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- Oi? - Digo ouvindo uma voz estranha de mulher sair do porão.
Colocando a água quente do café sobre a pia, caminho até a porta ao lado, infelizmente ela não poderia ser aberta. Não havia chave para ela. "Olá?" Pergunto mais uma vez agora ouvindo algo cair lá em baixo.
- Meu Deus! - Grito após ouvir a babá eletrônica. Aproximando-me da mesma, eu a coloco sobre o ouvido e ouço com mais atenção. Havia um som estranho, era como se uma porta estivesse abrindo, e logo depois era batida com muita força, e mais ao fundo risadas. Risadas de crianças e pareciam muitas.
- Amor?! - Sacudindo minha cabeça, eu estranho olhando para a babá em minhas mãos.
- Você ouviu algo? - Pergunto o vendo negar e ir até as panelas no fogão. - Tem algo de errado com essa casa.
- Devem ser os seus remédios para dormir. A doutora falou que poderia ter efeitos colaterais.
- Não são os remédios, é essa casa. Tem alguém além da gente aqui. Eu ouvi uma mulher e depois crianças.
- Talvez seja a tv.
- Não Marcos, foram crianças! Eu tenho certeza que foram crianças! - Após meus gritos ouço o choro de Lucas na babá eletrônica. Passando as mãos por meus cabelos eu tomo um pouco de café e vou em direção ao quarto.
Fazia horas que eu não dormia talvez Marcos pudesse está certo, mas tudo isso se tornou ainda mais real quando eu abri a porta em um piscar de olhos e liguei a luz.
As crianças. As crianças são reais. Estavam em volta de Lucas, e só me notaram quando eu dei um suspiro de pavor. Havia crianças sem olhos, na verdade havia um buraco negro no lugar, assim como uma menina com um buraco no lugar da boca, não parecia ter língua. Os vendo se afastar, eu corri sem pensar duas vezes até meu filho. O que era aquilo? O que é a coisa dentro de seu berço?!
- Lucas! - Lucas! - Corri passando pelas crianças e agarrando meu menino com as mãos, mas fui impedida quando a coisa perfurou minhas mãos com algo que de jeito nem um viria a ser dedos.
Gritando eu puxo meu filho com todas as forças e assim que o recuperou corro em direção à porta, mas sinto algo atravessar meu corpo e me levar ao alto onde deixa Lucas escapar de minhas mãos e cair sobre o tapete.
Frente a frente e de cara com a coisa, eu sinto uma ânsia forte em meu estômago que passa com tudo por minha garganta. Tinha um odor forte de podre. Sentindo meu pescoço ser apertado eu deliro batendo meus braços e os passando na face horrenda da coisa, quando por fim não tinha mais fôlego bati minha mão sobre o brinquedo pendurado acima do berço de Lucas. Arrancando o mesmo, eu o usei para furar um dos olhos da coisa que me jogou em direção a porta.
Pegando Lucas nos braços mais uma vez, eu levo minhas mãos na maçaneta, mas recuo ao ver a criatura se formar a frente. Olhando tudo ao redor eu corro para a janela e a atravesso com Lucas nos braços. A única maneira era pular.
Fechando meus olhos eu pulo e gritando pela dor eu corro em direção à sala onde bato sobre a porta até que Marcos a abra.
- O que aconteceu?! - Grita assustado.
- Eu disse que tinha algo nessa casa! - Não precisou dizer muito, meu marido estava hipnotizado pela criatura passando pelos vidros. - Não estamos seguros aqui... - Dando um grito após a luz ser apagada, eu pego na mão de Marcos, e juntos corremos para o asfalto onde juntos gritamos por ajuda enquanto a coisa corria atrás de nós como se fosse um borrão preto. - Por favor, nos ajude! - Gritei para a mulher na janela, mas ela apenas nos ignorou fechando a cortina.
Passamos horas correndo, e horas nos escondendo, estávamos cansados e machucados, até que não aguentamos mais. Caindo no meio de alguns sacos de lixo, eu aperto Lucas nos braços e choro apertando meus olhos.
- Por favor. - Sussurro sentindo a baba descer por meus lábios. Sentindo a mão da coisa envolver meu bebê eu grito até que um raio de sol se forma batendo em meu rosto. Abrindo meus olhos vejo o ser soltar fumaça e gritar. Puxando meu filho com todas as forças que me restava eu caio mais uma vez sobre os sacos, agora aliviada beijando meu bebê que sorria para mim como se nada tivesse acontecido. Colocando a mão na frente do rosto eu vejo a criatura correr para aquela casa estranha.