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Se Bernardo e Saori já passavam o tempo inteiro juntos, agora que eles não se desgrudavam de maneira alguma. Procuravam qualquer desculpa para estarem juntos após as aulas e quando não estavam juntos fisicamente, faziam chamadas de vídeo via webcam, conversavam o dia inteiro pelo WhatsApp ou por ligações. As vezes passavam o dia inteiro em uma única ligação. Esperavam no telefone enquanto o outro ia tomar banho ou precisava se ausentar do celular por algum motivo. Mas sabe como são jovens inconsequentes e imaturos? São orgulhosos. E tudo seria quase perfeito se não fosse esse orgulho.
Saori, em particular, era absurdamente orgulhosa e tinha um medo muito grande de ter seu ego ferido. O que ela sentia por Bernardo, de certa forma, a incomodava, pois ela se sentia vulnerável com tudo que o envolvia. Sentia algo que nunca havia sentido anteriormente e isso a assustava. Saori não gostava de coisas que estivessem fora de seu controle, e o que ela sentia por Bernardo, definitivamente estava muito longe de algo que ela pudesse controlar. E isso fez com que ela agisse algumas vezes de forma como se não se importasse com o que acontecia entre os dois, como se fosse apenas mais um caso, mais um sexo. Ela não entendia que isso faria com que Bernardo se sentisse extremamente confuso.
Bernardo sempre havia sido um menino tranquilo. Rapaz que conversava com muitas pessoas e sorria na maior parte do tempo, mas no fundo se sentia muito sozinho. Tinha suas particulares, um modo único de ver o mundo e se sentia um estranho no meio de tanta gente que pareciam ser todos iguais uns aos outros. Sua primeira namorada foi Noemia, era uma garota que era dois anos mais nova do que ele, mas que tinha a mentalidade de uma anciã. Foi um namoro de porta, onde os dois mais conversavam do que trocavam carícias. Tinha um carinho muito grande por ela. Não era uma menina que exalava muita beleza, mas a sua inteligência conseguia surpreender pessoas com o dobro de sua idade facilmente. Namoraram poucos meses, mas seguiram amigos por muitos anos. A segunda namorada foi Beatriz. A Beatriz que Saori sentiu tanto ciúme. Era uma garota linda, de uma família muito rica. Também era muito inteligente. Não tanto quanto Noemia, mas tinha o seu valor nesse quesito. Era muito claro que Bernardo dava preferência ao que se tinha "por dentro". O externo era só um mero detalhe.
Quando Bernardo ingressou no novo colégio, a unica coisa que pensava era em como seriam os próximos anos, e que nesse novo local ele poderia aprender melhor, já que era um colégio com melhor reputação do que o anterior. Não imaginava conhecer quem seria o seu primeiro amor. Assim que aquela menina pequena, com os olhos puxados e cabelos negros entrou naquela sala, os seus olhos percorreram todo o seu pequeno corpo até chegar no fundo daqueles olhos escuros, que pareciam guardar mil segredos. Viu o jeito apressado e um tanto desajeitado que ela, se esgueirando entre as carteiras, tentava chegar no lugar que estava vago bem próximo a ele, sem se bater em alguma delas, o que foi inútil, pois Saori nunca conseguiu ser sútil ou delicada em nada na sua vida. Notou quando ela o olhou. Percebeu ali que ela não era alguém que tentava disfarçar suas atitudes. Se sentiu atraído por ela desde o primeiro momento, mas não tinha o costume de tomar a frente nessas situações. Se achava feio, tinha a auto estima muito baixa. Algo que mudou quando começou a se relacionar com Saori, que frequentemente elogiava até os pêlos do seu peito. Ele sempre ria, mas na verdade isso fez com que ele ganhasse uma confiança que nunca achou que teria. Bernardo não havia ainda falado para Saori, mas ele perdeu a virgindade com ela. Naquele dia, na frente de seus amigos. Por esse motivo ele não sabia o que fazer e nem como agir. Saori pareceu a ele tão experiente e o corpo dele até então nunca havia sentido tanto prazer, que ele se entregou por inteiro. Quis que ela o dominasse por inteiro. Conseguiria ficar ali com ela em cima dele por um dia inteiro se ela quisesse também. Teve vergonha de falar para ela e tentou reproduzir o que via em filmes pornôs na segunda vez em que estiveram juntos, mas foi longe de ser tão prazeroso e natural quanto da primeira vez. Mas o sexo daquela noite, na cama dele... Aquele sexo ele não sabia explicar como podia ter sentido tanto prazer em um sexo tão passivo. Ele só sabia que queria poder repetir todos os dias. Todos os dias com ela.
Passaram-se algumas semanas nos encontros no colégio e alguns em sua casa, mas não haviam tido a oportunidade de dormirem juntos novamente até então.
No final daquele ano de 2011, já começavam as provas vestibulares para o ingresso nas faculdades. Saori e Bernardo descobriram que iriam fazer uma das provas no mesmo local. Marcaram de dormir juntos novamente em sua casa. Seus pais pareciam não se importar muito. Já os pais de Saori não poderiam nem suspeitar que ela poderia estar dormindo na casa de um rapaz que não conheciam muito bem. Só haviam o visto algumas poucas vezes. Luciana, a mãe de Saori, era quem mais tinha tido contato com o rapaz. Já havia falado com ele em algumas ocasiões e como mãe, percebia que a filha tinha um carinho muito grande por ele, e suspeitava que eles poderiam ter algo. Luciana conhecia muito bem a sua filha, e sabia que sua vida romântica havia começado muito cedo. Tentou impedir até onde pôde, mas a sua filha não era uma pessoa que poderia ser "facilmente" domada. Entendeu que era melhor continuar como sua amiga e confidente, do que a contrariar e ter uma dor de cabeça maior ainda. De certa forma, apesar de muito cabeça dura, impulsiva e até um pouco rebelde. Saori não tinha o costume de ser irresponsável. Sempre respeitou os pais e os familiares, mas era muito questionadora e desde criança pensava que suas opiniões também deveriam ser ouvidas e que nem sempre os pais estariam certos. Esse pensamento deu muita dor de cabeça aos seus pais, mas ela não estava completamente errada. Luciana achou Bernardo um menino bom, algo que nem sempre pensava de alguns colegas de Saori e com frequencia dizia à filha quando não gostava de alguém, mas sentiu algo bom vindo de Bernardo, não sabia o que era, mas não dificultava a convivência dos dois, quando Saori dizia que ira encontrá-lo para tomar um sorvete, ir no cinema ou passar a tarde em sua casa.