Meu nome é Lucy
img img Meu nome é Lucy img Capítulo 3 Três
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Capítulo 8 Oito img
Capítulo 9 Nove img
Capítulo 10 Dez img
Capítulo 11 Onze img
Capítulo 12 Doze img
Capítulo 13 Treze img
Capítulo 14 Quatorze img
Capítulo 15 Quinze img
Capítulo 16 Dezesseis img
Capítulo 17 Dezessete img
Capítulo 18 Dezoito img
Capítulo 19 Dezenove img
Capítulo 20 Vinte img
Capítulo 21 Vinte e um img
Capítulo 22 Vinte e dois img
Capítulo 23 Vinte e três img
Capítulo 24 Vinte e quatro img
Capítulo 25 Vinte e cinco img
Capítulo 26 Vinte e seis img
Capítulo 27 Vinte e sete img
Capítulo 28 Vinte e oito img
Capítulo 29 Vinte e nove img
Capítulo 30 Trinta img
Capítulo 31 Trinta e um img
Capítulo 32 Trinta e dois img
Capítulo 33 Trinta e três img
Capítulo 34 Trinta e quatro img
Capítulo 35 Trinta e cinco img
Capítulo 36 Trinta e seis img
Capítulo 37 Trinta e sete img
Capítulo 38 Trinta e oito img
Capítulo 39 Trinta e nove img
Capítulo 40 Quarenta img
Capítulo 41 Quarenta e um img
Capítulo 42 Quarenta e dois img
Capítulo 43 Quarenta e três img
Capítulo 44 Quarenta e quatro img
Capítulo 45 Quarenta e cinco img
Capítulo 46 Quarenta e seis img
Capítulo 47 Quarenta e sete img
Capítulo 48 Quarenta e oito img
Capítulo 49 Quarenta e nove img
Capítulo 50 Cinquenta img
Capítulo 51 Cinquenta e um img
Capítulo 52 Cinquenta e dois img
Capítulo 53 Cinquenta e três img
Capítulo 54 Cinquenta e quatro img
Capítulo 55 Cinquenta e cinco img
Capítulo 56 Cinquenta e seis img
Capítulo 57 Cinquenta e sete img
Capítulo 58 Cinquenta e oito img
Capítulo 59 Cinquenta e nove img
Capítulo 60 Sessenta img
Capítulo 61 Sessenta e um img
Capítulo 62 Sessenta e dois img
Capítulo 63 Sessenta e três img
Capítulo 64 Sessenta e quatro img
Capítulo 65 Sessenta e cinco img
Capítulo 66 Sessenta e seis img
Capítulo 67 Sessenta e sete img
Capítulo 68 Sessenta e oito img
Capítulo 69 Sessenta e nove img
Capítulo 70 Setenta img
Capítulo 71 Setenta e um img
Capítulo 72 Setenta e dois img
Capítulo 73 Setenta e três img
Capítulo 74 Setenta e quatro img
Capítulo 75 Setenta e cinco img
Capítulo 76 Setenta e seis img
Capítulo 77 Setenta e sete img
Capítulo 78 Setenta e oito img
Capítulo 79 Setenta e nove img
Capítulo 80 Oitenta img
Capítulo 81 Oitenta e um img
Capítulo 82 Oitenta e dois img
Capítulo 83 Oitenta e três img
Capítulo 84 Oitenta e quatro img
Capítulo 85 Oitenta e cinco img
Capítulo 86 Oitenta e seis img
Capítulo 87 Oitenta e sete img
Capítulo 88 Oitenta e oito img
Capítulo 89 Oitenta e nove img
Capítulo 90 Noventa img
Capítulo 91 Noventa e um img
Capítulo 92 Noventa e dois img
Capítulo 93 Noventa e três img
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Capítulo 96 Noventa e seis img
Capítulo 97 Noventa e sete img
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Capítulo 3 Três

Lucy não sabia o que de fato estava fazendo.

Sentada sobre a beira de sua cama, ainda olhava a caixa que há três dias, Ryeon havia visto.

Ainda não tinha encarado o garoto, pois não sabia como iria reagir, então havia inventado que sentia dores de cabeça durante todos aqueles dias, e assim evitava ir à escola.

Seu pai todas as manhã ainda batia à sua porta e sentava na sua cama, implorando para que ela falasse o que estava acontecendo, porque ele sentia que tinha problemas ali. Mas ela ainda sentia medo, e não sabia como contar algo de si para ele, e como se fosse para piorar tudo, suas pílulas diárias de hormônios haviam acabado.

Falava com Jaesun ao celular, sua voz rouca e fraca lamentava.

Seu fornecedor estava sem estoques.

ㅡ Isso parece Deus mandando uma mensagem para você, sabe? Eu já te disse, para de tomar essas coisas sem prescrição!

ㅡ Aigoo. O que quer que eu faça, Jae? Eu preciso tomá-los caso queira ser eu.

ㅡ Lu, entenda, você é você com ou sem os remédios. Tomá-los da forma errada que você está fazendo, só vai te deixar mal. Eu te mandei a médica que eu consegui, por que você não vai lá?

ㅡ Eu liguei lá, mas é muito caro. Eles cobram cinquenta mil won por consulta.

ㅡ Você gasta duzentos a cada novo frasco de remédios. Não se faça de vítima.

ㅡ Não é se fazer de vítima, é ter desespero. Eu não aguento mais viver sufocada do jeito em como vivo, eu preciso ir a Seul, e eu não quero ir como Woojin. Eu nunca fui Woojin!

ㅡ Tudo bem, Lu, eu te entendo. Mas, por favor, vamos numa consulta? Eu pago a primeira, e depois vemos como tudo fica.

A garota não queria recusar. Ela sabia que aquilo era bom para si, mas sentia na pele o desejo de tomar os remédios e ansiar ㅡ como já ansiava ㅡ por um dia acordar como a garota que é.

ㅡ Eu vou pensar.

ㅡ Pense, e, por favor, fale comigo.

ㅡ Tudo bem.

A ligação foi findada, e a garota apenas se jogou de volta à cama. Agradecia por sua mãe ter saído para fazer as compras de alimentos da casa, então aquele momento estava sozinha.

Ela podia gastar o tempo como sempre fazia em momentos como aquele. Adorava vestir suas roupas, e roubar os sapatos de salto alto de sua mãe.

Eles ficavam apertados, pois infelizmente Lucy calçava trinta e nove e sua mãe apenas o trinta e cinco.

Ela também via o modo em como o corpo de sua mãe era menor e isso até a fazia pensar que mesmo vestida como garota, algumas pessoas poderiam estranhar.

Não que garotas altas fossem algo abominável, porque Lucy era uma delas, e não via problema. Media cerca de um e setenta e cinco, e sabia que teriam garotos altos para cobrir-lhe o corpo como via nos dramas rotineiros que ela achava um saco.

Mas, no país em que vivia, havia um padrão como em todo país. E lá, mulheres geralmente eram pequenas. Magras demais e frágeis.

E Lucy não se encaixava em nada disso.

Então apenas continuou deitada, querendo não se frustrar naquele momento, mas falhando miseravelmente.

Com o celular nas mãos, ela insistia em ligar para o homem que lhe fornecia as pílulas, mas ele sempre a atendia com o tom rude e áspero.

Na última tentativa, ele desligou sem nem se despedir e mandou-lhe o número de outra pessoa.

Disse que talvez a pessoa pudesse ajudar a garota, e pediu que, por favor, ela o deixasse em paz.

A garota quis o mandar à merda, mas apenas digitou o número que ele mandou e esperou ser atendida.

Não sabia com quem iria falar, mas foi atendida por uma mulher.

Falou sem pontos na linha o que queria, e se surpreendeu quando foi cobrado apenas cento e vinte mil won por um frasco.

Ela fez o pedido e marcou em uma praça para buscá-los, assim não entraria em uma enrascada por estar comprando-os sem receita.

Calçou seus coturnos marrons rápido e buscou um casaco xadrez no armário. Seus cabelos estavam secos e não eram penteados há dias, mas ela apenas os prendeu com um elástico e fez um coque alto, procurando pelas cédulas de won que guardava debaixo da cama.

O dia estava frio demais, e ela caminhava esfregando as mãos. Não tinha muito conhecimento com a vizinhança, então não teve vizinhos lhe parando ou cumprimentando.

Mas, como tudo na vida de Lucy parece querer fazê-la ter um treco, ela freou os passos assim que chegou à esquina da rua.

Park Ryeon estava lá, e ele parecia ainda mais bonito.

Ryeon estava alheio, sentado e suado na calçada de sua porta. O skate ao lado de seu corpo indicava o que o garoto havia feito para estar em tal estado, e a língua para fora enquanto buscava por ar, deixou a garota desnorteada.

Mas Ryeon não estava só.

Ao lado do garoto estavam seus amigos, Noah, Daniel e Jerry, os que sempre perdiam tempo com Ryeon andando de skate.

Lucy suspirou pesadamente, e virou-se. Não podia seguir por ali. Estava evitando Ryeon e ainda teria que falar o que iria fazer. Possivelmente Ryeon pediria para ir com ela, e ela se atrapalharia toda para inventar algo que o fizesse ficar onde estava.

Então ela seguiu para o outro lado. Bufou quando teve que dar uma volta completa na rua, por simplesmente ser uma idiota, mas sorrio quando chegou à praça e viu a mulher já a sua espera.

A mulher sorriu para ela, e sentou-se em um dos bancos. Sempre tinham que agir como se fossem amigas, então Lucy apenas sentou e sorriu também. Fingiram conversar sobre bobeiras, até a mulher passar a sacola marrom de papel para a outra.

ㅡ Rápido, o pagamento.

Lucy assentiu, buscando de dentro do bolso do casaco. Ela era péssima em disfarces, mas conseguiu fazer aquele fluir até o último momento.

ㅡ Você tem meu número, no que precisar, ligue.

A garota assentiu, sorrindo para a outra.

ㅡ E aliás, você é linda.

Ela sentiu as bochechas esquentarem, mas despediu-se com um abraço como mandava o personagem, e esperou que a mulher sumisse de seu campo de visão para enfim se erguer. E quando ela o fez, deu de cara com Ryeon.

ㅡ Então ela é a sua namorada? ㅡ o garoto perguntou em um tom chateado.

A garota engoliu em seco, buscando uma resposta.

ㅡ Qual o nome dela?

ㅡ V-Você me seguiu?

ㅡ Segui sim. Eu vi você e ela sorrindo e se abraçando.

ㅡ E o que há? ㅡ a garota desviou e seguiu seu caminho, sentindo Ryeon bem atrás de si.

ㅡ O que há? Por que você não me contou?

ㅡ Ela não é minha namorada.

ㅡ Não? Então é o quê? Uma ficante? Alguém que você está conhecendo?

ㅡ Por que... ㅡ a garota virou-se, dando de cara com Ryeon e seu peito suado. Ela se sentiu desnorteada, e se afastou. ㅡ por que você está me fazendo esse tipo de pergunta?

ㅡ Por que eu achei que fôssemos amigos.

ㅡ E nós somos. ㅡ ela disse ainda sem o encarar. ㅡ não somos?

ㅡ Amigos contam tudo para os outros, sabia?

Lucy então resolveu olhar Ryeon e viu como ele parecia realmente chateado. Ela não queria que ele permanecesse daquele jeito, mas não tinha nada que pudesse fazer.

ㅡ Contam mesmo? ㅡ ela perguntou desviando o olhar para o pescoço dele. ㅡ então quem fez isso em você? Foi sua namorada? ㅡ falou debochando.

Ryeon tocou sobre a mão de Lucy, mas ela a retirou. O garoto fechou os olhos rapidamente, se praguejando por sua maquiagem fajuta ter saído com o suor.

ㅡ Eu não tenho namoradas. Eu acabei me machucando, só isso.

ㅡ Uhum, então parece que estamos do mesmo jeito. ㅡ ela disse sorrindo e se virou, a fim de sair dali e não precisar olhar para aquela marca ridiculamente roxa na pele do garoto que gostava.

ㅡ Eu não tenho namoradas. Porque eu não gosto de garotas.

Aquilo fez Lucy gelar. A garota não podia acreditar no que havia escutado.

Se Ryeon não gostava de garotas, aquilo significava que ele nunca poderia gostar dela, não é?

Droga.

A garota negou, fechando os olhos em seguida. Praguejava-se por ser tão tola. Como ela nunca percebeu isso?

ㅡ Mas... Mas você beijou a Sun e... Você gosta dela.

ㅡ Eu realmente beijei a sun, mas eu também beijei você. ㅡ Ryeon falou e parou na frente da garota, observando seus olhos arregalados. ㅡ e eu percebi que eu gosto mesmo de garotos.

ㅡ Como descobriu?

ㅡ Por que eu não paro de pensar em um em especial.

Lucy sentiu os olhos arderem, mas desviou-os e apenas encolheu o corpo, desviando de Ryeon para seguir.

ㅡ Você não se importa com isso? ㅡ Ryeon gritou, caminhando logo atrás da garota.

Mas ela não respondeu, apenas apressou o passo e tentou a todo o momento se desvencilhar dos pensamentos fúteis.

ㅡ Me responde. ㅡ Ryeon a parou, segurando em seus ombros e novamente parando a sua frente. ㅡ Isso não importa para você?

ㅡ E o que eu tenho a ver com isso?

Ryeon piscou perdido. Não entendia porque estava sendo tratado com tanta amargura. Não entendia porque o seu Woojin estava daquele jeito.

ㅡ Eu preciso ir.

E desviando mais uma vez do outro, Lucy caminhou e seguiu para sua casa. Diferente de antes, Ryeon não a seguiu. Ficou parado no mesmo lugar enquanto via a pessoa que não saia de seu pensamento ir.

Sentiu-se perdido.

Mas Lucy foi rápida, chegou a casa ainda antes de sua mãe e já subiu para seu quarto retirando as roupas que usava.

Chorava, molhando a pele rosada de sua bochecha com abundância, mas já não ligava para mais nada.

Sentia-se cheia de nada a sua volta ou em sua vida dar errado, então despiu-se e buscou três das pílulas do frasco. Havia parado com as outras há três dias, então seria o certo ingerir uma para cada dia, certo?

Errado.

E Lucy sabia, mas como ela estava cansada, talvez se tudo desse errado nada mudaria mesmo.

Ligou o chuveiro, olhando como a água caia ligeira, e sentou no chão frio.

As lágrimas ainda desciam de forma volumosa, e os soluços mudos saiam de sua boca, mas o cansaço foi tanto, que ela apenas pôs as três pílulas na boca, e engoliu com a água que caia diretamente do chuveiro.

Sentiu a dificuldade para engolir todas as pílulas de uma só vez, mas quando o fez, deixou que a água limpasse por si só seu corpo, enquanto seus olhos fechavam.

Lucy imaginava-se com os seios que queria ter. Com as curvas e sem os pelos que teimam em crescer nos lugares inoportunos em seu corpo.

Não aguentava mais que lhe visse como Woojin, então era somente para livrar-se rápido da sensação agoniante que ela continuava tomando aquilo.

E quando ela achou que já estava bom o "banho" que tomava, levantou-se do chão e desligou o registro.

Secou-se de modo desleixado, sentindo o corpo parecer mais cansado a cada segundo, e sorriu quando viu sua cama mudar rapidamente de lugar.

Ela abanou a cabeça, tentando tirar a sensação esquisita de enjoo de dentro de si, mas viu todo o quarto girar rápido e caiu sobre a cama, fechando os olhos.

Seu coração acelerou e um zumbido veio ao seu ouvido, então ela se encolheu sentindo a respiração mudar.

Sabia que poderia ser o efeito colateral do medicamento, mas havia ingerido além da conta e naquele momento sentiu medo.

Rapidamente ela se ergueu da cama e procurou por suas roupas. Vestiu-as sem saber se fazia do modo correto e buscou seu celular.

Precisava ligar para Jaesun, e pedir para que o garoto fosse lá. Somente ele sabia o que acontecia com a garota e poderia ajudá-la.

Tentou desbloquear o celular uma nova vez, mas não conseguiu. Via tudo balançar e rodar, então o feito se tornou impossível de fazer.

Lucy, agoniada, olhou ao redor, e viu o frasco jogado sobre a cama.

Buscou-o para verificar a bula e viu que não havia. O nome era desconhecido por ela, e as substâncias presentes também.

A garota lamentou. Possivelmente estava tendo algum tipo de reação contrária e estava sozinha em casa, ninguém a ajudaria.

Provavelmente ela morreria ali, e somente após horas achariam seu corpo.

Suas mãos começaram a tremer, enquanto seus olhos voltaram a derramar lágrimas. Suas pernas pareciam como geleia e também tremiam para sustentá-la de pé.

Mas Lucy não queria morrer daquele jeito. A garota tinha que lutar, só não sabia como.

A garota tentou caminhar até a porta, mas caiu com força no chão, machucando sua mão, e rasgando sutilmente seu braço.

Ela gemeu de dor, mas ouviu o toque agudo de seu celular logo ao lado.

Não conseguiu ver o nome, tudo se tornava como vultos, então apenas tocou no botão de cor verde e pôs o aparelho sobre o ouvido.

ㅡ Woojin?

Ela não conseguiu responder, mas gemia, e chorava compulsivamente.

ㅡ O quê? Está chorando? Foi o que eu fiz? Me desculpa, eu não quis te seguir.

Ryeon não entendia nada do que ouvia, mas a garota juntava forças enquanto sentia o ar deixar-lhe os pulmões.

ㅡ Woojin? ㅡ Ryeon chamou de forma desesperada.

A visão da garota tornou-se nublada, escura, e tudo o que conseguiu falar antes de apagar foi:

ㅡ Me ajude...

            
            

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