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BAIZE
- Você não pode aparecer assim depois de tudo Poul, você ta maluco? - Gritei empurrando as flores que ele colocou na minha cara.
- Eu sei... Eu sei Beize eu fui um otario, eu machuquei você eu me descontrolei eu fiquei com ciúme e... Amor por favor. - Ele segurou meu braço me puxando pra ele.
- Não Poul! teve uma vez antes daquela, e mais outras antes... Então não! Ok! Vai embora. - Falei tentando de todas as maneiras não chorar na frente dele, uma parte de mim era completamente louca por aquele cara, mais tinha 1% meu que tinha medo e estava cansada de promessas que nunca seriam cumpridas.
- Por favor não faz isso... Não faz isso baby. - Ele se ajoelhou segurando minhas pernas, eu não tinha forças nenhuma perto dele, por isso vim embora.
Por isso deixei o amor da minha vida pra trás .
Respirei fundo lembrando da briga, do soco que ele me deu a 2 semanas atrás. Tudo por causa de um barman que foi educado demais comigo na festa.
O ciúme dele era doentio e junto com isso vinha o descontrole e o medo de me perder deixava ele maluco, não era o meu Poul.
Poul e eu não tivemos sorte quando criança.
Eu tinha uma mãe drogada e fui obrigada a me virar cedo.
Foi quando conheci ele.
Tentei roubar carne de um açougue e pela minha falta de sorte não deu muito certo.
O que me salvou foi o garoto que viu tudo e disse que os pais dele eram os donos. E que aquele era o nosso segredo.
E depois daquele dia Poul me dava comida escondido sempre que podia.
Os pais de Poul morreram 3 anos depois em um acidente.
A gente estava no ensino médio e ele teve que se mudar pra morar com os tios.
E adivinha? A condição pra ele ir foi que eu fosse junto. E claro que eu fui na hora. Deixando minha mãe e toda a sujeita do Texas pra trás.
Fomos criados juntos, fomos namorados, perdemos a virgindade juntos, meu primeiro em tudo. Todo o amor que eu já senti na vida veio dele, foi por ele.
Mais como nem tudo é sempre bom.
Poul também tinha suas falhas, ele ficava fora de controle as vezes, sua tia Emma falava que o pai dele era igual.
A gente brigava sempre, e eu sempre saia machucada.
Ele chorava, pedia perdão.
Colocava a culpa em mim.
E eu sempre perdoava ele.
Os tios de Poul eram ricos, tipo ricos mesmo, o tio dele Bill era um dos donos da metade da cidade e o filho deles tinha ido estudar fora do país, então ficar com Poul e foi um sonho pra eles.
Colocaram a gente na melhor faculdade do KANSAS. E depois de formados a gente foi pra Milão. O filho dos tios de Poul morava lá e fizemos carreira por lá mesmo, eu como fotografa, e Poul abriu um banco com o primo. Os dois nadaram em dinheiro com menos de um ano no negócio. Eles eram bem dedicados e nunca brigavam, Poul ganhou um irmão e eu um cunhado.
As coisas ficaram ruins depois da briga com Poul no bar e quando Alissa disse que estava indo embora eu arrumei as malas e fui com ela na hora , no começo foi por impulso e raiva dele, mais quando cheguei em Chicago me apaixonei, e a casa de campo da família dela era incrível.
Mais eu sabia bem no fundo que nunca seria capaz de viver longe dele.
Poul, mesmo com tantos erros, sempre fez tudo por mim, ele me salvou, era como se eu estivesse incompleta sem ele ali.
- Tudo bem aqui? - O irmão de Alissa andou até a gente. Ele era um babaca riquinho que se achava melhor que todos e implicou comigo desde a primeira vez que trombei com ele.
- Tá tudo bem... Poul, levanta! Levanta agora! - Pedi puxando ele que ficou de pé relutante encarando feio Iron que tinha os cabelos loiros iguais os de Alissa caídos nós olhos, eles brilhavam na luz do sol fazendo ele ficar irritantemente mais bonito.
- E quem é você ? - Poul perguntou limpando a calça suja de terra.
- O dono do Vinhedo que você entrou, e sem ser convidado eu presumo. - Iron era um babaca eu já falei isso?
Mais o que ele não sabia era que Poul também era.
Sim, senhores... Eu atava cercada de idiotas extremamente territoriais.
- Certo... Senhor dono do Vinhedo. Eu sou o namorado da Baize vim buscar ela, você pode nus dar licença? - Ele falou pegando na minha mão que puxei rápido dando um passo pra trás vendo a cara de dor que Poul fez .
- Baize... - ele murmurou e meu coração doeu.
- Nessa casa as visitas tem que ser anunciadas senhorita Baize. - Iron disse colocando os óculos escuros no rosto perfeitamente esculpidos pelos Deuses.
Ele tinha me salvado ontem mais em nenhum momento foi gentil, acho que ele desconhecia essa palavra.
- Poul? Ah meu Deus! eu não sabia que você vinha... Baize você não contou nada. - Alissa veio correndo e Poul pegou ela no colo levantando ela no ar.
Fazendo Iron quase vomitar de raiva com a cena.
- Eu quis fazer uma surpresa pra ela. - Fiz cara feia pra ele que sabia exatamente porque eu sumi de Milão.
- Vamos entrar... Vamos , você vai adorar esse lugar. - Alisss pegou minha mão e a de Poul arrastando a gente pra dentro.
Vi quando o amigo de Iron o cara chamado Noah que tinha a pinta de galã perguntou quem era Poul apontando pro carro parado na entrada.
Poul não soltou minha mão nenhum maldito minuto durante as taças de vinho que bebemos com os pais de Alissa na varanda do quintal.
Ele sabia como conquistar alguém em segundos, foi assim com Alissa e seria assim com todos aqui.
- Então a querida Baize tem um namorado afinal... - A senhora Abygail era uma dama, andava sempre bem arrumada, e adorava terra, por isso estava sempre de galochas assim como o marido que tinha cara de bravo mais era tão gentil quanto Alissa.
Ela era tão sortuda.
- Sim... Estamos juntos desde os 10 anos, crescemos juntos. - Poul se gabou apertando minha mão e beijando sempre que tinha oportunidade.
Filho da mãe.
Lembrei mais uma vez de quando ele me pegou roubando. E de como ele deu um sorriso triste pra mim.
Depois daquele dia eu soube que não estaria mais sozinha. Eu soube que Poul não me deixaria passar fome nunca mais.
- Nossa! Vocês eram crianças. - A senhora deu um sorriso triste pra gente.
- Sim... Eu tive uma infância ruim e... Poul cuidou de mim. - Afirmei apertando a mão dele também. E vi quando os olhos dele ganharam brilho. Aquele brilho que eu tanto conhecia.
- A gente cuidou um do outro. - Ele sorriu pra mim.
E minha alma doeu.
- Eles foram minha salvação em Milão mamãe, O Poul é dono de um banco por lá, e parece que ele e o primo querem expandir pro Brasil. - Alissa disse me pegando de surpresa.
- Ora ora é mesmo meu jovem? - O pai dela se animou, o assunto preferido dele era negócios.
- Sim senhor... Quero abrir em Chicago e talvez em outras cidades, meu primo vai cuidar das coisas em Milão. Já que Baize está aqui, não tem sentido ficar la. - Ele disse isso olhando direto pra mim.
- Porque eu não sabia disso? - Perguntei me mechendo na cadeira.
- Você e Alissa vieram pro Brasil antes que eu pudesse tomar a decisão final com Jhosh. - Poul me surpreendia. Ele era bom pra caralho nisso.
- Isso é um ótimo negócio filho. O que acha de dois novos clientes? - O senhor Rob estava animado e logo engataram em um conversa sobre dinheiro é claro.
Sumi pra pegar um ar, era coisa demais pra processar.
Eu ainda não tinha esquecido o que ele fez, não era uma coisa que podia ser esquecida.
- Jhosh não veio... - Alissa disse triste.
- E eu tenho certeza que isso não tem nada haver com você querida. Você é incrível, ele só... Não estava pronto. - Abracei minha amiga de lado deixando ela descansar a cabeça no meu ombro dolorido.
Ela e Jhosh primo de Poul tiveram um breve namoro, mais ele é daqueles que odiava a ideia de algo muito sério, e ela era o contrário.
Então acabou não dando certo.
- Eu fui muito grudenta, eu devia saber que ia assustar ele. - Ela suspirou.
- Não... Não fala isso, você só foi você. E juro que não tem melhor pessoa no mundo do que você garota. - ela me abraçou mais forte ficando ali como um gatinho, Alissa foi um gato com certeza na vida passada.