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8 Anos depois.
Chicago
IRON
- Iron, é melhor levantar essa bunda daí... Você tem um vôo em 50 minutos cara. - Noah me chutou passando por mim no corredor onde eu tinha apagado na noite passada.
- Eu odeio você ! E... Eu definitivamente odeio álcool. - Falei tentando achar o celular de olho fechado na droga da camisa que estava sem algum lugar.
Ele tocava feito louco a alguns minutos, e eu já sabia quem era sem nem olhar a tela.
Meu pai.
O imperador do vinho, as melhores uvas, das melhores terras o rei dos vinhedos. Os melhores sabores de vinhos, tintos, brancos, e outras mil variedades infinitas foi ele que criou.
E agora estava repassando tudo pra eu importar e exportar.
Eu estava em teste e sabia que estava pronto, minha mãe sabia que eu estava pronto, até Noah sabia que eu estava pronto pra assumir, e ele não entendia nada de vinhos.
Só o meu pai achava que eu não estava pronto ainda.
Me arrumei o mais rápido que pude correndo pro aeroporto, agradeci quando vi o motorista me esperando lá embaixo.
Eu tinha ido parar na casa do Noah na noite passada depois da formatura de uma das amigas dele, ela fez um maldito after e fomos os últimos a ir embora, as mulheres eram incrivelmente gostosas e ir embora era um crime pra mim e pra Noah é claro.
- Ela chega hoje... É por isso que ele está assim. - Noah disse me acompanhando até a porta só de cueca pulando em um pé só por causa do chão gelado.
- Não, aquele velho é sempre assim. A chegada dela era pra ser boa não era? - Noah piscou pra mim.
- Ei! Eu conheço essa cara! Nem pense nisso seu maldito!
- Eu não falei nada! Seu maluco! Vai embora daqui! - Ele bateu a porta na minha cara rindo.
Minha irmã ia chegar hoje de Milão , ela morou lá por 4 anos, e eu sabia que Noah ainda era apaixonado por ela, mesmo depois de todo esse tempo separados eu conhecia meu amigo e era por conhecer ele tão bem que manteria ele longe dela.
Cheguei no aeroporto em segundos e não demorou muito pra chegar no vinhedo do imperador, o lugar era ao lado de Chicago, meus pais odiava a cidade.
A casa de campo, uma das propriedades mais ricas e abundantes da redondeza.
Minha mãe adorava aquela casa de campo, e depois da empresa, aquele era o lugar onde tudo acontecia.
Os vinhedos, festa de uvas, milhares de adegas, pessoas indo e vindo.
E a gigante casa onde meus pais moravam desde que a gente nasceu.
Minha mãe amava aquele lugar tanto quanto amava meu pai.
Eu ficava com a parte de Chicago, com os papéis, reuniões, e a baboseira toda, eu não gostava muito do campo.
- Querido! Finalmente. - Minha mãe veio correndo até mim e com um abraço rápido se afastou me olhando de cima a baixo.
- Estive aqui no sábado mamãe. Onde ele está? - Ela olhou ao redor e apontou com o queixo.
O velho senhor com barba pra fazer e galochas grosas nos pés caminhava com mais quatro homens até a gente, e quando me viu ele abriu um sorriso orgulhoso.
- Chegou! Senhores meu herdeiro chegou, falamos de negócios mais tarde. - Ele disse batendo no ombro do outro senhor que acenou pra mim.
Acenei de volta com a cabeça e fechei os olhos sentindo a porra da dor de cabeça, ressaca do inferno.
Entramos na casa em que cresci e que tanto quis trazer Cloe um dia.
Tudo aqui me lembrava o que ela nunca pôde ter, ver e viver, eu odiava vir aqui.
- Parece cansado, o trabalho está pesado demais na cidade? - Meu pai perguntou sentando no sofá azul com minha mãe ao lado.
- Não... Tudo está nos eixos senhor Sinson. O senhor deveria saber que eu dou conta..
- Eu sei que dá garoto. Só que... Se precisar de ajuda é só pedir, foi isso que quis dizer. - Meu pai nunca me achou o suficiente isso ficava óbvio.
- Eu acho que já deixei claro que eu me viro por lá pai. - Fechei a cara e minha mãe passou a mão no ombro do meu pai tentando acalmar as coisas.
- Ele sabe querido, ele sabe.
- O que tá rolando aqui? Porque... Tanta gente? - Olhei ao redor e o movimento estava fora do normal.
- faremos uma festa pra ela. Eu mandei sua secretária te avisar Iron. - Revirei os olhos coçando a barba. Festa?
- Não fui avisado. Se eu soubesse tinha trago Noah. - Resmunguei pegando o celular.
- Não se preocupe filho, já mandamos o motorista buscar ele, Alissa vai adorar ver ele. - Minha mãe era daquelas mulheres que sempre pensava em tudo, e sempre conseguia o que queria com um jeitinho. E meu pai? Sempre fazia tudo que ela, eu e Alissa queríamos. Sempre, sem exceção, á não ser por Cloe á oito anos atrás.
Deixei uma ferida neles quando fui embora sem olhar pra trás, e deixei uma ferida maior ainda quando foram me buscar em Seatlle totalmente destruído depois que ela morreu.
Minha mãe disse que voltei outro homem, passei a odiar abraços e tudo que tivesse haver com afeto.
O filho deles que era amoroso voltou pra pra eles aos trapos.
Agora eu gostava de beber e era um dos caras mais mulherengos de Chicago.
Eu tinha congelado.
Tudo por dentro estava adormecido, morto, dolorido, e nem em mil anos iria sarar por completo .
E como minha família, eles aprenderam a me aceitar assim, não tinha outro jeito.
Trabalhei um pouco com meu pai no escritório enquanto minha mãe preparava tudo lá em baixo.
Noah chegaria mais tarde e aproveitei pra descansar a droga da ressaca pra mais uma ressaca mais tarde.
Pela varanda em que cresci vi a noite chegar, sempre era estranho estar aqui, minha adolescência foi ir e vir daqui pra Seatlle na escola até conhecer ela.
Briguei com todos e me mudei .
Tudo durou 4 anos, em quatro anos fui mais feliz do que em tudo que já vivi .
E mesmo depois de 8 anos que ela se foi eu ainda conseguia sentir o cheiro dela sempre que chegava perto de tinta fresca, ainda conseguia ver os cabelos dela quando olhava pro sol entre os dedos. Tudo dentro de mim sempre seria da Cloe.
- Cheguei babaca... Eu vou ficar no quarto do lado. - Noah meteu a cabeça pela porta tirando o boné deixando a mostra o cabelo curto recém cortado.
Dei um pulo da cama abrindo a porta.
- Não! É melhor dormir aqui comigo, não quero correr o risco de você sumir no meio da noite pro quarto da minha irmã. - Falei puxando a mala dele.
- Você é um filho da mãe esperto. Mais... Eu sou ainda mais, eu trouxe alguém, pra não ter problemas. - Abri a porta de uma vez e dei de cara com Berta. Ela era amiga colorida de Noah, e sabia que ele pegava tudo que usava saia e cheirasse bem, mais não se importava, o que eu achava bem da hora.
Ela sorriu pra mim e eu devolvi a mala dele rindo. Vi os dois entrarem no quarto ao lado e agradeci por Berta ter vindo, um trabalho a menos.
Foguetes e gritos lá fora avisavam que Alissa estava chegando.
Me enrolei na toalha rápido e fiquei pronto pra mais uma noite no vinhedo da família Sinson.
Noah estava bem vestido como sempre, acompanhado da bela e exentrica Berta que usava cabelo azul com roupas alegres atraindo atenção do povo do campo onde passava.
Minha mãe claro olhava estranho pra ela, com certeza eu me divertiria hoje.
O carro de Alissa parou na entrada e meu pai se apressou em ir até ela.
Era a menininha da família, só que agora vendo bem, ela era uma mulher. Deslumbrante na verdade, tinha cortado os longos cabelos loiros escuros em um corte que ia perto das orelhas, Alissa era a alegria da família desde sempre.
- Minha princesa! - Meu pai falou abrindo os braços.
- Papai... - Ela se jogou nele se aninhando ali.
Mamãe não demorou pra ir chorando até lá.
Olhei pra Noah que estava com os olhos grudados nela.
E la veio ela meio andando e meio dando pulinhos até mim.
- Não vai me abraçar? - Ela abriu os braços e um largo sorriso pra mim.
Senti um aperto no peito com a ideia de um abraço.
- Que bom te ver docinho. - Cheguei perto beijando a testa dela que apertou minha mão.
- Senti tanta, tanta, tanta saudade de você I. - Ela ficou alguns segundos ali e lembrei que o último abraço tinha sido pra Cloe. Então soltei Alissa que me encarou com cuidado.
Ela ia perguntar... Ela sempre perguntava.
- Você tá está bem I?? - Eu odiava essa pergunta tanto quanto odiava mentir sobre a resposta.
- Ele está ótimo não é Iron? Aliás... Você está incrível Ali. - Noah me deu um empurrãozinho entrando na minha frente ganhando um abraço da minha irmã.
- Você não mudou nada Noah! Nossa... - Ela estava feliz em ver ele? Era sério? Noah tinha partido o coração dela quando ela tinha 13 anos e eu nunca perdoei ele. Mais parecia que ela sim.
Os dois conversavam animados enquanto a festa rolava.
Me virei segurando a quinta taça de vinho dando de cara com uma cabeleira preta que derramou todo o vinho em mim, na porra da camisa branca.
Sério? senti o vinho descer da minha barriga até minha cueca e meu pau... Porra! Porra!
- Mais que porra! Você não olha por onde anda? Olha o que você fez! - Empurrei a mulher pra longe olhando o estrago na camisa que agora estava puro vinho.
- Desculpa...Aí meu Deus! - A mulher de calça jeans e blusa verde que também estava encharcada de vinho se abaixou pra pegar uma das malas que estava no chão, os cabelos caiam pra frente cobrindo o rosto culposo dela.
- Baize? Amiga! Porque demorou tanto? - Alissa veio correndo ajudar a mulher que agora revelava o rosto todo vermelho, ela tinha belos peitos e grandes olhos da cor do cabelo, com grandes cílios que batiam desesperados olhando de Alissa pra mim.
- Iron? Essa é Baize, uma irmã que Milão me deu. - Minha irmã estalou os dedos na minha cara me trazendo de volta.
- Tenho que me trocar não tá vendo a sujeira? - Falei puxando de leve a camisa que grudava no meu corpo.
- Eu sinto muito mesmo por já chegar fazendo bagunça, é que o avião atrasou e eu tive que correr pra pegar um táxi, e o motorista de vocês acabou me perdendo... E eu...
- Chega! As duas por favor podem calar a boca? Esse vinho tá descendo direto pro meu pau agora mesmo. Eu... Eu vou me lavar. - Falei fazendo as duas matracas se calarem e sai de lá furioso e grudento.
As amigas de Alissa eram todas um desastre e eu fazia questão de ficar bem longe de todas.
Dessa especialmente eu ficaria a quilômetros.