Entre Oceanos
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Capítulo 5 Prologo *E*

Dias depois...

Da janela, Lussandra enxergava a Kataleya desenhando na areia e a Kilaila

estava ao seu lado. A senhora desejava saber o que se passava na cabeça da sua

filha, desejava saber o que a Maná disse mesmo ela no fundo tendo a resposta.

Afastou-se da janela, preparando o almoço, tentando lidar com o distanciamento

da Kataleya. A pequena mal falava há

quatro dias, não queria conversar com ninguém.

Um dia quando - O que foi filha? -

Lussandra comentou olhando para a

Kilaila que parecia triste.

-

Kataleya, ela não quer brincar comigo!

- Por que?

- Ela está a desenhar na areia.

- Desenha com ela!

- Ela não deixa eu tocar no desenho dela! Ela

está diferente mãe! Não brinca, não ri, não fala... - kilaila lamentou.

- Temos de ter um pouco de paciência, ela ...

- Eu sei, eu só queria que ela voltasse a ser

o que era!

Lussandra ficou em silêncio sem saber

o dizer.

-Ela agora mal fala comigo, só

desenha. Faz sempre o mesmo desenho!

- O que ela desenha?

- Um barco, ela desenha sempre o mesmo

barco à vela!

Kataleya desde o dia que foi violentada, só

desenhava barcos. Desenha na areia, no papel, mas sempre desenha um barco à

vela no meio do mar. Sua mãe por vezes ficava observando-a na tentativa de

perceber o motivo, mas não entendia.

Sete dias depois realizou-se o casamento da Marifa com Lacaio, contra a vontade de sua mãe, da Kilaila e da Fánua.

Não foi um casamento muito alegre como os das outras suas irmãs mais velhas.

Marifa, estava bela, com o seu vestido

colorido. Havia prendido o seu cabelo com um gancho de marfim e tinha missangas

no cabelo. Diante da festa, havia uma criança sentada numa mesa de madeira,

olhando fixamente para o Lacaio como se já tivesse feito o seu destino.

Dez dias depois do casamento, Lacaio

adoeceu severamente, Marifa foi à casa de sua mãe pedir ajuda. Lussandra junto

com Kataleya e Marifa saíram de casa e

foram ver o Lacaio, pois Lussandra jurou

nunca mais deixar Kataleya sozinha em

casa. Logo que chegaram a casa, foram até ao quarto e viram o estado penoso do

homem. Estava ele com manchas negras e bolhas em todo o corpo, estava muito

magro prestes a morrer. A Kataleya fez

questão de ir até ao quarto e encará-lo, vendo o homem sofrendo cada respirar

seu.

- E agora!- Lussandra olhou para a Marifa.

- Eu chamei alguém...- Marifa parou

uns segundos e sussurrou: - Eu chamei uma feiticeira.

- Feiticeira, sabes que isso...

- Estava desesperada.

- Como isso aconteceu?

- Não sei! Ele começou com uma tosse, pensei

que fosse algo passageiro, vi que ele ia piorando, mas ninguém conseguia dizer

o que é e como tratar!

Logo depois chegou a feiticeira

Jamaia, a mesma que havia visto Kataleya

quando pequena. A Jamaia logo que viu o estado de Lacaio, ficando surpresa, ela

nunca havia visto algo sim. Aproximou suas mãos no rosto do homem e logo

afastou-se.

- O que ele tem? Alguma doença?

- Isto não é uma doença é uma

maldição!

- Como assim?

- Eu poderia tentar quebrar a

maldição, mas...

- Quebre-a!

- É

demasiado forte, a pessoa que fez é forte! Nunca vi nada igual.

Jamaia viu o olhar fixo Kataleya no Lacaio, um olhar malicioso, mesmo

sombrio.

- Quem esta amaldiçoa-lo?

- Ele já foi amaldiçoado! Isto é apenas o

resultado! Sinto muito mas é só esperar até a sua morte.

Jamaia sabia que era Kataleya, sabia que ela diretamente ou indiretamente tinha alho haver com o estado do Lacaio. Poderia ter dito, mas as feiticeira se unem e se protegem, Jamaia jamais trairia uma feitçeira e ainda mais sendo uma criança. . Sabia que ela era uma feiticeira, só não queria

acreditar que a praga havia vindo dela.

- então ele morre...

Jamai acenou positivamente cabeça.

- Mas eu mal me casei! - Marifa solta

lágrimas. - Não é justo.

- Falei que os deuses te puniriam. -

Lussandra.

-A sério mãe... Meu marido está

morrendo e única coisa que pensas é nisso.

Lussandra suspirou e se afastou, indo

ao encontro da Jamaia que se preparava para partir.

- Que maldição seria tão forte ao de

não ser desfeita?

Jamaia aproximou-se no ouvido de

Lussandra: - Sua filha é uma feiticeira, cuide dela e ajude-a, antes que seja

tarde demais!

-Acha que a minha pequena..

- A

Kataleya está ferida, ela é uma crinaça ão tem noção do mal que ela pode

causar! Um dia ela pode ferir pessoas inocentes ou até ela mesma...

Lussandra acenou a cabeça, ela sabia o

que tinha de fazer. Decidida e triste,

pegou a mão da sua pequena, sabendo que não voltaria para casa nunca mais. Kataleya sorriu maliciosamente para o Lacaio

e como as palavras, o seu sorriso foi a morte.

Lussandra de imediato levou a pequena

até o lugar que ela jamais um dia pensou que iria, que tinha repudio e raia de

quem ia, na casa da feitçeira mais conhecida de Titania. Pelo caminho Kataleya sabia que não estava voltando para

casa, pertencia que estava perdendo-a para sempre.

Lussandra bateu a porta e logo foi

atendida, se deparando com a Maná. A mulher se abaixou para que olhava

para Kataleya de frente, soubesse que

poderia confiar nela. Fez um gesto no cabelo da pequena e sorriu.

- Seja bem vinda, pequena guerreira!

Kataleya não respondeu e entrou na casa

olhando a volta e vendo outras feiticeiras a encararam. Da casa ela era mais

nova, porem com poder que muitas não tinham.

- Ajude-a- Lussandra apelou a olhando a sua

filha pela ultima vez.

Mana acenou a cabeça. Lussandra não

teve forcas o suficiente para se despedir da sua pequena, sabia que ela não

voltaria para um lugar que era menosprezado e abominado pelo povo. olhando para a Kataleya em silencio, Mana temia que nunca

conseguir o cura-la, de nunca conseguir os pedaços do coração partido da garota

e que ela nunca seria como as outras mulheres.

- Sei o que fizeste menina, temos as

consequências... Fizeste uma maldição, uma praga!

- Não, fiz uma proteção à mim mesma!

- Deixaste-te levar pelo ódio e

vingança! Pelas coisas más... Sei o que vai acontecer com aqueles homens

- Ninguém nunca mais me fará mal!

- Sim, ninguém! E podes te proteger,

sem magoares os outros que te querem bem.

Kataleya riu-se achando engraçado.

- Ninguém me quer bem, ninguém gosta

de mim.

- Não é verdade! Existe o amor?

- O amor não existe!

- Sua mãe...

- Minha mãe... nunca mais irei ve-la, sabe

disso! E ela só mente!

- Kataleya, não diga isso...

- Ela disse que o papá era um bom, mas

ele não me protegeu. - Kataleya limpou

as lagrimas do seu rosto. - Deixou eles me machucarem! Todos mentem....

Maná quis se aproximar mas a Kataleya se afastou, parando de chorar e o

seu sentimento de revolta veio novamente.

- Quero ficar sozinha para sempre!

- Não precisa ficar sozinha para

sempre! Você tem a mim. - Maná afirmou.

Kataleya acenou negativamente a cabeça, engolindo as suas lagrimas e de cabeça erguida. Molestada, abusada e abandonada, nunca mais seria a mesma.

Maná ao ouvir as mágoas da pequena Kataleya, viu que levaria tempo para curar a dor da criança que sofria em sua casa. Ela nunca havia visto uma menina tão rancorosa e destemida.

                         

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