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O motorista olhava de vez em quando pelo retrovisor, e a cada imprecação que saia ele se encolhia no banco do carro. O patrão estava furioso. Estavam a mais de duas horas plantados em frente a casa humilde, mas nem sinal de viva alma. A noite já caiu a muito tempo.
Horus praguejou mais vez. Esse diabo de mulher foi engolida pela terra! Ligou para seu irmão Anúbis e descarregou todo tipo de palavrão para que ele compreendesse o tamanho de sua ira, aquilo tudo era culpa dele!
Seria capaz de vizualizar os suspiros pesados de seu irmão mais novo, mas isso não lhe fazia
se solidarizar. Anúbis lhe passou um número de telefone da tal mulher e ouviu mais uma torrente de palavrões antes de Horus desligar.
O número de telefone da criatura estava desligado, como podia? O que ela fazia que não podia ser incomodada? Desarmar uma bomba?
- Sr. está chegando alguém. - Paul chamou sua atenção para uma figura encolhida que andava rapidamente em direção a porta decrépita mal deu para ver uma mecha de cabelo saindo pelo casaco pesado. Ela trancou a porta e apagou a luz do alpendre descascado.
- Isso vai ser rápido.
Resmungou impaciente enquanto descia do carro, em seguida bateu na porta e esperou pelo que pareceu uma eternidade até que alguém acendesse a luz e abrisse uma fresta.
--Sim? - uma voz estranhamente familiar respondeu.
- Preciso falar com Caroline Morrison.
- Sou eu, mas agora é impossível. Estou cansada
- Sinto muito se está cansada, mais eu não posso adiar.
Com um resmungo exasperado ela lhe deu passagem. Horus parou chocado assim que ela fechou a porta, e a luz fraca iluminou por inteiro sua figura. Era ela! A mulher petulante do hospital. Só poderia ser brincadeira! Ou um engano. Talvez ela nao fosse a tal mulher, e estivesse cuidando da casa para alguma amiga ou outra coisa do tipo .
- Diga o que deseja Sr. Amonhat e por favor vá embora.
Ela cruzou os braços na altura dos seios os evidenciando ainda mais, usava uma calça larga de moletom e uma camiseta gasta de baseball. O cabelo se desmanchou completamente em um rabo de cavalo frouxo, e a franja parecia um pouco úmida. Ela pigarreou impaciente.
- Você é Caroline Morrison?
- Sim. E até agora nunca foi necessário esse constrangimento, então imagino que tenha problemas com o acordo que fizemos.
- Não vai me convidar para se sentar e conversarmos corretamente?
- Não. Se o Sr. veio aqui para dissuadir o contrato não era necessário. Poderia ter feito isso online e eu assinaria obviamente.
- Não vim para isso. Na verdade preciso de mais. Preciso de evidências do matrimônio.
Agora que sabia que era ela sua esposa, se sentia compelido a desafiar o seu nariz arrebitado e o tom que usava para falar com ele. Com a maior naturalidade do mundo, se dirigiu a sofá gasto mas bem limpo e arrumado e se sentou cruzando a perna na altura do tornozelo.
- Como assim evidências? - seu olhar feroz poderia perfurar seu inimigo.- E eu não o convidei para entrar na minha casa e se sentar.
- Pare de tanto drama, somos casados afinal.
Ele sorriu insinuante e apreciou o olhar azedo e a expressão de desagrado dela. Ah essa mulher poderia fazer com que se divertisse afinal, estava louco para arrancar essa cara de poucos amigos dela.