Morro de Amores
img img Morro de Amores img Capítulo 5 Não gosta
5
Capítulo 11 Apaixonado img
Capítulo 12 Presente img
Capítulo 13 Maravilha img
Capítulo 14 Aulas img
Capítulo 15 Avançado img
Capítulo 16 Preparações img
Capítulo 17 Desentendimentos img
Capítulo 18 A verdade img
Capítulo 19 Perdão img
Capítulo 20 Pazes img
Capítulo 21 Ajuda! img
Capítulo 22 Pro boy! img
Capítulo 23 Primeira vez img
Capítulo 24 A prova img
Capítulo 25 Tudo bem img
Capítulo 26 Tudo com você img
Capítulo 27 Nas news img
Capítulo 28 Tá de parabéns! img
Capítulo 29 Advogada img
Capítulo 30 Lembrei! img
Capítulo 31 Envergonhar img
Capítulo 32 Na festa img
Capítulo 33 Resolvido img
Capítulo 34 Presentes img
Capítulo 35 Notas img
Capítulo 36 Churras img
Capítulo 37 Resultado img
Capítulo 38 Não chegou img
Capítulo 39 Melhor opção img
Capítulo 40 Resgate img
Capítulo 41 Olha quem está aqui img
Capítulo 42 Irmão img
Capítulo 43 Aceitam você img
Capítulo 44 Diversão img
Capítulo 45 O dia img
Capítulo 46 Futuras médicas img
Capítulo 47 Surpresinha img
Capítulo 48 Atentado img
Capítulo 49 Mentiras img
Capítulo 50 Choro img
Capítulo 51 Desgosto img
Capítulo 52 Tem que se comportar img
Capítulo 53 Casar img
Capítulo 54 Acordou img
Capítulo 55 Não permito! img
Capítulo 56 Pra adoçar img
Capítulo 57 Início das aulas img
Capítulo 58 Brincadeiras img
Capítulo 59 Fogosa img
Capítulo 60 Não dá img
Capítulo 61 É pra você img
Capítulo 62 Ajudinha img
Capítulo 63 Apaixonadinha img
Capítulo 64 Tinha curiosidade img
Capítulo 65 Gosta img
Capítulo 66 Ela te deu esperanças img
Capítulo 67 Não vai ajudar em nada! img
Capítulo 68 Vamos pra casa img
Capítulo 69 Desculpe o atraso! img
Capítulo 70 Cachinhos dourados img
Capítulo 71 Olha só o perigo! img
Capítulo 72 Só um pouquinho img
Capítulo 73 Eu acho que o amo img
Capítulo 74 Ele tá vindo img
Capítulo 75 Mulher do Dono do Morro img
img
  /  1
img

Capítulo 5 Não gosta

Anne acordou no dia seguinte, pronta para o trabalho. Ela queria ter uma vida normal, focar nos estudos dela e pronto! Ela não tinha nenhuma intenção de ficar morando para sempre na comunidade. Na verdade, se ela pudesse, ela ajudaria todos a saírem dali.

No dia a dia, quando a polícia não entrava, não havia qualquer problema. As pessoas viviam as suas vidas, sem qualquer evento fora do comum. Sim, de vez em quando você via mais traficantes com suas armas, pessoas cada vez mais novas empunhando-as. Tinham também as "bocas de fumo" em locais determinados. Mas fora isso, era um local comum.

Para Anne, o problema era justamente essa incerteza sobre ter ou não tiroteio. Você sair para o trabalho e, na hora de voltar, não conseguir, porque fechavam as entradas da favela, já que a polícia estava lá dentro.

E, agora, Anne estava enfrentando uma nova dificuldade: ser o alvo não só do chefão do morro, como das mulheres que estavam interessadas nele.

Ela se olhou no espelho, constatou que tudo estava certinho na bolsa dela: uniforme, crachá, marmita, itens de higiene pessoal, documentos. Tudo certo. Ela pegou a chave de casa, o celular, fechou a porta e saiu.

Antes de chegar na rua principal, ela viu Késia e o sangue dela gelou, no entanto, a mulher olhou para algo atrás de Anne e desviou o olhar. Anne franziu a testa e olhou para ver do que se tratava e foi quando ela percebeu que tinha dois homens armados atrás dela.

Ela arredou para o canto, a fim de deixá-los passar, como sempre. Porém, eles não o fizeram, e ficaram no mesmo lugar. Ela acenou com a cabeça, educadamente e voltou a andar, ouvindo então o barulho dos passos deles atrás dela. Ela parou de novo e eles pararam.

- Ah...

- Pode ir andando, Princesinha. Chefe mandou nós cuidá de tú.

- Cuidar de mim? Como assim? - ela perguntou, confusa.

- Sei não. Ele mandou ficar de olho e cuidá. Pode ir andanu. A gente tá de escolta.

Escolta? Eles estavam escoltando a ela, Anne? O chefão... Claro! Fortão estava agindo como se eles dois estivessem juntos de alguma forma. Não... Como se ela pertencesse a ele.

Anne decidiu que não ia esquentar a cabeça naquele momento. Ela tinha que ir para o trabalho, para poder pagar o aluguel, comprar comida e outras coisas. Para pagar também pelo curso online que ela viu, de pré-vestibular. Aquele ano ela prestaria o vestibular e, portanto, ela precisava estudar.

Na parada de ônibus, as pessoas ficaram incomodadas, claro, até porque os ônibus não estavam parando, porém, ninguém tinha coragem de falar nada.

- Princesinha, o chefe mandô a gente ti levá pro trabalho.

- Oi? - Anne apertou os lábios.

- Vem. Sobe na motoca - o homem disse, enquanto o outro olhava em volta, arma em punho.

Anne olhou para as pessoas na parada de ônibus e engoliu em seco. Ela fechou os olhos e respirou fundo. Provavelmente agora ela seria vista como a mulher do traficante.

"Mas que beleza..."

- Eu nunca subi em moto - ela disse, olhando para o transporte. O homem que estava na moto, a quem ela não lembrava de já ter visto, olhou para ela com cara de paisagem.

- Bota o pé aqui, ó... e sobe. Segura no meu ombro. Bota a mochila pra frente, se não pode pesar pra trás e caí.

Anne observou para onde ele apontava e fez o que ele disse. Ela estava muito nervosa. Na verdade, ela tinha um certo medo de moto, porém, se ela não aceitasse a carona, além de continuar atrapalhando os outros, ela mesma se atrasaria.

- Pronto - a voz de Anne saiu apreensiva.

- Segura, heim!

O homem girou o punho, a moto fez um barulho alto e começou a se mover.

Este não levava a arma com ele. Ele era um dos mototáxi, não um dos traficantes.

No trabalho, Anne apareceu pálida e o Sr. Pereira foi até ela. Após ela contar que é porque tinha usado o moto-táxi pela primeira vez, ele acenou com a cabeça, em entendimento.

- Bom, é melhor do que se atrasar, não é? Depois você se acostuma. Vai ver que é uma mão-na-roda, Anne!

- Sim, é sim. Obrigada!

Ela se trocou e foi para o seu posto, o balcão.

Nada de novo aconteceu. Ela almoçou no horário, saiu no horário certo e foi para o ponto de ônibus, a fim de voltar para casa.

Ao descer na comunidade, que ficava na Zona Leste do Rio de Janeiro, Anne viu que a moça do churrasco da esquina estava com a barraquinha montada e funcionando. O cheiro era delicioso, mas ela estava apreensiva de comprar a carne. Não pela procedência, mas porque era um pouco cara.

Logicamente, um carro imenso estava parado na esquina. Ela nunca tinha olhado para dentro para ver quem era, afinal, Anne evitava olhar muito para os traficantes. Um carro daqueles, com dois homens de fuzis do lado de fora, só podia ser carro de um dos grandes. Ela decidiu que não comeria churrasco, afinal.

"Melhor que eu economizo!"

- Opa, opa! - a voz conhecida de Fortão soou quando ela passou. - Vem cá, amor!

Ela olhou para ele e ele acenou para ela com a cabeça.

"Ah, merda!". Anne suspirou e se aproximou do carro, à contra-gosto.

As pessoas do entorno conheciam Anne como uma moça boa, e ao verem que ela estava de papo com bandido, ela notou algumas bocas tortas e olhares julgadores. Ela achou engraçado, uma vez que alguns daqueles ficavam todos cheios de sorriso para Fortão e os outros.

- Oi - Anne falou, timidamente.

- Quer churrasco? - ele perguntou, como se aquele tipo de conversa entre eles fosse normal - Vem cá me dá um beijo.

- Fortão... - ela olhou em volta e ele percebeu o rubor das bochechas dela.

Ele segurou a mão dela, e a puxou de leve para mais perto do veículo.

- Vem. Dá um beijo no seu homem.

Ela quis responder que ele devia estar louco, mas seria muita ousadia. Ela se inclinou e deu um beijo na bochecha dele.

- Eu não gosto disso em público - ela sussurrou, tentando achar desculpa.

- Ah... - ele falou e abriu a porta do carro. - Entra aqui. Não vai mais ser em público.

Ele estava no banco de trás e arredou para o lado, a fim de que Anne pudesse entrar.

- A gente tem que conversar - ela sussurrou e ele concordou. Na outra mão, ele tinha um palito de carne e o ofereceu a ela, mas ela negou.

- Não gosta? - ele perguntou, já imaginando que ela era uma daquelas garotas da Zona Sul que não comiam carne.

- Adoro, mas está meio bem passada pra mim. Além disso, aí tem pouquinho. Pode comer. Você é grande.

Ele riu e se virou para a outra janela.

- Tia! Me vê mais dois, por favor! Um mal passado!

- Obrigada - Anne falou. - Mas podemos conversar em outro lugar?

Ele concordou com a cabeça.

- Vamo pra tua casa.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022