Adotada por um vampiro
img img Adotada por um vampiro img Capítulo 3 Dama de companhia
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Capítulo 7 Vou lhe fazer minha img
Capítulo 8 Pega no Flagra - Primeira parte. img
Capítulo 9 Pega no Flagra - parte final. img
Capítulo 10 Entediada - primeira parte img
Capítulo 11 Entediada - parte final img
Capítulo 12 Estranha Fome img
Capítulo 13 O Segredo img
Capítulo 14 Distração img
Capítulo 15 Visita Indesejada img
Capítulo 16 Vinho Venenoso img
Capítulo 17 Sou Sua Salvação img
Capítulo 18 Uma Conversa Profunda img
Capítulo 19 De Olhos Abertos img
Capítulo 20 Especial: David img
Capítulo 21 Problemas com Agulhas img
Capítulo 22 A Paz que Falta: Bônus David img
Capítulo 23 Dor de Cabeça img
Capítulo 24 Cansei de Esperar img
Capítulo 25 Visita Inesperada img
Capítulo 26 Para Onde Devo Correr : Bônus David img
Capítulo 27 O Sombrio Passado img
Capítulo 28 A volta do Cobertor img
Capítulo 29 Culpa img
Capítulo 30 Prazo Se Esgotando img
Capítulo 31 Arrependimentos img
Capítulo 32 Vidas Entrelaçadas img
Capítulo 33 Visita Indesejável img
Capítulo 34 O Homem Misterioso img
Capítulo 35 Visitando Um Velho Amigo img
Capítulo 36 Aprisionada img
Capítulo 37 Rosas e Espinhos img
Capítulo 38 A Nova Coleção img
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Capítulo 3 Dama de companhia

Abro os olhos lentamente, um fleche de luz escapando da janela atinge meu rosto em cheio. Tentei virar, mas uma dor do lado esquerdo do meu pescoço não deixava.

Tento focar em alguma coisa, mas minha vista estava embaçada e uma dor de cabeça começava a brotar.

– O que aconteceu? – Murmurei, para mim. Tentava lembrar os acontecimentos da noite anterior, porém a dor de cabeça não me deixava pensar.

Me virei ainda sentindo dor e me deparei com um esboço vermelho deitado junto a mim na cama. Relei meus dedos com cuidado, não sabendo o que era. Minha visão estava terrível. Antes que eu pudesse raciocinar, o esboço vermelho se mexeu pulando em minha face.

– Oi! – Disse, esbanjando um sorriso.

– Ah! Saí encosto! – Quando dei por mim, estava caída no chão do quarto.

A coisa se aproximou devagar e me encarou. Percebi que "A Coisa", se tratava de Katherine.

– Encosto? Assim, você me magoa. – Faz biquinho.

– Queria que eu falasse o quê? linda do meu coração?

– Eu não acho ruim. – Diz, com cara de deboche. Acabo rindo de sua expressão. Tento me levantar, mas uma fraqueza súbita faz com que eu quase caia de cara no chão. Por sorte, Katherine foi mais rápida e me sustentou.

– O que aconteceu ontem? – Deixo uma frase escapar de imediato. Ela me olha apreensiva.

– Nada demais. Você veio para seu quarto e não saiu desde então. – Me senta na cama e se senta ao meu lado.

Não me lembrava de ter ido me deitar. Algo estava errado. Katherine parecia estar mentindo.

– Pode ser. – Minto. Acredito que, se ela soubesse o que aconteceu ontem à noite, não me contaria. – Estou me sentindo fraca. O meu pescoço está doendo. – Levo meus dedos até onde está dolorido, mas Katherine os tiras de lá com rapidez.

– Deve ter dormido de mau jeito, e a fraqueza deve ser porque não jantou. – Ela me olhava tensa. Eu sabia que estava mentindo. Algo aconteceu ontem, só não conseguia lembrar.

– Deve ser mesmo. – Minto, novamente – Mas, mudando de assunto, o que você estava fazendo deitada junto comigo na cama?

– Cuidando de você. Achei que já era melhor começar meu trabalho hoje. – Sorri. Cuidando de mim? Mas eu era não necessário que alguém cuidasse de mim.

– Trabalho? Como assim? – Digo, confusa.

– Surpresa! – Diz, abanando as mãos para o auto. – Sou sua dama de companhia!!!! – Diz, agora batendo palmas.

– Uma o quê? Eu não preciso...

– Precisa sim! David, que me mandou especialmente para cuidar de você.

Não estou gostando disso. Nem sabia direito o que ela iria fazer aqui. Não queria uma dama de companhia.

– Vai, vai ser legal. Eu te prometo. – Diz, colocando uma mão de cada lado do meu ombro.

– Tudo bem...

– Oba!!! – Animada, Katherine pega minha mão e me leva até o banheiro. – Vai tomando banho, que eu vou escolher uma roupa bonita para você. Hoje, David vai tomar café da manhã conosco. - Diz, dando uma piscada.

Era estranho, mas acredito que ela e "David" tinha uma certa afinidade, já que ela não o chamava pelo sobrenome. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Katherine me levou ao banheiro e me tacou uma toalha e saiu para fora.

Que furacão. Nem pisquei e estou aqui no banheiro.

– Que prática. – Digo, debochando.

– Eu ouvi! – Diz Katherine, do outro cômodo.

Dou risada, até que não seria ruim ter ela como "dama de companhia", apesar de que se parece muito com Emily. Sinto saudade de Emily e estar perto de Katherine me deixa com mais saudade ainda.

– Não estou ouvindo o barulho da água! – Grita, me tirando de meus desvaneios.

– Já vai!

Prefiro não enrolar mais. Tomo um banho refrescante, lavo meus cabelos e ensaboo meu corpo.

Assim que saio do banho, fui até o espelho olhar minha aparência e, para minha surpresa, tinha um grande roxo em meu pescoço. Como aquilo poderia ter parado ali? Não conseguia lembrar, mas sabia que aquilo não era bom.

Estava bem roxo e quando encostei minha mão, estava doendo muito.

Quando estava analisando o hematoma, Katherine apareceu no banheiro, com um sorriso no rosto que logo se transformou em tenção.

– O que é isso? – Pergunto, apontando para meu pescoço.

– Ontem quando nos esbarramos, você bateu o pescoço na quina da...

– Não lembro de ter batido. Na verdade, depois do almoço, não lembro de mais nada. – Falo, refletindo. Katherine, me puxa rapidamente para fora do banheiro e me senta na cama.

– Não aconteceu nada. Deve ser paranoia de primeira noite. – Diz, me encarando.

Não acreditava nisso, mas gastar saliva não iria ajudar.

– Vamos deixar isso para outro momento. – Diz, batendo palmas e se animando de novo. – Deixa eu arrumar você! Vai ficar uma bonequinha.

"vai ficar uma bonequinha", essa frase me perturba desde quando as meninas resolveram me maquiar. Ficou um lixo, eu odiei e elas ficaram rindo de mim.

– Creio que não é necessário. – Digo, me afastando de suas mãos, que são mais ágeis e me seguram no lugar.

– Nem pensar. Vai ficar quietinha, enquanto te deixo lindinha. – Reflete – Olha! Até rimou!

Suspiro. Não iria discutir.

...

Deixei Katherine me lambuzar de cosméticos. Assim que terminou, fui até o espelho me olhar e tive uma surpresa. Eu não estava me reconhecendo, parecia mais viva e feliz – coisa que não era realidade.

Enquanto estava me observando, Katherine me tocou nos ombros, me fazendo virar.

– Que tal mudar o cabelo?

Fico tensa. Eu nunca mudei o cabelo só cortei as pontinhas.

– Eu não... nunca ...

- Não me diga que nunca cortou o cabelo?! – Diz, espantada. Assenti com a cabeça. – O que acha de mudarmos?

– Eu não sei. Nunca mudei.

– Deixa disso. O que você acha de cortarmos curto? Ficaria bem no seu rosto.

– Não! Não vou deixar isso. – Falo, segurando meus cabelos.

Ué não era você que era toda desapega, Elisa? Minha própria mente me sabota.

– Por favor, mudar as vezes é bom. Eu sou uma ótima cabeleireira.

– Mas agora que eu não deixo mesmo! – Digo, me afastando de seus braços.

– Não vai ser fácil assim. – Assim que, Katherine falou isso, escutei um barulho de algo em atrito e quando vi, meus cabelos estavam no chão.

– Você... O que você... – Toquei onde eram meus cabelos, e eles não estavam mais lá. Me virei para o espelho e só via o resto que sobrou dele.

– Não me agradeça. – Diz, Katherine, colocando a tesoura na cômoda. Em um ataque de fúria fui para cima dela.

– Eu não te dei permissão! – Eu gritava, tentando acertá-la em algum lugar, mas ela era muito mais forte que eu e demonstrava facilidade em desviar de meus golpes.

– Já acabou? – Assim que falou, notei que parecia uma louca. Me recompus e há encarei:

– Me desculpa. Nem sei o que deu em mim.

– Se me permite dizer, você ficou bem mais bonita assim. – Fui em direção ao espelho novamente e olhei com mais calma. Realmente, não estava mal. – Sabia que você iria gostar.

– Quer saber? Você tem razão! - Digo rindo, enquanto Katherine me acompanha. – Acho que exagerei.

– Só um pouquinho, mas deixa quieto.

– Vamos continuar a se arrumar. Já enrolamos demais. Olha, tenho que confessar, você é fortinha.

Rimos novamente. E pensar que estava tentando matá-la agora a pouco.

– Tudo bem. Vamos lá terminar as coisas.

...

Ela me deixou básica na roupa, e a agradeci imensamente por isso. Eu vesti um vestido branco e uma sapatilha preta.

Tínhamos conversado um pouco antes de descermos.

Não sabia o que havia acontecido ontem à noite, porém algo me dizia que David, tinha algo a ver.

Estava pensando comigo mesma: o que farei quando sentar-me na mesma mesa que ele? Era um pensamento que rodeava minha cabeça, enquanto descia as escadas cautelosamente.

Talvez, nós apenas ficamos nos encarando, ou também poderá ser que ele nem note minha presença.

Depois de ter percebido aquele grande roxo em meu pescoço, fiquei um pouco arisca em relação a ele. Não queria que ninguém soubesse daquele hematoma além de mim e Katherine, por isso, pedi que passasse algo para esconder. Não ficou 100%, mas dá para o gasto.

– Não é como se ele fosse te morder. – Katherine, reflete, observando minha expressão tensa. – Quer dizer, ele pode, mas não é desse jeito que funciona.

– Tudo bem, não precisa tentar me deixar calma, só vai piorar. – Digo, descendo o último degrau da grande e elegante escadaria. – E, além do mais, estou morrendo de fome. Espero que não tenha racionamento de comida hoje. – Katherine, ri. Ela parecia se divertir com as coisas que eu falava.

Passamos pelo mesmo caminho que ontem, só que desta vez não teve nenhum tombo. A casa estava calma e eu estava pensando em coisas inúteis enquanto passávamos pelo corredor.

Estávamos quase chegando ao destino, quando ouvimos uma conversa meio distante e alterada:

– Eu estou enxergando tudo roxo! Como isso pode ser possível?! – Uma voz grave soa pelos corredores.

– Não faço ideia, meu senhor. Sempre verificamos os alimentos e as bebidas antes de o senhor ingeri-las. – Diz, uma voz feminina quase imperceptível.

– Então descubra. Eu estou me sentindo um completo idiota! – Diz, a voz grave, novamente.

– Sim, meu senhor.

Foi tudo que ouvimos, a conversa parou e depois foi puro silêncio. Depois do que ouvimos, nos encaramos e depois de algum tempo voltamos a andar.

Quando dei por mim, já estava na porta que dava para uma sala, onde comi no dia anterior.

Tinha medo de abrir uma porta e me deparar com quem não queria, pois sabia que o Sr. Parker, estava logo adiante. Ou melhor, David. Sabendo dos riscos, olhei para Katherine que me deu um sorriso reconfortante.

Coloquei a mão na maçaneta e virei devagar. A porta foi aberta, dando a visão de um David muito irritado. Era quase inaudível, mas tive a impressão de ouvir um riso vindo de Katherine.

– Olá... – Disse, tentando soar o mais convencional possível (o que não deu muito certo). Ele apenas me encarou, me analisando e voltou a comer seu café da manhã, que aliás parecia estar delicioso.

Eu estava com muita fome, poderia comer aquela mesa cheia de pães doces, bolos e torta, tudo de uma vez.

Katherine tomou seu lugar na mesa, ao lado esquerdo, onde me sentei, bem ao seu lado.

Algo começou a me afligir no momento. Era uma pergunta que ontem não me lembrei de fazer, mas hoje veio totalmente à tona. Como ficarão meus estudos? Eu preciso saber, só que sentir que àquela hora não era a mais especificada. Resolvi esperar e falar sobre isso com ele mais tarde.

Tudo estava silencioso, apenas os sons dos talheres e copos eram ouvidos na sala. Um climão.

David, me analisava despreocupadamente. Talvez ele tenha notado que cortei o cabelo. Ele não parava de encarar e eu estava começando a ficar desconfortável (mais do que já estava).

Seria legal se um buraco no chão viesse e me engolisse para que eu não tivesse que ficar aqui.

– Não acho uma boa ideia. – Diz David, de repente, me encarando.

– Como? – Pergunto, confusa.

– Querer cair em buracos. – Diz, simplesmente.

Mais um pouco de degustação de leitura da mente.

– Mais que saco! – Grita David, apertando os olhos com força, em seguida, olhando para Katherine. Aquilo me assustou. – Que merda está acontecendo? – Katherine apenas o olhou e um sorriso debochado surgiu em seu rosto – Você. Foi você... – Diz, fuzilando Katherine.

– Como pode me acusar tão veemente sem provas?

– Não preciso de provas ou vestígios de algo, foi você, está se vingando... Eu sinto isso.

O que está acontecendo aqui?

– Pois acho que está equivocado. – Katherine, sorri colocando um pedaço de torta na boca.

Enquanto, assistia a discussão dos dois, me perguntava o que eles tinham. Se tratavam muito intimamente. Não estava entendendo nada.

– Foi você sim! Eu me sinto ridículo enxergando tudo roxo! Parece um mundo de ETs roxos, com pessoinhas abusadas. – A última frase, falou me encarando.

– Você parece uma criança. Aliás você nunca mudou, sempre foi essa criança desde quando nasceu. – Katherine, se pronuncia.

– Eu posso falar a mesma coisa de você.

– David Parker Storn... Não me faça... – Katherine, o olha sombriamente.

– Katherine Parker Storn. Se acha que me intimida, cansa esse nariz empinado da chuva.

O que estava presenciando antes estava confuso, mas agora entendo perfeitamente. Eles são irmãos, os dois são da mesma família. Enquanto os dois se fuzilavam, eu apenas os olhava normalmente. Como se fosse combinado, os dois viraram em minha direção, e começamos um concurso de quem encarava melhor. Estava bem desconfortável, mas não podia fazer nada a respeito.

– Katherine, me acompanhe. – David, diz de repente a encarando.

– Ok. – Fala, bufando e, de repente, olhando para mim. – Assim que eu terminar a nossa conversa, eu vou te encontrar? – Faço que sim com a cabeça.

Os dois se levantam e saem da sala tranquilamente, deixando-me com meus pensamentos.

Finalmente paz. Penso calmamente.

Agora que estou sozinha, me vejo pensando em uma questão ... Por que David afirmava estar enxergando tudo roxo? Isso era uma questão curiosa.

*David:

Eu estou ficando louco. Essa é uma questão. Sinto como se, algo estivesse passado despercebido ao meu redor.

Não acredito que, tenha recaído por causa de, Elisa. Talvez tenha sido a fome, mas eu sabia que não devia ter feito aquilo.

Talvez tenha passado dos limites, estou com receio que algo mude depois disso. Possa ser que tenha sorte e que ela não se lembre de nada, mas e se lembrar? Lá se vão todo o meu respeito e confiança conquistados com os investidores.

Mas onde eu estava com a cabeça quando o ataquei o pescoço da menina? A fome fez com que eu me tornasse um monstro novamente.

Estava em meio a tantos pensamentos que nem notei quando peguei no sono.

Acordei um pouco enjoado. Dormir de barriga cheia não é uma boa ideia.

O peso na consciência me afligiu em cheio, assim que fui para meu escritório longe da mansão. Estava culpado e, ao mesmo tempo, com raiva. Raiva por um sangue de uma garota, me fizesse jogar tudo que construir nos anos por água abaixo.

Fui até onde guardava uma garrafa de whisky e o peguei. Precisava beber um pouco.

Finalmente tinha me contentado com doações, do que beber direto da fonte, mas agora tudo está perdido. O vicio vai voltar.

Tomei três goles e andei em direção a janela, como estavam cortinas fechadas pelo fato da luz do Sol irritar meus olhos. Abri um pouco para ver o belo amanhecer.

Fechei depois de um tempo, pois comecei a lacrimejar. Tomei mais alguns goles e, comecei a ter uma forte dor de cabeça. Estranhei pelo fato de que bebo a muito tempo, foi quando minha visão mudou, comecei a enxergar tudo roxo.

– Mas que porra é essa? – Perguntei, confuso. Foi quando, me lembrei que, antes de tomar o whisky, comi um pedaço de torta na cozinha. Podia ser que aquilo tenha me feito mal. Fui até meu telefone e disquei o número do telefone da casa.

– Alô. – Uma das empregadas atendeu.

– Sou eu, David. Quero falar com Katherine.

– Vou chamá-la. – Demorou um pouco, mas Katherine atendeu.

– Sim, meu querido irmão. – Disse, debochando.

– Oi. Vou ir para casa, provável que tomo o meu café aí. Preciso conversar com você.

– Sim, devo chamar, Elisa? Ela ainda pode estar...

– Chame, preciso saber se lembra de algo.

– Sim, a propósito, ficou uma marca horrível em seu pescoço. – Droga. Pensei levando a garrafa mais uma vez a boca, sentindo o efeito do álcool ao consumir.

– Fale alguma desculpa, depois eu vejo o que eu faço. E faça tudo para que ela não se lembre de ontem.

– Ok. Mais alguma coisa? – Pergunta, irônica.

– Sim, não me irrita, que hoje não estou com paciência.

Desliguei o telefone sem dar chance para que ela falasse mais alguma coisa. Sai do escritório indo até a recepção, lugar de várias mulheres bonitas. Infelizmente não me envolvo com funcionários, mas realmente é uma tentação.

O motorista me levou até em casa. Chegando lá, perdi toda minha paciência quando, falei com uma das mulheres da cozinha. Estava irritado e com pressa.

Assim que saiu, me sentei e comecei a fazer minhas coisas. Logo em seguida, Katherine e Elisa entraram na sala.

Olhei para Elisa, ela estava diferente, seu cabelo estava curto, deu um ar mais sedutor a ela, estava mais adulta. Katherine não perde chance. Pensei mentalmente. Não demonstrei nenhuma reação ao vê-la, porém por dentro estava gostando do novo visual.

Ela tentou falar algo casual, mas o momento não aprovou. Ela não parecia se lembrar de algo e a marca não estava tão ruim quando Katherine havia afirmado, aquilo me tranquilizou um pouco.

...

Saí da sala com Katherine me acompanhando. Estava furioso, tinha sido ela que fez isso comigo, nem estava acreditando... quer dizer, é bem a cara dela fazer uma coisa assim.

Vou até o escritório da casa, onde é mais escuro que o habitual e um pouco menor, mas serve.

Assim que entramos, vou até a porta e a tranco, deixando a chave no bolso do meu paletó. Olho para Katherine, que está com um sorriso debochado na cara.

– Mas que merda você estava pensando, quando fez isso comigo? – Digo, irritado.

– Você merece pelo que fez com, Elisa. Ela poderia ter morrido ou ficado com alguma sequela. – Diz, me olhando seriamente.

– Mas não ficou. – Suspiro. – Eu sei que foi um erro ter feito aquilo, mas eu não sei o que deu em mim...

– Mas eu sei, você estava com fome, e quando isso acontece, você se transforma em uma sanguessuga.

– Do mesmo jeito, isso não é desculpa para me deixar vendo as coisas em roxo. – Comecei a perder o controle e andar de um lado para o outro; na sala. – Me diga, o que você fez em mim?

– Você, mais tarde, vai descobrir. – Diz, isso indo para a porta. Ela está trancada idiota. Penso, mas ela consegue abrir e eu fico parecendo um tonto parado, sem saber o que ela fez. Foi quando percebi, que a chave que tinha guardado no bolso, não estava mais lá.

– Estou ferrado. – Digo, me dando conta que os efeitos ainda nem apareceram direito.

*******

*Elisa:

Um silêncio pairava pela sala, a comida já estava com um aspecto diferente, não queria comer mais.

Saí da sala, sem muitas ideias do que fazer a seguir. Talvez, se eu olhasse em volta, me sentiria menos desconfortável.

Eu sei que, o mundo a minha volta, não é mais o mesmo. Agora vou ter que lidar com um ambiente totalmente diferente do que estou acostumada.

Me lembro que, quando vim para cá ontem, tinha avistado um belo jardim, cheio de flores, um pouco longe daqui.

Resolvi sair um pouco, afinal, não posso ficar nessa casa o tempo todo. Não seria ruim sair um pouco.

Andei até a entrada principal onde se encontrava um homem alto e forte.

– Com licença, gostaria de abrir uma porta.

– O chefe, me deu ordens para não deixar a senhorita sair dessa casa. – Diz, cruzando os braços, impedindo minha passagem ainda mais.

– Pois bem, mas saiba. – Falo, não me intimidando com seu tamanho. – Eu não desisto fácil. – Saio pisando duro e tentando pensar em outra saída.

– Primeiro, foi a comida e agora isso! Que saco! – Digo, revoltada.

– Alguém precisa de um calmante. – Escuto uma voz masculina atrás de mim. Me viro e me deparo com um homem lindo. Olhos azuis, loiro, barba por fazer. Realmente um colírio. Nossa ele é alto hein.

– Talvez? – As palavras, não saíam como eu pensei e, para piorar, ele deu uma risada muito charmosa.

– Deixe-me adivinhar seu nome... Elisa? – Pergunta, me analisando.

– Sim.

– Prazer, sou Clarck. – Vem em minha direção e se curva, me dando um beijo na bochecha, fazendo com que eu fique corada.

Alguém tira esse homem daqui meu Deus! – Seu pai está, Elisa? – Saio do meu transe e volto a realidade. Caí na real, quando ele falou a palavra pai.

– Está sim, mas não o considero meu pai.

– Se quer saber, eu também não o consideraria. – Diz, piscando.

– Pois é... – Não consigo pensar em nada para falar!

– Posso fazer uma pergunta? – Diz, puxando assunto.

– Claro. – Por que eu disse claro?!

– Saberia me dizer, onde está David? – Agora eu me lembrei, não tinha respondido a sua pergunto. Que mico.

– Er... Ele saiu para conversar com sua Irmã, e não sei para onde ele foi.

– Tudo bem, eu volto outra hora. – Diz, se aproximando e depositando um beijo morno em minha mão.

– Mas veja quem está aí. – Escuto uma voz atrás de mim, me viro, me deparando com ninguém menos que, David.

Tinha que estragar o momento.

– Vejo que estava se divertindo, Elisa. – David, fala sarcasticamente, deixando meus nervos à flor da pele.

– Que bom que apareceu, estava mesmo perguntando por você. – Diz, Clarck.

– Eu não digo o mesmo. – Falo, revirando os olhos.

– Como você pode ver, Clarck. – David, aponta em minha direção. – Tenho uma menina difícil aqui comigo.

Alguém me mata, me bate bem forte na cabeça ...

– Eu notei – Diz Clarck, rindo.

– Deixe-nos a sós agora. Hora de os adultos conversarem. – David não parecia estar muito bem. Se eu pudesse, nesse momento exato, daria um soco nele, mas acho que assustaria a visita.

Contei até três e resolvi ir para meu quarto. Ao chegar, tranquei a porta e chutei o ar.

– Para que essa violência toda? – Diz Katherine, deitada na cama, me dando um enorme susto.

– Por que eu não posso ficar sozinha por um instante?!

– Acho que cheguei em uma má hora. – Diz, se levantando e indo até a porta.

Não digo nada e espero ela se retirar. Assim que fecha a porta, respiro fundo tentando me manter calma.

– Merda! Por que as coisas não podem ser menos complicadas?

Levanto-me, e vou para a varanda do quarto, o Sol da tarde estava forte e eu apreciei cada instante como se fosse o último.

– As coisas estão tomando um rumo diferente do que eu penso que tomariam.

Me peguei pensando nas lembranças do orfanato. Emily, Chloe... Olivia, meninas chatas que eu nem lembro mais o nome... Realmente, todas essas coisas estão perdidas agora. Tento me fazer de forte, mas sinto que posso fraquejar.

Saio da varanda e me deito na cama.

- Eu vou ir para o Jardim, nem que eu tenha que mudar o meu nome para Picles.

De repente, uma confiança surge em mim, desço as escadas em passos seguros. David e Clarck não estão, mas aqui, devem ter ido para outro lugar. Me aproximo do segurança e estufo o peito e antes de dizer qualquer coisa ele já me adianta:

– Não. Ordens são ordens.

– Pois bem. – Digo, indo pisando duro até meu quarto.

Que saco! Eu não desisto tão fácil!

Olho para a varanda e, uma ideia se ilumina em minha cabeça. Me aproximo do parapeito e espio o chão. O jardim estava bem abaixo de mim.

– Não é tão alto, se eu pular vou conseguir no máximo uns ossos quebrados. – Digo, calculando. – Quem eu estou querendo enganar, é claro que eu vou morrer se fazer isso.

Me viro já desistindo e indo em direção da cama, foi aí que ao observar os lençóis, eu tive uma grande ideia (que podia dar muito errado, mas, é aquele ditado: quem não arrisca, não petisca).

Vou em direção a um armário onde me parece ter um monte de lençóis, colchoados, fronhas e mais algumas coisas.

...

– Pensando bem, isso não vai dar certo. – Digo, observando o emaranhado que eu fiz com as coisas que estavam no armário, acabei criando uma corda.

– É agora ou nunca. – Pego, e coloco a "corda" para fora da varanda. – Meu Deus, por que eu gosto de fazer tanta merda nessa minha vida? – Pergunto, pensando em ser minhas últimas palavras. Começo a descer devagar, o vestido não ajuda, mas é o que tem para hoje. Estava quase na metade quando escorrego e fico pendurada na corda tentando me recompor.

– Adorei a visão. – Fala, uma voz, de repente, me fazendo olhar assustada.

– David! – Exclamo, já começando a rever meus atos. Se não bastasse, Clark estava ao seu lado, tentava disfarçar o olhar, mas eu sabia que estava olhando na mesma direção que David.

Eu mereço...

– Pensei que tinha dado ordens claras ao segurança, para não te deixar sair, mas devo dizer que, você foi bem... criativa. – Não estava mais aguentando estar nessa situação, meus braços estão começando a fraquejar.

– Alguém me ajuda... – Mal terminei uma frase, e já estava caindo para minha morte. Quando eu achei que não estava, mas em meu corpo, senti braços fortes me segurando. Abri meus olhos e vi David, com um olhar malicioso me encarando enquanto me segurava. Eu odeio a cara dele.

Fiquei um pouco sem reação. Olhando de perto, David realmente era um belo homem, mas do mesmo jeito estava me olhando estranho e foi aí que eu percebi que ainda estava em seus braços. Rapidamente, desci envergonhada, não só por terem visto minha calcinha ou uma cena que possivelmente, poderia ser interpretada em uma peça desastrosa, e sim porque eu fui burra, ao ponto de achar, que o plano daria certo.

– Bom, foi ótimo te conhecer, Elisa. – Diz Clarck, é visível que está muito desconfortável com o que acabou de acontecer.

– Digo o mesmo.

– Pois bem, já que está aqui fora, espere um pouco que vou levar Clarck até a saída depois daremos um passeio. – David, mal falou, e já tinha virado as costas.

Pensei em discordar, mas precisava sair do meu quarto para respirar um ar, então disse um simples "ok".

Esperei um tempo até avistar David vindo em minha direção.

– Eu gostaria de tratar de algumas coisas com você, mas prefiro fazer isso dando uma volta pelo Jardim. – Diz. Achei estranho, sua expressão não estava debochada como de costume e sim, séria.

Ao andar pelo Jardim ao seu lado ficava imaginando o porquê de estarmos ali, juntos sem falar nada.

– Acho melhor, começar a falar... – Começa. – Bom, é um pouco complicado de te falar isso pois sei que não vai ser fácil.

– Pode falar. – Por mais que, estava começando a me assustar, tentava parecer bem e que já estava esperando algo difícil de lidar, mas não é grande coisa, já que nada nunca foi muito fácil na minha vida.

– Vou tentar não te assustar – Começa. – Vamos nos casar, Elisa. –Definitivamente, se ele queria não me assustar, falhou miseravelmente.

– Como assim?! – Digo, tentando lidar com a notícia. – Você está louco, de onde tirou essa ideia absurda?

Tento sair de perto dele, porém é mais rápido e segura minha mão me fazendo aproximar-se dele.

– Eu também não quero, mas eu preciso. Um dia você vai entender.

– Nunca. Jamais. Você me tirou de lá para se casar? É isso mesmo?!

Talvez eu não esteja lidando com aquilo muito bem, mas quem saberia lidar com isso nessa situação?!

– Não tem escapatória. Sinto muito. – Consigo ver, claramente, que não está arrependido, o que faz com que eu fique mais com raiva.

– Você não sente nada! Você é um egoísta, não quero viver ao seu lado.

– É... o que está acontecendo? – Vejo, David, ficar um pouco confuso e começar a ficar mais pálido do que já é.

– Você está bem? – Eu sei, não é uma pergunta muito inteligente quando você vê a pessoa ficando roxa, mas coloco culpa no calor do momento.

– Eu acho que vou... – E é, nesse instante, que David cai no chão. Foi meio óbvio, mas é a vida. Agora tenho que fazer a minha parte e pedir ajuda.

Vou até a porta principal onde há dois seguranças. Talvez eu esteja calma demais, mas quando você sabe que uma pessoa não morre, fica tudo mais sem graça. Claro que eu não conseguiria carregar aquele tijolo, seu dedo mindinho pesa uma tonelada, imagina o corpo todo.

– Eu preciso de ajuda, o Sr. Parker, desmaiou. – Ao contrário de mim, os seguranças saíram correndo como se fosse o fim do mundo. Não os culpo, se ganhasse dinheiro para isso, também ficaria preocupada.

Os seguranças nem sabiam onde David estava tirando uma sonequinha, por isso, voltaram eufóricos me pedindo para mostrar o caminho.

Assim que, chegamos lá, os seguranças foram direto acudir seu chefe desmaiado.

Eu talvez tenha ficado reflexiva demais em tão pouco tempo, mas o que eu posso fazer? Sou estranha assim mesmo.

Assim que, o pegam no colo, o levam para seu quarto. Confesso que achei que ele não fosse tão mole assim, mas as aparências enganam. Eu os acompanho.

O quarto era bem luxuoso, cortinas tampando o Sol (nenhuma surpresa), enquanto a cama é grande e parece tentadoramente confortável.

Resolvi deixar os seguranças cuidarem das coisas, ainda estava digerindo o que ele me falou. Não poderia estar falando sério... poderia?

Vou para o meu quarto, desde que vim para cá, quase não saiu daqui. Nessas horas bate arrependimento de ter expulsado Katherine daqui.

Sabe quando você se deita, na sua cama, e todos os problemas, crise existencial, tristeza, batem na sua porta, ao mesmo tempo?

– Como eu vim parar aqui, meu Deus? – Sei que ninguém vai responder, mas ainda tenho esperanças.

O sono começa a me atingir. Afinal, é quase só o que eu faço mesmo. Meus olhos começam a se fechar e quando vejo, estou em um sono profundo.

...

            
            

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