Te amo. Mas me odeio por isso
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Capítulo 4 04

Bruno Calandes.

Quinta-feira, dez de quarenta da manhã.

Eu e os garotos acabamos bebendo demais ontem a noite (na verdade, bebemos a tarde inteira) e desmaiamos pela sala de estar, alguns em cima dos sofás, outros jogados pelo chão, ri fraco observando o caos que se instalou em minha casa enquanto me levantava do estofado, eu estava completamente torto e dolorido pela posição que havia apagado na noite passada, me espreguicei o máximo que pude, mas me sentia malhumorado, céus. Tudo doía como nunca! Enquanto tentava me alongar, eu caminhava até minha cozinha, pegando uma xícara e despejando café recém feito na mesma, agradecido pela empregada não ter me pertubado enquanto eu dormia, respirei fundo sentindo aquele cheiro forte e tentando processar tudo o que aconteceu anteriormente. Minha cabeça latejava um pouco pela ressaca ainda não resolvida. Beberiquei um pouco do líquido e senti o quente descer por minha garganta, o sabor amargo se instalando em minha boca. Eu finalmente estava acordando. Ou pelo menos, tentando me manter acordado. Encostei meu quadril no balcão bebendo lentamente meu café enquanto olhava para o nada, tentando não pensar nas dores instaladas por todo lado, meu corpo ainda estava cansado, claro, eu não havia dormido direito nem a quantidade certa para estar 100%, eu só precisava me deitar um pouco mais e dormir.

Fiquei tentando lembrar o que fiz antes de esquecer completamente tudo sobre ontem, a única coisa que eu me recordava era do carinha da lanchonete, acabei soltando um riso descabido. Pessoas como ele ficam ferozmente revoltadas quando a maioria os colocam em seus devidos lugares, não é? Eu acho isso emocionante. Uma minoria que querem seus direitos iguais os da maioria reivindicados, sendo que eles têm a certeza que sempre terá uma hierarquia entre eles, acho isso valente. Porém um tanto quanto burro. Muito burro. Claro, não estou dizendo que pobres miseráveis devem comer nossa merda e dizer que é delicioso, não é para tanto assim, apenas que eles entendam onde podem, ou não, se pôr. É vergonhoso, desnecessário. Inteiramente.

E pensar que aquele carinha somente mexeu comigo uma só vez, espero que para nunca mais. Eu claramente não humilhei ninguém, só mostrei para ele qual era sua função no mercado, correto? A função dele é servir, e eu fiz ele fazer isso para não agir com deboche, ele sabe onde é o lugar dele, caso contrário, eu faria uma reclamação e acabaria com seu emprego. Apenas. Tanto que ele o fez e se foi, dei sua avaliação como disse que daria e tudo ficou bem. Nunca mais nos veremos, eu espero. Pois pisar naquela lanchonete, com toda certeza, não irei mais. Aquilo é podre. Neguei com a cabeça e novamente beberiquei meu café, pegando meu celular em cima do balcão, observando minhas notificações para saber que havia algo importante para mim, mas claramente nada. Eram só meninas né chamando para sair (se é que me entendem, não é?) e nada demais. Além de vídeos e fotos com conteúdos mais... Explícitos. Sorri de canto, desligando a tela do mesmo. Terminei meu café e suspirei frustrado, a deixei na pia com o pouco da louça de ontem a noite e caminhei em direção ao meu quarto para tomar um banho, estava um caco. Peguei uma toalha, deixei a roupa no cesto de roupas sujas, entrei de baixo do chuveiro já ligado na temperatura média, não estava com muito saco para encher e tomar um banho de banheira (se bem que seria bem relaxante aos meus músculos, entretudo, deixo para uma próxima). Fechei meus olhos deixando a água quente escorrer pela minha pele, passei meus dedos entre meus fios de cabelo, deixando sair toda aquela ressaca grudada em mim. Aproveitei para escovar meus dentes, estava tão concertado que, quando percebi, a porta estava meio aberta, ainda bem que estava atrás do box.

- Bruno. - Ouvi alguém me chamar, acreditando que era Mauro. - Com licença, vou mijar.

- Ah, qual é, Mauro!? - Falei, indignado. - E o banheiro do quarto de hóspedes, filho da puta?!

- Gusta está vomitando todo. - Arregalei os olhos. - Ele bebeu todas ontem, eu falei para vocês tomarem cuidado com ele.

- Eu não cuidei nem de mim. - Ele riu.

- Recém término é uma merda. Ou te mata de tristeza, oi de cirrose. - Rimos.

- A única coisa que nos separa desse banheiro, é este box, boiola. O que custava esperar, irmão?

- Você tem pau, eu também tenho, não me surpreende. - Fiz careta. - Não é como se eu fosse gostar de ficar te observando tomar banho, não é? Esquisito.

- As vezes eu realmente desconfio de você. - Ele soprou um riso.

- Estou lhe devendo algo, irmão? - Começou a fazer xixi, revirei os olhos. - Meu deus, minha bexiga estava estourando.

- Você é nojento, cara. E sim, me deve. Uma terapeuta por eu ser obrigado a dividir um cômodo minúsculo com você enquanto eu tomo banho e você está mijando do outro lado.

- Não fode. Já fizemos coisas piores do que mijar um na frente do outro, esquisito. Isso é o de menos.

- Isso pegou muito mal. - Ri, ele me acompanhou.

- Você entendeu o que eu quis dizer. - Deu descargar, notei que ele já havia terminado. Lavando sua mão. - Creio que já já estamos dando no pé, belê?

- Tudo bem, sem pressa. - Ele concordou, saindo do banheiro.

Eu, já trocado em meu quarto, me deitei um pouco em minha cama, minha coluna estava me matando com agulhadas invisíveis extremamente dolorosas, peguei meu notebook e fiquei passeando pelas redes sociais e vendo alguns anúncios de eventos e baladas, até ver uma menina que me chamou atenção nas sugestões de amizade:

Gabriella Ganael.

Ela era linda, sentia que já tinha a visto em algum lugar, em sua foto de perfil ela sorria abertamente, e em sua boca determinadamente grande, um gloss rosa bem claro, sua maquiagem era leve mas ela estava perfeita. Seus cabelos eram num azul bem claro. Não retirava sua beleza. A mandei solicitação e curtir três de suas fotos. Encucado, fui atrás de informações para saber de onde a garota é. Ela morava em São Paulo, e trabalhava numa lanchonete com um nome ridículo. Estranhei e desconfiei, não seria possível o que eu estou pensando ser possível, seria? Então pensei em começar a olhar a pesquisar por seus amigos, entretudo, eram três mil pessoas, e eu nem ao menos sabia a primeira letra de seu nome. Resolvi dar uma olhada no perfil da garota, algumas fotos, nomes de lugares que já foi, aparemente ela estava solteira por conta de suas publicações motivacionais. Que coisa mais chata. E foi quando achei uma foto sua e o garçom da lanchonete. Então realmente era ela! Ela é atendente na lanchonete de onde ele trabalha também! Eu estava realmente certo.

"Lucas Menezes" era seu nome.

Entrei em seu perfil dando uma olhada não tanto pretensiosa, vendo poucas fotos suas e diversas fotografias de paisagens, animais e crianças brincando em parques, felizes. Muito lindas por sinal. Ele parecia Low Profile, era engraçado. Sua foto de perfil não parecia a mesma pessoa, estava sorridente, seu loiro era puxado para um ruivo, parecia estar alegre. Como mudam as pessoas quando elas usam redes sociais, não é? Enquanto eu dava olhadas por suas publicações, sua amiga, Gabriella, aceitou minha solicitação. Sorri. Cliquei na aba de mensagens, está na hora de brincar um pouco. Não que eu quisesse me envolver com pessoas como ela, apenas queria ver o quanto essas pessoas são facilmente manipuladas.

"Oi, gatinha."

Ri fraco, negando. Eu sou realmente um otário. Ela logo devolveu.

"Oi? Te conheço?"

"Não, mas pode conhecer..."

[...]

- Irmão. - Ouvi duas batidas em minha porta, ela logo foi aberta. - Estamos indo.

- Beleza.

- O que está fazendo?

- Nada, só deitado. - Dei de ombros, eles me olharam desconfiados. - O que?

- Você está vendo pornô, cara? - Perguntou Rafael, revirei os olhos.

- Deve ser. - Falei ironicamente.

- Acreditamos.

- Vocês não iam embora? - Arqueei minhas sombrancelhas. Eles riram.

- Falou, mano. Qualquer coisa, manda mensagem.

- Falou. - Eles se foram, fechando a porta de meu quarto.

Voltei a me levantar para voltar a cozinha, minha barriga roncava e resolvi comer alguma coisa que tinha na geladeira. Abri a mesma e peguei um pedaço de pudim e um refrigerante, voltando para a sala para assim alguma coisa e descansar meu corpo.

Certo, eu fiquei o dia inteiro só assistindo.

Eu me sentia um completo zumbi, vi as horas, eram sete e vinte e cinco, vi meu celular tremer, anunciando novas mensagens, estranhei e fui olhar quem era.

"Estava no trabalho, bom... Me conhece de algum lugar?" - mensagem recebida de Gabriella.

Sorri, sabia que uma hora ou outra ela me responderia.

"Creio eu que já te vi, sim. E talvez, você também."

"Certo... Onde?" - mensagem recebida de Gabriella.

"Longa história. Deixamos isso para um café, que tal?"

"Com um estranho?" - mensagem recebida de Gabriella.

"Posso ser mais do que isso."

"Céus, você é estranho." - mensagem recebida de Gabriella.

"Mas não tenho a perder de qualquer forma." - mensagem recebida de Gabriella.

"Isso é um sim?"

"Para o café." - mensagem recebida de Gabriella.

Ri fraco, ela já sabia o que eu procurava.

"Claro, para o café."

"Aceita hoje?"

"Hoje?" - mensagem recebida de Gabriella.

"Sim, tem algo importante?"

"Não, é que... Acabei de sair do trabalho, mal dormi de noite..." - mensagem recebida de Gabriella.

"Qualquer coisa você dorme na minha casa, para descansar..."

"10 minutos" - mensagem recebida de Gabriella.

"O que?"

"Que nos conhecemos, rapaz. Nem seu nome direito eu sei." - mensagem recebida de Gabriella.

"Esta literalmente em meu perfil."

"E se você for algum tipo de sequestrador de mulheres?" - mensagem recebida de Gabriella.

"Prometo que não sou."

"Como se eu fosse acreditar em palavras de um completo desconhecido." - mensagem recebida de Gabriella.

"Você disse que não tinha nada a perder... Não disse?"

"Bem lembrado, senhor estranho. Então tudo bem, um café, num lugar movimentado. Para não ter o caso de você me assaltar ou me vender para Arábia Saudita." - mensagem recebida de Gabriella.

"hahahah certo, certo. Um café. Pode ser as 21h00?"

"Perfeito. No Starbucks do centro?" - mensagem recebida de Gabriella.

"Otimo, é pertinho da minha casa."

"Espero que isso não tenha sido um convite." - mensagem recebida de Gabriella.

"Se você quiser..."

"Va a merda, cara." - mensagem recebida de Gabriella.

"Certo, eu parei!"

"Otimo, senhor estranho. Até mais tarde!" - mensagem recebida de Gabriella.

Me levantei e fui até meu quarto para escolher uma roupa casual para ir a "um encontro", que na verdade, eu só queria perder meu tempo com alguém mesmo. Já que todas que eu conhecia, já não me agradava mais. Eu queria conhecer outro alguém, e Gabriella parece ser uma boa companhia para as horas passarem mais rápido. E, quem sabe, não rola algo a mais. Nunca sabemos. Ou talvez, saberemos.

Retirei uma calça cargo com uma camisa longa, um tênis tradicional e uma corrente, o mais simples possível, além de deixar minha carteira ao lado, eu tenho uma mania ridícula de esquecê-la. Odiava ter as pessoas me olhando como se eu fizesse de propósito, e era plena burrice. Quando ia pensar em pegar minha toalha para tomar outro banho, meu celular anuncia uma nova mensagem.

"Bruno. Está livre amanhã?" - Rafael.

Estranhei, mas em seguida, dei de ombros. Com certeza era algo para sairmos.

"Sim, porquê?"

"Vamos sair?" - Rafael.

Bingo. Acertei em cheio.

"Pada onde vamos?"

"Para a mesma pub, fiquei sabendo que abriu uma nova, deve encher. Falei para os caras que acho que não vale a pena." - Rafael.

"Imagino o inferno para entrar."

"A não ser se fossemos de VIP. Mas prefiro o tradicional." - Rafael.

"Tranquilo. Mesmo horário de sempre?"

"Sim, mesmo de sempre." - Rafael.

"Tranquilo. Então depois a gente se fala, estou me arrumando."

"Ja vai sair, cara?" - Rafael.

"hahahaha óbvio. Plena quinta-feira, acha que vou ficar em casa?"

"Vai sair com alguém, não é?" - Rafael.

"Obvio que sim, já me viu sair sozinho? hahaha"

"Não nem um real." - Rafael.

"É sobre, irmão."

"hahahah nos vemos amanhã!" - Rafael.

"Falou."

Assim que terminei meu banho, me sequei e já coloquei minha roupa, passei perfume e minha corrente em meu pescoço, peguei minha carteira e vi as horas, oito e meia, resolvi mandar mensagem para ela.

"Preparada, gatinha?"

Esperei, ela me respondeu dez minutos depois. Fácil.

"Para possivelmente morrer? Creio que não." - mensagem recebida de Gabriella.

"Eu prometo não faz definitivamente nada do que não te agrada."

"Isso é o que um psicopata falaria."

Coitada, não tem literalmente nada a perder e mesmo assim, com medo. Céus.

"ahhaah agora você me pegou."

"Cinco minutos e já estarei na cafeteria, ok?" - mensagem recebida de Gabriella.

"hahahah certo, te vejo lá!"

Peguei a chaves de meu carro e a de casa, a tranquei, saindo até o elevador. Odiava cafeterias, queria na verdade era beber algo, a minha noite já seria certa. Mas tudo bem, sem problemas. Eu darei um jeito. Eu sempre dou de qualquer forma. Sai do prédio e, andando mesmo, segui até o estacionamento do prédio, destranquei meu carro e segui até o centro, onde era a cafeteria. Não era longe o bastante para ir de carro, mas preferi. Dirigindo por exatos quinze minutos, cheguei no local. Estacionei e desci, adentrando a procura da garota, que me acenou. Acenei de volta com um sorriso simpático, seguindo até sua mesa.

- Olá, Gabriella. - Ela se levantou, sorridente. Me dando um beijo na bochecha, ela estava muito cheirosa.

- Olá, senhor estranho. - Brincou, voltando a se sentar. - O que aconteceu para eu ter o seu esquisito convite? - Indagou, enquanto eu me sentava em sua frente.

- Tédio. - Fui sincero, ela riu. - Além de te achar muito bonita e interessante, resolvi sair para fazer algo e te chamar para vir junto comigo.

- Muito obrigada pelo convite, aliás. Por mais que eu estivesse extremamente cansada, é bom sair pelo menos para tomar um ar. - Sorriu agradecida, assenti.

- Fico feliz por ajudar de alguma forma.

- Com licença, em que posso ajudar? - Perguntou o garçom.

Passamos um tempo conversando e nos conhecemos, ela realmente era alguém engraçada e atraente, não combinamos com nada, completamente. Mas era interessante passar um tempo com pessoas diferentes do seu ciclo, elas eram mais verdadeiras, soltas, sem medo. Eram totalmente diferentes. Eu gostava disso, de alguma forma.

- Eu sinto que já te vi em algum lugar. - Ela fez careta, bebericando seu café.

- Será? - Arqueei uma de minhas sobrancelhas. Ela concordou.

- Na lanchonete onde trabalho, senão me engano.

- Ah, talvez. - Concordei com a cabeça.

- Espera... - Ela sorriu, me fitando. - Não foi você quem estava "discutindo" - Fez aspas com seus dedos. - com Lucas esses dias?

- Lucas...? - Me fiz de desentendido, eu sabia que ela estava falando do garçom.

- Ah, o Lucas é atendente e caixa da lanchonete onde trabalho, lembra? Loirinho, um tanto quando briguento também. - Rimos.

- Ah, sim. O atendente. Sim, era eu, desculpe. - Ri, achando real graça. - Ele é realmente esquentadinho daquela forma ou somente não foi com minha cara? - Perguntei, tirando um pedaço da torta de morango que eu tinha pego.

- Ele é, mais ou menos. Só se sentiu um pouco... Ofendido, creio eu. Não perguntei a fundo. - Mordiscou sua torta de maçã.

- Entendo, mas então, Gabriella...

- Gab. Me chame de Gab. - Concordei com a cabeça.

- Então, Gab. - Sorri de canto. - Você namora? - Ela negou com a cabeça.

- Não, terminei um relacionamento recentemente, foi uma droga. Estávamos juntos a muito tempo.

- Compreendo... Na verdade, não compreendo, não. Eu nunca namorei sério com ninguém. - Ela arregalou os olhos.

- Sério?

- Lhe juro. - Ainda estava surpresa. - Aparentemente é algum tipo de crime imperdoável nunca ter tido um relacionamento? - Indaguei, brincalhão.

- Oh, não! - Disse, rindo. - Desculpe, é que você tem... Quantos anos...?

- Vinte e um.

- Isso, vinte e um anos e nunca se relacionamento amorosamente com ninguém, é extremamente raro.

- Não é para tanto, vamos lá. - Dei de ombros. - Eu só não me sinto preparado para tal, enquanto, aproveito minha vida.

- O que você faz, Bruno?

- Ah, meus pais têm uma empresa aqui em São Paulo e internacional, famosa "Empresa Calandes", já ouviu falar? - Ela novamente arregalou os olhos.

- V-você é filho de um dos maiores CEOs da cidade? - Concordei. - Céus, e como eu não notei...

- Relaxa, eu não sou tão asqueroso assim, ok?

- Não é isso, bobão. É que você é... Muito? - A olhei, confuso. - Vamos lá, Bru... Eu sou uma atendente de uma lanchonete pouco conhecida do subúrbio de São Paulo, e você... - Ri, negando. - É você.

- Fingimos que eu não te falei isso, tudo bem?! Ficamos como bons amigos, e tudo bem. Esqueça o que te disse.

- Complicado, mas tudo bem. - Bebi um pouco de meu café. - Que loucura.

- O que?

- Você literalmente poderia chamar qualquer mulher até aqui, qualquer uma. Mas você escolhe uma qualquer numa rede social. Você faz um bingo para ver qual pobre irá alimentar? - Falou, num tom brincalhão. Gargalhei.

- Que isso, claro que não! - Declarei, ainda rindo. - Foi como lhe disse, de verdade, eu realmente te achei interessante. E queria sair, foi quando te chamei. - Novamente expliquei.

- Vou acreditar nessa sua história de pega boba, tudo bem? - Concordei, risonho. - Mas porque nunca vimos você com seus pais?

- Geralmente é meu irmão mais velho, já que ele ajuda meus pais na empresa, porém não sou para esse ramo e já notei isso, prefiro ficar de fora. Mas meus pais insistem em me ajudar, de certa forma. Eles dizem que a empresa um dia será minha, mas não sei se quero realmente isso.

- Ao menos eles têm consciência disso, certo?

- Não tanto, eles insistem bastante para eu sempre estar apar de tudo, mas eu não me importo.

Céus, eu estava sendo sincero com ela em relação a minha vida?

- Bom, desejo que faça o que bem sentir vontade, viver k sonho alheio é uma droga. - Concordei.

- E você, Gab... O que pretende ser?

- É uma ótima pergunta, eu nunca me perguntei isso. - Ela olhou para fora da vidraça onde nos separava do lado de fora, como se pensasse. - Penso em ser algo, mas nunca o que. É uma loucura. - Riu. - Eu espero um dia saber te responder está pergunta. - Concordei.

E assim, continuamos conversando até dar dez e meia da noite, onde a me convidei a leva-la em casa, ela negou algumas vezes, mas mesmo assim, insisti.

- Saiba que só aceitei por pura pressão. - Falou, emburrada.

- Fique quieta, ok? - Ela revirou seus olhos.

- Chato.

- Você não viu nada, gatinha. - Estacionei onde ela tinha dito que era sua casa. - Entregue. - Ela sorriu, retirando seu cinto.

- Obrigada pela noite, Bru. Foi muito legal conhecer você. - Sorri, agradecido.

- Digo o mesmo, Gab. Foi uma noite ótima. Espero te ver mais vezes. - Concordou. Ela se aproximou lentamente, me dando um beijo na bochecha. - Só um? - Indaguei, baixinho. Ela riu, sem graça. - Creio que você não vai morrer se me der um beijinho, não é? - Olhei em seus olhos, ela concordou, envergonhada. Quebrei a distância que nos separava, beijando seus lábios.

Um beijo lento, sem muitas pretensões, apenas curtimos o momento no carro, a rua estava escura, nenhuma iluminação forte para nos atrapalhar. Ela tocou meu rosto e eu segurei sua cintura, firmemente. Senti seu corpo magro tremer, sorri entre o beijo, pedindo passagem com minha língua. Aproveitei para adentrar minha mão em sua blusinha, tocando sua pele, ela suspirou. Puxei seu lábio entre meus dentes, vendo-a abrir os olhos lentamente. Sorri.

- Nos vemos depois?

- Claro. - Sorriu. - Tenho que ir.

- Até depois. - Ela saiu de meu carro, acenando. Acenei de volta, ligando meu carro e voltando para casa.

Não foi tão ruim assim, isso eu tinha absoluta certeza, só não terminaria minha noite como achei que terminaria, mas tudo bem. Eu conseguia viver com isso. Eu estava morto de cansaço, porém foi bem divertido.

Quando cheguei em meu apartamento, estacionei meu carro e subi, abrindo a porta da frente e me jogando no sofá, sem me preocupar em dormir ali ou não, eu só queria descansar.

...

            
            

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