O leão e a pantera
img img O leão e a pantera img Capítulo 6 Sexto
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Capítulo 10 Décimo img
Capítulo 11 Décimo primeiro img
Capítulo 12 Décimo segundo img
Capítulo 13 Décimo terceiro img
Capítulo 14 Décimo quarto img
Capítulo 15 Décimo quinto img
Capítulo 16 Décimo sexto img
Capítulo 17 Décimo sétimo img
Capítulo 18 Décimo oitavo img
Capítulo 19 Décimo nono img
Capítulo 20 Vigésimo img
Capítulo 21 Epílogo img
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Capítulo 6 Sexto

July fez o que sua mãe mandou e seguiu lentamente para a sala. Temia que fosse Kirovs que estivesse lá. Ao chegar suspirou, era só o Anthony. O que era menos pior.

- Está tudo bem? - perguntou ao ver o rosto dela meio molhado.

- Sim.

- Aconteceu alguma coisa, Anthony? - Jane perguntou para mudarem de assunto.

- Kirovs está passando nas casas aqui perto. Daqui a pouco chega na sua. Achei melhor vir para que ele não pense que é mentira que a July tem noivo.

- Oh! July... - Se aproximou dela, mas a menina não a olhou. - Controle a sua maldita boca!

- Não vou dizer nada.

- Agora vou pegar a tesoura e cortar seu cabelo. - July ia se manifestar. - E você não vai dizer nada.

A mulher foi até a mesa de centro e pegou a tesoura. Tinha colocado ali para poder atender a porta. Enquanto ela fez isso, Anthony olhou o rosto de July e percebeu ela chorando silenciosamente e as lágrimas escorrendo por suas bochechas. Jane se aproximou e desfez o rabo de cavalo que ela tinha feito. A mulher penteou os cabelos dela para poder cortar direito e quando ia cortar, Anthony a interrompeu.

- Por que acha que tem que cortar o cabelo dela?

Jane soltou a mecha que segurava.

- Porque está muito grande, você não acha?

- Eu acho que está lindo do jeito que está.

July o olhou e ele sorriu levemente.

- Bem... Acha melhor não cortar então?

- Acho.

Jane coçou a nuca e observou o cabelo da menina. Era todo ondulado e estava um pouco cheio por ela ter penteado.

- Bom, se você gosta, vou deixar do jeito que está. Mas isso gasta muito o creme de limpeza...

- Sem problemas.

- Tudo bem. - A mulher prendeu o cabelo dela em rabo de novo e ajeitou sua roupa. - Espero que dê tudo certo. Vou pegar algo pra gente beber. - Foi até a cozinha e deixou eles sozinhos.

- Obrigada.

- Era por isso que estava triste, não é?

- Ela cismou em cortar meu cabelo desde que você apareceu.

- Se é por minha causa, vai poder ficar tranquila agora - falou passando os dedos pelo rabo de cavalo.

- Por que fez isso?

- Gosto de seu cabelo.

- E?

- E o que?

- O que mais?

- Como assim o que mais?

- Qual o outro motivo além desse?

O homem riu. Ele apoiou a mão no ombro dela, fazendo com que ficasse tensa.

- Como eu disse, não quero que pense que sou um carrasco.

- Entendi.

- Quer suco? - A mãe dela apareceu cortando o papo deles.

Enquanto esperavam Kirovs aparecer, beberam um pouco e conversaram. July não abriu a boca. Estava um pouco tensa por saber que aquele homem ia a sua casa. Ainda mais sabendo que não controla a boca e tem muita raiva dele.

A campainha tocou e ela respirou fundo. Estava até com as mãos trêmulas. Anthony segurou a mão de July e puxou para sentar no sofá ao lado dele.

- Finja que não sabia que ele viria.

Em pouco tempo Jane apareceu na sala com um homem alto. Ele tinha um semblante duro e olhos cor de mel. O cabelo era curto. Usava um uniforme tipo de exército, mas um pouco mais extravagante. Dois homens fortes e enormes andavam ao lado dele, um do lado esquerdo e outro do lado direito. Ao verem eles, os dois se levantaram do sofá.

July levantou os olhos que estavam no chão e percebeu o homem olhando para ela, desviou o olhar rapidamente ao perceber.

- Você que se casará com ela? - perguntou a Anthony.

- Sim, senhor.

- Quando?

- Na quarta-feira.

- Certo. Quando fez aniversário? - perguntou a Jane.

- Há três semanas.

- Tudo isso? - Voltou a olhar July que mantinha seus olhos no chão. A menina apertava as mãos com nervosismo. - Deixe-me ver você.

A menina engoliu em seco e se aproximou dele, mas não lhe dirigiu o olhar. O homem a observou em silêncio e deu a volta por ela lentamente. Os olhos de July foram para a porta do quarto dela e conseguiu ver Adriel observando com a porta um pouco aberta, ela voltou a olhar o chão.

July sentiu os dedos do homem tocarem suas costas e prendeu a respiração. Ele voltou para a frente escorregando os dedos no corpo dela, agora tinha eles encostados em sua barriga.

- Olhe para mim.

July piscou algumas vezes e levantou a cabeça, olhando-o. Ela observou as sobrancelhas dele se juntando um pouco.

- Acho que é um cara de sorte, rapaz. É uma menina linda.

- Obrigado - respondeu Anthony.

- Mas...

July estremeceu com essa palavra.

- Tem algo nela, mas não sei dizer o que. Por que não fala nada?

- Está um pouco nervosa por ter você aqui, senhor - respondeu Jane e o homem a olhou de rabo de olho.

- Acho que não. Por que está quieta?

- Estou surpresa com sua presença, senhor - respondeu o mais natural que conseguiu.

- Certo. Na quarta-feira vou até sua casa para ver se está casado - falou com Anthony. - Se desistir, ficarei feliz em levá-la comigo.

July engoliu em seco.

- Que horário posso aparecer?

- Vamos nos casar de manhã, senhor.

- Muito bem, passo em sua casa à tarde. Sei que se vocês se casarem - falou olhando de um para o outro -, seus filhos serão meus - disse sorrindo.

July apertou as mãos com raiva. Quem ele pensa que é para dizer que um filho dela seria dele?

- Vamos embora - falou com os homens que estavam com ele.

Os três seguiram seu caminho e saíram da casa. Jane fechou a porta e respirou aliviada. July ainda tinha as mãos apertadas e dentes trincados. Anthony se aproximou e colocou a mão no ombro dela. July olhou para ele.

- Se saiu muito bem.

- Que bom que ficou quieta, July - disse Jane.

- Minha vontade era de socá-lo até perder os dentes!

- July! - Jane a repreendeu e Anthony riu.

- Bom, já que ele passou, vou voltar para o trabalho.

- Obrigada por vir - July disse e o homem a olhou surpreso.

- De nada.

Ele foi embora e July se jogou no sofá. Ela ficou olhando o teto por um longo tempo. Pensava em como poderia fazer, teria que se casar com Anthony, deixar Kirovs ver eles casados e então abrir o portal. Ou descobrir como ele abriu naquele buraco na parede.

Levantou rápido do sofá e seguiu para o quarto. Chegando lá Adriel estava esperando.

- Você sabe direitinho quando sou eu e quando é minha mãe, não é?

- Os passos fazem barulhos diferentes. Os seus são mais leves.

July seguiu até o armário e empurrou para ver o buraco.

- O que tanto você empurra o armário?

- Por causa disso. - Mostrou o buraco a ele. Agora ela via o lado de fora da casa.

- Um buraco?

- Fui eu que fiz.

- Pra que?

- Não fiz por querer... Achei que tudo não passou de um sonho. Que realmente tinha ficado em coma todo aquele tempo e que minha mente tinha criado seu mundo e tudo o mais. Então fiquei com raiva da minha mente e joguei seu desenho na parede. E ela ficou assim.

- Abriu um buraco com um pedaço de papel?

- Parece que sim...

- Mas o que tem isso?

- Quando minha mãe estava aqui, o portal estava aberto. Vi o gramado da floresta por ele.

Adriel a olhou espantado.

- Só não sei como passaríamos por esse buraquinho...

O loiro coçou a cabeça com nervosismo. Será que ela estava vendo coisas? O portal não abriria dessa forma.

- Acho que sei qual desejo funcionaria...

- Qual?

- Não quero que aquele mundo se torne como esse, com um ditador maluco que mata porque acha graça!

Quando ela falou isso, o buraco brilhou e logo eles conseguiram ver o gramado do outro lado em vez do lado de fora da casa. Os dois sorriram.

- Consegue abrir o espaço para a gente passar?

- Não posso ir agora. Tenho que me casar primeiro.

- É mesmo...

- Você quer ir? - perguntou em frente a ele.

- Sem você?

- Eu vou depois.

- De jeito nenhum! Vou com você.

July sorriu.

- Já sei como abrir o portal, só tenho que pensar em como abrir a passagem desse buraquinho... Mas vai dar tudo certo.

- Vai sim. - Sentou na cama e respirou fundo.

- Que foi?

- Espero que esteja certo de que aquele cara não vai desistir de você.

- Por que?

- Aquele homem disse que te levaria com ele. Pelo olhar que te lançou, não acho que é para arrumar a casa...

July engoliu em seco.

- Anthony não desistiria... Desistiria?

- Acho que não.

July empurrou o armário para o lugar que estava e se aproximou de Adriel. Ela sentou em seu colo de lado e apoiou a cabeça em seu peito. O loiro sorriu e a envolveu em seus braços.

***

Os dias passaram depressa e a quarta chegou. Jane arrumava July para levá-la até o local onde assinariam seus nomes e se tornariam marido e mulher. Se não fosse Kirovs, ela com certeza tinha dado um jeito disso nunca acontecer! Ou já estaria com Adriel na casa dele conversando com Safira ou Malfin.

Seguiu com os pais até o cartório. Combinou com Adriel de o encontrar na parte de trás da casa de Anthony. Em algum lugar onde nenhum deles frequentava. Teria que ir para a casa dele e esperar Kirovs aparecer.

Quando chegaram, July respirou fundo. Os três se aproximaram de Anthony e foram para o local onde assinavam. Anthony assinou primeiro. Tinha um grande caderno em cima da mesa e uma mulher à frente deles com cara de poucos amigos. July pegou a caneta e assinou depois de uns segundos observando o caderno.

Agora estavam casados. Um casamento bem ridículo. Se bem que pelo jeito que as coisas eram, não poderia ser melhor.

Os pais de July se despediram dela com lágrimas nos olhos. Ela também se despediu chorando. Sabia que depois que Kirovs visse que estava casada, iria partir para o mundo de Adriel e não os veria mais. Mesmo eles sendo mandões e frios, ela os ama muito.

Seguiu com Anthony para a casa dele em silêncio absoluto. Quando chegaram, ele mostrou toda a casa para ela. Era enorme e tinha várias portas. July observou bem para ver qual local eles não usavam para poder encontrar Adriel ali.

- Venha. Vou te mostrar o quarto.

July engoliu em seco. Anthony segurou a mão dela e a levou até o local.

Os dois entraram e a menina observou, era um quarto grande, tinha cama de casal, um armário espaçoso, uma mesa com vários tipos de perfumes e um espelho em frente. Aquilo devia ser coisa da mãe dele...

- Gostou?

- É legal.

Anthony se aproximou e segurou a cintura dela. July ficou tensa e ele a virou de frente para ele. A menina o olhou com terror.

- Não precisa me olhar assim. Não vou fazer nada com você.

- Vai esperar o Kirovs ir embora? - O tom de sua voz mostrava claramente o quão aterrorizada estava com aquilo.

- Não.

July desviou o olhar. Então era agora! Como ela poderia fugir?

- Não vou fazer nada com você até que se acostume comigo.

July arregalou os olhos e piscou algumas vezes. Anthony a olhava calmo.

- Não vai fazer... Nada?

- Não. Nem vou dormir com você.

- Jura?

- Sim. Eu disse que não quero que você me ache um carrasco. Se me deito com você hoje, sei que será uma coisa que você não quer.

July não disfarçou seu alívio ao ouvir aquilo e Anthony deu uma risadinha.

- Quero que se sinta bem - falou segurando o rosto dela com uma das mãos.

- Obrigada, Anthony.

- Posso te dar um beijo?

July mordeu o lábio.

- No rosto...

- Pode.

O loiro riu. Ele se aproximou e deu um beijo demorado no rosto dela, porém bem próximo a seus lábios.

- Fique à vontade. Quando Kirovs chegar, te chamo.

- Tudo bem.

O homem saiu do quarto e July se jogou na cama. Anthony era um cara legal afinal de contas. Quem faria uma coisa assim? Se fosse outro, com certeza ela já estaria jogada na cama e sendo forçada a fazer o que não queria!

Foi até a janela e olhou para a parte de trás da casa. Procurou Adriel, mas não conseguiu ver ele. Como acharia? Em pouco tempo ouviu um "psiu" e viu ele escondido atrás de umas bugigangas. Fez sinal para ele ir até ela e o puxou para dentro do quarto.

- Ele vai me ver aqui!

- Não vai dormir aqui.

- Não? - Franziu a testa.

July contou a ele o que aconteceu há poucos minutos. Adriel ficou em silêncio, surpreso com o que ouviu.

- Ele é um bom cara afinal...

- É.

            
            

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