O leão e a pantera
img img O leão e a pantera img Capítulo 3 Terceiro
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Capítulo 10 Décimo img
Capítulo 11 Décimo primeiro img
Capítulo 12 Décimo segundo img
Capítulo 13 Décimo terceiro img
Capítulo 14 Décimo quarto img
Capítulo 15 Décimo quinto img
Capítulo 16 Décimo sexto img
Capítulo 17 Décimo sétimo img
Capítulo 18 Décimo oitavo img
Capítulo 19 Décimo nono img
Capítulo 20 Vigésimo img
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Capítulo 3 Terceiro

Depois de um longo jantar, Anthony a levou para casa finalmente. Não via a hora de sumir daquele lugar!

- O que achou? - perguntou coçando a nuca. - Sei que meus pais são meio malucos, mas são gente boa.

- Tanto faz - respondeu e o homem olhou o rosto dela. Estava olhando o nada e tinha expressão triste.

- Ei... - Segurou a mão dela e fez com que o olhasse com certa rapidez. - Não precisa ficar assim. Eu sei que é difícil pra você. Minha mãe me contou como foi pra ela quando fez dezessete.

- Quantos ela tem?

- Quarenta e um.

- Imaginei mais ou menos isso. E seu pai?

- Sessenta e oito.

- Uau!

- Pelo menos nossa diferença não é tão grande assim.

- Quantos você tem?

- Vinte e quatro.

- Hum...

- Amanhã venho marcar a data - falou acariciando a mão dela.

July engoliu em seco.

- Posso te fazer um pedido?

- Todos que quiser.

- Pode esperar mais um pouco? Eu quero me acostumar com isso tudo...

O homem ficou em silêncio por um momento.

- Tudo bem.

July suspirou aliviada.

- Mas você não tem que me ver como algo ruim ou forçado.

- Mas é forçado.

- Eu sei, mas seria menos tenso se você relaxasse mais - disse rindo.

- Impossível!

- Te dou dez dias.

- Só?

- Acha pouco?

- Óbvio!

- Você não tem como correr. Sabe disso, não é?

- Não me lembre...

O homem suspirou e se aproximou dela, fazendo com que ficasse tensa.

- Quando for morar comigo, vai ver que não sou nada do que pensa.

- Será? Você não sabe o que eu penso - falou com as sobrancelhas erguidas e ele sorriu.

- Sei que acha que sou carrasco e vou te fazer de empregada.

July balançou a cabeça, também pensou isso.

- Mas isso não vai acontecer.

- Tá.

- Agora vou indo. Diga a seus pais que em dez dias venho marcar a data.

- Tudo bem.

Ele sorriu e ficou olhando o rosto de July um momento. Ela desviou o olhar ao perceber que não tirava os olhos dela. Em pouco tempo ficou paralisada quando ele se aproximou e olhou para cima sem mexer a cabeça. Só conseguiu mexer os olhos. Viu ele curvar um pouco o pescoço e engoliu em seco. Quando chegou bem perto dos lábios dela...

- Você não pode me beijar.

Ele se afastou um pouco ao ouvir isso.

- Está nas regras. Somente depois de casados. - Sorriu, cínica.

- É, mas ninguém precisa saber que isso aconteceu antes. Não tem problema nenhum só a gente saber que você já beijou.

- Que bom saber que você pensa assim! Fico menos preocupada.

- Como assim?

- Ué, se só fica entre a gente, ótimo! Pois isso já aconteceu.

Os dois ficaram em silêncio depois do que ela disse. O homem a olhava surpreso e ela o encarava com um sorriso cínico. Ele sorriu e deu um passo à frente.

- Acha que por isso não vou querer mais casar?

- Quem sabe...? - Levantou os ombros.

- Não me importo com isso. Tem algumas regras que são bobas demais, mas a gente tem que respeitar as mais visíveis. - Começou a se aproximar dela e quando percebeu, foi dando passos para trás fugindo dele.

- Pensei que fosse do tipo respeitador...

- Depende do momento.

July engoliu em seco e parou de andar quando a parede lhe impediu de fugir mais. Anthony se aproximou dela e a cercou com os braços, apoiando-os na parede. July olhou para cima para olhar o rosto dele.

Não sabia o que fazer, se batia nele e entrava em casa correndo. Se chamava sua mãe e dizia que ele estava quebrando as regras, porém ele poderia contar que ela já tinha beijado. Pensou também em deixar ele fazer o que queria para acabar logo com aquilo. Qual era a melhor opção?

Viu o rosto dele cada vez mais perto e se encolheu. Anthony não ia beijá-la, só queria ver o que iria fazer, mas ao aproximar bem o rosto, mudou de ideia e capturou os lábios dela. July levantou as mãos para empurrá-lo, mas achou melhor não. Vai que ela o joga longe como com Kenup e ele morre? Fechou as mãos com força e ficou paralisada.

O loiro segurou o rosto dela com uma das mãos puxando e a obrigando a beijá-lo. July passou as unhas na parede pelo nervosismo. Por fim resolveu corresponder para ele ir embora logo, mas não tocou nele. Anthony se afastou e a olhou nos olhos. July estava emburrada e respirava rápido.

- Desculpe, não resisti.

- Não vi você fazer força para resistir!

- Eu não ia beijar você de verdade.

- Então por que não beijou de mentira? - perguntou irritada.

- Desculpe.

- Posso ir agora ou vai me agarrar mais?

- Pode ir.

- Ótimo! - Virou as costas e entrou em casa batendo a porta com força. Anthony respirou fundo e foi embora.

Seguiu direto para o quarto, ignorando seus pais que queriam saber como foi o jantar. Se jogou na cama e cobriu a cabeça com o travesseiro. Ouviu a porta abrir e resmungou frustrada.

- O que aconteceu?

- Eu não quero me casar! - falou alto.

- July entenda de uma vez que se não se casar, ele vai saber.

- Como? Tem tanta gente no mundo!

- E acha que não sabe?

July cobriu o rosto com o travesseiro.

- Eu também não gosto nada de entregar minha menina a um marmanjo qualquer, mas não posso fazer nada. Isso é o melhor pra você no momento - disse o pai dela.

- Tá bom, agora quero ficar sozinha.

Os dois saíram do quarto e July começou a chorar. Já estava perdendo as esperanças de voltar a ver Adriel e os outros. Não tinha nem uma luzinha que brotasse do nada para ajudar a saber o que fazer para ir até lá de novo. E mesmo pedindo, nenhum portal quis abrir para ela.

Sentou na cama e ficou encarando o caderno que estava em cima da mesa. Agora não precisava esconder ele embaixo da cama. Estava com tanta raiva de Kirovs e suas leis idiotas, raiva por não saber o que fazer, raiva por estar longe de Adriel e raiva por ter beijado aquele cara!

Cobriu o rosto com o travesseiro e deu um grito, que foi abafado por ele. Sentia como se fosse explodir a qualquer momento! Depois do grito, um forte choro lhe invadiu. Muitas emoções ao mesmo tempo dão nisso.

Olhou a janela e ficou paralisada. Viu alguém lá fora olhando ela. Piscou várias vezes e se aproximou da janela. Abriu o vidro e ficou de boca aberta. Ele estava ali! Estava ali!

Esticou os braços para ele segurar suas mãos e quando o fez, puxou para dentro do quarto. Foi tão forte que os dois caíram no chão fazendo um grande barulho. July caiu de costas e bateu a cabeça no chão.

- July está tudo bem?

A menina arregalou os olhos e Adriel, que caiu por cima dela, rolou para debaixo da cama. Em poucos segundos a porta se abriu.

- Está sim, mãe.

- Caiu? - Se aproximou e a ajudou a levantar.

- Sim. - Alisou a cabeça.

- Tenha mais cuidado, July.

- Estou bem - falou enquanto a mãe procurava algum machucado.

- E então, o que ele disse?

- Quem?

- Anthony.

- Ah... - Coçou a cabeça. - Que vai vir em dez dias.

- Dez dias?

- Sim.

- Por que essa demora toda?

- Não sei.

A mãe dela cerrou os olhos olhando-a com desconfiança.

- Falou alguma coisa errada, July?

- Não...Por que acha isso?

- Você sempre fala.

- Eu não disse nada.

- Aprenda a mentir, July! O que você fez?

- Pedi a ele para esperar, tá? Não quero isso e nunca vou me acostumar!

- Ele aceitou isso?

- Sim.

- A sua sorte é que ele gostou de você. Senão já teria desistido.

- Seria um favor que me fazia.

- Acho bom você começar a controlar sua língua, mocinha!

- Vou me esforçar.

A mulher respirou fundo para controlar a raiva.

- Agora durma e pense sobre o que está em risco. Sua vida! - Saiu do quarto batendo a porta. July engoliu o choro.

O garoto saiu debaixo da cama quando a mãe dela saiu do quarto. Os dois ficaram se olhando em silêncio. July estava literalmente acabada. Estava sem forças e só sabia chorar. Achou que o dia que encontrasse Adriel de novo, ia explodir, mas não. Isso porque a culpa estava consumindo-a. Ela beijou aquele cara há poucos minutos atrás...

Ele parecia hesitante e a olhava de um jeito estranho. Parecia ao mesmo tempo querer abraçá-la e brigar com ela.

- Como chegou aqui? - perguntou em meio as lágrimas.

- Eu que te pergunto isso.

- Eu não sei.

- Como não sabe?

- Acordei em um quarto de hospital e me disseram que fiquei em coma durante dez meses. Que atacaram a casa naquele dia que fui com você e o meu quarto foi o mais atingido e que eu estava nele na hora.

Adriel a olhou surpreso.

- Antes de acordar, do que se lembra?

- De esperar vocês.

- Que mais? - perguntou com semblante sério.

- Kenup...

O rosto dele se modificou e July franziu a testa.

- Sabia! - resmungou e mordeu o lábio com força.

- O que é?

- Descobri que o Kenup e a Clarisse estavam metidos com bruxas e queriam se livrar de você.

July arregalou os olhos.

- Mas não queria acreditar que ele fez isso - falou com raiva.

A lembrança veio como um raio e July se apoiou na mesa para não cair. Adriel se aproximou ao ver ela ficar pálida.

- Que foi?

- Eu me lembro.

- De que?

A menina olhou para o lado e ele estava bem próximo a ela. Engoliu em seco e desviou o olhar.

- Ele me tirou da casa falando que ia me levar para onde vocês estavam porque iam ficar à noite lá e você não queria que eu ficasse sozinha, então pediu para ele me buscar. Achei estranho porque você não o mandaria, mas fiquei com medo de ficar sozinha na casa e o segui.

- O que aconteceu depois?

- Andamos um pouco e chegamos em um lugar esquisito...

- Como era?

- Tinha árvores mortas... Lá tem árvores mortas? - Virou o rosto para olhar para ele e prendeu a respiração ao ver que estava mais perto ainda.

- Tem sim - disse olhando os lábios dela.

- Então... Quando chegamos eu fiquei confusa. Não deu tempo de perguntar nada. Ele me segurou e a mesma bruxa que quase matou a Safira jogou algo em mim. É só isso que me lembro.

O quarto ficou silencioso enquanto Adriel absorvia a história. July passava as unhas na mesa com nervosismo. Já estavam um pouco roídas pelo que ela fez na parede na hora que Anthony a agarrou. Tinha até sangrado um pouco por conta da força que ela usou.

Adriel puxou as mãos dela para que parasse de fazer aquilo e olhou seus dedos. Alguns ainda manchados de sangue. July escondeu as mãos.

- Você está namorando outra pessoa? - a pergunta foi como um sussurro.

July o olhou surpresa com a pergunta.

- Não.

- Então quem era aquele cara que estava ali fora com você?

A menina ficou sem ar.

- Você estava ali há quanto tempo?

- Estou vigiando você desde que foi pra escola.

- Por que não me chamou?

- Achei que a noite era melhor para te avisar que estava aqui. De manhã alguém poderia ver.

- Entendi... - Olhou os pés.

- Você não me respondeu.

- Respondi sim... - falou baixo.

- Tudo bem... - Virou as costas para ela e andou em direção a janela.

- Aonde você vai? - perguntou sentindo um certo desespero.

- Vou embora. - Colocou as mãos na janela e quando ia passar, sentiu os pequenos braços da menina apertarem sua barriga. Ela o agarrou antes que conseguisse sair e enfiou o rosto em suas costas.

- Por favor, não vá embora... - pediu com desespero.

Adriel soltou a janela e virou de frente para ela, deslizando em seus braços. Agora ela ficou com o rosto enfiado no peito dele. A menina apertou os braços ao redor dele e ele colocou as mãos em seus ombros. Sentiu eles subirem e descerem com os soluços dela.

Fechou os olhos com força e a envolveu em seus braços. Enfiou o rosto entre os cabelos e segurou a cabeça dela com uma das mãos.

- Me desculpa... - falou chorando e olhou para cima.

Adriel segurou o rosto dela com uma das mãos e limpou as lágrimas que rolavam sem parar. Vê-la daquele jeito estava deixando-o desnorteado.

- Pelo que?

July fechou os olhos com força e mais lágrimas caíram.

- Por causa daquele cara... - Apertou a cintura dele e enfiou o rosto em seu peito de novo.

Adriel a afastou dele segurando seus braços e olhou para seu rosto. Estava vermelha de tanto chorar e com o rosto todo molhado. Se aproximou da cama e sentou. Depois puxou July para se sentar com ele. A menina sentou em seu colo apoiando os joelhos na cama ao redor dele e agarrou seu pescoço com força. O loiro ficou surpreso com a atitude dela e envolveu sua cintura.

- O que tem ele?

- Você não viu?

- Você beijando-o? Vi.

July chorou mais forte.

- Eu não sabia o que fazer e queria que acabasse logo com aquilo...

- Quem é ele?

- Lembra que te disse que com dezessete anos as meninas têm que se casar?

- Sim.

- Eu já fiz dezessete...

Adriel fechou os olhos e respirou aliviado.

- Estão te obrigando a isso?

- Sim - respondeu soluçando.

- Fica calma - pediu acariciando os cabelos dela.

Parecia que estava mais longo do que antes. Ele colocou uma mecha atrás da orelha e acariciou o rosto dela. July sorriu com isso.

- Senti sua falta - falou encostando a testa na dela.

- Eu também - respondeu acariciando o rosto dele.

Sem demorar mais ele se aproximou e beijou ela. Pouco importava o que aconteceu antes! Só queria aproveitar o momento com ela.

            
            

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