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A porta se abriu e dela saiu um rapaz muito alto, cerca de 1,89. Apesar de estar usando uma camisa fechada de mangas longas, dava para ver que tinha porte. Braços fortes, bem torneados. Parecia malhar **óbvio , estúpida. É uma academia! Acha que todos são relaxados como você ? ** - ouviu de seu interior , aquela maldita voz que só sabia lhe por para baixo - depois dessa ponderação, voltou a se concentrar no jovem a sua frente. O rosto, era muito armonioso, com a boca bem rosada, cheia. O nariz combinava com o conjunto, era proporcional e levemente arrebitado.
Os olhos lhe chamaram atenção desde o início; O olho direito era de um azul celeste tão intenso , que Sara poderia apostar que parte da cor do céu era contida ali. O esquerdo era um verde mais intenso que os seus, ela poderia se perder olhando para ele. Enfim, era a heterocromia mais linda que já havia visto. Seus cabelos eram de um loiro escuro. Ele era a cópia fiel do príncipe encantado (que ela sempre procurou em seus sonhos ).
"Ele é muito lindo!" - pensou.
Ele sorriu e estendeu a mão para Sara, que retribuiu apertando forte e o olhando nos olhos do mesmo.
- Bom dia, senhorita Kasilhes. Me chamo Alexander Goller - se apresentou e fez menção a saleta da qual tinha acabado de sair. Ela não fez cerimônia, entrou, sentou e encarou mais um pouco o homem.
** Pare de sonhar, você não tem chances**
Era difícil se concentrar com aquela vibração interna, hoje parecia pior que nunca. Mas ela foi forte.
Alexander posicionou-se por detrás da grande mesa de madeira maciça, sentou na aparentemente confortável cadeira de couro negro e examinou uma folha formato A4 , que ela identificou ser seu currículo.
- Então, a senhorita tem 22 anos? - ele olhou para ela que fez sim com a cabeça - Vi que terminou o curso intermediário há pouco e não tem experiências comprovadas em área alguma...
Sara suspirou, porém não se sentiu intimidada - Realmente, senhor Goller. Em carteira, não tenho experiência alguma. Porém a área de limpeza é prática, certo ? Isso eu tenho desde os 15 anos. Posso inclusive, lhe apresentar cartas de recomendações das casas que trabalho.
Alexander ficou de certa forma surpreso com a afirmação da pequena ruiva a frente. Ela falava com uma segurança que há tempos não via. E os olhos então ? Pareciam soltar faíscas.
- Se não for muito invasivo de minha parte, por que você demorou a concluir os estudos? Não precisa responder se não quiser. Não faz parte da entrevista essa pergunta, é curiosidade pessoal.
- Não consegui terminar antes pois tive que assumir as contas de casa na adolescência - respondeu prontamente, e ele notou que até com certo orgulho - Papai se foi quando eu tinha 15 anos. Mamãe ficou doente. Não consegui estudar, trabalhar e cuidar dela na época. Mas hoje ela está melhor e eu quero tirar o tempo perdido.
Concluiu.
Houve alguns segundos de silêncio. Alexander engoliu em seco. Era uma realidade totalmente diferente da dele.
- Você ainda é jovem. Mesmo assim quer trabalhar numa área que muitas da sua idade teriam vergonha? - ele não pensava assim, mas fez aquela pergunta de propósito. Queria ver o que aquela menina bocuda responderia.
- Se me permite, senhor Goller vergonha é não trabalhar, é depender dos outros. Eu preciso lutar por mim e pela mamãe. Vergonha não paga minhas contas. Ela disse, mas pensou em seguida. Percebeu que foi atrevida. Baixou os olhos quase que na hora pois não queria ver a reação do belo loiro as suas palavras.
" Essa tem atitude." Pensou Alexander e sorriu.
- Você... Têm vontade de voltar a estudar?
Ela fez que sim com a cabeça.
- O que você gostaria de estudar Sara?
Ela olhou para ele, quase encantada. Não tinha amigos, não tinha parentes. A mãe doente, não falava direito com ela. Quem ligava o que ela faria com sua vida?
- Quero ser advogada, Alexander - ela chamou pelo primeiro nome, quase intimamente. Mas não se deu conta - Promotora! Tem muita gente safada que eu quero ajudar a fazer justiça, esse é meu sonho.
As palavras dela ecoaram pela sala, e ela percebeu que passou do ponto de novo. Acanhada na cadeira, ela falou baixinho "Desculpa". O homem riu, mas não de deboche. Era uma moça autêntica. Ele, já experiente em entrevistas, sabia que as palavras dela não eram vazias.
- A senhorita pode começar em uma semana ? É o suficiente para conseguir se programar ou precisa de mais tempo ? Disse Alexander, complacente.
Um sorriso iluminou o rosto da ruiva, os olhos brilhando de felicidade. E ele , que nunca foi de de se impressionar fácil, quase quis colocá-la no colo e acarinhar seus cabelos. Parecia um filhote fofo!
- Oras, começo amanhã mesmo se o senhor quiser!! Deus abençoe! Eu vou ser a melhor, promessa!!
Ela estava com os olhos brilhando , aquilo não era só um emprego. Era chance de mudar a vida dela. Pagaria dívidas, voltaria a estudar. Cuidaria da mãe.
- Sobre o salário e benefícios... - tentou continuar Alexander, de forma profissional.
- Eu vi patrão! É aquilo tudo mesmo?? - interrompeu, sem querer querendo.
Alexander sorriu. Pensou, o quão pouco aquele valor era para a ele, para a família e o meio que convivia. Mas para pessoas como a menina a sua frente era mais que sobrevivência, era uma chance de vida melhor.
- Sim, mandarei o contrato logo após você fazer o exame admissional. Aqui, sempre prezamos pela qualidade do trabalho. Por isso , faço questão de pagar o teto justo. Funcionários pagos de maneira digna rendem mais.
Nesse instante a maçaneta da porta remexeu, abrindo em seguida. Sara olhou para trás, assustada. Era um homem muito alto, ainda mais que Alexander.
- Fala , irmãozinho!! - seu tom de voz era alto - Hoje vai rolar o happy hour lá no Mooz ( boate de gente rica, Sara pensou). Tu vai sair da caverna e ir com a gente, né?
Ela ficou em silêncio. Sara sabia quem era o belo homem que falava tão arrogante com seu patrão. Seu nome era Allen Jr Goller, irmão mais novo de Alexander. Allen, era quem levava a imagem da rede de academias. Era modelo profissional, influencer digital e conhecido playboy.
Apesar de ser belíssimo, um tipo musculoso que não tinha vergonha de se expor muitas vezes semi nu em suas redes sociais, Sara o achou arrogante. Ela odiava pessoas assim.
Allen tem 25 anos, sua aparência era notada por todos ao seu redor. E ele sabia que impactava. Adorava isso. Tinha 1,95 de altura, passando os 100 kg de puro músculo. O corpo era bem torneado, escultural. Seu rosto exalava masculinidade, a boca carnuda num tom rosado vivo. Com seus cabelos levemente espetados , num loiro um tom mais claro que o de Alexander. Seus olhos eram de um cor de mel quase amarelo, pareciam olhos de um felino. Pele caprichosamente bronzeada... Enfim, era lindo.
Ela fez essas constatações nos poucos segundos que dedicou a olhar Allen, mas na verdade o que importava para ela era o emprego. O resto, é resto.
Alexander, estava visivelmente incomodado com a falta de cortesia do irmão.
- Allen, primeiro se bate a porta. Depois, SE autorizado a entrar, cumprimenta as pessoas - disse, apontando a Sara.
Allen não escondeu o desdém ao olhar para Sara. Ela percebeu, mas não se importou. Apenas sorriu , educadamente.
- Essa aí vai ser nossa nova empregada, né? Para que cumprimentar, vamos pagar bem pelo serviço, já é mais que favor.
Alexander ficou pálido, boquiaberto. Tentou abrir a boca, mas não saiu mais que um muxoxo. Faltavam as palavras.
Sara sorriu, para Alexander. Um claro sinal de que não se importava. Depois virou para Allen.
- Boas tardes, senhor Goller. Sim, serei sua nova funcionária. O senhor Alexander acabou de me contratar. E realmente, não precisamos ter mais que uma relação educada de funcionária e patrão.
Alexander recuperou a serenidade ao ouvir Sara. Ele até chegou a abafar o risinho, pois se Allen achou que ia humilhar a moça , deu com os burros na água.