Casamento Arranjado - Livro quatro
img img Casamento Arranjado - Livro quatro img Capítulo 4 ~04~
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Capítulo 4 ~04~

Noah

Batidas na porta me fizeram suspirar pesadamente e abrir meus olhos, encarei o teto com desgosto. De repente a porta abriu com um único empurrão e me deitei de lado, ignorando quem tinha entrado.

- É por isso que existe permissão para entrar, velho!_ Resmunguei e ouvi Archie bufar.

- É meu castelo! Meu reino...Eu faço o que eu quiser aqui!

- O que você quer, rei Archie? Sua filha já tirou minha paciência por hoje!

- Fico feliz que minha garotinha tenha lhe botado no lugar projeto de príncipe com caranguejo...

Arqueio a sobrancelha o olhando com desdém, e Archie olhou de soslaio para os guardas que fecharam as portas atrás dele. Com sua postura imponente, ele juntou os braços atrás das costas e subiu seus olhos devagar para mim.

- Preciso que vá a um lugar...com alguém.

- Fora de cogitação! Pretendo ficar aqui no quarto até o dia em que sentir vontade de voltar para casa.

- Minha filha vai sozinha para um lugar distante. Preciso de alguém para protege-la por mim... Não importa o quão sagaz e esperta ela seja, Noah! Não pode competir contra a força bruta de um homem...

Sentei na cama devagar, o encarando sério.

- Para onde você está pensando em manda-la?

- Avarya. E não gosto quando minhas filhas vão a bailes em outros reinos... Não tenho um bom passado com isso!

Desviei minha atenção para o chão, encarando a luz do sol da tarde escaldante invadindo pela janela e banhando o assoalho.

- Por quê?

- Eu nunca mais confiei em mais ninguém quando amigos se tornaram inimigos. Aliados devem ser constantemente investigados... _ Archie disse sério, andando pelo quarto. _ Se algo acontecer com ela, eu te caço até no inferno!

- Se algo acontecer com ela enquanto eu estiver por perto, então me esfole vivo por isso!_ rosnei me levantando e agarrando meu casaco. _ E a desmiolada da sua filha precisa aprender a agradecer quando alguém espanta por ela, pessoas com intenções suspeitas...

- Sou todo ouvidos!

- Não se preocupe! Isso eu vou resolver! _ calcei minhas botas e Archie me encarou indecifrável.

- Quem foi? Quem ousou? Eu só preciso do nome...

Parei diante dele, o encarando com a mesma seriedade.

- Eu disse que isso eu vou resolver, velho! Você saberá depois! _ peguei minha espada escorada na cadeira da mesinha e passei o coldre em torno de minha cintura. _ A única coisa que não poderá me acusar, e de não ter brigado com ela a viagem inteira!

- Ah é por isso que eu te escolhi para isso..._ Archie se moveu com desinteresse, abanando a mão e indo em direção a porta. _ Enquanto vocês forem como cão e gato, estarei feliz e em paz com sua presença.

- Archie!_ o chamei e ele parou na porta me olhando com um sorriso maldoso que eu faria abandonar sua face._ Quero que saiba que..._ apertei as sobrancelhas abaixando a cabeça por um momento, como se fosse um grande sacrifício as palavras que sairiam de minha boca _ Que...um dia eu vou trepar com sua filha!

E instantaneamente o sorriso no rosto de Archie se tornou a expressão da própria morte.

- Cuidado com suas palavras rapaz, ou vai conhecer o criador mais cedo do que o esperado.

- Você sabe que quando Merlia descobrir que você irá me mandar com ela...

- Não diga nada a ela por hora.

Ele se virou, saindo e me deixando com olhar de desafio em meu rosto. Meu pai adoraria estar aqui para ver essa expressão no rosto de Archie.

Soltei uma risada nasal sozinho no quarto e sai logo em seguida. A imagem de meu pai segurando Merlia ainda pequena em seus braços me veio a memória, enquanto ele me fazia prometer que a protegeria, cuidaria e honraria... Eu era só um menino, não fazia ideia do que realmente aquelas palavras significavam. Sentindo a aproximação de alguém e um toque suave em meu braço, parei abruptamente olhando para quem estava ao meu lado.

- Tenho lhe chamado algum tempo, mas você estava no mundo da lua. _ Savanah sussurrou tomando a cabeça.

Ela alisou sua barriga com carinho, meu sobrinho ou sobrinha logo viria ao mundo.

- Desculpe eu...

- Merlia, não é? Você só fica tão calado e perdido quando vocês brigam além das implicâncias...

- Ela me tira do sério, Savanah. Eu não sei se posso fazer isso! Não sei se posso me casar com ela!_ Sussurrei e minha irmã, conferiu pelos cantos dos olhos se não estávamos sendo ouvidos.

- Não diga isso! Eu sei bem que essa indecisão não é pela velha briga de vocês... Merlia é uma garota adorável, inteligente, esperta e encantadora...o problema está em você!

- Ela tem o temperamento ruim, é orgulhosa, teimosa, ingrata e ...

Torci a cara, olhando para o corredor vazio e minha irmã colocou sua mão sobre meu peito.

- Mas ela é assim porque você quer que ela seja assim com você, Noah. Você tem estado tentando afasta-la de você... nós dois sabemos bem que sensação é essa..._ ela afagou a região, como se estivesse acariciando meu coração._ Somos os bastardos de Midorina.

- Alguém falou isso para você?_ rosnei a segurando nos ombros e ela negou voltando a acariciar sua barriga.

- Nunca ousaram. Mas acho que todos nós ouvimos conversas encostadas sobre isso... "Somos todos filhos de putas"._ Savanah subiu seus olhos, me encarando tão serena. _ E ela é uma princesa, filha de uma rainha... Ela tem o sangue tão nobre quanto qualquer um de nós pode sonhar, não é?

- Pare de falar besteiras! _ Resmunguei abaixando meus olhos para o chão. _ Nós somos filhos de nosso pai! E nosso pai é rei de Midorina, e rei do mar estreito!

- Você deveria parar de se enganar e parar de importuna-la, Noah. Então você realmente vai conhecer sua noiva...

Suspirei pesadamente e alisei meu cabelo para atrás.

- Por favor Savanah... Eu não quero falar dela! Preciso esquecer aquela criatura teimosa, irritante, ingrata, orgulhosa, egoísta...

- Mas ela é linda não é?

- Você não vai me fazer cair nessa!_ praguejei e Savanah riu dando de ombros.

- O rei está a procurando. Parece que algo sério aconteceu. Se vocês se esbarrarem... Tente não perturba-la.

- Certo! Certo! As vezes você se esquece que eu sou o irmão mais velho aqui. Eu dou os sermões, Savanah!

A ouvi rir folgosa e se afastar sem pressa, ainda alisando sua barriga. Ela estava feliz em seu casamento e com sua família, isso me enchia de alívio, assim como a meu pai também.

Ergui minhas mãos ao ar e continuei minha caminhada em direção a saída. Eu precisava ter uma pequena conversinha com um lorde engraçadinho.

O barulho de uma armadura me fez olhar de soslaio para Sire Artur me acompanhando em silêncio.

- Eu disse ao sei rei que, eu iria resolver isso!

- Não recebo ordens suas se está tentando me dispensar.

- Ele acha que não sou capaz de resolver?

- Eu só vou acompanhá-lo, alteza. Apenas isso... Se você for bater em alguém, vai precisar que alguém segure.

O olhei de esgueira e soltei um suspiro pesado, maneio a cabeça em concordância e seguimos juntos para fora.

Merlia

Após o jantar, sentei na janela de meu quarto. Uma vela acesa iluminando fracamente e farfalhando quando uma brisa entrou pelo quarto.

Tudo estava tão quieto enquanto meus olhos estavam fixos no céu estrelado. O vislumbre de alguém nas sombras lá fora me fez o encarar, acompanhando séria até que surgisse diante da claridade.

Noah ergueu seus olhos diretos para a minha janela e estagnou. Ele voltou a olhar para frente momentos depois e mesmo quando voltou a caminhar sem olhar para atrás, acompanhei suas costas.

O que ele fazia por ai a essa hora da noite?

Deslizei da janela, assoprando a vela e fui para a cama.

***

Afivelei o coldre ao redor de meu quadril enquanto estava diante do espelho de meu quarto. O sol ainda não havia surgido no horizonte e ainda levaria algum tempo para isso.

Ajustei as mangas da camisa branca e joguei minha capa por cima de meus ombros, a prendendo no broche em formato da cabeça de um leão. Eu estava pronta para partir. Em meu interior o desejo ardente de cumprir aquela tarefa com honra e glória. Isso traria orgulho a minha família, deixaria claro que nenhum dos filhos de meu pai era inútil para seu reino ou uma vergonha para seu nome.

Soltei um suspiro forte e peguei as duas bolsas de couro sobre a cama, as jogando uma de cada lado de meu corpo. Estavam pesadas, mais pesadas que o normal. Provavelmente Fena teria as abarrotado de coisas que julgou necessário para o baile que meu pai mencionou.

Sai de meu quarto, acenando para os guardas posicionados cuidadosamente em cada corredor. Ao descer a escadaria que dava acesso ao jardim, em direção ao estábulo. Estagnei com as solas de minhas botas afundando no gramado ao ver Noah colocando algumas coisas na bolsa embutida da sela de seu cavalo. Ao lado de seu animal, , Escuridão, meu cavalo, selado e pronto para partir.

Noah me olhou por cima do ombro de forma indecifrável, seu silêncio pendurou apenas por alguns segundos quando ele suspirou pesadamente.

- Devemos aproveitar que não há sol sobre nossas cabeças. Então seja rápida...

Por quê ele? Por quê logo ele? Eu queria voltar para dentro e questionar meu pai, instiga-lo a mandar outra pessoa comigo. Qualquer outra pessoa. Mas foi o assobio agudo de Noah e o piado de um falcão que me tirou de meus pensamentos. Ele ergueu seu braço, coberto por uma luva de couro densa, e o falcão pousou ali, gravando suas garras e batendo as asas com majestosidade.

- Bom garoto!

Me apressei em silêncio, desviando minha atenção para Escuridão que tinha mais bolsas presas em sua sela. O montei de forma firme e costumeira.

Noah lançou o falcão no ar e assisti a ave nos rondar dos céus. Eu preferi me manter em silêncio, antes que uma briga entre nós acabasse me fazendo mudar de ideia. Joguei o grande capuz negro de minha capa sobre minha cabeça, e me inclinei recolhendo as rédeas de Escuridão.

Ele trocou o peso do corpo sobre as patas e esperei silenciosa, rolando meus olhos ao redor, enquanto Noah subia em seu cavalo.

Bati meus calcanhares e Escuridão se moveu apressado, com galopes fortes em direção aos portões. Parece que essa seria uma estranha e insuportável viagem...

***

Relaxei sobre a sela de Tritão, com uma mão repousada sobre minha coxa. A claridade do sol rompida pelas copas das árvores, enquanto pegamos um atalho longe das estradas.

Olhei de soslaio para Merlia totalmente coberta por seu manto. Aquilo não era nenhum pouco discreto por vários motivos. Primeiro porque ela parecia o próprio ceifeiro da vida naquele manto, se eu não soubesse que era ela, isso me deixaria de cabelos em pé. Em segundo, Escuridão era um cavalo que chamava atenção não apenas por seu porte, como por sua pelagem negra como a noite mais escura.

Merlia afastou o capuz o deixando cair para atrás. Seus cabelos estavam soltos, alguns fios arrepiados graças ao roçar do tecido. Seus olhos estavam sério rolando ao redor, e ela soltou um suspiro denso.

Parecia que seriam longos dias até Avarya, em silêncio... Bom, o silêncio seria melhor do que brigarmos como cão e gato toda a viagem. O som de um rio correndo entre pedras fez Merlia puxar as rédeas e escorrer para fora, arrastando Escuridão até a margem.

Fiz o mesmo deixando Tritão beber água a vontade enquanto revirava uma das bolsas em busca de comida. Merlia lançou uma bolsa, acertando meu peito e segurei firme em reflexo. Ela rasgou nos dentes um pedaço de carne salgada caminhando pela margem do rio, rolando seus olhos ao redor atenta assim como eu.

Abri a mochila encontrando pão, queijo, carne e algumas frutas.

- Achei que vossa alteza iria a um baile... Onde está a carruagem dourada e os inúmeros baús?_ perguntei baixo e ela não respondeu, parando sobre uma pedra e se abaixando e enchendo uma bolsa de couro com água.

- Veio por conta própria?_ ela perguntou ríspida e arqueio a sobrancelha _ Não! Claro que não! Noah de Midorina não iria me seguir por ai... O que meu pai lhe disse?

- Que você iria a um baile e coisa do tipo...

- Hum! _ ela acenou, ainda olhando para água correndo entre as pedras. _ Então é isso que precisa saber se veio!

Ela saltou da pedra para outra, atravessando para o outro lado, e caminhou pela pastagem que ia até seus joelhos, observando atenta ao redor. Merlia se sentou de baixo de uma sombra esticando as pernas e continuando a comer seu pedaço de carne enquanto Escuridão começava a pastar. Tritão logo seguiu seu exemplo e saltei as pedras, até o outro lado do rio, e caminhei para mais longe, rolando meus olhos pelo vale verdejante.

- Termine logo de comer e vamos seguir!_ disse firme a olhando por cima do ombro.

- Os cavalos precisam descansar. Ou você quer trocar com Tritão? _ ela resmungou e observei o borrão marrom que era Tritão.

- Poderíamos ter ido pelo mar! _ praguejei e ela soltou uma risada nasal.

- Você iria remar?

- Não! A amarraria a uma corda e te faria ir a Avarya a braçadas!_ retruquei e ela bufou. Ela se levantou, batendo as roupas e a olhei baixo a cima. _ Tira isso! Se a ideia era sermos discretos, você está falhando completamente com ela.

Merlia retirou sua capa, a dobrando e assobiou. Escuridão ergueu a cabeça e atravessou o rio, com suas patas peludas e grandes espirrando água para todos os lados. Ela guardou a capa nos bolsões de sua sela. E observei suas curvas bem marcadas na calça marrom, suas botas eram de um tom marrom mais suave feitas de couro,sua camisa era de algodão refinado, com ajuste para o decote e pequenos bordados de rosas e galhos nos punhos.

Em todos aqueles anos a conhecendo, foi a primeira vez que a vi usando calças. Até mesmo nas calçadas ela estava usando vestidos. E mesmo usando calças agora, ela era tão femina e delicada que não parecia fazer diferença entre calças ou saias. Seus cabelos pretos ondulados escorreram para frente enquanto ela fechava a fivela do bolsão, e pisou sobre os estribos que ficavam bem altos para ela.

Escuridão era um cavalo grande, e sua dona uma garota baixa. A flexibilidade que exigia dela para alcançar o estribo era algo engraçado de assistir. Ela se impulsionou, sentando sobre a sela, e me encarou nos olhos.

- Vamos logo então. Paramos ao anoitecer para acampar. _ ela comentou baixo batendo seus pés e Escuridão caminhou sem pressa.

Ela passou, me olhando de cima, com um olhar indecifrável, mas um tanto carregado de indiferença.

- Olha só...uma pulga sobre Escuridão. Pobre cavalo!

Merlia deu duas batidinhas de calcanhares e o cavalo levou um coice poderoso ao ar que me fez pular para atrás. Apertei os olhos de forma afiada quando ela olhou por cima do ombro conferindo minha expressão e deu um sorriso felino.

Um único balançar das rédeas e Escuridão trotou, fazendo Merlia quicar sobre a sela, e seus cabelos pretos chicotearam suas costas.

Peguei as rédeas de Tritão subi sobre seu dorso, o fiz andar sem pressa, mantendo uma boa distância entre ela e eu. Antes que aquelas pequenas provocações se tornasse algo verdadeiramente insuportável entre nós.

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Boa leitura!

❤️

            
            

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