/0/7987/coverbig.jpg?v=3b6513671376db605d01674a3b918d6b)
DANTE STEFANO
Com o copo na mão, virei para a pista de dança me encostando na bancada. Passei meus olhos por toda aquela multidão de corpos suados se balançando. Estava tocando uma música sensual, um pouco calma mas com a batida forte. Havia alguns casais dançando juntos e pessoas curtindo a própria companhia. Mas, nesse momento, meus olhos pararam numa mulher que possuía uma beleza incomum... com um vestido curto, azul royal, tinha uma fenda na coxa esquerda e as costas nuas; o cabelo curto e solto de um jeito selvagem, às vezes ela passava as mãos alisando-o. Estava de costas para mim, num mundo só dela. Completamente linda, exalando autonfiança, como se não tivesse ninguém a sua volta.
Fui em sua direção, enfeitiçado com o seu quadril em movimento.
Assim que cheguei perto, coloquei a mão em sua cintura e me aproximei mais. Ainda mantendo um espaço seguro. Hoje eu a levaria para a minha casa, precisava relaxar um pouco e não ia deixar uma mulher tão bonita escapar.
Acompanhei a mulher no ritmo da música, até ela olhar para mim, e quando o fez, apertei o maxilar ficando nervoso em instantes.
É ela. Porra, tinha que ser ela? Entre milhares de mulheres, tinha que ser ela? Não me parece coincidência, meu irmão está obcecado e ele é quem nos conduziu para esta balada.
Que merda. Era extraordinaria. E seu cheiro... Meu pau acorda, no mesmo instante me afasto. Fui praguejando para o banheiro, com mil pensamentos descontrolados. Precisava me organizar. Me apoiei de frente para a pia e me vi no espelho. O olhar de Antonella ainda fresco na minha mente, o brilho... Eu fui descuidado, me aproximei sem saber quem era e completamente enfeitiçado apenas por seus movimentos. Uma falha inaceitável.
Depois que saí de lá, apareceram três mulheres na minha frente com olhares maliciosos enquanto eu tentava sair daquele lugar apertado perto dos mictórios.
- Oi gato - Começou a mais baixa - me parece estressado. - a morena de olhos azuis sussurrou, sua voz era doce. Linda. - Eu e minhas amigas podemos te ajudar nisso. O que acha? - Fala deslizando as mãos na minha blusa preta.
- Não, obrigado. - falei sério. Umas fazem uma expressão de tristeza forçada e a outra fica com raiva. Foda-se. Até ontem eu aceitaria, mas estava curioso para saber o que aquela mulher estava fazendo.
Fui em direção ao bar, mas reparei que meu irmão não estava mais em seu lugar. Procurei em volta e o achei dançando com uma garota. Antonella estava com outro homem, para a minha confusão. Era para meu irmão estar agarrado com ela, se fosse verdade as coisas que diz pra mim.
Andei para o outro lado, com um pessoal que conheço da minha empresa. Mas ainda olhava para eles. Eles não ficam dançando por muito tempo. Logo vão para o bar. Bebem, bebem, e bebem. A conversa rolava e pessoas vinham e iam. Até o filho da puta do meu irmão entrar em ação, colocando uma mão na bochecha de Antonella e a mesma o olha com desejo, não tenho dúvidas de que ela estava muito alterada. Ele nem tanto, mas não deixaria o mesmo dirigir de jeito nenhum.
Decido que já deu a hora de ir embora. Caminhei até eles antes de meu irmão beijar a mulher mais bonita deste estabelecimento. Quando alcancei os dois, eu peguei Antonella e a coloquei em meu ombro, virando-me para Enrico.
- Ei, coloca minha amiga no chão seu maluco! - senti alguém bater várias vezes nas minhas costas.
- Porra, você está com eles? - Perguntei. Antonella resmunga e tenta sair.
- Sim. O que você quer com ela? Solte-a! - Era mais uma para eu levar. Mas, visivelmente ela estava melhor que os outros dois.
- Calma, sou irmão de Enrico. Você consegue me acompanhar até o carro? Levarei vocês para casa.
- Consigo. - Relaxou os ombros e me olhou.
- Ei estou escutando vocês aí - Ouço a voz de Antonella. As palavras saíam emboladas. - Não vou para casa hoje, quero ver se esse daqui faz o que diz. - Completou apontando para Enrico me deixando confuso, apenas ignorei.
Caminhei com eles para o carro, colocando ela no banco de trás, sua amiga entrou em seguida e Enrico abriu a porta do carona.
Na frente do apartamento, descemos do carro. Enrico abriu a porta de trás esperando a mulher saír, depois olhou para Antonella dentro do veículo.
- Deixe que eu a leve, vc não está em condições. - Falei quando o mesmo tenta pega-la.
- Ei, estou bem irmão. - Realmente não estava tão mal, mas eu não arriscaria.
- Senta a bunda no carro e me espera! - falei o fitando com raiva, ele bufou e entrou no carro. Peguei Antonella no colo com cuidado, pois a mesma já estava dormindo profundamente. Sua amiga me acompanhou e entramos no elevador.
- Como você sabe o andar certo? - ela pergunta quando me vê apertar o botão e eu não respondo.
Quando chegamos no andar das duas, a garota diz que a chave do apartamento de Antonella está em seu sutiã. Abaixo um pouco para que ela possa pegar. Depois mostra onde é o quarto, me acompanhando até lá e esperando eu a colocar na cama.
- Qual é seu nome? - Ela pergunta.
- Não interessa, qual o seu nome? - pergunto no automático saindo do lugar.
- Obrigada, idiota, por trazer minha amiga para casa. Agora saia! - Falou estressada e com cara de cansada.
- Não foi nada. - Disse em tom de deboche.
Quando chego no carro, vejo Enrico de olhos fechados, mas não parece estar dormindo. Ligo o motor e vou em direção à minha casa. Meu irmão terá de dormir por lá, não estava com paciência de levá-lo embora.
- Você não pode se aproximar mais dela. - meu irmão diz, não fico surpreso, ele sabe que contra mim não tem chance, apesar de tudo. Sabe que aquela mulher não escolheria ele.
- Ah vamos, você devia respeita-la mais. Ia beijando ela bêbada daquele jeito. - Falei, ficando preocupado de meu irmão ter feito pior. Não sou bonzinho, mas nunca deixaria algo acontecer a Antonella. Ela é especial, filha do melhor amigo do meu pai. Fora isso, não posso me aproximar mais que o necessário.
ANTONELLA
Acordei com uma puta dor de cabeça, tentando me lembrar de como vim para casa. Alice com certeza deve saber.
Levanto da cama, indo para o banheiro para fazer a higiene matinal. Quando saio, pego o celular para ligar para Alice e dizer o horário agendado para nós fazermos as unhas. O baile é amanhã - sábado - então hoje será nosso dia de beleza. Antes de eu ligar o celular, ela entra pela porta da sala.
- Amiga, o irmão do Enrico é um gato! - Ela entra e vai comigo até a cozinha.
- Bom dia pra você também, amor da minha vida! - digo debochando. - Então foi ele que nos trouxe mesmo?! - pergunto.
- Sim! Ele te pegou no colo enquanto você dormia, trouxe para cá e te colocou na cama. Ele é um ignorante dos grandes, o chamei de idiota e o mandei embora daqui. Mas eu pegava. Ele tem cara de poucos amigos, é alto e musculoso, é dos seus, não tem jeito de quem namora. Ah e tem uma cicatriz que o deixa ainda mais sexy, na sobrancelha! - diz em disparada e a última característica é o que mais me chama atenção no que ela falou. O homem com quem dancei ontem, que me deixou de pernas bambas, é ele.
- Uau... - começo a lembrar do momento. Alice soube na hora que eu estava guardando algo.
- Me conta tudo!
- Não tenho muito o que falar. Foi rápido. Quando eu olhei para trás ele se afastou. Não sei o motivo, mas, tem cara de ser perigoso.- Digo.
- Tem, sim. Estranho. Agora sobre o Enrico, vocês quase se beijaram, só que o irmão dele chegou a tempo e te pegou no colo. - meu Deus que vergonha. Olho para a minha amiga com os olhos arregalados, mas segurando o sorriso e ela solta uma gargalhada.
- Bom, ainda bem que foi a tempo de eu não beijar ele. Agora vamos pensar no que vamos fazer hoje, praticamente está tudo programado, a unha é daqui a duas horas. - digo e nos sentamos na mesa para tomar café.
...
O dia foi cansativo, andamos bastante no Shopping, pois Alice queria fazer compras e mais compras. Fizemos as unhas, para no dia seguinte só precisar preparar o cabelo e a maquiagem. Já estávamos vendo um filme de comédia à noite. Chamei meu irmão para vir também.
Eu adoro esses simples momentos que tiramos para nós, sem trabalho, sem balada. Só a gente vendo filmes.
- Então quer dizer que, vocês conheceram o gato do irmão de Enrico?! E ele ainda pegou minha irmãzinha no colo e a trouxe para dentro.- Luca diz, fazendo um O com a boca. - Que fofo.
- De fofo ele não tem nada. - minha amiga diz.
- E eu não acho nada de mais ele ter me trazido para casa. Enrico já tinha dito que ele faria isso, só é estranho que não o conheço e nunca o vi, até ontem. - falo.
- Vai ver ele é um homem bem ocupado. Será que ele vai ir no baile? - meu irmão pergunta.
- Tomara que ele vá, para você ver aquela beleza toda. - Alice diz se abanando.
- Que fogo na bunda. - digo fazendo os dois rirem. - Agora calem a boca que eu quero ver o filme.
...
É hoje. O baile é hoje. Vou ter que aturar todas as pessoas mesquinhas na esperança de algumas serem interessantes. Mas é minha obrigação, meu pai deixou para mim, sabendo e confiando que eu vou conseguir lidar com tudo isso.
Alice e eu estávamos fazendo nossos cabelos. O meu irmão já havia acabado, é prático. Arrumei meu cabelo de uma forma mais selvagem. O da minha amiga ela deixa solto e bem enrolado.
Depois que acabamos, fizemos a nossa maquiagem. Pagamos para um profissional vir fazer. Em mim, optei por uma maquiagem básica, nude nos olhos com um delineado, e nos lábios um Baton da cor Ruby. Na minha amiga, foi o contrário, com um batom nude, dando mais atenção aos olhos.
Meu vestido é vermelho, decotado na frente e nos lados. O da minha amiga é um vestido longo até os pés, simples mas que chama bastante atenção com a sua sensualidade de sobra, azul Royal, com as costas cruzadas e bem à mostra, é justo na parte de cima, sendo mais solto até os pés. Já prontas, ficamos uns 15 minutos esperando meu irmão chegar.
- Estão gatas, com certeza as mulheres que estarão lá vão sentir muita inveja. - Luca disse assim que nos encontramos no térreo do prédio.
- Obrigada.
- Você também está lindo Luca - Minha amiga diz animada.
- Vamos logo. - Luca nos apressa com sua animação transbordando pelos olhos e sorriso.
Quando desci do carro, na frente da empresa, precisei por a mão no rosto pela quantidade de flashes de uma vez, meus seguranças ajudam para que os paparazzis não cheguem perto. Eu andei pelo tapete vermelho até entrar no grande prédio da empresa. Logo atrás de mim, veio minha amiga e meu irmão.
Quando entramos pelas grandes portas, os olhares foram direcionados a nós três. Passei pelas pessoas, recebendo olhares de diversas formas, as vezes de atração, ou maliciosos, até invejosos. Cumprimentei o quanto pude.
Tive que ficar um tempo conversando com donos de empresas vizinhas, sócios e futuros sócios. Eram muitos. Quando consigo dar uma escapadinha, vejo que minha amiga conversa com um homem muito bonito e elegante, então decidi não atrapalhar. Fui para o lado de meu irmão, que estava conversando com uma mulher, que provavelmente, não sabia que ele era gay.
- Olá, está gostando da festa? - pergunto simpática.
- Antes de vocês chegarem não estava tão interessante. - Diz olhando para ele. Tento disfarçar uma risada, mas é uma missão quase impossível.-Algum problema?- ela pergunta.
- Não querida, fique à vontade. - falo me virando, ouço meu irmão chamando meu nome, mas saio rápido sem dar tempo dele me puxar para ajudá-lo com aquela situação desconfortável.
Vou para o jardim, estava um pouco escuro, a iluminação é pouca, o que deixava tudo mais bonito por incrível que pareça. Havia um caminho largo de pedras pequeninas. Várias opções de caminhos para ir. É o que mais amo aqui. Misterioso e bom para distrair a mente.
Ouço passos atrás de mim, não é tão perto, mas quando olho, obviamente não vejo ninguém. Devia ser algum casal que vieram se pegar por aqui, não julgo, eu também viria. Continuo andando até ouvir alguém me chamar, depois de uns minutos.
- Idiota, me deixou sozinho com aquela tagarela. - meu irmã diz correndo até mim. Eu caio na gargalhada.
- Parecia que o papo estava bom, eu não quis atrapalhar. - falo ainda rindo muito.
- Você me paga. Agora vamos voltar, estão esperando você liberar a pista de dança. - diz me lembrado que ainda preciso fazer isso.
Voltamos para dentro. Quando subi ao palco, um homem, antes de me dar o microfone, diz:
- Boa noite a todos. Srt. Clifford vai falar algumas palavras para depois abrirmos a pista de dança. - diz, logo em seguida ouço muitos aplausos.
- Obrigada. Boa noite a todos! - Digo e todos retribuem. - Bom, espero que vocês gostem da noite de hoje, preparei esse baile para nos conhecermos melhor, também. Assumi a empresa de meu pai há alguns meses, mas não me apresentei para todos pessoalmente pois não estava bem para festas ainda. Com a morte de meu pai, parte da minha alegria foi junto. Como esses dias estou um pouco melhor, então, para seguir em frente e deixar meu pai orgulhoso lá no céu, fiz este baile. Essa noite é para nos divertirmos e alegrar essa empresa que perdeu um grande homem mas que nunca esquecerá o quanto ele foi bom em cuidar de seu trabalho. Tenho certeza que ele era muito querido por cada um aqui, então agradeço de verdade pela presença de todos. Agora, que abrem a pista de dança. - levanto a taça e bebo um gole, ouvindo todos aplaudirem o discurso totalmente improvisado. Não pude deixar de ou ir cochichos sobre, mas ignorarei. Desci do palco indo em direção a grande mesa de comidas. No meio do caminho, Enrico me parou.
- Boa noite princesa! Você está linda e apaixonante hoje. - Falou olhando para o meu corpo, parecendo que ia me comer.
- Obrigada, eu queria conversar com você- Digo pronta para deixar tudo claro.
- Tudo bem, vamos para o jardim, tem mais privacidade - ele fala de um jeito malicioso.
- Não vai precisar, é sobre nós dois. Vamos apenas para o canto. - digo e ele me corta.
- Por isso mesmo, vem. - ele tenta segurar meu braço.
- Não. - Tiro meu braço bem a tempo. - Olha, eu quero dizer que não tem nada rolando entre nós dois. Eu não fico com alguém de novo. Então, se você quiser algo a mais, vá procurar outra mulher. Eu não posso te dar isso. Só estou falando porque sei das sua intenções e quero evitar a partir de agora. - Digo e saio indo para a mesa com comidas, sem ter uma resposta. Sei que ele vai insistir, então vou deixar para depois, agora não estou mais com disposição para esse tipo de conversa. Eu odeio ter que me explicar muito.
Passo um morango na torre de chocolate derretido e levo até a boca, vendo que agora tem bastante gente na pista de dança.
Sinto uma presença no meu lado. A presença de alguém grande e cheiroso.
- Belo discurso. - ouço uma voz grossa. Me viro para o dono, vendo o homem da cicatriz na sobrancelha. E caralho, está ainda mais lindo essa noite. - Curto, mas foi bom. - diz por fim.