.

- Você sempre foi assim?

- Assim, como?

- Mesquinha? Isso é doentio. - Respirou fundo, ainda subindo cada degrau.

- Continue subindo, garçom.

- Você fala como se fosse algo ruim.

- Talvez, para mim, seja. - Ri fraco, dando de ombros.

- Essa é sua tentativa de me humilhar? - Ele riu, o fitei confuso. - Tenta outra forma, essa foi fraca.

- Jura, garçom? - Parei, o fitando. - Você realmente quer perder esse empregozinho de merda, não é? - Perguntei, ficando de frente para si. - Saiba que eu não meço esforço algum para isso acontecer. - Voltei a subir as escadas, faltavam apenas um lance para chegarmos em meu andar. Ele continuou em silêncio, sorri vitorioso. - Chegamos.

- Finalmente. - Murmurou, respirando fundo. Paramos em frente ao meu apartamento.

- Coloque lá dentro. - Ele me fitou, sem entender. - Ande. Coloque lá dentro.

- Isso já não é trabalho meu.

- Garçom... Coloque essa merda dessa comida lá dentro, agora. - Mandei, abrindo a porta. Ele apertou as sacolas e adentrando minha casa, dando de frente com meus amigos.

- Bruno...? - Mauro me olhava confuso, vendo o garçom da lanchonete colocar a comida na mesinha de centro da sala.

- Huh? - O olhei, me fazendo de desentendido. Vendo o garçom deixar a comida calmamente ali, e se dirigir para fora do apartamento.

- Nada. - Me amigo negou, ainda sem entender. Voltei a porta de meu apartamento.

- Muito obrigado, garçom. - Sorri. - Você foi muito atencioso, foi um prazer.

- Você é ridículo.

- Olha, ainda não deu minha avaliação, cuidado. - Coloquei meu indicador em meus lábios, para ele ficar calado. - Você pode ir. Não preciso mais do seu trabalho. - Ele me deu as costas. - Cadê o "Bom apetite"? - Ele parou e Respirou fundo, sorri ainda mais vitorioso.

- Bom apetite. - Falou, baixo.

- Obrigado, garçom. Até a próxima. - Ri, fechando a porta.

- Por que você fez o cara subir? - Indagou Mauro.

- Porque eu quis. E ele subiu de escadas. - Eles arregalaram os olhos.

- Você é maluco. - Gusta falou, negando sua cabeça. Caminhei até a sala me sentindo aliviado e vingado, ou talvez, não totalmente.

            
            

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