- Desenha com ela!
- Ela não deixa eu tocar no desenho dela! Ela
está diferente mãe! Não brinca, não ri, não fala... - kilaila lamentou.
- Temos de ter um pouco de paciência, ela ...
- Eu sei, eu só queria que ela voltasse a ser
o que era!
Lussandra ficou em silêncio sem saber
o dizer.
-Ela agora mal fala comigo, só
desenha. Faz sempre o mesmo desenho!
- O que ela desenha?
- Um barco, ela desenha sempre o mesmo
barco à vela!
Kataleya desde o dia que foi violentada, só
desenhava barcos. Desenha na areia, no papel, mas sempre desenha um barco à
vela no meio do mar. Sua mãe por vezes ficava observando-a na tentativa de
perceber o motivo, mas não entendia.
Sete dias depois realizou-se o casamento da Marifa com Lacaio, contra a vontade de sua mãe, da Kilaila e da Fánua.
Não foi um casamento muito alegre como os das outras suas irmãs mais velhas.
Marifa, estava bela, com o seu vestido
colorido. Havia prendido o seu cabelo com um gancho de marfim e tinha missangas
no cabelo. Diante da festa, havia uma criança sentada numa mesa de madeira,
olhando fixamente para o Lacaio como se já tivesse feito o seu destino.
Dez dias depois do casamento, Lacaio
adoeceu severamente, Marifa foi à casa de sua mãe pedir ajuda. Lussandra junto
com Kataleya e Marifa saíram de casa e
foram ver o Lacaio, pois Lussandra jurou
nunca mais deixar Kataleya sozinha em
casa. Logo que chegaram a casa, foram até ao quarto e viram o estado penoso do
homem. Estava ele com manchas negras e bolhas em todo o corpo, estava muito
magro prestes a morrer. A Kataleya fez
questão de ir até ao quarto e encará-lo, vendo o homem sofrendo cada respirar
seu.
- E agora!- Lussandra olhou para a Marifa.
- Eu chamei alguém...- Marifa parou
uns segundos e sussurrou: - Eu chamei uma feiticeira.
- Feiticeira, sabes que isso...
- Estava desesperada.
- Como isso aconteceu?
- Não sei! Ele começou com uma tosse, pensei
que fosse algo passageiro, vi que ele ia piorando, mas ninguém conseguia dizer
o que é e como tratar!
Logo depois chegou a feiticeira
Jamaia, a mesma que havia visto Kataleya
quando pequena. A Jamaia logo que viu o estado de Lacaio, ficando surpresa, ela
nunca havia visto algo sim. Aproximou suas mãos no rosto do homem e logo
afastou-se.
- O que ele tem? Alguma doença?
- Isto não é uma doença é uma
maldição!
- Como assim?
- Eu poderia tentar quebrar a
maldição, mas...
- Quebre-a!
- É
demasiado forte, a pessoa que fez é forte! Nunca vi nada igual.
Jamaia viu o olhar fixo Kataleya no Lacaio, um olhar malicioso, mesmo
sombrio.
- Quem esta amaldiçoa-lo?
- Ele já foi amaldiçoado! Isto é apenas o
resultado! Sinto muito mas é só esperar até a sua morte.
Jamaia sabia que era Kataleya, sabia que ela diretamente ou indiretamente tinha alho haver com o estado do Lacaio. Poderia ter dito, mas as feiticeira se unem e se protegem, Jamaia jamais trairia uma feitçeira e ainda mais sendo uma criança. . Sabia que ela era uma feiticeira, só não queria
acreditar que a praga havia vindo dela.
- então ele morre...
Jamai acenou positivamente cabeça.
- Mas eu mal me casei! - Marifa solta
lágrimas. - Não é justo.
- Falei que os deuses te puniriam. -
Lussandra.
-A sério mãe... Meu marido está
morrendo e única coisa que pensas é nisso.
Lussandra suspirou e se afastou, indo
ao encontro da Jamaia que se preparava para partir.
- Que maldição seria tão forte ao de
não ser desfeita?
Jamaia aproximou-se no ouvido de
Lussandra: - Sua filha é uma feiticeira, cuide dela e ajude-a, antes que seja
tarde demais!
-Acha que a minha pequena..
- A
Kataleya está ferida, ela é uma crinaça ão tem noção do mal que ela pode
causar! Um dia ela pode ferir pessoas inocentes ou até ela mesma...
Lussandra acenou a cabeça, ela sabia o
que tinha de fazer. Decidida e triste,
pegou a mão da sua pequena, sabendo que não voltaria para casa nunca mais. Kataleya sorriu maliciosamente para o Lacaio
e como as palavras, o seu sorriso foi a morte.
Lussandra de imediato levou a pequena
até o lugar que ela jamais um dia pensou que iria, que tinha repudio e raia de
quem ia, na casa da feitçeira mais conhecida de Titania. Pelo caminho Kataleya sabia que não estava voltando para
casa, pertencia que estava perdendo-a para sempre.
Lussandra bateu a porta e logo foi
atendida, se deparando com a Maná. A mulher se abaixou para que olhava
para Kataleya de frente, soubesse que
poderia confiar nela. Fez um gesto no cabelo da pequena e sorriu.
- Seja bem vinda, pequena guerreira!
Kataleya não respondeu e entrou na casa
olhando a volta e vendo outras feiticeiras a encararam. Da casa ela era mais
nova, porem com poder que muitas não tinham.
- Ajude-a- Lussandra apelou a olhando a sua
filha pela ultima vez.
Mana acenou a cabeça. Lussandra não
teve forcas o suficiente para se despedir da sua pequena, sabia que ela não
voltaria para um lugar que era menosprezado e abominado pelo povo. olhando para a Kataleya em silencio, Mana temia que nunca
conseguir o cura-la, de nunca conseguir os pedaços do coração partido da garota
e que ela nunca seria como as outras mulheres.
- Sei o que fizeste menina, temos as
consequências... Fizeste uma maldição, uma praga!
- Não, fiz uma proteção à mim mesma!
- Deixaste-te levar pelo ódio e
vingança! Pelas coisas más... Sei o que vai acontecer com aqueles homens
- Ninguém nunca mais me fará mal!
- Sim, ninguém! E podes te proteger,
sem magoares os outros que te querem bem.
Kataleya riu-se achando engraçado.
- Ninguém me quer bem, ninguém gosta
de mim.
- Não é verdade! Existe o amor?
- O amor não existe!
- Sua mãe...
- Minha mãe... nunca mais irei ve-la, sabe
disso! E ela só mente!
- Kataleya, não diga isso...
- Ela disse que o papá era um bom, mas
ele não me protegeu. - Kataleya limpou
as lagrimas do seu rosto. - Deixou eles me machucarem! Todos mentem....
Maná quis se aproximar mas a Kataleya se afastou, parando de chorar e o
seu sentimento de revolta veio novamente.
- Quero ficar sozinha para sempre!
- Não precisa ficar sozinha para
sempre! Você tem a mim. - Maná afirmou.
Kataleya acenou negativamente a cabeça, engolindo as suas lagrimas e de cabeça erguida. Molestada, abusada e abandonada, nunca mais seria a mesma.
Maná ao ouvir as mágoas da pequena Kataleya, viu que levaria tempo para curar a dor da criança que sofria em sua casa. Ela nunca havia visto uma menina tão rancorosa e destemida.