- Duas amigas? – Nicolas sorriu - E seus pais?
- Você é detetive por acaso? – Emelly fechou a cara e Nicolas levantou uma sobrancelha - Se tiver sido minha mãe que mandou, pode a mandar pastar, eu não devo satisfações a ela. – Completou raivosa.
- E por acaso eu tenho cara de detetive? – Ele perguntou um pouco irritado e largou o pedaço de pano com que brincava.
Emelly engoliu seco e desviou o olhar, claro que ele não tinha cara de detetive, mas não lhe cairia mal essa profissão. Ela voltou a lhe encarar e corou com sua visão. Nicolas era um homem tão lindo, seguro e com certeza mais velho.
- Não... – Ela olhou seu copo - Não tem. – Respirou fundo e encarou os olhos negros e intensos - Você trabalhar em quê? – Perguntou calma.
- Trabalho para o meu pai.
- Legal... O filhinho de papai! – Ela comentou sarcástica, Nicolas mordeu os lábios.
- Quase. – Emelly tornou a olhá-lo nos olhos. Seu rosto sereno, quase pálido, os cabelos caindo sobre os olhos intensos e encantadores. - E você, faz o que? – Ele perguntou de repente. Emelly hesitou em falar. Pensou uma, duas, ou três vezes se falaria àquele homem lindo, deslumbrante e tão atraente, que ela ainda estudava em uma escola, como qualquer outra adolescente faria.
- Eu danço. – Falou e tomou um gole de seu suco rapidamente - Em uma academia, não muito longe daqui também. É o que eu mais gosto de fazer na minha vida. – Completou nervosa
Evitou olhar nos olhos dele, mas não conseguiu. Os olhos dele eram belos, tão belos que brilhavam como a luz da lua à meia-noite. Emelly pensou um pouco, meia-noite? Ela arregalou os olhos, puxou repentinamente o braço esquerdo de Nicolas e buscou saber as horas, Nicolas sentiu seu peito bater rápido com a aproximação dela.
- Eu preciso ir! – Disse e se levantou em seguida - Obrigada, por me ajudar e pelo suco – Emelly encarou-o, prestando atenção no rosto maravilhoso daquele ser humano. Agora ela tinha certeza que nunca mais o veria.
Com esse pensamento rodando sua mente, ela virou as costas e saiu daquele local. Emelly soltou o ar preso em seu peito quando chegou lá fora, como ele poderia ser daquela forma? Tão intenso, tão atraente, um homem capaz de despertar coisas dentro dela, que ela não queria sentir.
- Não, não há homem assim. – Disse para si mesma.
Emelly virou à esquerda e distraidamente botou as mãos dentro no bolso do suéter que usava e abaixou a cabeça. Logo pensou no sorriso dele, o quanto era maravilhoso, tão belo, sua voz deixava-a arrepiada, seu sorriso deixava-a com vontade de agarrá-lo, e seu olhar... Ah... O seu olhar...
- Ei? – Emelly deu um pulo e virou-se rapidamente para trás assustada e depois respirou profundamente ao ver que era Nicolas.
- Você quer me matar de susto? – Gritou ela e Nicolas torceu os lábios.
- Acha que eu vou deixar você ir sozinha para casa à meia-noite depois de você ser atacada por um tarado na minha frente? – Ele perguntou passando as mãos pelos cabelos e olhando em volta, tão calmamente que fez Emelly gemer - E se ele estiver por aí ainda?
- Hm... – Gemeu ela. Nicolas a olhou de imediato. Ela se recompôs limpando a garganta e virou de costas - Obrigada – Sussurrou.
Enquanto caminhavam, Nicolas fez mais perguntas sobre ela. Ele realmente estava disposto a saber mais sobre aquela mulher. Ela o tinha deixado intrigado, uma intensa vontade de tomá-la para si. Ela o seduziu sem nem perceber. Ela o fisgou de uma hora para outra sem muito esforço. Nicolas estava radiante ao seu lado.
O sorriso dela era o que ele mais amava. Enquanto ela contava sobre as aulas na academia, Nicolas via o brilho no olhar dela, uma determinação, admiração, e gosto por fazer o que ela fazia. Ela amava a dança, gostava de sair, conversar, sorrir. Nicolas se deleitava a cada gargalhada que ela dava. Ela era encantadora. Tão bela quando a lua, que refletia seu brilho no olhar dela. Nicolas perdia seu raciocínio somente ouvindo sua voz, tão suave, meiga e... Sexy. Nicolas se derretia por inteiro.
Emelly mordia os lábios a cada três segundos, se negava e tentava dispersar a vontade que tinha de agarrá-lo e beijá-lo loucamente, puxando seus cabelos negros e cheirosos. Senti-los entre os dedos, e seu corpo... Mas e se ela realmente fizesse isso, ele iria rejeitá-la? Emelly virou o rosto tristonho para o outro lado. Ela torceu os lábios, e agradeceu a Deus quando o elevador abriu. Ela foi a primeira a sair e caminhar pelo estreito corredor até sua porta. Respirando profundamente, Emelly se virou para olhá-lo e parecia que ele estava mais lindo ainda, ela segurou um gemido.
- Obrigada por me trazer, eu moro aqui. – Disse e sorriu quando o viu sorrir malicioso, aquele sorriso mexeu com ela... Lá dentro - Eu só não te convido para entrar porque não quero assustar minhas amigas com um homem desconhecido dentro da nossa casa quase uma da manhã.
- Belo pensamento. – Nicolas sorriu, mas ele realmente queria entrar e tomá-la em seus braços - Você está certa. – Sorriu cínico.
- Obrigada por tudo. – Agradeceu meigamente e Nicolas se derreteu.
Ele não queria deixá-la ali para nunca mais vê-la. Também não queria ter que ir novamente àquele lugar nojento para procurá-la, e mesmo que tivesse que volta lá, ele não aguentaria esperar tanto. Logo ele se lembrou do ruivo com quem ela dançava. Talvez ela pudesse ter um namorado. Nicolas torceu os lábios e fechou os olhos, imaginando uma cena de desolação e cabelos ruivos voando. Abaixou a cabeça, mesmo que aquele fosse o namorado dela, ele ia tomá-la para si, Nicolas era mais ele.
- Que horas você sai da sua academia de dança? – Ele perguntou e levou a mão aos cabelos, jogando para trás os fios que teimam em cair sobre seu rosto. Dessa vez, fora Emelly quem se derreteu.
- Às três da tarde. – Ela cruzou os braços, olhando-o nos olhos - Por quê? – Ela torcia para não ser a última vez a vê-lo.
- Podemos nos encontrar novamente? – Perguntou ele desesperadamente, parecia um aluno do ensino fundamental, chamando uma garota para sair.
- Claro! – Respondeu mais animada que o normal, e depois se recompôs - Onde? – Perguntou dando de ombros e desviou o olhar.
- Onde você quiser. – O desespero de não poder vê-la mais saiu junto a sua voz. - Pode ser em um jantar.
- Ótimo. – Respondeu rápido.
- Que bom, te pego amanhã as sete, tudo bem?
- Mais do que bem... – Respondeu casualmente, mas só Deus sabia o quanto Emelly estava feliz por dentro. - Até amanhã, Nicolas – Disse ela, e ele sorriu.
Sem perceber, Emelly moveu seus pés e aproximou-se dele, levantou uma mão até seu peito e ficou na ponta dos pés, somente para lhe dar um beijo na bochecha. Nicolas sorriu de canto e lhe devolveu o mesmo. Nos dois lados de seu rosto. Afastaram-se quase ofegantes. Emelly corou quando seus olhos se cruzaram e deu um passo para trás, entrando rapidamente em seu apartamento. Nicolas sorriu com uma de suas mãos sobre a marca do batom permanente em seu rosto, dos lábios de uma tímida mulher e, ao mesmo tempo, atrevidamente sensual.
- Até amanhã, Emelly.
Sussurrou para si.