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- 1...2...3! - A noiva grita, junto com as demais convidadas, antes de jogar o buquê de tulipas no meio da pequena multidão feminina ansiosa.
Afastada, vejo quando uma das mulheres pula o mais alto que pode, arrancando da mão de outra mulher o buquê, segurando com toda força contra o corpo, enquanto ria histericamente. Todas ali, sabíamos o que a superstição em si dizia quando aquilo acontecia: a próxima a se casar, seria ela.
Ela estava mais que... feliz, parecia até aliviada por um sinal daquele do universo. Acho que até eu, na atual situação que eu estava, agiria da mesma forma. Era capaz de pegar o buquê e sair correndo.
A cerimônia em si, foi como a noiva sonhou, cada detalhe. E fiquei satisfeita com isso, pois mais uma vez havia feito meu trabalho bem feito e agora só sobrava o vazio costumeiro.
Acabei não ficando até o final da cerimônia, não estava no clima para ver os noivos exalando felicidade e se preparando para a lua de mel. Por um momento, mais uma vez, quis estar no lugar dela, quis estar feliz também e me preparando para viajar para algum lugar paradisíaco. Mas invés disso, estava indo para casa sozinha, mais uma vez.
No entanto, mudo de ideia no meio caminho e decido ir para um bar. Iria afogar minhas mágoas como a maioria das pessoas faziam: bebendo. O bar em questão não estava muito cheio, mas havia um bom movimento, geralmente de mais grupos do quer pessoas individuais.
Escolho sentar em uma mesa, o mais distante de toda aquela agitação. Checo meus e-mails, ligações e nem tento ligar para um dos meus pais, era a última coisa que eu queria. Prefiro dar uma rápida olhada nas redes sociais, invejar quem estava se divertindo solteira ou comprometido, e me sentir a pessoa mais triste do mundo.
Estava numa bad horrível, que duvidava se iria conseguir sair. Havia chegado no fundo do poço gélido e escuro e, duvidava que alguém poderia me ajudar a voltar a ver a luz do sol.
Uma taça é colocada de repente na minha frente, atraindo minha atenção. O garçom não diz nada, apenas começa a se afastar.
- Oi? - digo atraindo a atenção dele, que se vira no mesmo instante - Não pedi nada ainda.
- O cara sentado no bar mandou pra você - diz se afastando, me deixando completamente confusa e procurando quem havia sido este "cara".
Meus olhos se cruzam com o dele enquanto estou o procurando. Sentado no bar, era o único que estava olhando diretamente para mim e agradeci mentalmente por isso, por que os demais que estavam ali, não eram nada atrativos e pareceriam estar mais desesperados do que eu.
O homem que continuava a me olhar, era bonito, alto, ombros lábios e olhos verdes. Além de um cabelo mais sedoso do que eu. Se tivesse bebido alguma coisa antes, poderia jurar que era alucinação da minha mente que estava carente de atenção e afeto masculino. Poderia facilmente ter mandado aquela bebida para mim mesma e estava fantasiando algo estranho, mas não mandei e ele era muito real.
Trago a bebida para mais perto, dando um bom gole, gostando do líquido rosa com um morango. Não parecia ser alcoólico, o sabor era até suave e me fez beber quase a metade de todo o líquido. Afinal de contas, não queria parecer que não havia gostado e desperdiçar uma chance daquela, aonde um mal caminho como aquele, simplesmente estava dando sinal para mim.
O drink não demorou para acabar e quando isso aconteceu, o garçom voltou com outro, o que facilmente fez com que um sorriso surgisse em meu rosto e não hesitei em tomar mais um drink, dessa vez me preparando para ir agradecer pelos drinks deliciosos.
Então antes de terminar, levanto e ando tentando não parecer apressada até o bar, tendo a atenção dele antes mesmo de falar alguma coisa.
- Obrigada pelos drinks - digo de forma contida e o mais sedutor que eu conseguia, já que nem lembrava mais de como fazia isso. Podia até sentir as teias de aranha por todo meu corpo e rangido, do meu corpo enferrujado.
Ele apenas me olha com os olhos verdes penetrantes, tão fixamente que parecia que estava lendo minha alma ou até mesmo meus pensamentos. Por um instante, temi aquele comportamento dele, sem ter ideia do que estava se passando na cabeça dele. Ele poderia ser um psicopata, serial Killer, planejando me matar e depois me esquartejar e apenas estes pensamentos, conseguiram com que todo meu corpo se retraísse e o líquido rosa quase voltasse pela minha garganta, manchando todo o chão, o que claramente eu não queria.
- Rael LeBlanc - diz ele de repente, colocando um sorriso mais rápido ainda no rosto, estendendo a mão para mim em seguida. O novo comportamento me pegou de surpresa e pelos próximos segundos, fiquei sem saber o que fazer, até que sem jeito, um sorriso trêmula e pego na mão grande e um pouco áspera dele, gostando do contato.
- Vivian - Odiava me apresentar com meu sobrenome, era como se eu quisesse que soubessem que eu era uma Costello e por causa disso, tinham que ter um certo respeito e me temer.
- Que bom que você gostou do drink, Vivian - diz com um leve sorriso no rosto, o que me aqueceu rapidamente por dentro e umidecer a parte de baixo rápido de mais, trazendo borboletas no meu estômago.
- Você parece entender de drinks - Bebo mais um pouco do líquido restante do meu corpo, desejando por mais, mas não querendo parecer uma alcolatra que não podia nem sentir o cheiro do álcool - Já foi barman ou algo do tipo? Parecia que até já sabia do que eu gostava - Ele continua com o sorriso no rosto, indecifrável, me olhando com aqueles olhos que me lembravam esmeraldas de tão brilhantes que estavam naquela luz. Sem eu querer, o imagino gemendo com aquela voz grossa e preciso dar um passo para trás e cruzar uma perna na frente da outra para manter a compostura.
- Só sei do que as mulheres gostam.
Literalmente prendo o fôlego, me imaginando já casada com aquele homem e tendo muitos filhos dele, seis ou quantos ele quisesse. Era só ele dizer que íamos fazer se tornar realidade, bem simples...
Solto o ar lentamente dos pulmões, mantendo a compostura que já não tinha mais. Acredito que qualquer mulher me daria razão sr estivesse diante da beldade que eu estava.
- Então você entende de mulheres - digo por fim, entrando em um jogo que nem sabia qual era. Só estava seguindo o ritmo que ele estava impondo, permitindo que simplesmente as ondas me levassem, deixando que as coisas fluírem sem nenhuma pressão, pelo menos era isso que eu queria transparecer, mesmo minha mente gritando para fazer de tudo para ele notar que eu era o amor da vida dele.
Estava óbvio que eu era tudo que um homem gostaria de ter ao lado. Era independente, bonita e muito sociável, carismática e queria construir uma família. Tudo o que um homem procurava em uma mulher.
Só faltava o homem na minha frente, denominado como Rael, perceber isso.
Rael estreita os olhos, incluindo a cabeça para o lado, mantendo aquele sorriso seus lábios vermelhos.
- Mulher é como vinho - Ele me olha de cima a baixo, analisando o vestido que estava usando. Não era algo muito sexy na verdade, havia acabado de sair do meu trabalho, então estava vestindo algo que a ocasião pedia. Um vestido comprido bege, com pouco decote, poucos detalhes e de manga comprida. Como estávamos no inverno, as temperaturas haviam caído drasticamente, não deixando muita opção no guarda-roupa. Além disso tudo, ainda estava vestindo um sobretudo - Tem que saber apreciar.
Precisei beber outro gole do meu drink que estava novamente no fim, para disfarçar o rubor em meu rosto. Não sabia dizer se Rael era tão atrativo como estava percebendo ou se era alguma enganação do meu cérebro, causado pela carência. Não conseguia pensar direito, ele não estava ajudando muito também com aquele jeito de e olhar e de se expressar.
Automaticamente procuro por uma aliança em seu dedo ou vestígio de alguma. Não havia nada, o que particularmente era estranho pois um homem como ele se estava solteiro só tinha dois motivos para isso: a opção sexual dele era outra ou... ele estava escondendo o real status de relacionamento dele.
- Não estou vendo uma aliança - As palavras praticamente pulam da minha boca, sem ao menos me dar a chance de pensar melhor se deveria ou não ser tão ousada, invasiva, deixando claro minhas reais intenções naquele momento. Se fosse para sairmos juntos daquele bar, não queria que fosse apenas por uma noite e iria fazer questão de deixar isso claro para ele, iria querer mais do que uma transa casual - Sua esposa está esperando você em casa? - Termino de sugar o restante do líquido, junto com a minha ironia, já não me sentindo tão corajosa como há poucos segundos atrás.
Rael não tem uma reação automática, o que me faz pensar se não havia ultrapassado um limite invisível entre nós. Invés de dizer alguma, ele pega a taça da minha mão e pede mais um drink para o barman, que não hesita e faz outro. Por último, outra taça volta para minha mão.
Ele sabia muito bem como me agradar, estava fazendo isso naquele exato momento. Só esperava que a conta também ficasse para ele, pois o jeito que estava bebendo, duvidava que iria ficar apenas em quatro drinks.
- Não tenho ninguém me esperando em casa, além dos meus cachorros - Ergo as sobrancelhas sem perceber, brincando com o canudo perto da minha boca de uma forma provocante e insinuante - Está duvidando? - De costas para o balcão, apoia os cotovelos, mantendo o olhar cravado em mim - Posso levar você até lá para comprovar.
- Acabamos de mostrar conhecer. Você pode ser o maníaco do bar - Mesmo não tendo escutado nada sobre o assunto nos últimos dias. O índice de crimes por todo Estados Unidos continuava, mas sem nenhum alerta sobre um homem que ia para bares em busca de suas próximas vítimas.
- Posso garantir que eu não sou - diz com toda naturalidade do mundo - Acho que não preencho todas as características de um - Não fazia ideia de quais eram os traços de um maníaco, era um assunto que apesar de importante, nunca me fez parar para analisar que poderia estar ao lado de um. Na verdade, nunca achei que algo do tipo poderia acontecer comigo, a impressão que eu tinha era que algumas pessoas vacilavam de mais sabe? Colocavam um desconhecido dentro de suas casas, se abriam e permitiam que ele soubesse como era o dia a dia. Era como se estivessem cegas de mais para perceberem os sinais.
E uma coisa que eu não era, era cega.
- Então você não é casado? - pergunto quando um sinal verde acende em minha cabeça. Seria neurose ficar com um pé atrás, quando tudo indicava que eu poderia prosseguir tranquilamente com o flerte que estava rolando ali - Não tem uma mulher grávida esperando você? - Por um momento ele fica sério, como se estivesse pensando na resposta ou algo do tipo. Foi questão de segundos, até ele voltar aí normal.
- Não deveria estar preocupada com isso.
Inspiro profundamente, dando um passo para frente, me detendo de me aproximar mais no mesmo instante.
- E com o quê deveria estar preocupada, Sr. Leblanc? - Ele ergue um dos cantos da boca num sorriso, franzindo os lábios por último.
- Você faz muitas perguntas, Srta. Vivian - diz com um suspiro.
- E você não? - Ele que havia começado com tudo aquilo, mandando servir um drink para uma desconhecida, sem saber o que o esperava com essa atitude. Claro que ele já suponha que eu iria até ele agradecer pelo drink e que ali iria começar uma conversa que poderia render muita coisa e estava, progredindo muito bem até aquele momento.
- Não preciso saber mais do que já sei - Dou um meio sorriso, tomando mais um gole da minha bebida que estava cada mais vez mais deliciosa e viciante. Não sabia qual era os ingredientes, se tivesse açúcar, então era o responsável por aquela vontade de mais e mais.
- E o que você já sabe? - provoco, esperando uma resposta irônica com um toque de divertimento. Era assim como a maioria dos homens agiam, não me surpreenderia se Rael também agisse dessa forma. Homens maioria das vezes viam as mulheres como algo que deveria ser conquistado, como um território. Eles gostavam das difíceis, das que conseguia se esquivar facilmente de suas jogadas e os deixava confusos. Mas infelizmente eu não sabia aquele jogo, sabia as regras mas não sabia como jogar.
- Já sei o suficiente de você.
Franzo o venho levemente, observando-o atentamente. Aquela fala acabou por ligar o sinal amarelo, para um estranho sexy e sedutor, aquela fala dele havia me pegado completamente desprevenida. O que um estranho poderia saber de mim? Além do básico que a maioria dos cidadãos americanos já sabiam? Nunca fui de aparecer na imprensa, além de invasivo, nos deixava venerável. Sempre preferi me manter o mais distante possível, mesmo meu sobrenome não permitindo, já que não podia usar o sobrenome de solteira da minha mãe por que meu pai fazia questão de que usássemos seu sobrenome, pois para ele era um sinal de orgulho ser um Costelo.
A única coisa que poderia esperar vindo de Rael, era que me associasse com facilidade aos Costello. Apenas isso.
- Não precisa fazer essa cara - diz em seguida.
Engulo em seco.
- Que cara?
- Essa que está fazendo agora - murmura - De assustada.
- Não estou assustada - digo de imediato, me sentindo ofendida. Não era de me assustar com facilidade, nunca fui, sempre fui de levar da forma mais natural as situações mais estressantes e tensas - Não sei por que deveria estar.
- Não se ofenda, Vivian - diz em tom divertido.
- Não estou ofendida - Não entendia como o tom da conversa mudou tão rápido. Havia saído de agradável e ido para desconfortável. Era como de Rael estivesse se divertindo com a minha própria confusão, como se fosse parte do plano dele tudo aquilo eu não poderia dizer que não, pois nem o conhecia e nem sabia de suas verdadeiras intenções naquela noite.
Para mim nossa conversa que estava indo tão bem, havia terminado naquele momento onde comecei a me sentir desconfortável.
Indo até o balcão, deixo minha bebida pela metade.
- Não vai terminar seu drink? - Ele pergunta.
- Outro dia - Giro meu corpo me preparando para sair do quarto.
- Quer terminar a noite em outro lugar? - Por alguma razão paro de andar e me vejo me virando para ele.
- Que lugar?
- Minha casa. Pode ver com seus próprios olhos meus cachorros.
Cruzo os braços sob o peito.
- Você não é a reencarnação do Jefrey Dahmer, não é? - Ele dá uma breve risada levantando, se divertindo com a situação.
- Até onde eu sei, não - Então gentilmente ele pousa as mãos em minhas costas e me conduz para fora do bar, sem ao menos pagar a conta - Não vou comer seu coração - murmura - A rua estava um pouco escura mas, mesmo assim consegui perceber que andávamos em direção de um carro preto e a medida que aproximava, a rua ficava cada vez mais escura, até eu ter a impressão que o chão havia sumido em baixo dos meus pés.