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Conversava tranquilamente com a professora do meu filho de apenas cinco anos de idade, quando ela me mostrou algumas folhas cheias de borrões pretos, até então tudo bem, afinal meu filho tinha cinco anos e nunca gostou de desenhar, mas tinha algo de estranho nos olhos e na forma com que a professora falava.
As coisas sobre os papéis não faziam sentido, eram apenas rabiscos em uma única cor, a preta.
- Precisa conversar com Gabriel, talvez uma psicóloga, eu não sei. Mas ele está assustando os colegas de sala e até mesmo eu.
- Tudo isso por causa de alguns rabiscos?
- Não. - No mesmo instante ela pega seu celular no bolso da sua calça jeans e vai até sua galeria. - Não são apenas rabiscos, no início eu também pensei que fosse, até... até ver isso. - Ela vira o celular para mim e observo por um tempo sem dizer nada. Ela havia juntado todas as folhas e juntas, elas formaram a imagem de uma coisa negra de olhos brilhantes, dentes afiados com uma boca sem lábios completamente ensanguentada e braços largos que se tornavam maiores que o corpo.
- É apenas um desenho. Um maldito desenho. - A verdade é que eu sentia medo daquela imagem.
- Ele disse aos colegas que ele mora em seu armário e que hoje ele viria para buscá-lo.
Invadindo a sala eu vou até meu filho que estava escondido de baixo da mesa da professora. O pegando no colo após ter o puxado com força, eu o prendo em meu corpo tentando evitar que ele continue se debatendo.
- Ele vai me comer. Ele vai me comer, mamãe! Eu não quero ir. Não quero ir para casa!
- Não tem nada lá, essa coisa que você vê não existe. Ninguém vai te comer... eu prometo.
Felizmente já estávamos sobre o carro e a caminho da estrada. Gabriel estava mais calmo, mas continuava desenhando coisas estranhas sobre as folhas do caderno.
A noite estava caindo quando vi fumaça entrar no carro e o mesmo parar.
- Droga! - Indo para fora do carro abro o capo, mas xingo alto quando queimo minhas mãos. O motor estava queimando e grande fumaça saia dele.
Entrando dentro do carro liguei para o mecânico, porém o maldito não atendia, até que finalmente consegui algo com um guincho.
Passaram-se horas e mais horas e nada, ele sempre dizia a mesma coisa, já estou chegando e isso fazia mais de três horas.
Já eram quase três horas da manhã quando saí do carro e tentei ligar novamente. Eu não poderia largar meu carro aqui e correr o risco de não encontrá-lo tão cedo.
- Vamos atenda, maldito! - Olhando na direção do carro, eu deixo o celular cair quando vejo meu filho gritar enquanto algo estranho estava lá dentro com ele. Correndo em sua direção, eu choro tentando abrir a porta, porém quando consigo quebrar o vidro com uma pedra meu filho é levado para dentro das folhas junto com a coisa que ele mesmo desenhou.
- Gabriel! - Caindo de joelhos fecho meus olhos quando um caminhão chega.
- O guincho chegou.
- Maldito...