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A pesar de Gaby ter se declarado fechada para o amor desde a decepção com Beto, em meados de março de 2016 Rubens finalmente conseguiu mudar o status de sua relação de amizade, para namoro. Rubens era três anos mais velho que Gaby, que a esta altura já estava com 26 anos. Já haviam se passado quase 9 anos e ela tinha todo o direito de refazer a vida. Era uma jovem bonita e merecia ser feliz.
Sr. Ivan, que já conhecia Rubens desde quando eles ainda eram apenas amigos, fazia gosto no namoro. Rubens era um bom rapaz, calmo e centrado. Era tudo que Gaby precisava, na visão do pai.
Tímida e inexperiente, Gaby havia levado alguns meses para se entregar a Rubens. Ele estava apaixonado e muito feliz em ter o privilégio de ser o primeiro homem dela. E se esforçou para fazer aquele momento especial. Para Gaby, foi bom, mas não arrebatador como ela imaginava que seria quando sonhou com aquele momento com Beto.
Tentando compreender, desconfiava que talvez fosse porque não amava Rubens como um dia havia amado Beto. Gostava dele, achava ele uma excelente companhia, porém seu coração não o pertencia. E Gaby já havia deixado isso claro para ele desde o princípio, mas Rubens esperava, fazê-la se apaixonar por ele com o tempo.
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Fred estava vivendo um bom momento. Seus negócios iam bem, apesar da economia local ter sido um pouco abalada com a possibilidade de paralisação da extração de amianto na região. Com sua decisão de investir cada dia mais no comércio local e na diversificação dos investimentos, ele estava conseguindo gerar emprego e contribuir para o giro da economia nas áreas que não estavam diretamente ligadas a extração do amianto.
Fred tinha um bom tino comercial que herdara do avô, um imigrante português que viera tentar a vida no Brasil, vindo parar no Estado de Goiás. Do pai, Sr. Durval, Fred herdara o amor pela terra e pelos animais. Por esta razão escolhera a profissão de Agrônomo, pois pensava em ajudar Sr. Durval a cuidar do pequeno sítio da família, tornando-o cada dia mais rentável.
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Com o boom das redes sociais, Beto passou a usá-las para encontrar Gaby. Procurou em todas as redes sociais possíveis. E no início do mês de setembro, eis que a encontrou! Lá estava ela.
"Mais linda! Mais mulher!"
Havia poucas fotos publicadas. Eram fotos dela com outra jovem e um rapaz vestidos de beca e de canudo na mão.
"Então, Gaby havia se formado em Administração de acordo com a legenda da foto."
Naquele momento bateu-lhe a dor da constatação de que realmente, como Fred lhe disse, ele havia perdido o bilhete pre-miado da Mega Sena. Mas ele não era homem de perder e en-tão, traçou seus planos. Nas redes sociais ele descobriu onde ela trabalhava. Solicitou férias e em meados de outubro partiu ru-mo à Goiânia em busca de recuperar o amor de sua vida.
Ao chegar à Goiânia se instalou em um hotel no centro da cidade e foi direto ao banco, onde montou campana à espera de sua amada. No fim do dia ele a viu saindo do trabalho. Viu também quando um homem loiro, de estatura mediana, vestindo terno azul marinho a abraçou e a beijou nos lábios. Sentiu ciúme! Seu desejo era ir lá e socar aquele folgado que ousava beijar sua prometida, mas ele se segurou.
No dia seguinte, ao vê-la sair para almoçar com uma amiga, seguiu-as. No restaurante a abordou dizendo que a amava e Gaby quase entrou em choque quando o viu. A dor e a raiva voltaram com tudo, ela o maltratou e o deixou falando sozinho. Na manhã seguinte, ele a abordou na entrada do trabalho e ela pediu que ele se afastasse e disse que tinha namorado.
-Não importa. Você vai voltar para mim! E você sabe o porquê. – deu uma pausa e depois completou: -Esse é o seu destino! Você nasceu para mim e para mais ninguém!
Irritada com o ocorrido e com a menção daquela promessa idiota, deixou-o falando sozinho e entrou no trabalho.
Beto falou para si mesmo que não iria desistir. Não tinha rodado 500 quilômetros para desistir na primeira tentativa. Ele a conhecia como ninguém. Sabia o poder que tinha sobre ela e o usaria.
"Gaby voltará a ser minha!"
A partir disso, Beto dedicou seus dias de férias para atrapalhar o relacionamento de Gaby e Rubens. Ele a cercava na porta do banco, no restaurante, no estacionamento, mandava flores, bombons, bilhetes, presentes etc. E Gaby jogava tudo no lixo.
Beto chegou a alugar um carro de som para ficar estacionado em frente ao banco fazendo declarações de amor. Ajoelhado na calçada na porta de entrada, pediu perdão e se declarou:
-Gaby, me perdoe! Eu sofri muito com nosso fim. Cometi um erro e estou pagando por ele até hoje. Eu era jovem e inconsequente, errei e assumo. Foi um momento de fraqueza. Nunca amei Jane. Sempre amei você! Ainda amo e vou amar para sempre. Volte pra mim!
As pessoas que passavam pela rua admiravam as ações de um homem apaixonado. Até os colegas de trabalho de Gaby já estavam torcendo para ela perdoá-lo.
Tamanha exposição estava incomodando Rubens. A sucursal de seguros que ele chefiava, embora pertencente ao mesmo banco, ficava do outro lado da rua em cima de uma galeria comercial e da janela, Rubens assistia todo aquele escândalo. Irritado, chegou a acionar a polícia para desarmar o circo de Beto, já que ele como profissional na posição que ocupava, não poderia ir lá arrebentar a cara daquele sujeito abusado, embora essa fosse a sua vontade.
Para tentar demarcar território e minimizar a situação, passou a levar e buscar a namorada na entrada e saída do trabalho. Beto, quando via que Rubens estava junto dela, se continha e o esperava ir embora para começar seu cerco.
Diante de tanta insistência, Gaby, que já não aguentava mais passar tanta vergonha, nem expor mais Rubens daquela forma, considerou ser mais correto terminar seu relacionamento com Rubens.
Rubens a amava, mais realmente a situação estava insustentável e estremecera a relação entre eles, já que percebia que Gaby havia ficado balançada com as investidas de Beto. Por isso entendeu que eles precisavam de um tempo.
Beto se aproveitou do afastamento de Rubens e fechou ainda mais o cerco sobre Gaby. Descobriu onde ela morava e passou a cercá-la em casa também. Chegou a agarrá-la duas vezes na saída do restaurante, roubando-lhe um beijo e isso mexeu muito com ela. Infelizmente Beto sabia lhe envolver. Talvez por isso ela tivesse tanto medo da aproximação dele. Ele fora seu primeiro namorado... com quem ela um dia sonhou se casar e ter filhos... e para arrematar, ainda existia aquela promessa idiota.
O aparecimento de Beto depois de 9 anos a havia abalado demais. Logo agora que ela estava curando suas feridas. Um filme de seus primeiros 18 anos passou em sua cabeça. Um filme no qual Beto era seu mundo e ela faria tudo para ser feliz ao lado dele... E numa sexta-feira após 26 dias de cerco, Gaby confusa, sucumbiu. Envolvida pelas memórias do relacionamento que teve com Beto e com a ideia fixa de que eles eram predestinados, ela o aceitou de volta.
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A Família Pacheco, que há 14 anos havia se estabelecido na cidade com uma pequena pousada, viveu seus momentos de apogeu e derrocada. Há alguns anos havia expandido os negócios passando a dominar o ramo de hotelaria na cidade, chegando a ser proprietária da melhor rede de hotéis da região. Porém nos últimos anos, com o baque que o setor de mineração teve com a constatação de que o amianto era um produto altamente cancerígeno, o setor hoteleiro foi bastante afetado.
Diante das dificuldades o Sr. Paulo Pacheco, pai de Jane, acabou se entregando à depressão e ao vício do álcool deixando os negócios de lado. Para manter a família, Luiz Gustavo e Jane assumiram os negócios e vinham passando por sérios problemas de liquidez.
Jane, que ainda não havia se casado, passou a considerar a ideia de fazer um casamento que fosse financeiramente interessante. Ao analisar os melhores pretendentes existentes na cidade, ela se deparou com os nomes de Beto e Fred.
Beto era filho de um renomado contador, cuja família era muito bem-conceituada na cidade e de dona de um patrimônio interessante. Além disso, tinha seus atrativos físicos. Era um gato e Jane já havia tido um affair com ele. Além do mais, tinha um bom emprego, mas infelizmente este emprego era justamente na mineradora, que estava ameaçada de ser fechada a qualquer momento. Sendo assim, Jane preferiu colocá-lo na segunda classificação da lista. Ficando Fred na primeira posição.
Jane sempre achou Fred um magricela desengonçado e nunca passou por sua cabeça um dia ter algo com ele. Beto sempre foi mais bonito e por isso ela o preferira. Sem falar que ele era o prometido de Gaby, sua arquirrival com carinha de santa. Este pequeno detalhe, havia colocado mais tempero em seu rolo com Beto.
Jane sabia que Fred arrastava um bonde para ela desde a adolescência e por isso sempre fugira dele igual o diabo foge da cruz. Quanto à aparência, com os anos, ele melhorara bastante. Com a prática de atividade física regular, havia adquirido músculos e um corpo bonito. A mulherada local o adorava, o que contribuiu para ele ganhar fama de "pegador". A idade também lhe dera um certo charme, mas continuava o mesmo desleixado de sempre. Frequentemente andava sujo e quando não estava sujo, estava desarrumado, sem a menor noção de moda e elegância masculina, pois tinha um péssimo gosto para roupas... "Afff..." Outro problema de Fred é que ele gostava da lida na roça com gado e outros animais, talvez isso explicasse a péssima mania de andar sujo. Coisas que Jane tinha horror. Horror de animais e de homem sujo!
Infelizmente, ele era o melhor partido no momento, já que muitos haviam perdido o emprego ou estavam na iminência de o perderem. Sem falar que outros tantos haviam ido embora para Brasília ou para Goiânia em busca de melhores oportunidades, o que não lhe deixava mais opções.
Nesse momento, Jane se odiou por não ter feito o mesmo que Gaby. Ela sim, tomara a decisão certa de ir embora para nunca mais voltar. Infelizmente as perspectivas não eram as melhores, uma vez que a mineradora estava com os dias contados e vinham tentando arrastar a produção, com liminares na justiça que visavam à manutenção da extração do amianto, mas tudo era incerto.
Diante da incerteza e da derrocada financeira da família, Jane decidiu investir num relacionamento com Fred. Começou dando um jeito de cercá-lo na cidade de forma que se encontrassem acidentalmente. Um esbarrão aqui, outro ali, conversa vai, conversa vem ... Jane jogou o laço e conseguiu. Para sua surpresa, o bobão ainda arrastava um bonde por ela e foi fácil ele morder a isca. Agora era só se aproveitar da situação. Se bem que ela não se dera tão mal, pois ele ao menos era bem "caliente" e decidiu desfrutar disso até que um bom partido aparecesse naquele fim de mundo. Pois ela ainda não tinha desistido de ganhar o mundo acompanhada de algum forasteiro rico.
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