Capítulo 2 Uma Decisão

- Droga. - Nicolas estreitou os olhos e olhou de volta à sua procura. A garota parecia um anjo, um anjo tão inocente e cativante que, ao saber que se encontrava sozinha, um arrepio impróprio subia por sua espinha. Um medo lhe preencheu naquele momento. Um temor maléfico se apoderou de seu corpo. E logo caminhando por aquele lugar na tentativa de sair.

Passou pela porta depois de muito esforço.

Talvez a menina se encontrasse lá fora, não é?

E o pior, estaria sozinha, andando pelas ruas?

Como alguém deixaria uma mulher delicada como aquela, sozinha? Principalmente à uma hora dessas na rua? Mas, o que diabos ela faz na rua há essa hora? Ele se perguntou incrédulo. Se aquela mulher fosse dele, com certeza levaria umas boas palmadas para não ultrapassar seus limites daquela forma. Todo lugar é válido para sair e dançar, mas convenhamos, aquele lugar não merecia ter sua presença tão incrível e majestosa.

Logo dissipou esses pensamentos melancólicos e maliciosos. Só queria saber se a garota estava bem. Assim que passou pela porta principal, viu Duke novamente, enquanto sorria e brincava com James. Nicolas sentiu uma ira enorme e caminhou mais rápido até chegar ao loiro.

- Nicolas, finalmente eu te encontrei. – James disse feliz, mas dava-se para ver que nem preocupado estava. - Por onde andou?

Nicolas nem o olhou direito, saiu na rua passando pelo meio de duas mulheres para poder procurar por ela. James o chamou mais de uma vez, mas ele não olhou, queria apenas encontrar o anjo com a fragrância deliciosa, procurou por todo lugar onde seus olhos alcançavam, e nem assim conseguiu a encontrar. Desistindo de buscar pela garota, ele virou para ir embora quando sua vista pousou na garota ao longe. Nicolas arfou. Ele deu dois passos para trás, e se endireitou indo em direção à mulher.

- Ei Nicolas! – James o chamou saindo na rua e viu o homem caminhar. - Você não queria ir embora?

- Me dá um minuto – Grunhiu baixinho ainda em direção a ela.

Por um breve instante, Nicolas pôde reparar melhor no corpo daquela mulher, tão lindo e irresistível. Mapeou cada canto de sua coluna reta até sua bund4 redonda, desceu para as pernas bem torneadas e subiu novamente.

Seus cabelos cobriam boa parte da costa. Os cachos dela pareciam um véu, sedosos e brilhosos. O vestido verde dava a ela um ar de encanto, demasiado encanto, levando a todos que a olhavam ao delírio. Inclusive Nicolas Harrington.

- Lin, onde você está? Eu consegui chegar aqui fora, se você não parecer aqui agora, eu vou embora. – Despejou sua irritação sob a mulher do outro lado da linha. - Como assim voltou? Estávamos na porta para sair.

Emelly sentiu um calafrio por seu corpo, aquela eletricidade de antes envolver seu dorso pequeno e convidativo. Ela arrepiou-se e arfou sobre seu próprio corpo. Trocando a posição de seus pés pousando o peso no outro, ela olhou para frente inspirando fundo.

"- Emelly é rapidinho. Eu, bom... separei-me de você muito rápido, eu não sei nem onde eu fui parar, mas estou chegando aí fora em menos de 20 segundos, prometo." - Proferiu sua amiga linha.

Emelly sorriu ruborizada de raiva por tanta coisa estar acontecendo naquela noite. Sem falar no homem que se esbarrou e como ele era belo. Ela se virou sorrindo e, para eu grande espanto, ele estava atrás de si. Ela tomou um grande susto e tombou para trás quase caindo, logo se conteve, e levou o celular novamente ao ouvido. O coração acelerado lhe faltou ar.

- Eu... Eu... – Ela arfou, a eletricidade ficou mais densa, parecia que aquele homem consumia todo o seu raciocínio tímido, levando-a para algum malévolo e intenso mundo. - Eu... vou t-te esperar a-aqui for-ra. – Gaguejou timidamente sem desviar seu olhar do dele.

Ela desligou o celular e o expirou profundamente, guardando o mesmo na bolsa de mão preta. Recompôs-se ajeitando os cabelos. Mesmo com poucos centímetros de distância, eles podiam sentir um sentimento diferente, rasgando qualquer porta sexu4l que os rodeava.

Emelly não era qualquer garota para jogar-se nos braços de qualquer homem. Por isso não tinha namorado e não queria ter um tão cedo. Pensava que ela era mais feliz solteira. Tirava exemplos dos relacionamentos de suas amigas, e não queria aquilo para si. Porém, olhando aquele homem intenso e completamente irradiando sensualidade, luxúria e um lado maldoso, deixava-a excitad4 e com vontade de experimentar tudo que não houvera tentando antes.

- Você ainda está sozinha? – Balbuciou ele avançando um passo, sua mão estendida com intenção de tocá-la foi mais a frente, mas ela recuou um passo e olhou suas mãos. Não precisava ser tocada para entrarem numa conversa, embora o olhar dele, até seu sorriso, não lhe passavam nada ameaçador. Todo cuidado era pouco, sabia disso, mas como resistir a aquela beleza?

- Estou esperando uma amiga – Sussurrou quase inaudível e levantou sua vista para o olhar atencioso e carinhoso do homem. Porém, carregado de malíci4 e um ominoso perverso e intenso, cheio de sensualidade e desejo.

- Sou Nicolas – Disparou ele, botando uma das mãos no bolso, enquanto a outra foi estendida a ela. Hesitante, ela deu um passo em sua direção e apertou sua mão.

- Emelly – Respondeu sentindo a mesma eletricidade passar por seus corpos. Um impulso e uma enorme vontade de tocá-lo invadiram os devaneios de Emelly.

Seu cabelo grande caía sobre o colarinho do terno, Emelly sentiu-se tentada a tocá-los. Senti-los sobre seus dedos, beijá-los e massageá-los com carinho e volúpia. Entretanto se conteve e voltou a dar um passo para trás.

- Emelly de...? – Ele tentou saber. Mas...

- Não te interessa – Praguejou sobre ele. Não queria ser grossa, nem nada, mas estava na defensiva por não o conhecer.

- Você se jogou em cima de mim – Murmurou ele com uma pitada de irritação e deboche - Mereço pelo menos saber seu nome – Emelly franziu a sobrancelha e entreabriu a boca furiosa. Porém, ainda na defensiva.

- Eu não me joguei em cima de você! – Falou irritada, mas se deteve. Colocou-se novamente sob os saltos caros de cor preta e deu um sorriso amigável. - Eu apenas me desequilibrei e você por sorte me segurou, me impedindo de cair e eu já disse obrigada.

- Belos olhos – Interrompeu-a, encantado.

- Obrigada – Disse tão suavemente e cheia de desejo, tanto que Nicolas sorriu com aquilo. Ela deu um sorriso involuntário ajeitando os fios negros com a franja maior caindo sob o rosto pálido. Nicolas entreabriu os lábios para proferir alguma coisa, quando uma mulher surgiu entre eles acabando com sua coragem de pedir alguma coisa, como seu telefone.

- Prontinho, estou de volt... – Ela encarou Nicolas e o moreno a encarou de volta - Ou... Desculpe atrapalhar – Murmurou sorrindo e olhou para Emelly, malicios4mente. - Podemos ficar mais um pouco se quiser.

- Não vamos ficar. Obrigada por sua ajuda e preocupação - Nicolas assentiu - Tchau. Adeus.

Emelly olhou para a amiga e depois Nicolas. Ruborizou-se novamente e, bem timidamente, virou às costas, puxando a amiga que sorria para o desconhecido ali mesmo.

- Lin? – Emelly praguejou seu nome enquanto caminhavam em direção ao carro.

- O quê? – Ela olhou a amiga. - Ele era muito lindo, Emy. Que gatinho você arranjou. Qual é o nome dele? Pegou o telefone?

- Hã? Claro que não – Emelly deu uma simbólica tapa no braço de Lin que sorria boba. - Ele apenas me ajudou quando você sumiu.

- Eu não sumi, eu perdi você de vista. Então fui buscar mais uma bebida para mim e voltei a tentar sair – Explicou-se abrindo a porta do carro e encarou a amiga pensativa.

Quando Emelly reparou que estava sendo observada, lançou um olhar confuso para a amiga que, mais uma vez, deu um sorriso malicioso.

- Emelly, você está toda vermelha, merece namorar, ser feliz, trans4r, sorrir, trans4r, dançar, trans4r, trans4r... – Emelly revirou os olhos, entrando no carro. - Precisa se divertir. Aquele homem maravilhoso pareceu bem... Interessado em você. Os olhos dele faiscaram enquanto te olhava.

- Ele não vale nada, é igual a qualquer outro. E eu não quero tudo isso. Se você se esqueceu, eu só tenho dezessete anos – Emelly proferiu arrumando os cabelos em um coque no alto da cabeça. Viu a morena sentar ao seu lado colocando o cinto e olhou para a garota.

- Então, o que uma criança de dezessete anos faz numa boate em plena meia noite? – Disparou e Emelly fechou a cara.

- E você também, o que faz?

- Vou fazer dezoito, mês que vem. Eu posso. E eu vim dançar e pegar uns gatinhos... – Sorriu maliciosa. - E você?

- Dançar. É proibido agora?

- Sim – Brincou Raissa saindo do estacionamento, sendo xingada pela amiga. - Quando se ainda não é maior de idade e está aqui sem autorização.

Nada foi respondido no momento, apenas um sorriso e logo saíram dali.

Quando Nicolas voltou até James, ele beijava uma garota bonita em frente à boate. Mas logo se distanciou dela e beijou-lhe a testa, murmurou algo em seu ouvido e ambos sorriram.

Nicolas queria ir para casa, até poderia deixar James vadi4r como sempre, mas... Ele não tinha vindo com seu carro. James o interrompeu no meio de um expediente de trabalho para arrastá-lo àquele lugar asqueroso. Talvez ele soubesse que quando Nicolas viu para onde estava indo, desviasse o caminho e fosse embora para casa, então se colocou a dirigir.

- James – Ele grunhiu e o loiro o olhou. - Vamos?

Já tinha esgotado toda a sua paciência.

Nicolas chegou ao prédio onde morava meia hora depois, com uma dor de cabeça horrível, ele pigarreou. Xingou James de todos os nomes possíveis que pudesse existir no mundo. O elevador parou em seu andar e se abriu dando passagem para o corredor. Nicolas caminhou pelo luxuoso corredor do prédio Mover Parks, um ambiente bonito e o mais gostoso lugar de se morar.

Passou por uma porta branca igual às outras e não pôde deixar de ouvir um pequeno gemido de socorro. Nicolas não era de se meter com problemas alheios, afinal, nem os seus ele resolvia todos. Os gritos aumentaram e em seguida surgiu um: Não faça isso comigo, seu monstro. Nicolas parou. Encarou a porta, mas tudo voltou ao normal, ele deu de ombros, e caminhou até seu apartamento.

Uma ducha de água bem quente era tudo que ele queria. Além de dormir, é claro. Enquanto vestia uma blusa branca e uma calça moletom, ele voltou a pensar na garota de mais cedo. Em seu sorriso singelo enquanto pedia sua bebida, tão tímida, mas ao mesmo tempo ousada e atrevida. Lembrou-se de seu cheiro, e seu olhar sobre si.

Tão linda.

Queria ela naquele momento, para poder enchê-la de carinhos e mimos, mimá-la bastante, pois a menina parecia frágil. Frágil como uma virg3m inocente. Mas tão ousada quanto qualquer outra ali.

Qualquer outra não.

Ele deitou-se na cama e cruzou os braços abaixo de sua cabeça. Olhou o teto e cruzou as pernas em cima da cama. Pensando naquele sorriso lindo no rosto. No corpo cativante e atraente por demais. Um desejo cresceu em seu corpo. A queria em sua cama para fazê-la sua, ou apenas mimá-la, e agradá-la de todas as formas.

Nicolas pigarreou sobre o colchão e fechou os olhos. Dormiria uma noite antes de vê-la novamente. Mesmo que para isso, tivesse que voltar naquele lugar asqueroso, repugnante, vulgar, o qual o proporcionou tanto ódio. Mas tudo isso era para o prazer de ver novamente aqueles belos olhos, e uma curva nos seus lábios se transformando em um sorriso inocente.

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Em um prédio não muito longe da luxúria da cidade de Seant, o sol alcançou as cortinas rosadas de uma varanda rosa, de um quarto rosado, acordando certa dançarina, que rosnou ao constatar que já era de manhã. Como amanhecera tão rápido? Lembrava-se de acabar de se deitar sobre o colchão macio de sua cama e adormecer pensando nos olhos negros de um moreno a qual ela mal conhecia.

Pigarreou e abriu os olhos, olhou o teto rosa de seu quarto enxergando suas próprias fotos coladas no mesmo. Ela abriu um sorriso singelo e sentou na cama, bem a tempo de ver sua melhor amiga entrar pela porta.

Nin Yo Lin era uma das melhores amigas, ela e Nicolly Harding moravam com Emelly por amizade, apesar de Lin decidir primeiro a morar sozinha por que não suportava mais as exigências de seu pai. Ela era uma garota nada tímida, era comportada sim, mas quando se soltava, não havia ser humano que a segurasse.

Foi criada de uma maneira preservada na cidade de Muzan, no norte da Coreia, mas desde os oito anos se encantavam cada vez mais com a cidade nova a qual tinha se mudado com a família. Seant era perfeita desde o nascer do sol ao anoitecer. Os cabelos médios lhe davam um ar tão sensual quanto maléfica. Não tinha namorado pelo simples fato de uma mulher que já foi considerada sua melhor amiga roubar todos e se ela conseguia fazer isso, a verdade é que nenhum lhe merecia de verdade.

- Bom dia, querida dorminhoca, está na hora de acordar. Acha que pode ficar o dia na cama para relaxar? Você tem muita coisa para fazer. Então trate de se mexer. - Declarou para a outra que revirou os olhos.

- Bom dia – Ela olhou a amiga atravessar seu quarto com um simples pijama e lhe entregar uma xícara de café. - Pode me deixar dormir mais um pouquinho? É cedo.

- Cedo não querida. Faltam duas horas para irmos à escola e eu te acordo cedo porque você demora demais para se arrumar. – Emelly sorriu, era verdade, seu cabelo era difícil de cuidar e seu corpo não saia do quarto sem ser devidamente hidratado. - Há, pode tomar banho e se arrumar rápido enquanto faço o mesmo, não quero tomar café, sozinha – Lamuriou esperançosa.

- Onde está a Nic? – Emelly perguntou confusa e encarou a xícara a sua frente já sabendo que a resposta seria:

- Emelly querida, a única virg3m aqui nessa casa é você. Ela deve ter se divertido bastante ontem à noite.

- Tá me maltratando pelo meu status de virgindade? Olha aqui, eu não tenho vergonha de revelar isso – Devolveu a xícara a outra e tratou de levantar da cama. - Te vejo em trinta minutos.

- Tudo bem... – virou as costas, mas logo se lembrou de algo importante. - Emy?

- Hm? – Respondeu da porta do banheiro.

- Sua mãe ligou. Quer você às 18h na casa dela. - O sorriso da garota se desfez na mesma hora.

- O que eu fiz dessa vez pra ela lembrar que tem uma filha e me chamar lá? Só pode ser algo bem grave. – Emelly murmurou pensativa.

Entrou no banheiro e logo soltou seu cabelo, deixando-o cair sobre os ombros. Despiu-se e se olhou no espelho. Emelly tinha um corpo maravilhoso, cheio de curvas e um pouco de músculos, por ser uma dançarina muito boa. Tinha seios grandes e uma barriga lisa e fina, um bumbum redondo de dar inveja a qualquer bailarina, olhos castanhos claros em um rosto alvo e delicado, e ela tinha um orgulho enorme.

Olhou-se de lado, ela amava seu corpo e amava a si mesma. E enquanto admirava-se no espelho ela imaginou aquele deus grego da noite anterior a tocando. Ela tremeu só de imaginar. Se um simples aperto de mãos a fez arfar de desejo levando-a em extremo delírio, o que seria se um dia eles se tocassem de uma maneira mais íntima?

- Isso é algo que eu nunca vou saber – Sussurrou, entrando no chuveiro, se entregando ao extremo prazer da água quente em sua pele delicada e sedosa.

Emelly saiu de seu quarto, largando a bolsa em cima de um dos sofás, e caminhou cantarolando sua música preferida. Vestia o uniforme normal da escola e viu Lin sentada e pronta para ir.

- Bom dia de novo – Emelly proferiu sentando-se à mesa.

- Bom dia, temos 25 minutos para tomar café. – Emelly revirou os olhos e a morena sorriu.

- Nicolly não chegou mesmo? – Perguntou enquanto passava manteiga no pão de forma que ela tanto amava.

- Ainda não.

Assim que terminou de falar, foram contempladas pela visão de uma Nicolly entrando em casa. Com a maquiagem borrada e seus saltos na mão, ela jogou-os sobre o sofá e correu até a cozinha, buscando água para beber.

Emelly a encarou de cima a baixo e se imaginou no lugar dela. Saiu da boate com algum homem, trep0u com ele até de manhã, chegou em casa toda... Destruída, e com um sorriso no rosto. "Com que amigas eu moro?" Emelly virou o rosto não iria perguntar, não era da sua conta, certo?

- Ainda dá tempo de me arrumar? – A terceira amiga perguntou bebericando um copo de água.

- Você tem 20 minutos - Sussurrou Lin virando o rosto, e tomou um gole de seu café. Estava muito cedo para conversarem sobre a noite passada, mas fariam isso em algum momento, de certeza.

-

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Nicolas entrou em sua sala naquela manhã, sendo seguido pela sua renomada assistente e secretária.

- Senhor Harrington, você terá uma reunião em 40 minutos com seu pai e dois advogados de sua família.

- Hm – Murmurou, sentando-se em sua cadeira confortável acolchoada de couro marrom.

- E em menos de duas horas terá outra com os Murphy.

- Ah essa, eu tenho uma surpresa para essa reunião – Sussurrou ele quase inaudível, mas o suportável para ela escutar. - Quero que James vá em meu lugar.

- O quê, senhor? Mas é uma reunião extremamente importante – Ruborizou ela, mas de raiva e medo de algo dar errado.

- Eu sei.

- Por isso espero que o senhor vá. Não pode arriscar ceder em alguma cláusula do contrato por conta de James. Ele tem medo dos pais.

- James é competente, sabe o que faz. – Ele diz dando um sorriso de canto capaz de encharcar a calcinh4 da secretaria e induzindo-a ao pecado profundo.

- Perdão, senhor Harrington... – Ela se recompôs ajeitando o decote. - Mas ele é um idiota.

- Não completamente – A voz bonita e adorada de Jully preencheu o lugar, Nicolas a encarou com certo respeito e reverência, afinal era sua amiga e sócia há muito tempo. Jully tinha seus certos encantos, mas Nicolas não a via como mulher o suficiente para levá-la a algo mais profundo do que uma amizade. O que era mais esperado pela mesma. - Nós deixe a sós. Eu preciso falar com ele – Ordenou para a secretaria que deu uma última olhada para Nicolas balançando-se em sua cadeira de couro, e saiu rapidamente.

- Não vou repetir – Ele a observou fechar a porta, seu olhar era sério desejando poder enforcá-la, odiava seu jeito de tratar seus subordinados - Não gosto que a trate assim.

- Pouco me importa – Ela apoiou-se sobre a mesa deixando Nicolas admirar seu decote explícito. - Não mande James àquela reunião, precisamos daqueles dois como sócios. Os Murphy podem te dar mais estabilidade em seu reinado em Seant.

- Tenho dois Murphy trabalhando para mim. É difícil trabalhar com eles; um me leva para uma boate, a outra trata mal as minhas secretarias.

- Eu não trabalho para você, eu trabalho com você. É diferente – Ela sentou sobre a mesa deixando sua saia levantar um pouco. - Precisamos sair Nicolas, juntos. – Ofereceu-se como fazia todas as manhãs.

- Eu sei... – Ele sorriu. - Por isso tenho James, que está atrasado. Filho da mãe! – Disse o moreno empurrando a ruiva da mesa e começando a mexer nos papéis ali, precisava trabalhar, pois estava com planos na sua cabeça. - Você tem algo para fazer, não tem? – Perguntou-lhe.

- Sim. – Respondeu ela com raiva, mas saiu sem dizer uma única palavra a mais.

Mais uma vez sozinho naquela sala, as lembranças e a bela imagem da garota da noite passada veio com força em sua mente. Era bonita demais para ter sido deixada naquele lugar.

O mais incrível é que ainda está pensando nela. - Impossível. Eu não sou assim – Sorriu ele e tornou a batucar o lápis na mesa de madeira preta da melhor qualidade. Ele sorriu de canto, seus olhos brilhantes e cativantes insistiam em ser olhados mais uma vez, de ser adorados e venerados por mais uma delicada e amada vez.

Ele iria voltar a aquele lugar.

- NICOLAS, MEU AMIGO. – James arreganhou a porta assustando o moreno, tirando-os de seus devaneios cheios de desejo e malícia. -PORQUE VOCÊ JOGOU ESSA REUNIÃO PARA CIMA DE MIM? EU ODEIO DISCUTIR COM MEUS PAIS SOBRE NEGÓCIOS, EU TENHO MEDO DELES, EU VOU CEDER.

- Se fizer isso eu vou te demitir. Aí você vai trabalhar para eles – Disse simplesmente, ainda brincando com o lápis na mão.

- Nicolas... – James massageou as têmporas e olhou o amigo. - Como eu odeio você.

- Esse é o castigo por você ter me levado àquele lugar asqueroso.

- Você é abusado. Eu peguei o número que duas gatinhas se quiser um é só dizer. Vamos sair hoje à noite. Eu a convidei...

- Você não vai a lugar algum. – Nicolas disse levantando-se de sua cadeira e virou as costas olhando além dos prédios e pessoas trafegando pelas ruas de Seant. - Tenho planos hoje à noite.

- É mesmo? Com quem? – Cruzou os braços, curioso.

- Com você.

- Hã? Pode esquecer, eu não sou esse tipo de pessoa para você não. Nem pensar.

- Vamos voltar à boate hoje à noite. - Soltou de uma vez, não querendo se estressar.

- O QUÊ?

            
            

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