Capítulo 10 24 ou 25

Fazia alguns dias, quase um mês que eu e minha família havíamos nos mudado para a casa das crianças desaparecidas. Ainda não havia encontrado um motivo para os sumiços, mas era um bom caso para mim e para minha esposa escritora.

- Papai, não estou com sono, posso ficar aqui? - Concordo.

Minha esposa estava fora, estava fazendo uma visita a primeira moradora da casa, ela estava internada em um manicômio.

- David? David, ainda está aí?

- Sim cara, você vai querer ouvir isso. Seu nome é Noun, uma das mais antigas entidades deste mundo, o desaparecimento das crianças não são atoa, não é apenas porque ele sente fome. Mas vamos do início, a antiga moradora da residência... hã, é...

- Júlia da Silva?

- Sim, isso mesmo. Ela perdeu um filho, Nicolas, ele tinha 6 anos de idade, a mesma idade que seu filho.

- Ih?

- Eu acredito que essa mulher tenha invocado esse demônio, Noun é conhecido por ser a criatura do sacrifício, ele tem o poder de trazer Nicolas de volta, mas para isso ele precisa de força. Quantas crianças estão desaparecidas?

- 24.

- 24? - Confirmo. - Você precisa...

- Ei cara? Cara você ta ai? Não consigo te ouvir, a ligação tá ruim! - Desligando a ligação eu tento fazer mais algumas chamadas para ele, mas todas caem na caixa de mensagem. - Caio, filho? - Franzo as sobrancelhas soltando o celular e indo em direção ao seu quarto quando não o vejo.

Ligando a luz do lugar, eu começo a olhar nas coisas, Caio tinha o costume de se esconder por qualquer coisa. Depois de olhar embaixo da cama eu caminho até o armário, era um velho armário, nem imagino quantas pessoas já o usaram.

- Que estranho. - Passando a mão sobre alguns arranhões na parede eu começo a segui-lo com os olhos. Nunca vi algo parecido, tinha arranhões do lado e um símbolo confuso, estranho. Era um círculo ligado a um traço longo até o final do armário, na verdade parecia que o mesmo estava abaixo dos pisos de madeira.

Não aguentando a curiosidade eu corro até a cozinha e volto com um pé de cabra nas mãos.

Arrancando os pisos, eu paro em transe. O símbolo sobre o armário estava ligado a um grande pentagrama, o mesmo tinha sangue e algumas flores muito parecidas com as flores que estava enrolada em alguns túmulos no cemitério da rua ao lado.

- Papai, o que o senhor está fazendo? - Me virando rapidamente para Caio que estava sobre a porta, eu levo as mãos sobre os cabelos tentando achar uma explicação. David estava certo, aquela mulher maluca havia feito um pacto.

- Caio vá para sala. - Mandei me virando novamente para o símbolo.

- Papai!

- Caio eu já disse, vá para a sala. - Me virando novamente para ele, eu vejo uma mancha preta se formar debaixo de seus pés. - Caio, filho, sai daí. - Indo em sua direção eu tento segurar em sua mão, mas simplesmente o vejo ser engolido pela mancha. - Filho! Filho!

Ouvindo o celular tocar, eu corro em desespero e o atendo rapidamente, ouvindo a voz de David no fundo com muita dificuldade.

- Cara? Cara você esta ai? - Confirmo. - Essa coisa, essa coisa tá forte demais, precisa sair daí. - Fico em silêncio. - Ele precisa de 25 crianças, seu filho é a próxima vítima.

- Ele o levou. Ele levou meu Caio.

- Droga! Tudo bem, me escuta. Ele precisa de 25 crianças para iniciar o ritual... agora... agora eu entendo porque apenas seu filho via algo sobre as fotos nos jornais, e porque algumas das crianças e os moradores não viam ele, é preciso ter uma conexão, e toda pessoa que mora nessa casa e que particularmente seja uma criança hospedada em um lugar específico da casa, é levado. Você precisa encontrar um selo, ele é parecido com...

- Com uma boneco sem braços e sem pernas que está ligado a um pentagrama?

- Você o encontrou, ótimo.

- O que eu faço?

- O tal círculo é uma passagem, uma chave... - correndo até o quarto eu coloco o celular no alto falante e o jogo sobre meu bolso. Cerrando meus dentes eu começo a bater com o pé de cabra na parede. - É, eu ia dizer pra você quebrar.

- Tem um túnel, eu vou entrar. - Ligando a lanterna eu começo caminhar sobre o mesmo. Era frio, frio de mais.

- Precisa saber de uma coisa, Noun tem uma fraqueza, a luz, mas ela se torna incapaz quando ele atinge tão poder... - Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, a ligação caiu.

Correndo pelo corredor extenso, eu paro quando vejo coisas penduradas, me aproximando eu começo a me alterar e arrancar os sacos dos muitos corpos pendurados. Eles estavam sem olhos, frios e amedrontados. Todos estavam formando um círculo onde faziam ligação a outro pentagrama, onde algo se formava no chão a cada pingo de sangue que caia.

Sentindo um calafrio subir meu corpo eu olho para meu lado esquerdo onde vejo a criatura que pegou meu filho vir em minha direção e me bater tão forte que eu apenas recobrei minha consciência quando meu celular voltou a tocar.

- Que diabos está acontecendo aqui?! - Questiono ao ver que eu estava sobre o chão da cozinha, e que a porta que sempre esteve trancada estava aberta agora.

- Alan? Alan, amor?!

- Eu estou aqui. - Digo colocando a mão na cabeça e me levantando.

- Estou voltando para casa... A mulher. A mulher ela, ela não diz nada com nada, arrancou os próprios olhos e disse que não devemos olhar dentro dos olhos do monstro.

- Caio? Caio! - Digo deixando o celular cair. Me aproximando lentamente eu vejo um corpo caído ao seu lado, parecia a maldita mulher que começou tudo isso, só que bem mais velha do que nas fotos. Correndo até Caio, eu arranco a faca de sua mão e o pego no colo rapidamente quando sinto mais uma vez aquele maldito calafrio. - Independente do que aconteça, não abra seus olhos. - Correndo com ele nos braços pelo corredor, eu vou em direção a saída e o coloco alguns centímetros da casa após ter uma ideia.

Correndo até o carro eu pego a garrafa de gasolina e entro na casa jogando a mesma por alguns lugares. Fazendo uma linha reta em direção a saída, eu corro pegando meu isqueiro sobre a mesa e espero a coisa aparecer. Com um sorriso eu começo a me afastar lentamente.

- Chegou sua hora, maldito. - Digo riscando o isqueiro e o jogando na gasolina onde vejo o fogo se alastra e cobrir toda a coisa. Com o ar de vitorioso eu corro até meu filho e de longe vejo tudo começar a pegar fogo.

- Papai estou com medo. - O pegando novamente no colo, eu o abraço dizendo que o amava, e lentamente tiro minha mão de sua cabeça quando sinto que ele quer dizer algo, ou apenas me olhar nos olhos.

•••

- Alan, amor?! - digo o vendo caído e a casa pegar fogo.

- Estou com medo, o papai morreu.

- Caio! - Correndo em sua direção, eu me ajoelho o abraçando.

- Olá, eu sou o Nicolas.

E este é o fim dos contos de Noun, espero que tenha gostado! Até a próxima, e caso queira e se sinta a vontade, tem outras ótimas historias nesse perfil.

                         

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