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Me virei lentamente para olhar de quem era a voz e dei de cara com Quenaz. Ele continuava me olhando com uma feição divertida, esperando minha resposta, eu não tinha o que dizer, então optei pela verdade, até porque ele tinha sido legal comigo mais de uma vez, talvez pudesse me ajudar a fugir desse lugar.
- Eu tinha pelo menos que tentar não é?!
- E quais eram as possibilidades desse seu plano dar certo?
- Mesmo que eu tivesse 1% de chance eu ainda tentaria!.- Respondi sendo rude.
- Disso eu não duvido, más você sabe que se você tentar e sei que não vai conseguir, quando eles te pegarem eu não vou poder te ajudar, então eu te aconselho a sair dessa janela e me deixar te ajudar. Diz ele um tanto certo do que falava.
- E como eu sei que você vai mesmo me ajudar? Você é um deles!
- Você tem razão, eu sou um deles, mas nem por isso eu deixei de te defender no café da manha não é mesmo!?- Pensei em suas palavras por alguns segundos e realmente ele tinha razão, concordei com a cabeça e sai da janela voltando ao corredor.
- E como você pretende me ajudar? Pois tenho certeza de que não passarei dessa noite.
- Por que esta dizendo isso!?
- Não ficou sabendo o que aconteceu a "pobre Chloe"?-Perguntei irônica.
- É, eu fiquei sabendo, más não acho que o Luigi vá matar você por isso-. "Luigi", então esse era o nome do chefe.
- Não foi isso que o olhar dele me disse.-Respondi tentando não fraquejar minha voz ao lembrar do olhar assassino que o Luigi me lançou, acho que nunca senti tanto medo de alguém como naquela hora.
- Confie em mim, ele não é covarde para machucar uma mulher, ele nunca faria isso com você, mesmo que você merecesse e não se preocupe que ele não te mandará para o clube das prostitutas como castigo pois ele já disse que você ficaria e ele nunca volta atrás no que diz.
- Eu não entendo, você fala como se ele fosse o ser humano mais bonzinho na face da terra, porém toda vez que eu olho pra ele só consigo ver o olhar de um assassino cruel sem compaixão de suas vitimas, até sua voz me transmite a mesma sensação. -Estremeci apenas pela lembrança dele.
- Ele anda um pouco estressado com alguns assuntos pendentes, más um dia você conhecera o Luigi que eu estou falando-. Concordei com a cabeça e decidi que era Melhor voltar para o meu quarto já que eu tinha desistido do meu plano de fuga.
- Acho Melhor fechar essa janela antes que alguém desconfie de sua tentativa de fuga!. Diz ele indo abaixar a janela deixando-a exatamente como estava antes.
- Quenaz!-Chamei e ele me encarou.
- Obrigada, por tudo.-Ele me olhou por alguns segundos parecendo absorver minhas palavras, deu um leve aceno de cabeça e seguiu de volta para o salão principal. Voltei para o quarto e meu corpo precisava urgentemente de um banho, decidi olhar nas gavetas da cômoda e por incrível que pareça tinhas peças femininas ainda com a etiqueta, peguei uma lingerie vermelha uma toalha e uma camisola leve e levei tudo para banheiro, depois de um banho demorado e relaxante me troquei e deitei sobre a cama macia, eu não pretendia dormir com medo de que quando eu dormisse alguém viesse me fazer algum mal, más assim que me deitei o sono me venceu e adormeci tranquilamente. Acordei com a voz de Sonia me chamando, abri os olhos e a claridade revelava que já era dia, talvez umas 7:30 da manha.
- Acorde minha filha, o Luigi pediu que você estivesse na sala agora.
- Tudo bem, espera só eu fazer minhas higienes e tomar um banho.
- Faça suas higienes o mais rápido e o banho você toma depois, ele disse que te queria com urgência, acho Melhor não o irritar mais!-Disse ela pesarosa, corri para o banheiro e escovei os dentes E lavei o rosto, o medo já fazia doer minhas espinhas, era agora que ele me mataria ou me castigaria por ter batido na cara de Chloe, sai do banheiro o mais rápido que pude, talvez Sonia tivesse razão, era Melhor eu não deixa-lo mais irritado ainda.
- Vamos.-Disse Sonia me puxando porta a fora.
- Espera!-Eu disse fazendo-a parar no meio do corredor.
- Eu ainda estou de camisola.
- Ela não é tão fina, agora vamos depressa.-Disse Sonia continuando a me arrastar para a sala sem se importar por eu estar de camisola.
Ao chegar na sala ele estava em pé me esperando com o mesmo olhar assassino, ele deixou seus olhos correrem pela minha camisola me fazendo encolher de medo, talvez essa seja a hora de parar de querer ser a forte, eu sempre odiei que as pessoas me vissem como fracas, más me olhando nesse momento, fraca é tudo que eu deveria ter sido, pois, por tentar ser forte agora posso estar diante da morte pela, sei lá, terceira vez. Ao lado de Luigi estava duas mulheres altas e fortes, uma mais morena e a outra tinha o cabelo mais pro vermelho, elas me encaravam sem demostrar qualquer tipo de emoção. Quenaz não estava ali.
- Porque esta olhando pra elas? Você não é a forte? Vai lá e dá um tapa na cara delas agora!-Disse Luigi, mas eu ignorei, não abaixei a cabeça, porém não o respondi. Senti Sonia me abraçar e a abracei de volta sem hesitar, abracei-a como se tivesse me despedindo, pois pelo olhar de Luigi com certeza ele queria se vingar do tapa que dei em Chloe, más duvido muito que ele vá apenas me dar outro tapa. Ele se aproximou de mim e notei uma fita preta em suas mãos, eu sabia pra que ele usaria essa fita, más decidi falar antes de ele dar inicio a sua seção de tortura, sabe aquele ditado "se te jogarem uma pedra jogue duas e sai correndo", decidi fazer o oposto disso, eu não estava em vantagem nem em condição de atirar outra pedra nele e muito menos de correr dele, então o jeito era me humilhar e tentar receber ao menos um pouco de piedade da parte desse cruel homem.
- Eu só quero que saiba, que independente do que acontecer ou do que você me fizer, eu te perdoo, e não vou guardar raiva de você, nada do que você fizer ira mudar isso que eu estou falando!-As minhas palavras foram sinceras e também eu as disse pois se Quenaz e Sônia conheciam o lado bom de Luigi, talvez eu conseguisse conhece-lo também, as vezes as pessoas só precisam de uma chance e eu decidi que daria essa chance a ele.
Ele não respondeu ao que eu disse, más notei que minhas palavras o atingiram, ele caminhou até mim vedando meus olhos com a faixa e logo em seguida começou a me guiar, eu sei que talvez essa seja minhas ultimas palavras em vida, mas eu queria as aproveitar para cantar, e a música que veio em minha mente não tinha nada a ver com minha situação no momento, era uma música que eu Nathallie e Timna adorávamos cantar juntas, comecei num sussurro e ele não me mandou parar, segui meu caminho com as letras de "A Thousand Years, Christina Perri", numa parte do caminho senti-me sendo levantada e ele me carregando em seus braços, pude sentir o cheiro do seu perfume importado e o quanto seus braços eram fortes, por mais que talvez eu estivesse sendo conduzida para a minha própria morte o aconchego dos braços dele me deram a estranha sensação de "segurança", ele me levou nos braços talvez para que eu não decorasse o caminho até onde ele me levava, mesmo em seu colo ele nada disse sobre minha musica, então continuei a cantar suavemente, me lembrei de Nathallie e Timna e do quanto amávamos essa musica, as lágrimas tentaram sair mas eu as segurei. Ao fim da minha música ele parou de caminhar, pude ouvir uma porta sendo aberta e depois outra e mais outras, como uma espécie de esconderijo até que numa ultima porta ele me colocou de volta no chão.
Continei parada sem me mover, senti minhas mãos sendo algemadas para frente e a venda dos meus olhos sendo retiradas. Só então pude observar tudo ao meu redor, pelos aparelhos médicos logo notei se tratar de uma sala de torturas, as duas mulheres ainda estavam ali me encarando sem expressões, Luigi me guiou até o meio da sala e rasgou minha camisola me deixando apenas de lingerie. Vi quando ele acenou para as mulheres e só então notei os chicotes que ambas carregavam.
- Bem vinda a Sala Vermelha! -Luigi disse porém não obteve resposta alguma da minha parte, a sala era totalmente branca e iluminada, não entendi o motivo do nome. Frustrado ele continuou. - Elas vão usar isso em você. -Disse ele apontando para um chicote que uma das mulheres carregava em maos, o mesmo era de longe uma ferramenta leve se comparado aos diversos aparelhos de tortura presente naqiela sala, eu nem ao menos conseguia se quer imaginar aqueles aparelhos em uso.
- Você vai contar quantas chicotadas elas estão dando, cada chicotada terá um intervalo entre elas, aproveite esse tempo para pensar em não ser mais tão impulsiva e não falar ou fazer o que não deve, e principalmente aprender a respeitar a família!!!
Covarde, era o que ele era, como se o fato dele não usar as próprias mãos para vingar sua noiva tirasse dele a culpa por aquelas mulheres estarem ali naquele momento.
- Grita comigo agora, ou que tal você dar um tapa na cara de uma delas também?!. Disse Luigi me insultando, mas permaneci em silêncio...
- Luigi...por...favor. -Consegui dizer num sussurro o meu pedido de misericórdia. Ouvi ele se aproximar, a escuridão já estava me dominando, mas ainda consegui o ouvir dizer.
- Como sabe meu nome? -Com um estrondo escutei a porta se abrindo, eu lutei para me manter acordada, mas estava cada vez mais difícil.
- ANELISE! Você é louco, o que você fez com ela?!!!- E então a escuridão me tomou, pelo menos ali a dor tinha desaparecido, e eu consegui repousar num sono tranquilo