O leão e a pantera
img img O leão e a pantera img Capítulo 7 Sétimo
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Capítulo 10 Décimo img
Capítulo 11 Décimo primeiro img
Capítulo 12 Décimo segundo img
Capítulo 13 Décimo terceiro img
Capítulo 14 Décimo quarto img
Capítulo 15 Décimo quinto img
Capítulo 16 Décimo sexto img
Capítulo 17 Décimo sétimo img
Capítulo 18 Décimo oitavo img
Capítulo 19 Décimo nono img
Capítulo 20 Vigésimo img
Capítulo 21 Epílogo img
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Capítulo 7 Sétimo

Kirovs chegou no começo da tarde. Adriel ouviu os passos se aproximando e se escondeu debaixo da cama. Já estava até se acostumando a fazer isso. Só que aquela cama era melhor do que a de July, pois a dela era muito baixa e ele ficava espremido lá embaixo. A cama de Anthony era mais distante do chão e ele ficava bem.

- Ele chegou. Vamos. - Estendeu a mão a ela. July suspirou e segurou a mão dele.

Os dois seguiram para a sala da casa. July pôde ver Kirovs sentado no sofá e seus dois guarda-costas em pé ao lado dele. Anthony conduziu a menina até perto do homem.

- Enfim casados - falou sorrindo. - Que pena que não desistiu... Passei no cartório para ver se assinaram. Meus parabéns.

- Obrigado - respondeu Anthony.

- Se tiverem filho homem, peço que me avisem.

- Sim, senhor.

- Não vou mais atrapalhar vocês. Creio que esteja ansioso para a primeira noite... - disse olhando Anthony com um sorriso malicioso.

- Claro, senhor.

- Até mais ver.

Os três saíram da casa deles e July suspirou.

- Pelo menos as visitas dele são rápidas.

Anthony sorriu.

- Algo de bom ele tem que fazer. - Os dois riram. - Você fica linda quando sorri.

July desviou o olhar.

- Nunca viu meu sorriso?

- Não. Você estava sempre emburrada quando me via..

Ela segurou a risada.

- Não era nada pessoal.

- Sei que não. Está com fome?

- Um pouco.

- Vamos comer algo então.

Os dois se sentaram à mesa e comeram em silêncio. Apesar de Anthony tratar ela bem e estar fazendo de tudo para se sentir à vontade, ela ainda tinha um certo receio e não queria que ele se aproximasse muito.

- Tenho que ir ao hospital hoje. Talvez não volte para dormir. Você fica bem?

- Claro.

- Meus pais chegam à noite.

- Sem problemas.

- Que bom.

Depois de se arrumar, ele saiu de casa e foi para o trabalho. July voltou para o quarto onde deixou Adriel.

- Acho que podemos ir agora - falou animada.

- Já sabe como abrir o buraco?

- Não...

- Então como vamos fazer?

- Eu dou um jeito.

- Mas não podemos ir agora, acho melhor esperar a noite. Já que ele não vai ficar aqui com você, podemos sair quando todos estiverem dormindo.

- Boa ideia.

Passaram o dia pensando em como ela poderia fazer para o buraco da parede ficar maior e eles passarem e questionaram o motivo de ser ali que o portal abria e porquê daquele tamanho, mas não acharam respostas para isso.

À noite os pais de Anthony chegaram e cumprimentaram a garota. Ela teve que jantar com eles e ouvir as histórias mentirosas de Augustin torcendo loucamente para que a hora passasse e eles fossem dormir logo.

- Não acredito que o Anthony foi trabalhar logo hoje! - a mãe dele disse estressada.

- Ele devia ter algo importante para fazer.

- Mas ele tinha que ficar com você! Vai dormir sozinha?

- Eu sempre dormi sozinha. Não tem problema pra mim.

- Mas agora você é casada!

- Sim, mas não me importo. Se ele teve que trabalhar, é porque era importante.

A mulher não ficou convencida, mas não falou mais nada sobre o assunto.

***

Finalmente eles deram boa noite e foram para o quarto. July já estava nervosa pela demora em ir para a cama.

- Agora podemos ir.

- July, temos que esperar eles dormirem, podem ouvir a gente.

A menina revirou os olhos. Ficaram deitados na cama esperando que eles dormissem. Adriel conseguia ouvir eles conversando ainda no quarto.

- E agora?

- Ainda não.

July bufou estressada.

- Ficar assim não vai ajudar.

- Eu quero ir logo!

- Eu sei, mas não adianta ficar ansiosa... Vem vindo alguém - Rolou pela cama e foi para debaixo dela.

July fechou os olhos e fingiu que estava dormindo. A porta do quarto se abriu e em seguida se fechou. A menina escutou os passos se aproximando da cama e logo ficou um grande silêncio. Pensou em abrir os olhos e ver o que era, mas resolveu continuar fingindo. Em pouco tempo sentiu a cama mexer, a pessoa que entrou no quarto sentou na cama. July tinha as mãos embaixo do travesseiro e apertou a fronha com força. Anthony disse que não ia dormir com ela! O que está acontecendo ali?

Sentiu uma mão em sua cintura e apertou os olhos com força. Logo a pessoa se aproximou e deitou com ela, a abraçando. July estava deitada de lado na cama. Sem conseguir aguentar mais, abriu os olhos e olhou para trás. Assim que viu quem era, tentou gritar, mas a pessoa colocou a mão na boca dela e apertou com força.

- Quietinha... Não vou fazer nada que te machuque...

July soltou um urro e tentou sair, mas ele jogou o peso, deitando em cima dela. Augustin continuou segurando a boca da garota com força e deslizou a outra mão pelo corpo dela. July bateu as pernas na cama na tentativa de fazer barulho e chamar a atenção da mulher dele, mas a cama não faz barulho algum. Os braços dela estavam espremidos entre os corpos deles e ela não conseguia mexer. A única coisa que conseguia fazer era gemer angustiada.

Em um movimento brusco, o homem saiu de cima dela. July apoiou os cotovelos na cama e viu Adriel dar um único soco no rosto do homem e ele ficar desacordado no chão.

- Vamos agora!

July levantou da cama e seguiu o loiro. Ele abriu a janela. A menina tinha as pernas bambas pelo que quase aconteceu. Adriel pulou a janela e esticou os braços para ajudá-la a pular.

Saíram pelo terreno da casa em silêncio e escondidos. Quando se aproximaram da rua, pararam e se esconderam atrás do muro da casa. Tinha dois caras na rua conversando.

- E agora? - cochichou com ela.

July olhou ao redor e ficou pensativa.

- Fica aqui - cochichou com ele.

A menina abaixou no chão e começou a engatinhar. Adriel a olhou confuso, mas percebeu que daquela forma ela passaria e não seria vista por ser pequena. July seguiu para uma árvore perto de um poste de luz e se escondeu atrás dela. Adriel viu ela levantar a mão no ar em direção ao poste e franzir a testa. Em pouco tempo a lâmpada estourou e os homens se assustaram. Os dois ficaram em silêncio olhando o poste. July deixou os ombros caírem e logo começou a explodir todos os postes perto deles.

Em pouco tempo saíram correndo de medo e sumiram da rua. A menina riu e olhou na direção que Adriel estava, os dois sorriram. Atravessaram a rua escura juntos e seguiram seu caminho. Tiveram que passar por várias casas para poder chegar. Finalmente chegaram à casa dos pais de July e seguiram para a janela do quarto dela. Estava fechada.

- Quebro o vidro?

- Vai fazer barulho.

- Então como?

July colocou as mãos na janela e encarou a fechadura dela pelo vidro. Adriel arregalou os olhos quando a fechadura se abriu sozinha e olhou July. Ela sorriu e puxou a janela, abrindo para eles entrarem. Os dois passaram por ela e se aproximaram do armário. Eles empurraram com todo cuidado para não fazer barulho e conseguiram ver o pequeno buraco mostrando o lado de fora da casa.

A garota suspirou e pensou no porquê queria voltar naquele lugar. Então o buraco brilhou e mostrou o gramado do outro lado.

- E agora?

Antes que July pudesse responder, eles escutaram um barulho do lado de fora do quarto.

- Ouvi alguma coisa, Afonso!

- Onde, mulher? - disse bêbado de sono.

- No quarto de July.

O homem resmungou algo que os dois não entenderam e Adriel a olhou com pavor. July fez um movimento com a mão e a porta e janela se trancaram.

- Quando aprendeu a fazer isso?

- Agora. - Virou de frente para o buraco e olhou através dele. O que ela pode fazer?

A maçaneta se mexeu e Adriel apertou os braços dela com nervosismo. July enfiou o dedo no buraco e puxou ele para baixo. Conforme fez isso, foi rasgando a parede como se fosse feita de papel. Quando chegou perto do chão, ela tirou o dedo. Agora tinha uma fresta por onde o dedo passou. July enfiou as mãos e puxou a parede para os lados, abrindo um espaço maior.

Adriel olhou a porta ao ouvir um som de chave sendo colocada na fechadura e engoliu em seco. Em pouco tempo foi puxado e quando se deu conta, estava pisando no gramado e July passando as mãos no lugar onde agora via o quarto dela.

O portal não fechou e ela estava fazendo isso manualmente. Antes que fechasse o último buraco que antes foi o que July abriu com o desenho de Adriel, ela conseguiu ver seus pais dentro do quarto e então terminou de fechar tudo.

Ambos respiravam rápido pelo medo. Depois de um tempo em silêncio, ela virou de frente para Adriel e suspirou.

- Essa foi por pouco...

- Como fez aquilo?

- Eu não sei.

- Como sabia que ia dar certo?

- Eu não sabia.

Os dois ficaram em silêncio se olhando depois do que ela disse.

- O importante é que deu...

Adriel riu e se aproximou dela a abraçando fortemente. July retribuiu.

- Vamos sair daqui. A floresta não é mais tão segura como antes. Preciso que vá correndo comigo.

- Como assim?

- Quero que vire leoa.

July balançou a cabeça em negação.

- July é muito importante que vire agora.

- Eu não sei como...

- Talvez da mesma forma que abriu esse portal.

A menina ficou pensativa. Tudo o que fez foi imaginar as coisas acontecendo da maneira que pensava.

Será que daria certo?

Imaginou ela virando a leoa que um dia deu um problema para eles e em pouco tempo estava transformada. Olhou Adriel, que sorria olhando para cima e virou a cabeça de lado.

- Sabia que ia conseguir.

Depois de dizer isso ele se transformou em tigre e os dois saíram dali. Ainda tinha dificuldades em andar em quatro patas, mas conseguiu acompanhar a corrida de Adriel até a cidade dos tigres. Quando chegaram estava tudo silencioso. Percebeu que ele olhava todos os lados do local e andava sem fazer barulho.

Como ela faz para não fazer barulho? Observou bem como ele andava e imitou tudo que fazia. Chegaram em frente à casa dele e pararam.

- Espero que estejam todos bem - disse isso e voltou a sua forma normal.

July fez a mesma coisa e ele sorriu.

- Pegou o jeito rápido, não é?

- Acho que sim - respondeu sorrindo.

Os dois entraram na casa e não tinha ninguém na sala. Em pouco tempo Theodor apareceu e sorriu largamente olhando os dois. Ele correu na direção deles e abraçou July a erguendo do chão. Adriel cruzou os braços.

- Não acredito que está aqui! - falou animado.

- Ótimo! Agora meu irmão se importa mais com ela do que comigo.

July e Theodor riram e ele colocou a menina no chão. O garoto se aproximou e abraçou Adriel também.

- Por que demoraram tanto?

- Tivemos problemas - respondeu July.

- Mas agora está tudo certo, não é?

- Sim.

- Cadê os outros?

Theodor parou de sorrir e Adriel e July trocaram olhares.

- O que aconteceu? - July perguntou nervosa.

- Não sabemos...

- Cadê a Safira? - Adriel perguntou mesmo não querendo ouvir.

- Está no quarto, mas...

Ele mal terminou a frase e os dois seguiram até lá. Quando entraram no quarto, viram a menina deitada na cama e Malfin sentado segurando a mão dela. Ele os olhou surpreso.

- O que aconteceu? - Adriel se aproximou da cama da loira.

- Eu não sei. Acho que pode ser a mesma coisa que matou o Thomaz... - July percebeu que apertou a mão de Safira.

Ela estava bastante pálida e respirava lentamente. Tinha algumas manchas roxas pelo corpo, mas não parecia que tinha apanhado para aparecer aquilo. July se aproximou e tocou o rosto dela com os dedos. Estava gelada e fez a menina tirar os dedos com pressa.

- Ela vai ficar bem? - perguntou ao Malfin.

- Eu não sei - respondeu triste.

- Ela vai sim! - Puxou o garoto e fez com que levantasse da cama e desse espaço a ela. Os três trocaram olhares e July sentou na cama bem perto da loira.

Só de pensar no que queria fazer, já sentia os dedos formigarem fortemente. Colocou uma das mãos no rosto de Safira e a outra no peito da garota e balançou a cabeça ao sentir um arrepio na espinha, mas continuou o que ia fazer, ignorando aquilo.

Suas mãos formigavam muito. Nunca sentiu tão forte como agora.

Em questão de segundos Safira foi ficando mais corada e os roxos sumindo de seu corpo. A respiração agora era forte e ela mexeu a cabeça franzindo a testa. Logo abriu os olhos e ficou surpresa com o que viu.

July sorriu ao ver ela bem, mas foi a única coisa que viu, pois depois, ficou tudo escuro.

            
            

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