Capítulo 8 PARTE 1 - Cap VII - Formação de Casais

Gaby e Beto

Beto passou o fim de semana na casa de Gaby e após anos de distância, ele a teve nos braços.

"Finalmente pôde tomar posse do que sempre lhe pertenceu e outro havia se aproveitado."

Com Gaby em seus braços, Beto ficou convencido de algo que ele sempre soube: Ela me ama!

Para Gaby, fazer amor com Beto foi diferente de Rubens, pois Beto tinha uma urgência que Rubens não tinha. Mas nenhum havia sido tão arrebatador como Gaby havia imaginado ser durante tantos anos de sua vida.

"Talvez tivesse criado expectativas demais para aquele momento, tanto que não se sentia completa e chegou à conclusão de que o ato entre um homem e uma mulher fosse só aquilo mesmo e as pessoas supervalorizavam e romantizavam a coisa toda."

Com Rubens havia um pouco de romantismo e com Beto havia urgência e satisfação carnal unicamente dele, dela não.

Confusa, Gaby estava deitada em sua cama tendo Beto adormecido com o braço atravessado sobre o corpo dela como se ela fosse um objeto que lhe pertencesse. Beto a tratava pura e simplesmente como propriedade sua. Como um brinquedo que ele quisesse muito e tinha acabado de ganhar.

Nada se comparava ao que ela desejava em uma relação homem e mulher. Mas fazer o que? Era o que ela tinha e precisava se conformar. Talvez ela que tivesse que se adaptar e aceitar as coisas como elas realmente eram, afinal ela havia dispensado Rubens para ficar com Beto porque procurava nele aquilo que ela não havia encontrado em Rubens. O problema é que ela também não havia encontrado em Beto. A sensação que tinha era de quando se vai com sede demais ao pote e descobre que a água do pote não é o suficiente para aplacar a sua sede.

Apesar de se conhecerem de longa data, o tempo que passaram juntos naquele fim de semana era como se estivessem se conhecendo novamente, afinal havia um abismo de mais 9 anos entre eles. Tiveram outros momentos de intimidade, mas que no fim ela tinha a mesma sensação da primeira vez. A única coisa que lhe convencia de que havia tomado a decisão certa era o fato de um dia ter sido prometida para ele e ele ter cruzado de novo o seu caminho depois de tantos anos, pois sempre ouviu dizer que quando tem que ser, o destino se encarrega de unir as pessoas mesmo após anos de distanciamento. Diante disto, tentou aceitar que seu reencontro com Beto fosse realmente obra do destino.

No domingo à noite estavam deitados na cama e Beto anunciou que suas férias acabariam no dia 15 de novembro e deveria retornar ao trabalho. O que significava que eles teriam apenas mais dois dias juntos.

Gaby o olhava com aquela sensação de ter sido usada para um momento de satisfação dele. Ele tinha chegado há cerca de um mês, havia virado a vida dela do avesso e agora iria embora. Gaby ficou calada à espera de mais informação dele.

-Agora que estamos juntos, precisamos nos organizar. – falou ele.

Sem entender, ela questionou o que deviam organizar e ele disse que era o retorno dela para Minaçu, alegando que agora que ela era dele novamente, devia voltar com ele.

-Como???

-Quanto tempo você precisa para se desligar do seu trabalho?

-Quem falou que vou me desligar do meu trabalho?

-Ora Gaby, estamos juntos, você é minha e tem que voltar comigo para casa. Além do mais não tem mais cabimento você ficar trabalhando na mesma empresa que seu ex! – falou indignado com a possibilidade deles se encontrarem, já que a seguradora e o banco pertenciam ao mesmo grupo.

-Olha aqui, eu acho que você perdeu o bonde em algum momento... Eu não vou voltar para Minaçu e nem vou deixar o meu trabalho!

-Gaby, você vai voltar comigo! – falou em tom autoritário.

-Eu não vou voltar coisíssima nenhuma! Eu saí de Minaçu há mais de 9 anos para nunca mais voltar! Eu jurei não voltar e não vou voltar. Quer você queira ou não.

-Não tem cabimento isso! Você é MINHA e tem que me acompanhar!

Irritada com o rumo daquela conversa, Gaby se levantou da cama. Estava em pé e indignada com a fala dele.

-Escute aqui! Eu não sou de ninguém a não ser de mim mesma. E não tenho que te acompanhar.

-Se você me quer, tem que ser assim. Você vai ser minha mulher! – disse ele.

-Pera lá meu chapa! Se VOCÊ me quer, será nas minhas condições. Eu saí de Minaçu por você e não voltarei para Minaçu por você. Você que venha para Goiânia. Sabe que aqui tem muito mais oportunidades que em Minaçu.

-Gaby, isso é um absurdo! Eu tenho um bom emprego e um bom salário! Não posso largar tudo assim! Atualmente eu sou o responsável pelo setor de Contabilidade da Mineradora!

-Oxe! Eu também tenho um bom emprego e um bom salário! Sou Gerente Administrativa em uma renomada instituição financeira. Não posso e não vou largar tudo assim! Fora que há anos eu estabeleci minha vida aqui. Portanto, repito: se VOCÊ me quer, será nas minhas condições.

Beto achou mais prudente não discutir naquele momento, afinal ele havia levado quase 30 dias para reconquistá-la e não iria levar apenas dois dias para perdê-la. Iria deixar passar dessa vez, mas aos poucos a convenceria a sair daquele emprego e voltar para Minaçu. Não era mais hora dela ficar brincando de "executiva", era hora de se aquietar. Ele já havia passado dos 30 anos, já era tempo de ter filhos e ele não queria a mulher dele trabalhando fora, ainda mais próxima a um ex-namorado. Por sorte, ele ainda teria mais dois dias, para voltar a abordar o assunto. E nada melhor para acabar uma discussão que sexo. Puxou-a para seus braços e a provocou até conseguir o que queria.

-*-

Na segunda-feira, Gaby contou à amiga Chris que ela e Beto haviam se acertado. E Chris curiosa, perguntou.

-E como foi? É o que você esperava?

-Ah, Chris, sei lá. Acho que o problema sou eu. Acho que criei expectativa demais. Só isso.

-*-

Na noite de segunda, Beto e Gaby voltaram a discutir sobre a saída dela do emprego e a volta para Minaçu.

-Eu já te disse que não vou voltar e não vou deixar meu emprego.

-E como você acha que vai cuidar dos nossos filhos trabalhando fora?

-Filhos? Que filhos?

-Os quatro filhos que planejávamos ter. Não se lembra?

-Isso foi quando éramos adolescentes e nem tínhamos noção das responsabilidades da vida adulta. Quatro filhos hoje em dia, é completamente inviável! Uma boa escola aqui em Goiânia custa os olhos da cara!

-Mas não teremos nossos quatro filhos aqui em Goiânia. Você vai voltar comigo para Minaçu. Lá é o nosso lugar.

Na voz de Beto estava presente novamente o tom autoritário que irritava Gaby.

-Eu não vou voltar para Minaçu! – quase gritou. -Eu não vou ter filhos em Minaçu! Por que insiste nisso? – deu uma pausa e depois completou: -Também não vou virar parideira e ter quatro filhos! Isso é coisa de maluco!

-Tudo bem, abro uma concessão para você: podemos ter apenas três filhos.

-Três??? Loucura! No máximo um e olhe lá!

-Um??? De jeito nenhum! Ser filho único é muito ruim e nós dois sabemos disso. Não quero essa sina para meu filho. Ele vai ter irmãos. Três e não se fala mais nisso!

Gaby desistiu de discutir aquele assunto, não valia a pena. Sabia que num relacionamento quem tem o poder de decidir quantos filhos vai ter é a mulher. Nem que fosse preciso ela colocar um DIU em segredo logo depois do nascimento do primeiro filho, mas ela não teria três filhos jamais! E nem voltaria para Minaçu! Isso estava fora de cogitação!

Na noite de terça-feira, Gaby levou Beto na casa de seus pais, pois ele pediu para rever os padrinhos. Falou que sua mãe ficaria muito feliz ao saber que eles tinham voltado e o quanto ela sentiu o afastamento dos pais de Gaby.

Gaby sabia que seus pais também haviam sofrido com o afastamento de seus padrinhos. E isso lhe doía, mas havia jurado que não voltaria para Minaçu.

Os pais de Gaby haviam ficado tristes com o fim do namoro dela com Rubens, pois gostavam dele e sabiam o bem que ele vinha fazendo à filha desde quando ainda eram apenas amigos. Especialmente seu pai que tinha grande apreço por Rubens. E enquanto seguiam para a casa dos pais, Gaby pensava como eles reagiriam ao saber que ela estava de novo com Beto depois de tudo que ele lhe fizera no passado.

Ao chegarem à casa dos pais foram bem recebidos e sua mãe abraçou Beto como a um filho que não via há muito tempo. Beto deu notícias de seus pais a uma Dona Glória ávida por saber como estavam os compadres. Sr. Ivan também gostou de rever o afilhado, porém estranhou o fato de Beto estar com tanta intimidade com a filha. Num dado momento o pai a chamou na sacada e lhe perguntou:

-Filha, vocês estão ... juntos? – disse o pai constrangido por entrar na vida da filha assim.

-Sim, pai.

-Foi por isso que terminou com Rubens? – indagou ele.

Ela assentiu e Sr. Ivan ficou calado digerindo a informação. Depois falou:

-Filha, não vou interferir em sua vida... se você que sofreu, o perdoou, quem sou eu para não o perdoar?! Só espero que tome cuidado para não se ferir novamente. Não quero vê-la sofrer de novo.

Gaby se emocionou ao ouvir as palavras do pai e ele a abraçou. No fim da noite, Beto anunciou que estaria de volta à Minaçu na manhã seguinte, pois retornaria ao trabalho, mas voltaria em breve e não pretendia ficar tanto tempo longe de Gaby novamente. Antes de ir embora, Beto fez questão de tirar uma foto com os padrinhos e futuros sogros para mostrar aos seus pais.

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Fred e Jane

Para Fred, os ventos realmente estavam a seu favor, pois após mais de uma década, finalmente Jane o notara. E foi assim de repente. Eles começaram a se esbarrar por aí com uma certa frequência até que ela começou a lhe dar "bola" e ele não perdeu tempo. Estavam agora vivendo alguma coisa que ele não sabia o quê, mas estava bom, então ele ia continuar. Mal sabia ele, que tudo fora arquitetado por Jane por conta de seus interesses.

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