Capítulo 2 O Chefe

- Nathallie, você esta aqui?! Nathallie cadê você?!!! -Gritei desesperadamente já sentindo as lágrimas escorrerem de meus olhos por não obter respostas.

- Até que em fim a bela adormecida acordou. -Reconheci a voz de um dos brutamontes, de repente o saco foi retirado da minha cabeça e eu pude ver onde eu estava, ainda estava de

noite, sinal que não dormi por muito tempo (pelo menos era assim que eu imaginava), olhei para os lados procurando Nathallie más não vi nem um sinal de que ela também estivesse ali.

- Nathallie! Onde ela esta por favor, o que vocês fizeram com ela?!!!

- Relaxa, sua amiguinha esta se divertindo com o patrão agora.

- Se divertindo?! Ou você quer dizer sendo abusado por um monstro como vocês?! -Gritei não controlando a ira que me acendeu, minha amiga, eu prometi que a protegeria e falhei!

- Abaixa o tom de voz pra falar comigo sua vadiazinha, quem você pensa que é?! -Senti gosto de ferro na boca, aquele tapa que ganhei com certeza iria ficar marcado por muitos dias em minha pele clara.

- Eu serei seu pior pesadelo seu estupradorzinho de merda!!!-Gritei Cuspindo sangue no seu pé o encarando com nojo, não sei de onde me saiu tanta coragem, más a verdade é que

eu tinha cansado de ser a vítima que não reagia, pois por isso acabei sendo fraca e não fui capaz de proteger minha amiga, pobre Nathallie, só de imaginar oque ela pode estar passando agora me dói o coração!

- Você vai pagar caro por me desafiar sua vadia!. -Recebi outro tapa na cara e vários chutes na barriga. Era covardia dele me bater enquanto eu estava algemada e de joelhos, mas por mais terrível que fosse a dor eu não me permitiria derramar uma lágrima ou implorar que ele parasse.

Ouvi passos de alguém se aproximando e o brutamonte parou de me socar. Minha visão já estava um tanto embaçada e saia sangue da minha boca e nariz.

- Mas que merda é essa!? -Perguntou uma voz autoritária do alguém que chegava, percebi que não era nenhum dos que estavam na sorveteria e pelo medo que pairou no brutamonte que

me espancava, esse com certeza deveria ser o tal "chefe".

- Eu fiz uma pergunta e estou esperando uma resposta, ou você quer que eu corte a sua língua pra ver se assim você aprende a falar?!

- N.não senhor, essa vadia estava me insultando e me tirou do sério.! -Respondeu o brutamonte gaguejando, esse chefe deles deve ser pior que eles para conseguir amedrontar

esse brutamonte de aproximadamente 1,95 cm de altura feito só de músculos, o cara parecia mais um muro.

- Não interessa! O que essa garota está fazendo aqui? Não me lembro de mandar me trazerem vítimas!. Respondeu a voz do chefe.

- Eu sei chefe, más a mocinha aqui ouviu o que não devia então decidimos trazê-la para saber o que faremos com ela.

- Que ótimo, seus imbecis, não sabiam falar em outras línguas?! tinha que ir ao Brasil e fazer uma reunião importante falando o Português!? Seu imprestável!!!

- M.mas senhor, a reunião foi feita em inglês, essa garota é esperta, ela fala nossa língua!

- Coloque ela no último quarto, amanha eu decido o que eu faço, perdemos uma prostituta essa semana, talvez ela possa substitui-la no clube.

Droga, isso não! Porque esses merdas simplesmente não terminam de me matar logo? Prostituta?! Eu sou virgem, quem esses merdas pensam que eu sou? Não podem querer violar meu corpo contra minha vontade, pode parecer covardia, más caso ele siga com esse plano eu me mato, é Melhor a morte do que ser obrigada a me vender para lucro de babacas!. Essas foram as ultimas coisas que consegui pensar antes de apagar em um sono profundo pelas

pancadas que levei.

Abri meus olhos e estava escuro, senti a macies de uma cama e imaginei que tudo não tivesse passado de um grande pesadelo e que Nathallie estaria dormindo no quarto ao lado, más

não, ao sair da cama meu corpo dolorido foi a certeza de que a surra da noite anterior tinha sido real.

Procurei um interruptor e acendi a luz. Eu estava em um quarto, parecia de hóspede, avistei uma portinha e entrei me deparando com um enorme banheiro, nada como os banheiros imundos de um quartinho no porão onde geralmente ficam as vítimas de um sequestro, bem pelo contrário, o banheiro era até mais luxuoso que o banheiro da minha casa, não que isso me incomodasse.

Me olhei no espelho com medo do estrago que encontraria em minha face, mas por incrível que pareça encontrei um curativo na minha testa, minha boca e nariz estavam quase intactas, apesar da boca ainda estar um pouco inchada, caso contrário parecia que eu nem tinha levado toda aquela surra na noite anterior. Eles cuidaram de mim? Será que foi por ordem do chefe? Mas é claro que foi, ele não iria querer uma prostituta toda machucada não é mesmo?.

Lembrar do que ouvi ontem me fez querer chorar novamente, más eu não podia ser fraca, e Nathallie? Onde está minha amiga?! Ouço o barulho de uma chave entrando na maçaneta da porta e corro pra cama fingindo que ainda estou dormindo.

- Eu sei que você está acordada, se não quiser ficar sem o café da manha é Melhor descer logo. -Diz a voz que logo reconheci ser do "chefe".

Fiquei meio na duvida se desceria ou não, más apesar de que eu não pretendia comer nada que eles me oferecessem, eu pretendia descobrir, ou pelo menos tentar descobrir onde eu estava e as maneiras de sair daquele lugar. Ouvi os passos se afastarem e esperei mais alguns segundos para ter certeza de que eu estava sozinha novamente, assim que não escutei mais som nenhum me levantei da cama e caminhei até a porta.

- É agora ou nunca... -Sussurrei a mim mesma buscando coragem para sair do quarto.

Ao abrir a porta me deparei com um corredor imenso, eu estava no ultimo quarto do corredor, tinha alguns vasos e quadros clássicos espalhados pelas paredes, nada do tipo uma casinha de madeira abandonada no meio do nada, bem pelo contrário, conforme andava eu tinha mais certeza de que se tratava de uma mansão, eu estava tão entretida olhando a beleza do lugar que não notei que uma senhora de meia idade com uniforme de doméstica me observava com um sorriso cansado.

- Parece perdida moça. -Disse a senhora se aproximando, ela falava inglês e acho que estar ali seria uma oportunidade de praticar meu curso de ingles e aprender no diálogo.

- Você nem faz ideia do quanto estou perdida. -Respondi depois de me recompor do susto.

- Em que posso ajuda-la?. -Perguntou ela se mostrando prestativa.

- Eu serei eternamente grata se você me mostrar a saída, principalmente uma saída discreta sem que eu vá chamar a atenção!. -Respondi tentando ser convincente.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu, porém, uma vez aqui dentro, você só sai morta! -Respondeu ela e pude sentir a pena em sua voz. Ela já sabia quem eu era e o porque de eu estar ali.

- Eu não desisto fácil, se for pra sair morta eu não me importo, contando que eu não seja vendida como uma prostituta! -Disse a ela já me irritando com essas lembranças. A pobre senhora me encarou assustada, coitada, talvez ela não tenha culpa de nada, talvez ela também esteja aqui sendo obrigada a estar, assim como eu.

- Ele jamais te mandaria para o clube com as prostitutas, ele não faria isso com uma mocinha como você.

- Ao que parece senhora, eu conheço Melhor o seu patrão do que você mesma, pois foi exatamente isso que eu ouvi sair da boca dele.

- Acho Melhor você ir logo, eles já estão te esperando pro café da manha, eu prometo que você não irá para o clube das prostitutas!

- Eu gostaria muito de acreditar na senhora. -Respondi abaixando a cabeça ao me lembrar da promessa que eu fiz a Nathallie e que aparentemente eu não tinha conseguido cumprir.

- Pois então acredite minha filha, agora vá, primeira porta à esquerda é onde esta sendo servido o café da manha.-Ela praticamente me expulsou dali, queria muito continuar conversando com ela, ela me parecia uma boa pessoa, além do mais ela poderia ter informações sobre o paradeiro de Nathallie e também sobre o que esses caras realmente eram, porém decidi obedecê-la e ir, seguindo suas instruções dei de cara com uma sala de jantar dos sonhos, tudo era grande, lindo e iluminado, a parede da esquerda era de vidro e se podia ver um lindo jardim artificial o qual tinha um pequeno lago no centro, as outras paredes da sala eram de uma cor neutra que transmitia paz e tranquilidade (que ironia, pois paz e tranquilidade era o que eu menos sentia naquele momento). Fiquei parada admirando tamanha beleza do lugar que nem notei dois pares de olhos me encarando da mesa posta ao centro da sala, assim que os vi eu não sabia se eu estava sonhando ou se eu estava mesmo sendo sequestrada por aqueles dois deuses gregos, o moreno de sorriso fácil logo se levantou e se aproximou de mim, dei um passo a traz como proteção.

- Oi, não precisa ter medo de mim, eu não vou te machucar, me chamo Quenaz!. -Disse ele me estendendo a mão. Olhei a sua mão estendida porém não o respondi, continuei na defensiva, pronta para por em prática minhas aulas de king box e May thay, más ele parecia não se amedrontar comigo e seu sorriso divertido estava começando a me irritar.

- Já deu Quenaz, sente-se logo e coma garota, antes que eu resolva te mandar de volta pro quarto sem comer mesmo! -Reconheci a voz do chefe, e caramba, esse chefe era lindo, não, lindo é pouco pro seu nível de beleza, seus olhos azuis eram tão intensos que chegava ser hipnotizante, seus cabelos castanho escuros estavam cortado social, o que o deixava ainda mais sexy se é que tem como, sua barba por fazer demarcava sua boca carnuda e perfeita completando o pacote ideal de beleza masculina. De repente fez-se um silêncio e corei ao perceber que ele estava esperando eu terminar de analisá-lo para me sentar na mesa. Abaixei a cabeça e deixei que minha franja falsa e meu cabelo cobrisse um pouco a minha vergonha. Caminhei até a cadeira onde o moreno chamado Quenaz estava segurando para eu sentar. Sentei e observei a mesa farta, meu estômago reclamou, más eu não poderia me dar ao luxo de comer, e se estivesse envenenada? E também eu me sentiria culpada por estar comendo um banquete enquanto a minha amiga estava sei lá onde. Continuei olhando para minhas próprias mãos enquanto eles comiam.

- Se não vai comer pode voltar pro quarto.-Disse o "chefe" me olhando sem emoção, ele tinha um olhar frio e calculista, um olhar de assassino cruel. Senti meus pelos se arrepiarem com seu olhar tão frio e me levantei da cadeira para retornar ao quarto, por mais com fome que eu estivesse eu não me daria ao luxo de comer em uma situação dessas.

- Ei, calma! Não liga pra ele não, eu sei que esta com fome, você pode comer tranquila, não tem nada envenenado aqui. Disse o moreno segurando meu braço enquanto tirava uma fatia do pão e colocava na boca. Tudo bem, aquilo era de mais pro meu estômago, me sentei de volta na mesa e nem percebi quando estava comendo o pão com as duas mãos feito uma morta fome, parei ao ver que eles me olhavam.

- É, você estava mesmo com fome. -Disse Quenaz me fazendo corar ainda mais, não posso negar, estava tudo delicioso.

Terminei o café da manhã em silêncio e tentando me controlar para não parecer uma morta fome novamente, assim que me levantei da mesa para me retirar da sala o desastre aconteceu, acabei trombando em alguém e fazendo a pessoa derrubar todo copo com um líquido viscoso que carregava, em sua roupa!!!

            
            

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