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Pegando minha lanterna debaixo do travesseiro, eu coloco meus pés sobre o piso gelado de madeira e caminho até minha porta. O friozinho da maçaneta faz meu corpo se arrepiar. Todas as noites quando o relógio marcava o número três eu acordava e ia até a sala da mamãe, ela nunca me pegou, exceto nos dias que eu passava da hora.
Havia algo na tv que eu gostava muito, muito mais do que os desenhos e das músicas, meu amigo morava na tv e nós conversamos a noite toda sem que ninguém nos pegasse.
Sentando-me no tapete da mamãe, eu esperei que meu amigo chegasse, e quando a tv fez um barulhinho e se ligou sozinha, eu me aproximei.
- Noun? - Digo desligando a lanterna. Ele odiava a luz. Lembro que da primeira vez quando nos conhecemos, ele ficou muito bravo.
- Está pronta?
- Sim, estou. - Falo em tom alto, mas coloco as mãos sobre a boca assim que Noun me chama a atenção.
- Não queremos que seus pais acordem... queremos?
- Não. - Finalmente eu conheceria a casa do Noun e como ele era Noun nunca me deixou vê-lo, disse que era segredo.
Sentindo um frio passar por meu corpo, eu olho na direção da porta do meu quarto e vejo ela se abrir lentamente, fazia o mesmo barulhinho engraçado que eu ouvia todas as noites.
- Lana...
- Noun... - disse também sussurrando. Ligando a lanterna eu vejo um dedo sair da brecha da minha porta, ele me chamava, era Noun!
Desligando a lanterna eu corri em sua direção, mas parei quando senti algo segurar minha perna e me puxar. Ligando minha lanterna de novo eu grito ao ver um braço gigante, era longo como elástico e me puxava para dentro do armário. - Eu quero minha mamãe! - Gritei antes de deixar minha luz cair, depois disso tudo que ouvi foi a porta do armário se bater.